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16 de setembro de 2016

Sarah, nosso primeiro tesouro (1986)

Eu e Elvira com a Sarah na Usina Mourão, em 1981

Num 17 de setembro, há 36 anos, eu e Elvira fomos pais pela primeira vez. Ainda crianças, com menos de vinte anos, eu me senti o mais abençoado de todos. Ter uma filha era tudo que queria para mim, para meus pais e meus sogros. Sarah foi a primeira neta dos dois casais, Odethe e Alcyr Costa Schen (sempre na memória) e Sallime e Irineu Ferreira Lima.

Elvira, eu e a Daisy Schen, na manhã do dia de nosso casamento
Casamos em abril e fomos morar em uma quitinete no centro de Campo Mourão, bem em frente do Hotel Piacentini, em uma propriedade do seu Pedro Grandis (in memorian). Nossos amigos, Hosana Ávila, Tauillo Tezelli, Daisy Dezan, Marcelo Silveira, Bia (Maria Beatriz Silva Mildemberger), Fernando Dlugosz, Nelson Bizoto viviam por lá, alegrando nosso dia e curtindo a nossa gravidez. Muitos deles casaram logo em seguida. 

Elvira grávida da Sarah

Moramos ali em cima,
naquelas duas janelas à esquerda
A gravidez foi tranquila, com poucos desejos por parte dela (eu tive muitos), um Guaraná Antarctica num dia, uma pipoca japonesa noutro, mas tranquilo, favorável (não ia perder essa chance de usar o refrão da infame música). Um mês antes da data prevista pelos médicos para o nascimento ficamos com o carro de meu pai para o caso de uma necessidade durante a noite. Na madrugada de uma quarta-feira fui acordado pela Elvira, que afirmava que a bolsa tinha estourado. Com a mala pronta já há dias, descemos e encontramos o pneu do Ford/Belina furado. Fui trocar os pneus, mas não encontrei nem estepe e nem as ferramentas necessárias. Tive de acordar os vizinhos, Cidinha e Carlos Sartorato, para que nos emprestassem o carro. Desci e não soube dar a ré no GM/Chevette e precisei da ajuda do Carlos naquela madrugada gelada de setembro. Quando levei o carro para arrumar o pneu, já depois do nascimento da Sarah, encontrei o estepe e tudo que precisava para efetuar a troca no lugar mais visível possível.

Aqui funcionava o Hospital Anchieta
Chegamos no Hospital Anchieta, onde atualmente funciona o curso de Direito do Integrado, ali na Irmãos Pereira, por volta das 4 da manhã, sempre acompanhados de minha sogra, Anna Odethe Iurk Schen.  Apesar de muito bem atendido por todos da maternidade, do alto dos meus dezenove anos, eu não entendia por que demorava tanto para minha filha vir ao mundo. Achei que era só chegar, se apresentar e receber meu bebê de pronto. 

Agoniado com a demora e as dores do parto, fiquei do lado de fora, andando na via pública, até que por volta das 11h30, minha sogra e minha mãe, Sallime João Abraão de Lima, a dona Salma, que tinha se juntado a nós no início da manhã, saem de lá chorando e me assustam. Pensei: 'pronto, lá se foi a Elvira, minha filha...'. Elas, então, me disseram que Sarah tinha nascido, perfeita e linda. Confesso que perdi o chão por alguns minutos, fiquei nas nuvens, me senti um Super Herói. 

Sarah com Elvira - 1982
No quarto, já ao lado da Elvira, a agonia voltou por que não traziam a minha filha para sermos apresentados. Quando a trouxeram, confesso, fiquei meio atrapalhado pois não conseguia entender que aquela criaturinha toda amarrotada era minha filha. Os bebês que eu conhecia eram diferentes! Mas, claro que estou brincando, em seguida ela ficou a criança mais linda de todos naquele hospital, cidade... no mundo.  

Atrapalhado, eu contava os dedos dela e num momento tinha dezenove, noutros vinte e um. Até que minha mãe e a sogra me expulsaram do quarto, cansadas de tanta baboseira.

Elvira Schen, Daisy Schen, Hosana Ávila Tezelli e Sarah Carolina Schen Lima - junho/2016

Sarah cresceu, foi batizada pela Hosana e o Tauillo, teve a companhia das manas Larissa (nasceu uma semana antes do primeiro aniversário da mana mais velha) e Marina, casou e nos deu a neta Fernanda Lima Chornobai. Sou um orgulhoso pai, avô coruja e cada vez mais me sinto um Super Herói abençoado por Deus.

10 de dezembro de 2015

Sargento Silva e os assaltantes trapalhões de Peabiru

Sargento Silva, da Polícia Militar de Campo Mourão, é companheiro de peladas de futebol suíço e truco lá no Clube dos Trinta. Dias desses, dávamos risadas de uma trapalhada cometida por um marginal e ele relembrou de outra, de anos atrás, de quando ele ainda era cabo.

Silva conta que, no ano de 2009, várias corporações foram convocadas para participarem de uma reintegração de posse de uma área rural invadida pelos sem terras, na região de Paranavaí. Um ônibus de uma empresa particular foi fretado e ele e mais quarenta e três militares seguiram viagem na noite da véspera da ação. Quando chegaram em Peabiru, 17 km de Campo Mourão, o parabrisas do ônibus foi atingido por um tijolo e o motorista estacionou de imediato no acostamento para ver o que ocorrera. No mesmo instante, dois rapazes, imaginando tratar de sacoleiros voltando do Paraguai, entram pela porta e no ônibus ainda escuro dão voz de assalto aos policiais. No mesmo instante saíram correndo, seguidos por dezenas de soldados e detidos, com algumas escoriações "ocorridas durante a fuga" e terminaram a noite na Delegacia local”.

“Nunca mais se ouviu falar dos assaltantes que agiam naquela região e que usavam da artimanha de quebrar o parabrisas dos coletivos para roubarem os assustados turistas/sacoleiros. Não sei porquê?” brincou o amigão. (Acabei de descobrir que não sei como se escreve parabrisas... quase usei vidro dianteiro, mas deixei para os amigos a tarefa da correção)

Sargento Silva

Além da carreira militar, Sargento Silva anda investindo na promissora carreira de comentarista de truco. Confira no vídeo abaixo ele comentando uma trapalhada do Tiguera. (já mostrei aqui e guardo esse vídeo com muito carinho por que nele aparece o meu saudoso amigo Patolino, Rubens Gonçalves de Paula).

