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29 de outubro de 2014

Os pesadões. Vexame nos Jogos Abertos de 1986, em Paranaguá

Itamar Tagliari, Getulinho Ferrari e
Nelson "Ticão" Bueno do Prado
Defendendo as cores do futsal mourãoense apenas em uma oportunidade sofremos uma derrota por azar. Na decisão dos Jogos Abertos do Paraná (Jap´s), em 1987, aqui mesmo em Campo Mourão, quando perdemos por um a zero para Palotina.

Todas as outras derrotas, por mais que tentássemos achar uma desculpa, aconteceram por mérito dos adversários e algumas vezes por incompetência nossa. 

Nos Jap´s de Paranaguá, em 1986, depois de classificarmos na primeira fase com certa facilidade, começamos a segunda com derrota para Palotina e enfrentaríamos a seguir a equipe de Londrina que já havia vencido os palotinenses. Para classificarmos para as semifinais seria preciso que ganhássemos com dois gols de diferença.  

Flavio "Tostão"
Entre nós, os atletas, como motivação, a conversa era sempre que Londrina era muito forte, mas a diferença de gols não era difícil de conseguir. E não era mesmo! Mas o jogo começou e quem abriu uma diferença de dois gols foram os londrinenses, deixando-nos com uma missão, daí sim, praticamente impossível de alcançar. Perdemos o jogo (exatamente pela diferença que deveríamos fazer) e acabamos proporcionando um momento muito engraçado para o público que lotava o Ginásio: falta contra nós, estou ao lado do árbitro orientando a armação de nossa barreira quando ouço o barulho de algo quebrando, era nosso banco de reservas que, não suportando o peso dos nossos suplentes, quebrou deixando todos de pernas para o ar, com exceção do Itamar Tagliari que foi rápido e se levantou antes que o Ticão (Nelson Bueno do Prado) e companheiros se estatelassem no chão.

Só não fiquei com mais vergonha porque já tinha sido obrigado a acompanhar nosso ótimo goleiro,  Tostão (Flávio, de Araruna), na sua primeira visita ao mar, estreando seu conjunto de bermuda preta com coqueirinhos brancos e camiseta regata branca com coqueiros pretos. É Mole?

Publicada originalmente no Semanário Entre Rios, em outubro de 2005

6 de outubro de 2014

O Miquinha está bem?

Pedrinho Staniszewski
Voltando das férias encontro meus amigos, do Clube 10, disputando um campeonato inaugurando o campo de areia do SESC.  

Jogamos já no dia que cheguei e, talvez pela “fome de bola” e pela boa vitória, achei tudo uma maravilha e fiquei querendo mais. No dia seguinte, semifinal contra o time do Jardim Bandeirantes. 

Elvira e Marina, minha esposa e a filha mais nova, respectivamente, foram assistir ao jogo.

Miquinha
Logo no começo do jogo, subo para dividir uma bola e bato a cabeça com o zagueirão adversário, um tal de Miquinha. Fico no chão por alguns segundos, assustando a todos. Continua o jogo e eu, ao invés de jogar, encho o zagueirão de perguntas impertinentes, e ele, perdendo o jogo para os “pózinho da cidade”, só faz me olhar feio. Getulinho, então, manda me tirarem do jogo. 

Sentado ao lado do Pedrinho Staniszewski, faço-lhe sempre as mesmas perguntas. Enchi tanto o saco dele que ele deu um ultimato para a turma: 

- Ou vocês me colocam para jogar ou tiram o Luizinho daqui!  

Puseram-no para jogar e passei então a perturbar todos que vinham para o banco. Alguns ficavam mais para o lado do banco adversário para não ter que responder sempre as mesmas questões. Ganhamos o jogo e, no dia seguinte, o campeonato!

Getulinho e o neto Thomas
Não participei da decisão, pois havia sofrido uma concussão que me deixou com amnésia temporária. Depois de passar pelo hospital, fui para casa com a orientação de que a Elvira não me deixasse dormir mais do que vinte minutos seguidos. Todas as vezes que me acordava, lá vinham as mesmas perguntas: Quanto tá o jogo? Marquei gol? Bati a cabeça? Cadê a Marina? O Miquinha está bem(!!??)?

Amanhecendo o dia é que voltei ao normal – sei! – e tomei conhecimento de que tinha passado por um acidente sério. 

Com a ajuda da Elvira, dos amigos do Clube 10 e do próprio Miquinha (Valdeci Carvalho de França), meu amigo desde então, é possível contar o ocorrido, já que a pancada deletou tudo daquela noite.

(publicado originalmente no semanário Entre Rios, em novembro de 2005. Miquinha, infelizmente, foi assassinado a tiros em agosto de 2009) 

24 de setembro de 2014

Duplo WO no futsal. Uma derrota difícil de digerir...

Luizinho, Getulinho e Tuim, em foto de 2011,
personagens deste WO
Quando percebi estávamos, eu e mais quatro companheiros, encurralados no vestiário, com os jogadores e dirigentes beltronenses pedindo que devolvêssemos o uniforme que eles haviam acabado de nos emprestar.

Depois de alguns minutos de discussão, devolvemos todo o fardamento - como diria o Paulão, do Clube dos Trinta-. Era deles e, assim como tinham cedido, tinham o direito de pedi-lo de volta, ainda mais que se não entrássemos em quadra, para decidir a fase regional do futsal dos Jogos Abertos do Paraná de 1992, quem representaria a região na fase final dos Jap´s seria a própria equipe de Engenheiro Beltrão, que ganhara a decisão do terceiro lugar por WO (Campina da Lagoa não compareceu).

