Durante anos, duas equipes monopolizaram os títulos do futsal mourãoense, Arcam e Fertimourão, com certa vantagem para o time da cooperativa, que sempre levou mais a sério as competições e contava com o professor Gilmar Fuzeto, que atuou algumas vezes como atleta, muitas vezes como técnico e constantemente como um ótimo psicólogo.
Gilmar, à esquerda, com os manos Amarildo e Beline, em foto recente |
Gilmar sabia como ninguém motivar seus atletas para as competições, fossem elas quais fossem.
Recordo muito bem da palestra que ele nos deu, momentos antes da decisão contra Londrina, nos Jap´s de Guarapuava, em 1988. Motivou-nos de uma forma que vencemos, sem deixar nenhuma dúvida sobre quem era o melhor, uma equipe que me parecia imbatível ao longo do evento. Foi o último ano que uma equipe mourãoense adulta conquistou um título da primeira divisão (para nossa alegria, anos depois, a seleção mourãoense conquistou outros títulos de expressão) .
Lembro-me dele, recém formado em educação física, treinando a equipe do Beccari, formada na sua maioria por juvenis, afirmando que nossos experientes adversários, de um jogo decisivo, falavam que nós afinaríamos na hora do “vamos ver”. Não afinamos, nem no jogo e nem no quebra-pau que aconteceu durante a partida.
Na maioria das vezes, nos campeonatos da cidade, atuei contra ele e nunca soube de nenhum artifício ilegal que tenha usado para motivar suas equipes.
Arcam Futsal - anos 1990 em pé: Xaxo, Sandro Davanço, Gilmar Fuzeto, Moacir, Edilson, Jonas Rodrigues e Pedrão agachados: Cabeção, Nerildo, Beline, Birão e Gerson |
Com a Arcam, normalmente inferior tecnicamente à Fertimourão, ele sempre usou da psicologia para equilibrar as ações. Numa delas, muito engraçada, para mim, pelo menos, ele disse aos seus atletas que nós, da Fertimourão, tínhamos como superstição usar sempre o mesmo vestiário no ginásio de esportes do Lar Paraná.
Para nos “desequilibrar”, naquela noite eles chegaram cedinho e se apossaram do vestiário, que seria o nosso predileto. Venceram o jogo e muitos de seus atletas, até hoje, acreditam que foi por que nos abalaram psicologicamente. Na verdade, nós nunca tivemos preferência por esse ou aquele vestiário e perdemos aquele e muitos outros jogos, por que além de boa equipe eles sempre foram muito bem dirigidos pelo professor Fuzeto.
(publicada no extinto semanário mourãoense Entre Rios, em dezembro de 2005)