27 de novembro de 2015

A campanha do bicampeonato estadual da Associação Tagliari em Guarapuava, em 1980

Chegamos a Guarapuava com a missão de manter o título de campeão, conquistado no ano anterior, 1979, em Paranavaí. Alojamo-nos numa sala do próprio ginásio de esportes onde aconteceria a competição. Uma semana inteira de competição, uma semana toda de chuva e no alojamento não havia um só canto que não gotejasse.

Valmar de Maringá, Guarapuava, AABB e Transbussadori, ambas de Londrina, e Círculo Militar de Curitiba foram nossos adversários. Éramos as seis melhores equipes paranaenses sem dúvida alguma, com destaque para o Círculo Militar que contava com um jogador da Seleção Brasileira (Didu) e com uma estrutura de causar inveja até nos dias de hoje. Contrastando com nosso precário alojamento, eles se hospedaram no melhor hotel guarapuavano.

Época de muito amadorismo, nossa equipe contava apenas com o patrocínio da própria família Tagliari e, por isso, economizávamos em tudo que podíamos. E ainda contávamos com inconvenientes (na verdade, compromissos com seus empregos) que impediam que alguns de nossos atletas participassem desde o início da competição. Apenas nos dois últimos jogos contamos com a equipe completa (Hélio Ubialli, então funcionário do Banco do Brasil e apaixonado pela modalidade, conseguiu a liberação dos jogadores em seus empregos e ainda os levou até Guarapuava). 

Um a um os adversários foram sendo derrotados!

Quatro a dois sobre a Valmar (com três gols de sem-pulo do Ione, como só ele sabia fazer!) foi o resultado da nossa estréia. 

Tagliari e AABB de Londrina, que praticamente decidiu quem enfrentaria o Círculo Militar no jogo final, foi inesquecível. Perdíamos por três a um quando o Severo Zavadaniak, um dos que o Ubialli tinha liberado, entrou e, com quatro golaços, virou o jogo para cinco a três. Onde anda o Severo? 

No jogo final contra o Círculo Militar, vitória simples de qualquer uma das equipes daria o título para a vencedora. Empatando, a AABB de Londrina seria a campeã. (Um acordo de bastidores entre londrinenses e curitibanos, com a conivência da Federação, firmou-se que em caso de empate, uma melhor de três pontos seria disputado entre eles para definir o campeão estadual).

Não demos essa chance a ele! Vencemos por dois a zero (um meu, outro do Carlão Tagliari) e conquistamos o bicampeonato e o direito de disputar a Taça Brasil de Clubes Campeões, no ano seguinte em Cuiabá, onde fizemos ótima campanha e ficamos entre os seis melhores clubes do Brasil. Isso tudo com uma estrutura amadora, patrocínio familiar, muito amor á camisa e contando apenas com atletas locais.


Silvio Cintra, David Cardoso, João Miguel Baitala, “Beline” Fuzeto, Carlão Tagliari, Luizinho Ferreira Lima, Severo Zavadaniak, Raudilei Pereira, Ione Sartor e Itamar Tagliari participaram daquela conquista. E o Hélio Ubiali e todas as nossas famílias, é claro!

A foto abaixo mostra a Associação Tagliari durante amistoso preparatório para a Taça Paraná de 1980. Nela, falta o nosso goleiro David Miguel Cardoso que participou de toda a vitoriosa campanha em Guarapuava.

Associação Tagliari - Ginasinho Jk - 1980
em pé (da esq. para a direita) Itamar Tagliari, Augustinho Vecchi, Paulo Gilmar Fuzeto, Severo Zavadaniak, Raudilei Pereira, Silvio Carvalho Cintra, João Miguel Baitala (in memorian) e Itachir Tagliari (in memorian)
agachados: Antônio Admir "Beline" Fuzeto, Luizinho Ferreira Lima, Pedro Ivo Szapak, Ione Paulo Sartor e Carlos Álvaro Tagliari


8 de setembro de 2015

Pazini, o campinho e a bola "porco espinho"

Gilberto Pazini - Clube dos Trinta/ 2015
Quando criança, qualquer terreno baldio servia de campo de futebol para nossas peladas que, normalmente, reunia cinco jogadores de cada lado. Mas não era fácil conseguirmos montar todo o “espetáculo”. Tínhamos que ajeitar o terreno, capinar o mato, fazer as marcas do campo com pó de serra, as traves eram pedaços de madeira descartados por madeireiras – como tinha madeireira em Campo Mourão naquela época!-- As redes dos gols, fazíamos com uma cordinha que no primeiro chute a gol, arrebentava.

O mais difícil de tudo era conseguir uma bola boa. A número cinco, oficial. A famosa bola de capotão, de couro curtido e que tinha em seu interior uma câmara de ar feita da bexiga do boi. Elas tinham número e a cinco era a que mais se aproximava da utilizada pelos profissionais. Bola nova valia tanto ou mais que um bom campinho, era motivo de congestionamento de atletas, todos querendo aproveitar antes que a terra vermelha a “maltratasse”.

Gilberto Pazini, um pouco mais novo do que eu, também curtiu essa delícia que era jogar em campinho de terra, disputar jogos que começavam cedinho e só terminavam quando escurecia ou quando a briga era muito feia.

O sósia do técnico Muricy conta que zelou tanto de uma bola que um dia, véspera de uma partida contra uma equipe de um bairro distante, resolveu pintá-la com a única lata de tinta disponível... de tinta a óleo. Caprichou, deu duas demão e -- azar!-- o tempo fechou em seguida, choveu bastante e o sol só foi sair na manhã do jogo.

O adversário chegou na hora combinada, o campinho estava seco e a única bola úmida. A rivalidade era grande e ele, além de querer vencer, queria muito mostrar como a bola estava perfeita.