Ginásio de Esportes de Mamborê
Incrível é que nem a equipe da casa estava no ginásio para a decisão. No minuto seguinte à aplicação do DUPLO WO (não comparecimento de ambas as equipes) chegam os nossos atletas restantes com o uniforme e, também, toda a equipe mamboreense e um grande número de torcedores, que se multiplicaram instantaneamente e não aceitavam de maneira alguma a medida dos dirigentes da Paraná Esporte.

Depois de muita confusão, decidiram voltar atrás e realizar a decisão, acalmando o ânimo de todos. Ganhamos com facilidade!

Antes que pudéssemos comemorar, ainda na entrega das medalhas, o prefeito de Mamborê nos alerta que o jogo fora realizado apenas para evitar uma confusão maior e que o duplo WO era o resultado definitivo. E, assim o foi!

Recorremos na Justiça Desportiva, mas perdemos. Lá, ainda fomos acusados de não termos os documentos pessoais para podermos jogar, o que não era verdade. (Um dia ainda vou contar como perdemos nossas testemunhas na Rua XV, em Curitiba. hehe)

Desde então, INTELIGENTEMENTE, a Paraná Esporte marca os jogos com intervalos de 60 minutos entre um jogo e outro, independente dele ocorrer ou não (Naquela época o intervalo era de 15 minutos, o que proporcionava muitos WO).

Tempos depois descobri que o coordenador da modalidade naquele regional, Bianchi, infelizmente já falecido, que era de Campo Mourão, tinha problemas pessoais com alguns dirigentes mourãoenses e, que tinha sido ele quem alertara aos beltroneneses que com o duplo WO, eles é que disputariam a fase final.

Publicado originalmente no semanário Entre Rios, em outubro de 2005.

17 de setembro de 2014

Ivo e minha primeira demissão

ilustração
Sem nunca ter entrado numa rádio, em meados dos anos oitenta, fui gerenciar a Rádio Colméia AM. Época em que ela foi modernizada e ganhou sede própria no Edifício Antares, graças ao investimento de seus proprietários e do amor que o seu Delordes Daleffe, um dos sócios e o responsável pela administração durante aqueles anos, tinha pela emissora. 

Lá trabalhavam o Anísio Morais, Acir Gonçalves, Antônio “Formigão” Miguel, Sandro Santos, Ivo Reinaldo, Rodrigues Correia, Capitão Teixeira, Coronel Bastião... Uma verdadeira seleção de ótimos locutores, que faziam tudo que uma Rádio deve fazer: informar, divertir, transmitir e, até mesmo, educar.

Compensando os baixos salários que eles recebiam fizemos alguns convênios com a comunidade, trocando publicidades com serviços. Um desses foi com a Associação dos Dentistas, que em troca de mensagens preventivas e educativas trataram de nossos locutores.

Ivo Reinaldo tinha um potencial proporcional às encrencas que criava. Ótimo redator e com um vozeirão que há muito não vejo nas rádios. Infelizmente bebia demais, chegava de manhã já “tchuco” e mesmo assim os informativos e o Jornal do Meio-Dia iam ao ar com qualidade. Dois fatos contribuíram para que ele fosse demitido: certa noite ele me chama num hospital e diz que precisa de ajuda para providenciar a documentação do falecimento de sua sogra e eu o deixo com o carro da emissora, a folclórica brasília azul, para resolver o assunto. Junto com a esposa, que também bebia bastante, não só providenciou os documentos como transportou o caixão da falecida, dentro da brasília, até a vizinha cidade de Catuporanga, onde ocorreu o enterro. Pior, quebrou o câmbio do carro e causou um prejuízo enorme numa época em que as finanças estavam todas comprometidas com a nova sede.

Episódio superado, alguns dias depois, entrevistando o presidente de uma grande empresa mourãoense, quebrou o dente dele ao aproximar demais o gravador na boca do entrevistado. Sabe como é, mão trêmula...

Sem perder a pose, desculpou-se e disse: 

- Não se incomode não, doutor, passe lá na Colméia que o Luizinho fez um convênio com os dentistas...

Não teve jeito, pela primeira vez na vida tive que demitir alguém, e alguém que eu admirava bastante. 

Publicada no Semanário Entre Rios, em janeiro de 2006

11 de junho de 2014

Getulinho, Fusca e Marcelo Silveira, os cabeções

Fusca
Getulinho Ferrari, Marcelo Silveira e Erivelton “Fusca” têm em comum a enorme dimensão de suas cabeças e as constantes felicidades que a vida lhes proporciona: 

O Fusca foi abençoado há pouco tempo com filhos trigêmeos perfeitos e lindos. 

O doutor Marcelo (que tem o “privilégio” de contar com a maior cabeça dos três - para vocês terem uma ideia, os bonés do Getulinho ficam apertadíssimos nele) é dono da maior presença de espírito que já vi e também tem uma família maravilhosa (Benção, Dona Neile!) e foi o melhor atleta que nossa cidade já teve. Fosse qual fosse o esporte, lá estava o Marcelo se destacando. No futsal, foi o parceiro mais inteligente com quem joguei!

Toda essa introdução foi para poder falar do Getulinho, outro polivalente que se destacou em vários esportes. Entre nós seu apelido sempre foi Nenê, para muitos é o Cabeção. Ele faz jus ao apelido, a cabeça realmente é enorme e, para nossa sorte, cheia de sabedoria e inteligência.

Getulinho
Ele descobriu, não sei com qual serventia, que misturando as letras de argentinos forma-se a palavra ignorantes.