Começa a partida e com menos de cinco minutos tiveram de parar a peleja. Tudo que estava pelo campinho (pó de serra, pedras, folhas...) foi grudando na bola deixando-a com um peso insuportável para as pernas dos pequenos craques.

- “Luizinho, ela parecia um porco-espinho e os goleiros corriam de medo”, se diverte o amigão, quando eu o provoco para repetir a história.

23 de junho de 2015

Getulinho, Ticão e o Caixa Eletrônico

Nelson "Ticão" Bueno do Prado
Os Jogos Abertos de Paranaguá, em 1986, foi aquele em que nosso time de futsal, numa fase muito ruim, conseguiu quebrar o banco de reservas apenas com o peso de nossos atletas. Outros fatos ocorridos na viagem de volta hoje são motivos de diversão para todos nós.

Voltando para casa, em dois carros próprios, combinamos de nos encontrarmos no Shopping Muller, em Curitiba. Lá, precisando de dinheiro para o lanche, o Getulinho Ferrari junto com o Ticão, da Tapeçaria União, foi até um caixa eletrônico para efetuar um saque. Numa cabine enorme (que você entrava dentro, muito diferente dos pequenos caixas de hoje), ele não se lembrava da senha para concluir a transação e após três tentativas erradas o caixa avisou que reteria o seu cartão, para desespero do Ticão que agarrou numa ponta do cartão, mas não impediu que a máquina ficasse com ele. Getulinho jura que o Ticão afirmou que se tivesse umas ferramentas recuperaria o cartão.

Getulinho Ferrari
Como estávamos numa fase muito melhor de garfo e copo do que de bola, combinamos que a próxima parada seria num restaurante à beira da rodovia em Palmeira, distante 70 km da capital.

Há poucos quilômetros do restaurante, quebra a embreagem do carro em que estávamos. Poucos minutos de espera e o segundo carro, dirigido pelo Marcelo Silveira, passa por nós sem parar, mesmo nós acenando de todas as maneiras possíveis. Depois de uma longa espera, eles retornam e saem em busca de socorro, já que o problema era sério.  Retornam com um mecânico que dirigia um carro muito velho e cheio de ferrugem e que dizia que o melhor era nos rebocar até a sua oficina em Palmeira.

Foi a única vez na vida que dirigi um carro sendo rebocado por uma lata velha que insistia em andar a mais de cem por hora, à noite e no meio de caminhões que congestionavam a estrada. Os amigos até hoje dizem que eu pisei no freio durante todo o trajeto.

Marcelo Silveira
Dormimos em Palmeira e pedimos carona para o Antonio “Formigão” Miguel (in memorian) e o Acir Gonçalves da Rádio Colméia AM, que no dia seguinte voltavam para Campo Mourão.

Na velha brasília azul (VW) da Colméia, com malas por todos os lados e com o Formigão dirigindo muito devagar, traumatizado por um recente acidente que quase lhe tirou a vida, fizemos a viagem de pouco mais de 300 km em longuíssimas seis horas.  

Publicado originalmente no semanário mourãoense Entre Rios, em dezembro de 2005

19 de junho de 2015

Tagliari Futsal na Taça Brasil de 1981, em Cuiabá

Há poucos dias postei matéria sobre a pescaria do Ione e do Carlão em Cuiabá, em 1981, quando por lá estivemos participando da Taça Brasil de Clubes Campeões de Futsal. Hoje, posto novamente matéria de 2005, publicada originalmente no semanário Entre Rios, onde conto outras passagens que me marcaram durante nossa estada na capital matogrossense. 

Amigos gostaram da resenha da semana passada, sobre a Taça Brasil de Clubes Campeões de Futsal, em 1981, em Cuiabá. Além do fato de ficarmos entre os seis primeiros colocados, guardo ótimas lembranças do evento e, especialmente, dos amigos que representaram muito bem nossa cidade.
 
Alegria maior foi perceber, logo no jogo de abertura do campeonato, que a nossa torcida era igual ou maior do que a do time da casa. Muitos mourãoenses moravam naquela região e não perderam a oportunidade de torcer pelo nosso time. Lembro-me bem dos amigos Valmor Barato e Ricardo Grabowski, que hoje já moram novamente em Campo Mourão, e da família Beccari que acompanharam todos os nossos jogos.
 
Ricardo Grabowski e
Itamar Tagliari
Junto conosco foi quase toda a família Tagliari: Dona Íris, Sônia Tagliari, a doce Maria José (falecida esposa do Itamar) e seus filhos, Lislaine, Itamarzinho e Carlinhos.
 
Seu Erny Simm também foi. Ele era nosso torcedor mais fervoroso, mesmo não enxergando nada do que ocorria na quadra (estava praticamente cego).
 
O querido Seu Erny acompanhava nossos jogos sempre ao lado de seu acordeão, que era tocado com entusiasmo, nas vitórias ou nas derrotas. Quem assistisse ao jogo ao lado dele narrava o que acontecia na quadra e ele vibrava como se enxergasse tudo. Muito amigo de meu pai, ele torcia muito por mim e a cada gol nosso perguntava: "Foi gol do Luizinho?"
 
Valmor Barato e meu
mano Walmir
Além da quase tragédia na pescaria do Ione e do Carlão, narrada na resenha da edição passada, uma outra quase aconteceu com todas as delegações: no final do dia fomos alertados, pela portaria do hotel, para descermos pelas escadarias porque um apartamento estava pegando fogo e era preciso evacuar todo o prédio. Com a energia elétrica desligada, apavorados, mas sem atropelos, descemos os dez andares e, em frente ao hotel, acompanhamos os trabalhos dos bombeiros que, competentemente, apagaram um pequeno principio de incêndio, numa cesta de lixo, no banheiro do apartamento da delegação de Amazonas. No mesmo momento em que percebemos que o Carlão Tagliari não estava conosco, ele surgiu na portaria, entre os bombeiros, carregando todo o nosso uniforme, até na boca ele carregava um cabide. Na volta ao hotel encontramos algumas camisas caídas nas escadas. 
 
Na primeira fase jogamos contra Tachinhas-MS (4 a 1), Corinthians-SP(2 a 2), Internacional-RS (1 a 3) e, por último, o Colegial de Florianópolis (5 a 2), sendo que ao final desse confronto com os catarinenses eles não permitiam que cobrássemos um pênalti, agrediram o árbitro e pegaram uma das maiores penas que uma equipe de futsal já recebeu.
 
Ney Pereira, ex-técnico da Seleção Brasileira
de Futsal, um dos craques do Monte
Sinai que enfrentamos em Cuiabá
Na sede campestre do hotel, à beira do Rio Cuiabá, fazíamos nossas refeições, onde enfrentávamos longa fila para comer uma comidinha apenas razoável. O Monte Sinai-RJ, campeão brasileiro do ano anterior, só chegou a Cuiabá para a segunda fase (estávamos lá há mais de dez dias).

Os cariocas, malandramente, na primeira refeição deles, convenceram ($$$) os garçons para servi-los em suas mesas. Nós na fila dando risadas dos espertos e eles rindo da nossa ingenuidade. O primeiro garçom passa direto e coloca uma enorme bandeja de arroz na mesa dos cariocas. Espanto geral! Antes do primeiro jogador do Rio de Janeiro se servir, a bandeja foi completamente coberta com açúcar por um atleta paraibano e as mesas deles foram cercadas por todos que estavam na fila, inclusive eu, mas especialmente os nordestinos, que ordenaram que eles entrassem no fim da fila e se servissem como todos.
 
Naquela noite, eles estrearam empatando conosco. Acabaram bicampeões invictos após vencerem todas as outras partidas e conquistaram a todos com seu futsal e simpatia, que parece ter surgido graças aos nordestinos.

26 de maio de 2015

Respeito ao Seu Schen quase acabou com carreira do Ligeirinho

Gosto  muito dessa foto que mostra Seu Schen
me entregando um troféu de artilheiro do primeiro
campeonato juvenil de futsal que foi realizado na
Cancha Tagliari, em 1975, de quando eu ainda
não namorava a Elvira e penteava o cabelo.
Agosto era o mês dos Jogos Regionais de Goioerê, que aconteciam durante as comemorações do aniversário daquela cidade.

Vivenciei, ali, momentos divertidos de conquistas e, também, de derrotas, algumas inesperadas outras anunciadas.

Os jogos contavam com a participação de quase todos os municípios da região e de alguns mais distantes, como Cascavel e Toledo.

Jogando handebol foi que participei pela primeira vez do evento. Meu sogro, Alcyr Schen, era o Secretário de Esportes de Campo Mourão e chefe da nossa delegação. Recordo-me muito bem do discurso dele, ao chegarmos a Goioerê, exigindo que nos comportássemos como atletas e respeitássemos os horários estipulados para as refeições e principalmente os de dormir.

Darcy Deitos e Alcyr Costa Schen
Na delegação de atletismo, que dormia no mesmo alojamento que nós, havia uma grande esperança de medalha nas provas de 100 e 200 metros rasos: o Ligeirinho, um “japonês” que fazia jus ao apelido, era muito rápido e não parava nunca. Nem mesmo dormindo ele ficava quieto e acordava todo mundo nas inúmeras vezes que foi ao banheiro. Numa dessas saídas, alguém trancou a porta por dentro e ele, preocupado em não fazer barulho, lembrando do apelo do Seu Schen, sussurrava para que alguém abrisse a porta. Acabou dormindo encostado no batente da porta, do lado de fora do alojamento numa escola goioerense. 

Pela manhã “ninguém” entendia o seu fraco desempenho nas provas, ficando longe das primeiras colocações. Nos anos seguintes ele se recuperou e ganhou muitas medalhas para nossa cidade. Nunca mais dormiu com outra modalidade que não fosse o atletismo. 

Infelizmente não sei o nome do nosso japonês voador, só o chamávamos de Ligeirinho e assim ficou. 

Publicada originalmente no semanário Entre Rios, em setembro de 2005.

19 de maio de 2015

Jogos Regionais em Goioerê: A Bunda do Pelisser

No álbum do Marquinhos Pelisser, no Facebook, encontrei algumas fotos que merecem serem mostradas aqui no Baú. Por isso, republico uma resenha publicada em 2005 no semanário Entre Rios (já postada aqui também, em 2012). Por onde andará o Cidão?

Nilmar Piacentini e Marquinhos Pelisser
Agosto era o mês dos Jogos Regionais de Goioerê, que aconteciam durante as comemorações do aniversário daquela cidade. 

Lá, vivenciei ótimos momentos (aliás, o esporte só me deu alegrias).

Com quinze ou dezesseis anos começamos a participar dos principais eventos esportivos paranaense, primeiramente jogando handebol e, a partir dos dezenove anos, defendendo nosso futsal (naquela época, futebol de salão).

Alcides "Cidão", Marquinhos e Naido Marchetto
Com a energia característica daquela idade aprontávamos bastante. Mas, para minha felicidade, sempre com muita responsabilidade, principalmente por contar com ótimos amigos, que fazem parte de meu laço de amizade até os dias de hoje.

Sempre que puder, utilizarei este espaço para contar alguns fatos, divertidos ou, até mesmo, tristes, que juntos vivenciamos no esporte.

Nesta edição recordo momento hilariante que presenciei durante uma viagem de Goioerê para Campo Mourão proporcionado pelo Marquinhos Pelisser.     

Estrada sem asfalto com a coincidência de quase sempre chover na época dos Jogos faziam com que nossas viagens para Goioerê muitas vezes se transformassem em aventura. Quantas e quantas vezes tínhamos de descer do ônibus para ajudar a desatolá-lo. 

Numa dessas vezes, voltávamos para casa e, ao passar por Janiópolis, o Marquinho Pelisser abaixou a calça e colou a bunda na janela do ônibus. Morríamos de rir ao ver a cara das pessoas que, quase sempre, precisavam dar uma segunda olhada para entender o que acontecia e acho que muitos até hoje ainda contam daquela “cara” feia que viram no ônibus mourãoense.   

Originalmente publicada no semanário Entre Rios, em outubro de 2005.