Depois de perdemos um jogo numa fase da Taça Paraná de Futsal, achávamos que não tínhamos chance de classificação restando apenas uma partida para jogar, numa etapa que classificava apenas duas equipes. Pois o Getulinho fuçou o regulamento e encontrou uma falha que, no entender dele, se ganhássemos por um a zero, e apenas por um a zero, embolaríamos a chave de uma forma que obrigaria a Federação a classificar as três equipes empatadas.

Marcelo Silveira
Abrir o placar não foi tão difícil quanto manter o resultado!

Para irritação e surpresa dos adversários, que não entendiam nossa comemoração no final, mantivemos o resultado e acabamos classificados para a fase seguinte. 

Esta foi uma de muitas vezes que a inteligência do Getulinho nos ajudou.

A única coisa que ninguém entende é como foi que ele caiu nessa de que é um bom negócio plantar soja no arenito. 

Publicada originalmente no semanário "Entre Rios", em novembro de 2005

21 de maio de 2014

Carlão, Nersão e o pagamento da discórdia

Começo dos anos 1980, Campo Mourão era bicampeão paranaense de futsal e a cidade respirava a modalidade. Eram vários campeonatos por ano - início de ano, férias, fim de ano, olimpíada comerciária, eles tinham os mais variados nomes – sempre disputados por muitas e fortes equipes. 

Casa Tapi Futsal
em pé (da esq. para a direita): José Luiz "Zé Coelho" da Silva (in memorian), Walfrido Tokarski (in memorian), Ivanor "Sodinha" Sartor, David Migeul Cardoso, José Luiz Moreira, Mauro Rubens e o Itamarzinho Tagliari
agachados: Luizinho Tagliari, Itamar Tagliari, Carlão Tagliari e Luizinho Ferreira Lima com as crianças Flavinho Tagliari Bisol, Carlinhos Tagliari e Carlos Eduardo Bernini Neto (in memorian)

Os jogadores mourãoenses que conquistaram o bicampeonato estadual (1979 e 1980) defendendo a Associação Tagliari se dividiam em equipes diferentes: Careca, Ione e o Rancho na AABB, Silvio Cintra, Raudilei Pereira, Beline e Gilmar Fuzeto na Arcam, João Miguel Baitala (sempre na memória) na Cimauto, Severo Zawadaniak defendia a Pneumar, Carlão e Itamar Tagliari, Eu e o David Cardoso jogávamos pela Casa Tapi. 

Nelson de Souza
Esse nosso time, que contava também com o Ivanor Sartor, o Sodinha, ficou invicto por um bom tempo e conquistou muitos desses campeonatos. Claro que isso acirrava a rivalidade com os amigos/adversários e até mesmo com os árbitros que sempre tinham uma tendência para ajudar nossos oponentes. Na dúvida, sempre contra nós, mas nunca ocorreu nenhum resultado que tenha sido decidido por eles, até por que tínhamos também um quadro de árbitros do mais alto nível. 

Encabeçados pelo Nelson de Souza, a equipe contava com o Nilson, o Dixinha, irmão do Nelsão, Romildo Cândido Catarino, que faleceu recentemente, Javert, Lourival Policiuk, Jorge Denker entre outros.

Romildo Cândido Catarino (in memorian) , Nelsão
e Jorge Denker
De personalidade forte, Nelsão, que depois de aposentado virou juiz das peladas do Country Clube, não fugia do pau e sempre enfrentava a ira de um ou outro jogador que ele excluía das partidas, de preferência o melhor ou o mais encrenqueiro da equipe. Mas naquela época tudo se resolvia ali mesmo no ginásio e acabávamos todos nos divertindo muito com os casos de indisciplinas, uns mais sérios, outros apenas divertidos mesmo.

Num deles, que gosto muito de relembrar, os personagens principais são o Carlão Tagliari e o Nelson de Souza. Como vínhamos ganhando campeonato atrás de campeonato, torcida e adversários se empenhavam para ver a Casa Tapi derrotada, mas isso demorou acontecer e o ginasinho JK ia ficando pequeno nos dias de nossos jogos. 

João Nereu Ferreira, Nilson e Nelson de Souza
Não sei como é hoje, mas naqueles bons tempos cada equipe pagava sua taxa de arbitragem e em jogo mediado pelo Nelsão ele exigia o pagamento antes de começar a peleja e o Carlão, espirituoso como ele só, deixava para pagar sempre no final delas e o fazia apenas para irritar o tio do Everson. 

Um dia, ele deu um ultimato ao Carlão: o próximo jogo só começa se o pagamento acontecer antecipado. Para meu espanto, o marido da Lori Pasinato concordou sem discutir. No jogo seguinte entramos em campo e a equipe de arbitragem nos cobrou antes de descermos do último degrau dos vestiários e o Carlão foi até a mesa abriu sua bolsa e colocou dois pacotes de moedas sobre a mesa dos juízes. Para se vingar da desfeita o Nelson de Souza, então, disse que a partida só começaria após conferirem se o valor estava correto. Ginásio lotadíssimo, torcida louca para ver os mourãoenses em ação e lá estavam dois ou três árbitros contando moedas dos mais baixos valores. Imagino que a taxa era equivalente a uns duzentos reais e o filho da dona Iris passou mais de uma semana amealhando moedas de um centavo só para irritar o ‘Nersão’. 

Se ele se irritou, não sei, mas a torcida não parava de vaiar pela demora no início de um simples jogo de campeonato local e eu aqueci, esfriei, aqueci de novo e acabei indo ajudar contar as moedas que pareciam não ter mais fim. 

16 de maio de 2014

Vanderley Tagliari, o Carijó

Os irmãos Tagliari: Carlão, Luizinho, Vanderley (in memorian) e Itamar
Campo Mourão - anos 1970
Meados dos anos setenta. A Associação Tagliari participava de torneios de futsal em todo o Paraná, sempre como atração principal, pelo bom futsal (naquela época, futebol de salão), conquistas e, principalmente, pela disciplina de seus atletas, exigência maior da família Tagliari a todos que participavam da equipe.

Pela primeira vez, eu, com dezesseis anos, jogaria pela equipe adulta, participando de um torneio em Jandaia do Sul. Nosso jogo estava programado para as 19 horas. Para evitar contratempo na estrada saímos de Campo Mourão às 16 horas, já que o trânsito daqui até Maringá e, principalmente, de lá até Jandaia era muito perigoso e complicado, sempre em pista simples, passando por ali todo o trafego que ligava o Norte do Estado à capital e ao porto de Paranaguá.  

Lanchamos na estrada e chegamos a Jandaia do Sul com meia hora de antecedência ao horário do nosso jogo. Mas, para desespero do Itamar, que era o treinador e também jogador, esquecemos o uniforme na casa dele. Depois de pedir uma ligação para Campo Mourão – era preciso solicitar, via telefonista, as ligações interurbanas e, às vezes, elas demoravam ou até mesmo não se concretizavam-, ele, Itamar, conseguiu falar em casa e pediu para o Vanderley levar o uniforme e também o Romeuzinho, hoje proprietário da Casablanca Vídeo, que não pode ir conosco por causa de seu horário de trabalho como bancário. Itamar frisou bem para o Carijó que não precisa muita pressa porque nosso jogo tinha sido mudado para o terceiro jogo da noite e, portanto, teria tempo suficiente para ele chegar até lá. 

Vanderley cumpriu em parte o trato com o Itamar. Uniforme chegou completo e dentro do horário, ou melhor dizendo, antes do horário. Chegou antes de terminar o primeiro jogo. Quem chegou sem condições nenhuma de jogar foi o Romeuzinho, que repetia sem parar: nunca mais viajo com o Vanderley... 

Fazer o trajeto de Campo Mourão a Jandaia em 45 minutos, nos dias de hoje, mesmo com as pistas duplas e seguras, é praticamente impossível, naquela época então! 

Naquela noite, jogamos, vencemos e ainda contamos com o apoio do entusiasmado Vanderley e de toda a torcida jandaiense.

(Vanderley faleceu aos 59 anos, em 2007, depois de lutar contra um câncer, deixando de luto familiares e amigos. Saudades!) 

[Publicada originalmente no semanário Entre Rios, em 2005]      
    

12 de maio de 2014

Os mourãoenses pesadões nos Jogos Abertos do Paraná, em Paranaguá/1986

Defendendo as cores do futsal mourãoense apenas em uma oportunidade sofremos uma derrota por azar. Na decisão dos Jogos Abertos do Paraná, em 1987, aqui mesmo em Campo Mourão, quando perdemos por um a zero para Palotina.

Todas as outras derrotas, por mais que tentássemos achar uma desculpa, aconteceram por mérito dos adversários e algumas vezes por incompetência nossa. 

Nos Jap´s de Paranaguá, em 1986, depois de classificarmos na primeira fase com certa facilidade, começamos a segunda com derrota para Palotina e enfrentaríamos a seguir a equipe de Londrina que já havia vencido os palotinenses. Para classificarmos para as semifinais seria preciso que ganhássemos com dois gols de diferença.  

Ricardo Grabowski, Itamar Tagliari, Getulinho Ferrari e Nelson "Ticão" Bueno do Prado
Maringá/2011 - Na reinauguração do ginásio Chico Neto

Flávio "Tostão
Entre nós, os atletas, como motivação, a conversa era sempre que Londrina era muito forte, mas a diferença de gols não era difícil de conseguir. E não era mesmo! Mas o jogo começou e quem abriu uma diferença de dois gols foram os londrinenses, deixando-nos com uma missão, daí sim, praticamente impossível de alcançar. Perdemos o jogo (exatamente pela diferença que deveríamos fazer) e acabamos proporcionando um momento muito engraçado para o público que lotava o Ginásio: falta contra nós, estou ao lado do árbitro orientando a armação de nossa barreira quando ouço o barulho de algo quebrando, era nosso banco de reservas que, não suportando o peso dos nossos suplentes, quebrou deixando todos de pernas para o ar, com exceção do Itamar Tagliari que foi rápido e se levantou antes que o Ticão e companheiros se estatelassem no chão.

Só não fiquei com mais vergonha porque já tinha sido obrigado a acompanhar o Tostão (Flávio, de Araruna), na sua primeira visita ao mar, estreando seu conjunto de bermuda preta com coqueirinhos brancos e camiseta regata branca com coqueiros pretos. É Mole?

(Publicado originalmente no extinto semanário Entre Rios, em outubro/2005).

29 de abril de 2014

A psicologia do professor Gilmar Fuzeto

Durante anos, duas equipes monopolizaram os títulos do futsal mourãoense, Arcam e Fertimourão, com certa vantagem para o time da cooperativa, que sempre levou mais a sério as competições e contava com o professor Gilmar Fuzeto, que atuou algumas vezes como atleta, muitas vezes como técnico e constantemente como um ótimo psicólogo.

Gilmar, à esquerda, com os manos Amarildo e Beline, em foto recente
Gilmar sabia como ninguém motivar seus atletas para as competições, fossem elas quais fossem.