E não é que o "bicho vingou", mesmo tendo amizade com o Nilmar, Naido e Cidão! 
Vejam só, na foto abaixo, que família linda ele e a Guga formaram:


Marquinhos e Guga com os filhos e noras (falta o netinho, filho do Kito)

9 de abril de 2015

O poliglota. Por Osvaldo Broza

No livro que lancei em 2004 – Caminhos de Casa – contei a história da Panela (transformada em associação a partir de 1994, porque se tornou pessoa jurídica), iniciada no final da década de sessenta, quando também foi construído o primeiro campo de futebol suíço da região, na sede campestre do DER, às margens da Usina Mourão. De acordo com Biju (Wilson Iurk) e Artur Kunioshi, participavam das peladas, além deles, Roberto Braga, Roberto Galeano, Almerindo Gering, Basílio Ockrim, Aramis Meyer Costa, Alcyr Costa Schen, Álvaro Gomes, Marcos Fanckin, Luiz Carlos Klank, Osvaldo Wronski, Getulio Ferrari, Paulo Fortes, João Teodoro de Oliveira Sobrinho, Tadeu Nunes, Nascimento, Aldo Kaul, Afum, Alceu Pacheco, Serafim Portes Rocha, José Luiz Tabith, Ilton Santin, Osvaldo Silva, Sergio Rebeis, Pedro Antum, Haroldo Gonçalves Neto, Nonô Ribas, Ivo Fortes, entre outros.

Dado ao sucesso da iniciativa, o Country Clube também resolveu construir seu campo de futebol suíço, onde a turma da usina passou a jogar suas peladas e a ser chamada de Panela. Além desses nomes – e alguns outros que não foram lembrados – um cidadão recém-chegado de Curitiba também gostava de se enturmar com os paneleiros: Lourival Vieira, conhecido como Catarina (não aquele ponta esquerda famoso). Ele comprava madeiras e as enviava para Brasília. Morou em Campo Mourão por uns quatro anos. Metido a boleiro e muito falador, “ele incomodava um pouco”, diz o Artur, e de vez em quando, tinha discussão. 

Certo dia, no começo dos anos setenta, ele se estranhou com o João Teodoro, no Country Clube. Numa disputa de bola, o João não gostou e reclamou de uma jogada desleal (?) do Catarina. O jogo continuou normalmente, mas os dois continuaram discutindo, porque o João também não era de falar pouco. De repente, o Catarina caiu na besteira de xingar o João, com um nome pouco convencional:

- Sabe o quê, João, você é um poliglota - disse.

Pra quê. O João virou uma fera e partiu pra cima do Catarina, que saiu correndo, enquanto o pessoal tentava segurar o João, que tentava se livrar dos companheiros e ao mesmo tempo gritava: - Poliglota é você...é a tua mãe...venha aqui se for homem...

Terminado o jogo, o quê que uma costela assada e uma cerveja bem gelada não fazem: os dois fizeram as pazes. E, dizem, nunca mais brigaram. Tempos depois, o Catarina voltou para Curitiba, onde trabalhou por uns tempos para o senador Álvaro Dias e hoje está aposentado. O João Teodoro continuou em Campo Mourão, no ramo de agropecuária. Foi vereador por duas vezes (77 a 82 e 93 a 96) e provedor da Santa Casa por mais de seis anos. E continua na Panela. É bom zagueiro, bom cozinheiro e bom companheiro. Mas,..poliglota, nuuncaa!

OSVALDO BROZA
Nasceu em Inácio Martins (PR), filho de José Broza e Maria da Conceição Broza. Mora em Campo Mourão desde 1963. Casado com Maria Luzia Gomes Broza (Malu), pai do Ciro, Thiago, Renan e Alessandro e avô do Leonardo e do Lucas.

Foi funcionário público municipal, contador, representante comercial, publicitário e empresário de diversos ramos.

Foi presidente da UMES (União Mourãoense dos Estudantes Secundários), do Conselho Estadual da UPES (União Paranaense de Estudantes) e do Rotary Campo Mourão Gralha Azul.

É autor dos livros: Caminhos de Casa, editado em 2004 e Campo Mourão em Crônica, editado em 2007 e faz parte das obras: Amigo da Poesia - Vivência - editado em 2000 e 2º Compêndio da Academia Mourãoense de Letras (na qual ocupa a Cadeira n.º 21) - editado em 2006.

endereço eletrônico: osvaldobroza@hotmail.com

1 de abril de 2015

Criança fala cada uma! Né Larissa?

Larissa Haidê Schen Lima - abril 2015

Quando 'grávidos', eu e a Elvira líamos muito a Revista Pais e Filhos. Éramos muitos novos -- fomos pais antes dos 20 anos -- e precisávamos aprender tudo sobre a arte de ser pai. Enquanto Elvira lia tudo sobre cuidados com os recém nascidos eu me divertia com uma coluna, se não me engano de autoria do jornalista Pedro Bloch, que se chamava 'Crianças fala cada uma' e, claro, publicava as mais engraçadas e sinceras frases da nossa criançada, a maioria delas enviadas pelos leitores da revista que até hoje é publicada. . 

Pois hoje, um comentário da minha filha Larissa, no 'uatizapi', me fez lembrar dessa época deliciosa. 

Grávida do Luiz Guilherme [quem disse que não tem homem nessa casa?], minha filha do meio ouviu de uma aluna: "Professora, nem parece que você tá grávida, parece que só tá gorda"

Criança fala cada uma!!! 

6 de fevereiro de 2015

Associação Tagliari na Taça Brasil de Clubes Campeões - 1980 no Rio Grande do Norte

Disputei a primeira Taça Brasil de Clubes Campeões em 1980, na cidade de Currais Novos, interior do Rio Grande do Norte. Infelizmente não passamos da primeira fase numa chave que classificou o Álvares Cabral do Espírito Santo e contava ainda com uma equipe da Bahia e outra da Paraíba.

Carlão Tagliari com a esposa Lori e a filha Carla
Perdemos, mas aprendemos muita coisa que acabaria nos auxiliando na conquista do bicampeonato paranaense naquele mesmo ano e na ótima classificação na Taça Brasil do ano seguinte, quando acabamos entre os seis primeiros colocados do país.