Recordo muito bem da palestra que ele nos deu, momentos antes da decisão contra Londrina, nos Jap´s de Guarapuava, em 1988. Motivou-nos de uma forma que vencemos, sem deixar nenhuma dúvida sobre quem era o melhor, uma equipe que me parecia imbatível ao longo do evento. Foi o último ano que uma equipe mourãoense adulta conquistou um título da primeira divisão (para nossa alegria, anos depois, a seleção mourãoense conquistou outros títulos de expressão) . 

Beccari Futsal - 1976
em pé (da esq. para a direita): Beline Fuzeto, Gilmar Fuzeto, Gilberto Palaro, Sebastião Mauro, Marcelo Silveira, Luizinho F. Lima e Luiz Carlos Beccari
agachados: Henrique Galbier (in memorian), Renatinho Silva, Pedrão Galbier, Tauillo Tezelli, Romeu da Silva e David Cardoso 
Lembro-me dele, recém formado em educação física, treinando a equipe do Beccari, formada na sua maioria por juvenis, afirmando que nossos experientes adversários, de um jogo decisivo, falavam que nós afinaríamos na hora do “vamos ver”. Não afinamos, nem no jogo e nem no quebra-pau que aconteceu durante a partida.

Na maioria das vezes, nos campeonatos da cidade, atuei contra ele e nunca soube de nenhum artifício ilegal que tenha usado para motivar suas equipes.

Arcam Futsal - anos 1990
em pé: Xaxo, Sandro Davanço, Gilmar Fuzeto, Moacir, Edilson, Jonas Rodrigues e Pedrão
agachados: Cabeção, Nerildo, Beline, Birão e Gerson
Com a Arcam, normalmente inferior tecnicamente à Fertimourão, ele sempre usou da psicologia para equilibrar as ações. Numa delas, muito engraçada, para mim, pelo menos, ele disse aos seus atletas que nós, da Fertimourão, tínhamos como superstição usar sempre o mesmo vestiário no ginásio de esportes do Lar Paraná. 

Para nos “desequilibrar”, naquela noite eles chegaram cedinho e se apossaram do vestiário, que seria o nosso predileto. Venceram o jogo e muitos de seus atletas, até hoje, acreditam que foi por que nos abalaram psicologicamente. Na verdade, nós nunca tivemos preferência por esse ou aquele vestiário e perdemos aquele e muitos outros jogos, por que além de boa equipe eles sempre foram muito bem dirigidos pelo professor Fuzeto.   

(publicada no extinto semanário mourãoense Entre Rios, em dezembro de 2005)

7 de abril de 2014

Trapalhadas na Copa Tibagi – Parte 2: Fertimourão

Edvaldo "Futrika" Lopes
Com surpresa recebo, às 18 horas de uma terça-feira, o recado do técnico da Fertimourão, Futrika, para apanhar mais dois jogadores e seguir para Paranavaí, onde enfrentaríamos, naquela noite, a equipe da casa pela semifinal da Copa Tibagi. Apanhei os dois e seguimos para um jogo que eu achava que seria em outro dia. Chegamos e encontramos o Ginásio de Esportes vazio e ninguém para nos receber. Depois de nos informarem que o jogo seria na quinta-feira, dois dias depois, portanto, voltamos para casa, querendo “matar” o “desinformado” que nos fizera viajar inutilmente. 

Quinta-feira, a viagem da terça já era motivo de gozação, fomos para Paranavaí decididos a passar à final do único campeonato que nossa cidade nunca tinha conquistado. 

Silvio Cintra
Getulinho Ferrari e Renan Salvadori
Chegando lá noto a falta de nossos goleiros. A turma que seguiu na frente, numa Kombi, não encontrou o Silvio Cintra no local combinado em Engenheiro Beltrão, onde ele trabalhava, e seguiram, entendendo que o Futrika levaria em seguida o outro goleiro, Gerson Turazi, de Araruna. E o Gerson, por motivo de trabalho, não apareceu. Futrika então seguiu viagem com a certeza de que o Silvio já estava lá. Depois de muitas caras feias e reclamações decidiu-se que o Getulinho seria o goleiro. Antes, um outro problema: Renan Salvadori não tinha tênis para jogar, e ele calça número 44 bico largo. Achei que seria fácil resolver e fui pedir para o Pezão, atleta de Paranavaí, um tênis emprestado e ele, amigo de longa data, afirmou que era apelidado Pezão por causa da potência do chute e que calçava número 40. Nessa altura, portanto, já estávamos desfalcados de três atletas.

Benê
Gerson Turazi
Jogo equilibrado. O Benê desequilibrando como sempre e o Getulinho defendendo como nunca. Até que na metade do segundo tempo o Getulinho se desentende com o juiz e foi eliminado (acreditem, ele mandou o juiz “tomar no fióte”). Vou para o gol e na primeira bola que o Pezão chuta para gol, para confirmar o que ele disse antes do jogo, acerta em cheio no meu rosto. Fiquei tão anestesiado que dava para fazer tratamento de canal até três dias depois.

Perdemos o jogo por 4 a 3. Fiquei sem conversar com o meu querido e até hoje prezado amigo Futrika por alguns dias. Aquela foi a última edição da Copa Tibagi. O juiz do jogo, até hoje, ao lembrar do palavrão com que foi ofendido cai na gargalhada.

(publicada no Semanário "Entre Rios", em 27/08/2005)

4 de abril de 2014

Trapalhadas na Copa Tibagi – Parte 1

O único título que o futsal mourãoense não possui é o de campeão da Copa Tibagi, que era realizada pela Televisão Tibagi, de Apucarana. Durante anos, foi o principal evento do futsal estadual, junto com o Paranaense Adulto, que tinha como principal atrativo, além de excelente premiações, o televisionamento direto das principais partidas de cada rodada. 

O craque maringaense Serraria em foto recente
Disputei a Copa Tibagi por três equipes, Associação Tagliari, Fertimourão e Arcam. Vivenciei, ali, as maiores rivalidades do futsal do estado. Qualquer jogo entre as equipes de Campo Mourão, Maringá, Londrina, Apucarana e Paranavaí era garantia de ótima presença de público e de fortes emoções. Algumas rivalidades eram exageradas. Num jogo em Rolândia, todos os jogadores da Galeria dos Esportes (Maringá) e da TV Tibagi (Apucarana) foram expulsos depois de uma briga generalizada que só terminou quando os atletas perceberam o Serraria, atleta maringaense, tendo convulsões em quadra. 

Luiz Carlos Mendes, o Batata, em
foto de 1986 
Em duas oportunidades chegamos bem perto do título. Uma com a Associação Tagliari e outra com a Fertimourão. Em ambas as oportunidades perdemos a chance da conquista por trapalhadas extra-campos.
Meados dos anos oitenta, a Associação Tagliari já era bicampeã paranaense (1979 e 1980, em Paranavaí e Guarapuava respectivamente) e chegamos, então, em Mandaguari, para as disputas do quadrangular final. Perdemos o primeiro jogo para o time de Apucarana, dos irmãos Clóvis e Clodoaldo, e neste jogo, o Batata (Luiz Carlos Mendes) foi escolhido como o melhor em campo e ganhou uma calça jeans do patrocinador oficial da Copa. Ainda tínhamos chance de conquistar o título se não fosse uma brincadeira que dividiu a equipe: alguém deu um nó na calça que o Batata ganhou e, ele, quase entrou nos tapas com quem ele imaginava ser o autor do feito. O episódio foi superado com amizade e disciplina (marca maior do Tagliari), terminamos em terceiro lugar e o Batata teve que fazer da calça uma bermuda, pois foi impossível desatar o nó.

Arcam Futsal - Copa Tibagi de 1982
em pé (da esq. para a direita): Domingos, Beline Fuzeto, Raudilei Pereira, Silvio Cintra, Luizinho F. Lima e Nelson Pedroso
agachados: Marcos Lúcio, Cidão Vieira dos Anjos, Zé Luiz e Gilmar Fuzeto
Semana que vem contarei da semifinal da Fertimourão, lá em Paranavaí, em que esquecemos de levar os goleiros, o Renan foi sem tênis e o Getulinho jogou no gol. Só não sei se terei coragem de contar que fomos para lá numa terça-feira, quando o jogo era na quinta. 

(matéria publicada originalmente no extinto semanário mourãoense "Entre Rios")

26 de março de 2014

Alguém, por favor, me acode aqui

Minha neta Fernandinha, na foto se preparando para devorar uma Amandita, hoje pela manhã me deixou numa situação muito difícil. Nunca pensei que seria questionado sobre assunto tão sério por uma criança de 7 anos. Vou precisar da ajuda dos universitários para responde-la. Se manifeste quem puder e souber...

- Vô, centopeia tem unhas?

17 de dezembro de 2013

Meu primeiro jogos em Curitiba: 1975, Jogos Estudantis do Paraná

Professor Josué
Depois de terminarmos entre os três primeiros no regional, disputado em Paranavaí, classificamo-nos, representando o Colégio Estadual de Campo Mourão para a fase final, em Curitiba, dos Jogos Estudantis Paranaense em três modalidades (handebol, basquete e xadrez masculino).

Ainda não havia uma Secretaria Especial para o esporte como há hoje (a Paraná Esporte) e chegamos em Curitiba sem saber onde ficaríamos, contra quem jogaríamos e nem mesmo como seria a forma de disputa (nem os organizadores sabiam!).

Marcelo Silveira e Ney Piacentini
Mal chegamos e alguns colegas já queriam voltar, só porque descobriram que era obrigatório para todos serem vacinados contra meningite.  

Ficamos alojados numa escola ao lado do Passeio Público, onde não havia chuveiro, nem quente e nem frio, e tomávamos banho numa mangueira adaptada às torneiras das pias (1975 foi o ano mais frio dos últimos cincoenta anos no Paraná - uma semana após os jogos, nevou na capital paranaense, só pra dimensionar o frio que passamos por lá).

Marquinhos Pelizer
Os organizadores resolveram fazer jogos eliminatórios por causa do grande número de participantes. No sorteio do handebol, nosso professor Josué pôs a mão na cumbuca e sorteou nosso adversário: Curitiba! Simplesmente a base da seleção brasileira da modalidade e que haviam chegado a poucos dias de uma turnê pela Europa. Os poucos que ainda não estavam bravos com o professor - ele perdera o dinheiro de alguns atletas logo ao chegar-, agora sim, tinham motivo para ficar, mesmo sendo uma questão de sorte e/ou azar. Havíamos nos classificado num regional muito difícil, enfrentando Maringá, Nova Esperança, Paranavaí e Goioerê e isso nos encheu de esperança para uma boa classificação.

Apesar de nossa dedicação o jogo foi um “vareio” só, 23 a 7. Para eles, claro! Dedicamo-nos tanto ao jogo, que o Marquinhos Pelizer teve uma câimbra que virou a barriga da perna para frente. Sério! Nunca mais vi uma câimbra daquelas. 

Luizinho Ferreira Lima
Como naquela época podia jogar duas modalidades, ainda me restava o basquete, onde sempre fui aquele reserva que nunca entra. Perdemos para Guarapuava e até uma cesta contra fizemos (Marcos Pacheco, hoje dentista em Curitiba, subiu na nossa defesa, ganhou o rebote, se viu livre sem marcação e meteu dois pontos, isso mesmo, dois pontos contra). 