O que mais aprendi, nessa minha estréia em eventos nacionais, não foi dentro da quadra e sim fora dela.      

Lisliane, Marilda (in memorian) e Itamar Tagliari
Como chegamos com alguns dias de antecedência, acabamos conhecendo bem a pequena e simpática Currais Novos, onde éramos a atração principal por sermos do sul do país. Numa pequena lanchonete nos deliciávamos com água de coco e um saboroso doce de leite caseiro. Era sagrado, após as refeições e os treinos  lá estávamos nós, sempre puxados pelos irmãos Carlão e Itamar Tagliari, tão amantes de doce como eu.

Na estréia, o Itamar machucou o joelho, impossibilitando-o de andar. De volta ao hotel, jantamos e nos preparamos para ir saborear as delicias da lanchonete, para afogar as dores da derrota contra os capixabas, quando o Itamar pede para o Carlão trazer uma água de coco e um doce de leite porque ele ficaria se tratando no hotel. O marido da Lori Pasinato não aceita de forma alguma e insiste para que ele nos acompanhe. Com muita dor, o pai da Lisliaine, diz que é melhor descansar. O enorme joelho, inchado como nunca tinha visto, para mim era argumento suficiente para deixá-lo sozinho, mas não para o Carlão, que o carregou no colo na ida na volta da lanchonete para nosso espanto e de todos que passavam.

Sempre que conto esta passagem, brinco que se fosse comigo, além de não ter força para carregar nenhum dos meus irmãos, ainda seria capaz de esquecer de comprar as guloseimas para eles. Lógico que é apenas brincadeira. Amo meus irmãos, assim como os Tagliari se amam!

Tenho enorme respeito e admiração por todos daquela família, da mesma forma que demonstra meu pai quando conta alguma coisa do seu Itachir Tagliari e sua família. 

Associação Tagliari  
Taça Brasil de Clubes Campeões - Currais Novos (RN) - 1980
da esq. para a direita: Gilmar Fuzeto, Zé Luiz (Pancho), Beline Fuzeto, Carlão Tagliari, Álvaro "Careca", Luizinho F. Lima e Paulinho

Publicada originalmente no semanário Entre Rios, em outubro de 2005.

29 de janeiro de 2015

Faça como o Zico. Use Kichute!!! Marcão Alcântara usou (e muito!)

Quase dá para dizer que quem não teve um Kichute não teve infância.

O famoso calçado marcou a infância de milhões de crianças que sonhavam em ser um astro do futebol.

Mistura de tênis com chuteira, virou mania nacional entre a criançada depois da conquista do Brasil na Copa do Mundo de 1970.

Feito com lona preta e solado com cravos de borracha, com um grande cadarço, era comum entrelaçá-lo na canela antes de amarrá-lo. O cadarço também era usado dando voltas no solado.
Assista o vídeo com o craque do Flamengo. Zico jogava demais e era ídolo de dez entre dez torcedores, mesmo para quem não era flamenguista como eu.


Marcão Alcântara usou kichute

Era chegar no Colégio Estadual, olhar para a quadra de basquete e pelas marcas das travas de borracha no piso já sabíamos se o Marcão Alcântara tinha passado por lá. 

Início dos anos 1970, tivemos a felicidade de ter professores de educação física que nos faziam praticar todo tipo de esporte. Quando nos interessamos pelo basquete, vivíamos jogando na única quadra da modalidade na cidade, a do Colégio Estadual de Campo Mourão, que era puro asfalto. Junto veio o interesse pelos acessórios, especialmente pelo Tênis All Star que só era encontrado numa loja na capital paulista.

Aproveitando que sua mãe iria para São Paulo, Marcão encomendou um par do raríssimo tênis que era importado dos 'States'. Sem muito entender do esporte, dona Tereza, infelizmente já falecida, atendeu o pedido do filho e trouxe um belo par de Kichute, que era 'pau para quase toda obra' menos para o basquete.

Agradecido e sem querer desapontar a atenção da matriarca dos Alcântara de Lima, e também obrigado pelas necessidades financeiras, Marcão usava o tênis até para dormir, na esperança que ele acabasse logo e ganhasse um novo, quem sabe mais apropriado para o basquete. Só não contava que o danado durava demais. Aquelas travas pareciam intermináveis.

Marcelo Silveira diz que até hoje tem marcas do kichute do Marcão no pátio do Colégio Estadual. Marcos Alcântara de Lima é cirurgião Buco-Maxilo-Facial em Campo Mourão. 

8 de janeiro de 2015

Meu primeiro jogos em Curitiba: Estudantis de 1975

Professor Josué Santos
Depois de terminarmos entre os três primeiros no regional, disputado em Paranavaí, classificamo-nos, representando o Colégio Estadual Professor João D´Oliveira Gomes (naquela época apenas Colégio Estadual) para a fase final, em Curitiba, dos Jogos Estudantis Paranaense em três modalidades (handebol, basquete e xadrez masculino).

Ainda não havia uma Secretaria Especial para o esporte como há hoje (a Paraná Esporte) e chegamos em Curitiba sem saber onde ficaríamos, contra quem jogaríamos e, nem mesmo, como seria a forma de disputa (nem os organizadores sabiam!).

Mal chegamos e alguns colegas já queriam voltar, só porque descobriram que era obrigatório para todos serem vacinados contra meningite.  

Luiz Henrique Garrido
Ficamos alojados numa escola ao lado do Passeio Público, onde não havia chuveiro, nem quente e nem frio, e tomávamos banho numa mangueira adaptada à torneira das pias (1975 foi o ano mais frio dos últimos cincoenta anos no Paraná - uma semana após os jogos, nevou na capital paranaense, só pra dimensionar o frio que passamos por lá).