Só nos restava voltar para casa e enfrentar a gozação dos que não foram e as possíveis penalidades que a diretoria do Colégio nos aplicaria por causa de indisciplina de uns poucos durante nossa estada na Capital e na viagem de volta, em ônibus de linha. Ninguém foi penalizado! 

E, até hoje, resta a saudável lembrança dos jogos e da convivência com ótimos amigos, com os quais disputei muitos outros jogos, sempre representando nossa cidade e até mesmo nosso Estado.

(Publicada no semanário Entre Rios, em setembro de 2005. Fotos mostram personagens que participaram daqueles jogos)

10 de dezembro de 2013

A velocidade do Tomadon

José Tomadon é uma figura ímpar! Dono de uma saúde de ferro, ele agora decidiu se cuidar um pouco mais e se emprenha para largar do cigarro. Ele sempre foi muito forte e jogar futebol contra ele sempre foi muito duro. Já não está tão ágil, fato natural para quem passou dos 60. Com dez anos a menos, não tenho a metade da força dele.

No Clube dos Trinta, gozamos muito da lentidão com que ele se movimenta atualmente. Versi Sequinel conta que, para aproveitar uma promoção de cerveja com preços baixíssimo num mercado da cidade, pediram para que o Tomadon fosse com eles, já que havia um limite de doze caixas por cliente. No mercado, que parecia mais o fim do mundo, com cliente tomando caixa das mãos de outros clientes, enquanto o Adio e o Versi passaram pelo caixa uma três ou quatro vezes com a cota máxima o José passou com apenas uma latinha. Mas ele jura que estava com uma caixa e no caminho da gôndola até o local de pagamento acabaram tomando as outras onze de suas mãos. Ele até viu quando a senhora pegou as latinhas, mas não conseguiu alcança-la naquela confusão toda.

Nilmar Piacentini zoava afirmando que o cigarro não fazia mal para o Tomadon: ele leva quase uma minuto para levar a mão até a boca, quando chega lá só resta um tragadinha!!! 

Vídeo abaixo, do ótimo Meu Malvado Favorito 2, dá uma ideia da velocidade do Tomadon em nossas peladas de futebol suíço (não consegui cortar uma cena real no início do vídeo).

21 de novembro de 2013

Felipinho e o Porquinho da Índia

Luiz Claudio com a esposa Flávia e os filhos Ana Luísa e Felipinho
Contava para meu amigo Luiz Claudio, locutor da Rádio T FM e apresentador do Jornal CRN da TV Carajás, que minha neta Ana Letícia tinha ganho dois outros Porquinhos da Índia, depois do primeiro ter morrido recentemente, e ele me contou uma boa do seu filho Felipe, quatro anos. Os dois estavam brincando quando o sapeca pediu:

- Pai, quando você for na Índia traz um Porquinho de lá pra mim?

Filipinho fará cinco anos no próximo dia 1º de dezembro. Ele, infelizmente, torce pelo Palmeiras, assim como o pai, mas pode evoluir e passar a torcer pelo Tricolor Paulista no futuro. 

20 de novembro de 2013

Associação Tagliari: bicampeã paranaense em Guarapuava (1980)

Itamar Tagliari
Do extinto semanário Entre Rios, publicado em março de 2006)

A vitória da ADAP no último sábado sobre o Atlético Paranaense me fez recordar e achar algumas semelhanças com a conquista do bicampeonato paranaense que a Associação Tagliari conquistou em 1980. 

David Miguel Cardoso
Espero com essa resenha mostrar que uma equipe unida e bem orientada pode vencer equipes mais fortes e melhores estruturadas financeiramente.

Ione Paulo Sartor
Chegamos a Guarapuava com a missão de manter o título de campeão, conquistado no ano anterior em Paranavaí. Alojamo-nos numa sala do próprio ginásio de esportes onde aconteceria a competição. Uma semana inteira de competição, uma semana toda de chuva e no alojamento não havia um só canto que não gotejasse [uma noite acordamos e encontramos o Itamarzinho Tagliari dormindo embaixo de uma enorme goteira. Não sei como ele não acordou!].

Antonio Admir "Beline" Fuzeto e Raudilei Pereira
Valmar de Maringá, Guarapuava, AABB e Transbussadori, ambas de Londrina, e Círculo Militar de Curitiba foram nossos adversários. Éramos as seis melhores equipes paranaenses sem dúvida alguma, com destaque para o Círculo Militar que contava com um jogador da Seleção Brasileira (Didu) e com uma estrutura de causar inveja até nos dias de hoje. Contrastando com nosso precário alojamento, eles se hospedaram no melhor hotel guarapuavano.

Silvio Carvalho Cintra
Época de muito amadorismo, nossa equipe contava apenas com o patrocínio da própria família Tagliari e, por isso, economizávamos em tudo que podíamos. E ainda contávamos com inconvenientes (na verdade, compromissos com seus empregos) que impediam que alguns de nossos atletas participassem desde o início da competição. Apenas nos dois últimos jogos contamos com a equipe completa (Hélio Ubialli, então funcionário do Banco do Brasil e apaixonado pela modalidade, conseguiu a liberação dos jogadores em seus empregos e ainda os levou até Guarapuava). 

João Miguel Baitala (in memorian)
Um a um os adversários foram sendo derrotados!

Quatro a dois sobre a Valmar (com três gols de sem-pulo do Ione, como só ele sabia fazer!) foi o resultado da nossa estréia. 

Severo Zavadaniak
Tagliari e AABB de Londrina, que praticamente decidiu quem enfrentaria o Círculo Militar no jogo final, foi inesquecível. Perdíamos por três a um quando o Severo Zavadaniak, um dos que o Ubialli tinha liberado, entrou e, com quatro golaços, virou o jogo para cinco a três. Onde anda o Severo? 

No jogo final contra o Círculo Militar, vitória simples de qualquer uma das equipes daria o título para a vencedora. Empatando, a AABB de Londrina seria a campeã. (Um acordo de bastidores entre londrinenses e curitibanos, com a conivência da Federação, firmou-se que em caso de empate, uma melhor de três pontos seria disputado entre eles para definir o campeão estadual).

Luizinho Ferreira Lima e Carlão Tagliari
(com Flavinho Tagliari Bisol)
Hélio Ubialli
Não demos essa chance a ele! Vencemos por dois a zero (um meu, outro do Carlão Tagliari) e conquistamos o bicampeonato e o direito de disputar a Taça Brasil de Clubes Campeões, no ano seguinte em Cuiabá, onde fizemos ótima campanha e ficamos entre os seis melhores clubes do Brasil. Isso tudo com uma estrutura amadora, patrocínio familiar, muito amor á camisa e contando apenas com atletas locais.

Silvio Cintra, David Cardoso, João Miguel Baitala, “Beline” Fuzeto, Carlão Tagliari, Luizinho Ferreira Lima, Severo Zavadaniak, Raudilei Pereira, Ione Sartor e Itamar Tagliari participaram daquela conquista. E o Hélio Ubiali e todas as nossas famílias, é claro!

8 de novembro de 2013

Jogos Regionais de Goioerê - anos 1970

Nos anos 1970, agosto era o mês dos Jogos Regionais de Goioerê, que aconteciam durante as comemorações do aniversário daquela cidade.

Vivenciei, ali, momentos divertidos de conquistas e, também, de derrotas, algumas inesperadas outras anunciadas.

1- Neyzinho Kloster, 2- Betinho Nogarolli,
3- Jorginho Fernandes de Moraes,
4- João Silvio Persegona, 5- Marcos Alcântara de Lima e
6- Ricardo "Bruca" Alípio Costa
Goioerê - 1977
Os jogos contavam com a participação de quase todos os municípios da região e de alguns mais distantes, como Cascavel e Toledo.

Jogando handebol foi que participei pela primeira vez do evento. Meu sogro, Alcyr Schen, era o Secretário de Esportes de Campo Mourão e chefe da nossa delegação. Recordo-me muito bem do discurso dele, ao chegarmos a Goioerê, exigindo que nos comportássemos como atletas e respeitássemos os horários estipulados para as refeições e principalmente os de dormir.

Na delegação de atletismo, que dormia no mesmo alojamento que nós, havia uma grande esperança de medalha nas provas de 100 e 200 metros rasos: o Ligeirinho, um “japonês” que fazia jus ao apelido, era muito rápido e não parava nunca. Nem mesmo dormindo ele ficava quieto, levantando várias vezes para ir ao banheiro. Numa dessas saídas, alguém trancou a porta por dentro e ele, preocupado em não fazer barulho, lembrando do apelo do Seu Schen, sussurrava para que alguém abrisse a porta. Ele dormiu encostado no batente da porta. Pela manhã “ninguém” entendia o seu fraco desempenho nas provas, ficando longe das primeiras colocações. Nos anos seguintes ele se recuperou e ganhou muitas medalhas para nossa cidade. Nunca mais dormiu com outra modalidade que não fosse o atletismo.

Aldevino "Vininho" da Silva
Aldevino da Silva, o Vininho, recém-casado, começou a contar com a torcida de sua esposa Sumiê em todos os jogos que realizávamos. Não importava a distância e nem mesmo o horário lá estava ela torcendo por ele e, consequentemente, por nós. Até que, num desses Regionais de Goioerê, aconteceu algo que a afastou dos jogos fora de Campo Mourão: nosso jogo, contra Cascavel, estava programado como o último da noite numa quadra descoberta, choveu muito e os organizadores, preocupados em encerrar os Jogos ainda naquele final de semana, transferiram os jogos da quadra para logo após os programados para o único Ginásio de Esportes. Nosso jogo, portanto, seria o oitavo da noite de uma rodada que começou às 19h30. Jogar as quatro da madrugada não foi tão terrível quanto ficar esperando nas arquibancadas, onde o que mais se via era jogador dormindo esperando a sua vez de jogar. Chegamos em casa no horário em que todos precisavam trabalhar, inclusive a Sumiê, que nunca mais nos acompanhou.

Billie Basso, Tarjânio Tezelli, Adriane Cilião de Araujo,
Claudião Kravchychyn, Alexandre "Linguinha" e
José Carlos Trindade (sentado) - Goioerê/PR 
Estrada sem asfalto com a coincidência de quase sempre chover na época dos Jogos faziam com que nossas viagens para Goioerê muitas vezes se transformassem em aventuras. Quantas e quantas vezes tínhamos de descer dos ônibus para ajudar a desatolá-los. 

Numa dessas vezes, voltávamos para casa e, ao passar por uma outra cidade, o Marquinho Pelizer abaixou a calça e colou a bunda na janela do ônibus. Morríamos de rir ao ver a cara das pessoas que, quase sempre, precisavam dar uma segunda olhada para entender o que acontecia e acho que muitos até hoje ainda contam daquela “cara” feia que viram no ônibus mourãoense.  CLIQUE NAS IMAGENS PARA AMPLIA-LAS. 

(publicada originalmente no semanário Entre Rios, em setembro de 2005)