Os organizadores resolveram fazer jogos eliminatórios por causa do grande número de participantes. No sorteio do handebol, nosso professor Josué pôs a mão na cumbuca e sorteou nosso adversário: Curitiba! Simplesmente a base da seleção brasileira da modalidade e que haviam chegado a poucos dias de uma turnê pela Europa. Os poucos que ainda não estavam bravos com o professor - ele perdera o dinheiro de alguns atletas logo ao chegar-, agora sim, tinham motivo para ficar, mesmo sendo uma questão de sorte e/ou azar. Havíamos nos classificado num regional muito difícil, enfrentando Maringá, Nova Esperança, Paranavaí e Goioerê e isso nos encheu de esperança para uma boa classificação.

Marcos Antonio Pelisser
Apesar de nossa dedicação o jogo foi um “vareio” só, 23 a 7. Para eles, claro. Dedicamo-nos tanto ao jogo, que o Marquinhos Pelizer teve uma câimbra que virou a barriga da perna para frente. Sério! Nunca mais vi uma câimbra daquelas. 

Como naquela época podia jogar duas modalidades, ainda me restava o basquete, onde sempre fui aquele reserva que nunca entra. Perdemos para Guarapuava e até uma cesta contra fizemos (Marcos Pacheco, hoje dentista em Curitiba, subiu na nossa defesa, ganhou o rebote, se viu livre sem marcação e meteu dois pontos, isso mesmo, dois pontos contra). 

Só nos restava voltar para casa e enfrentar a gozação dos que não foram e, ainda, as possíveis penalidades que a diretoria do Colégio nos aplicaria por causa de indisciplina de uns poucos durante nossa estada na Capital e na viagem de volta, em ônibus de linha. Ninguém foi penalizado! 

E, até hoje, resta a saudável lembrança dos jogos e da convivência com ótimos amigos, com os quais disputei muitos outros jogos, sempre representando nossa cidade e até mesmo nosso Estado.

Publicada originalmente no semanário Entre Rios, em setembro de 2005. Fotos mostram como estão alguns dos parceiros naqueles jogos.

22 de dezembro de 2014

Mourãoenses campeões de handebol no Metropolitano Estudantil de Curitiba - 1978

Ricardo Alípio Costa
1978. Ricardo Alípio Costa, Dagoberto Lüdek, Neyzinho Kloster e eu fazíamos cursinho em Curitiba. Quando soubemos da realização dos Jogos Metropolitanos Estudantis de Curitiba procuramos nossos colégios para saber como participar na modalidade de handebol. No Positivo, onde estudava junto com o Ney, fui preterido pelo treinador da equipe e esnobado pelo melhor atleta do colégio, que por sinal estudava na mesma sala do Terceirão comigo.  No Dom Bosco, Ricardo, o Bruca, e Dagoberto foram informados que o colégio não teria equipe no handebol masculino.

Fomos então convidados para treinar com o Colégio Estadual do Paraná. O treino era feito em quadra descoberta e piso de asfalto. O primeiro jogo-treino foi contra o Colégio Barddal na quadra deles. Foi um passeio, fizemos gols de todos os jeitos, resultando no convite para representarmos o Estadual na competição.

Como não pertencíamos ao Colégio Estadual eles nos matricularam em cursos noturnos. De sacanagem, fui inscrito no curso de Técnicas Culinárias, ou algo assim. Sofri na mão dos amigos por causa do ‘curso escolhido’.

Na verdade o time era uma verdadeira seleção, com os quatro mourãoenses ao lado de craques como Gabriel Carazzai, Carlinhos, Armando Kolbe Júnior, Mitsuashi. O goleiro Armando e o armador Gabriel anos depois representaram Campo Mourão em competições de alto nível.

Armando Kolbe Jr.
Os comentaristas esportivos da época diziam que era um torneio feito para duas equipes disputarem a final: Positivo x CEFET, este último treinado pelo falecido professor Mauro Rodinski, então técnico da Seleção Brasileira. Estas duas equipes contavam com atletas de ponta e técnicos renomados e estudiosos, enquanto nossa equipe, reunida a poucas semanas da competição, era treinada por técnico muito apaixonado pela modalidade, porém modesto se comparado aos treinadores de Campo Mourão.

Na primeira rodada jogamos contra o poderoso CEFET no Ginásio do Tarumã em noite inspirada do nosso time. Nós, os quatro mourãoenses, não sentimos o peso da partida nem da rivalidade entre os curitibanos do CEFET e do nosso time. Jogamos como se estivéssemos treinando no ginasinho JK. Para irritação do professor Mauro Rodinski, vencemos com certa facilidade, estando à frente do placar o jogo inteiro.
Gabriel Carazzai Jr.

Na rodada seguinte, também no Ginásio do Tarumã perdemos para o Colégio Positivo por um escore apertado lançando a sorte das três equipes para o último jogo entre o CEFET e o Positivo no Ginásio da Praça Oswaldo Cruz.

O jogo teve cobertura da TV Iguaçu e as torcidas das duas escolas rivais (CEFET e Positivo) lotaram o ginásio. O CEFET deveria vencer o Positivo por uma diferença de seis gols e ao Positivo bastava uma vitória simples para sagrar-se campeão. O CEFET venceu, mas por uma diferença de quatro gols consagrando o Colégio Estadual do Paraná como o grande vencedor do torneio. Nossa equipe foi assistir ao jogo como se estivesse indo ao cinema, de calça jeans, camiseta e tênis.

Ney Kloster Jr.
No pódium as três equipes perfiladas. Nós ao centro de calça jeans e camiseta (medalha de ouro), ao lado de duas equipes que pareciam ter saído de uma guerra (detonadas), medalha de prata para o CEFET e medalha de bronze para o Positivo. 

Fomos muito elogiados em uma mesa redonda promovida pela TV Iguaçú, especialmente pelo Professor Rodinski que acreditava que tínhamos nos preparado muitos meses antes da competição contemporizando os palpites em sua equipe do CEFET.

Luizinho Ferreira Lima
Eu me diverti muito, por mais de uma semana, quando chegava de manhã no Positivo e praticamente esfregava a medalha na cara do craque do colégio que me esnobou. Sentávamos na mesma fila, ele na ponta e eu no meio, e como sempre cheguei atrasado ele era obrigado a ‘me engolir’. Mas ele tirava de letra, principalmente depois que nos encontramos meses depois nos Jogos Abertos do Paraná, ele representando Nova Esperança e eu e Ricardo as cores mourãoense, e demos um ‘chocolate’ no time dele.

Já publicada anteriormente aqui no Baú, essa conquista foi narrada com a ajuda do Ricardo "Bruca" que tem uma memória invejável. As fotos são do Facebook dos amigos (algumas peguei sem permissão). 
Estamos tentando localizar o Dagoberto Lüdek. Se alguém souber dele, por favor nos avise. Queremos a presença dele no encontro que vamos realizar em maio de 2015 para comemorar os 40 anos do handebol em Campo Mourão.

7 de novembro de 2014

Os radialistas mourãoenses. Viva!!!

7 de novembro é o Dia do Radialista. Para comemorar e render homenagens mostro amigos com os quais trabalhei em Campo Mourão e outros que tive a honra de conhecer. Mais abaixo, republico uma resenha sobre a primeira vez que tive que demitir alguém lá na Rádio Colmeia AM.

Adinor Cordeiro, o Jiboia (in memorian)

Antônio Kienen (in memorian)

Ely Rodrigues e Anisio Morais

Nelson Silva, Félix Souza e Carlos Roberto Soares

Gerson Maciel

Ilivaldo Duarte

Luiz Claudio Vieira de Moura

Manoel Rodrigues Correia

Wille Bathke Jr.
IVO E MINHA PRIMEIRA DEMISSÃO

Sem nunca ter entrado numa Rádio, em meados dos anos oitenta, fui gerenciar a Rádio Colméia AM. Época em que ela foi modernizada e ganhou sede própria no Edifício Antares, graças ao investimento de seus proprietários e do amor que o seu Delordes Daleffe, um dos sócios e o responsável pela administração durante aqueles anos, tinha pela emissora. 

Lá trabalhavam o Anísio Morais, Acir Gonçalves, Antônio “Formigão” Miguel, Sandro Santos, Ivo Reinaldo, Rodrigues Correia, Capitão Teixeira, Coronel Bastião... Uma verdadeira seleção de ótimos locutores, que faziam tudo que uma Rádio deve fazer: informar, divertir, transmitir e, até mesmo, educar.

Compensando os baixos salários que eles recebiam fizemos alguns convênios com a comunidade, trocando publicidades com serviços. Um desses foi com a Associação dos Dentistas, que em troca de mensagens preventivas e educativas, trataram de nossos locutores.

Ivo Reinaldo tinha um potencial proporcional às encrencas que criava. Ótimo redator e com um vozeirão que há muito não vejo nas rádios. Infelizmente bebia demais, chegava de manhã já “tchuco” e mesmo assim os informativos e o Jornal do Meio-Dia iam ao ar com qualidade. Dois fatos contribuíram para que ele fosse demitido: certa noite ele me chama num hospital e diz que precisa de ajuda para providenciar a documentação do falecimento de sua sogra e eu o deixo com o carro da emissora, a folclórica VW/Brasília azul, para resolver o assunto. Junto com a esposa, que também bebia bastante, não só providenciou os documentos como transportou o caixão da falecida, dentro da brasília, até a vizinha cidade de Catuporanga, onde ocorreu o enterro. Pior, quebrou o câmbio do carro e causou um prejuízo enorme numa época em que as finanças estavam todas comprometidas com a nova sede.

Episódio superado, alguns dias depois, entrevistando o presidente de uma grande empresa mourãoense, quebrou o dente dele ao aproximar demais o gravador na boca do entrevistado. Sabe como é, mão trêmula...

Sem perder a pose, desculpou-se e disse: 

- Não se incomode não, doutor Aroldo, passe lá na Colméia que o Luizinho fez um convênio com os dentistas...

Não teve jeito, pela primeira vez na vida tive que demitir alguém, e alguém que eu admirava bastante. 
(publicado originalmente no semanário Entre Rios, em 2006)

6 de novembro de 2014

João Silvio, o João Potranca

João Silvio Persegona/1975
João Potranca era o apelido do João Silvio Persegona, porque sempre teve uma saúde de ferro e uma energia contagiante.

Idê e a esposa Clarice
Durante anos defendemos a seleção mourãoense de handebol. Nossos primeiros treinamentos foram feitos na quadra de asfalto bruto do Colégio Estadual de Campo Mourão. Nosso treinador, Idevalci “Idê” Maia, sabia explorar o máximo de cada um de seus atletas, e com o Potranca ele sempre foi um pouco além do que me parecia normal: exigia sempre que ele, João Silvio, em todo os treinos, executasse por várias vezes uma entrada pela ala direita, que nós chamávamos de queda porque terminava sempre com o João caído após arremessar a gol. Quanto mais o Idê exigia, mais o João correspondia. A ponto de nunca ter visto ninguém executar aquele movimento com tamanha perfeição.

Em 1977, durante a fase final do Campeonato Paranaense juvenil, em Campo Mourão, fazíamos um jogo muito equilibrado contra Maringá, quando o João levou uma joelhada na barriga e caiu sem condições de voltar para o jogo – achei que ele fazia cena e gritei várias vezes para ele levantar. Para o jogo ele não voltou, mas saiu do ginásio andando e se dizendo pronto para o jogo da manhã seguinte que decidiria a competição. Nosso goleiro, João Barbosa, foi dormir na casa dele, já que os familiares do João Silvio estavam no sítio da família.

João Barbosa e João Silvio/1977
Ele passou a noite inteira com muita dor e, sem poder levantar, chamava pelo Barbosa, que não acordava de jeito algum. Pela manhã, Helena, a irmã do Silvio, foi acordá-los e o encontrou agonizando e o Barbosa dormindo como nunca. Levado ao hospital, foi operado e extirparam-lhe o baço, que havia rompido com a pancada do adversário. Correu sério risco de morte!

Sorte é que sempre teve uma saúde de ferro, por que se dependesse do sono do João Barbosa ou do meu entendimento sobre o que é encenação ou não ele estaria perdido.

Levanta João! Vamos pro pau, vamos ganhar desses caras...!!!

Publicado originalmente no semanário Entre Rios, em dezembro de 2005