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7 de dezembro de 2015

Tutuca - 1932 * 2015

Usliver João Baptista Linhares, conhecido artisticamente como Tutuca (Rio de Janeiro, 1932 - Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2015), foi um comediante brasileiro. Tornou célebre o bordão "Xiiiiiíííííííí…".

Ganhou o apelido na infância e começou a carreira na década de 1950. No rádio e na TV participou do programa Balança Mas Não Cai, onde, no quadro Clementino e Dona Julieta (1964), vivendo um faxineiro sempre de olho na mulherada, criou o bordão "Ah se ela me desse bola…" Também é criador do personagem Magnólio Ponto Fraco.

Estreou no cinema em 1959 no filme O Homem do Sputnik e depois fez, ao lado de Ronald Golias, O Homem que Roubou a Copa do Mundo.

Trabalhou em várias emissoras e em programas como Apertura, Reapertura, A Praça é Nossa, Zorra Total e Sob Nova Direção. Fez sucesso com a comédia O Marido Virgem, viajando em turnê pelo Brasil.

Também esteve no elenco dos filmes Onanias, o Poderoso Machão, Os Normais (vivendo o pai da personagem de Marisa Orth) e A Guerra dos Rocha, que ele considera um dos mais importantes dos quais participou.

O humorista faleceu em virtude de pneumonia seguido de uma parada cardíaca, após ter sofrido um acidente vascular cerebral, dois anos antes, em dezembro de 2015.

20 de abril de 2015

Luto: Jorge Prates e Marcos Lúcio da Silva

Passando por momentos difíceis enquanto mamãe, do alto de seus 85 anos, luta contra problemas de saúde, recebo a notícia do falecimento de dois grandes amigos: Jorge Eufrásio Prates e Marcos Lúcio da Silva.

Jorge, de amarelo, ao lado do mano Luis Carlos
Jorge, irmão do Luis Carlos, da Ana, Neiva e Sônia, assim como os manos por anos defendeu as cores do handebol de Campo Mourão, onde faleceu nesse domingo.



Marcão, com quem joguei futsal na Arcam, era craque do voleibol e por muito tempo trabalhou na maior cooperativa da América Latina, a Coamo. Ele corintiano, eu sãopaulino, vivíamos trocando provocações via rede social. 

Ele faleceu após uma parada cardíaca nesse domingo (há anos que ele lutava contra o câncer). Atualmente ele vivia em sua cidade natal, Uraí.

Arcam Futsal - anos 1980 (Marcão é o primeiro agachado à esquerda, com a bola)

1 de dezembro de 2014

Chaves e Chapolin eternos

O Chaves certo!

Perguntei para a 'minha Elvira' se sabia que o Hugo Chaves tinha morrido, minha neta Ana Letícia, que estava ao meu lado fazendo uma charadas para que eu respondesse, assustada, perguntou:

- Quem morreu, vô?

- O presidente da Venezuela, Hugo Chaves...

- Ufa, pensei que era o Chaves, do meu seriado no SBT, disse ela.

Ufa mesmo!


O texto acima foi publicado aqui em março do ano passado. Pois não é que nosso super herói agora morreu de verdade. Mas seus personagens ficarão para sempre conosco.  

Interessante como a morte de Roberto Bolânos, criador da turma do Chaves e do Chapolin Colorado, mexeu com o  mundo todo. Achei que era só eu e alguns brasileiros que gostava do humor ingênio e infantil do comediante mexicano, mas descobri que o mundo todo o admirava. 

No Brasil gostamos tanto dele que a imagem do super herói, raquítico como ele só, sempre foi usada para expor frases filosóficas baratas. Baratas, mas cheias de humor principalmente pelas 'caras e bocas' do Capolin. Separei algumas delas. 









15 de outubro de 2014

Luto: Silvanira Sauer Walter

Nesta terça-feira, dia 14, faleceu em Campo Mourão a pioneira mourãoense Silvanira Sauer Walter, aos 69 anos. 

Mãe do jornalista Sid Sauer, do Boca Santa, a catarinense Silvanira veio para Campo Mourão em 1950, quando tinha apenas seis anos. 

Meus sentimentos ao Sid e aos manos Silvio e Silvaney!

Silvanira Sauer Walter - 1944 * 2014




5 de agosto de 2014

Luiz Carlos Beccari - 1956 * 2014

Luiz Carlos Beccari - 1956 - 2014
Faleceu ontem em São Paulo o meu amigo Luiz Carlos Saraiva Beccari, o Gordo. Ele estava lutando contra uma leucemia e infelizmente foi vencido aos 59 anos.

Gordo foi empresário em Campo Mourão nos anos 1970, onde ao lado da família foi representante da Chrysler para nossa cidade e toda a região. Foi também um grande incentivador do futsal mourãoense. 

Ao lado de grandes amigos, joguei no Beccari Futsal, disputamos campeonatos municipais e conquistamos um vice campeonato paranaense juvenil em 1977 com a equipe logo baixo.

No final dos anos 1970, Luiz Carlos e família se mudaram para Cuiabá, onde entrou para o ramo das telecomunicações e se tornou um dos maiores empresários do estado, dono de várias retransmissoras da Rede Bandeirantes de Televisão e várias emissoras de rádio. 

Na última vez que nos falamos, via telefone, ele procurava alguém para gerenciar uma FM sua em Maringá. Descanse em Paz!

Beccari Futsal - Campo Mourão/PR - 1977
em pé (da esq. para a direita): Beline Fuzeto, Gilmar Fuzeto, Gilberto Palaro, Sebastião Mauro, Marcelo Silveira, Luizinho Ferreira Lima e Luiz Carlos Saraiva Beccari (in memorian)
agachados: Henrique Galbier (in memorian), Renato Silva, Pedrão Galbier, Tauillo Tezelli, Romeu da Silva (Casablanca Videolocadora) e David Miguel Cardoso 



24 de julho de 2014

Ariano Suassuna, o cavaleiro do sertão

Autor paraibano foi vítima de uma parada cardíaca, em Recife, onde viveu a maior parte de sua vida

O escritor Ariano Suassuna, em foto de 2007 - Leonardo Aversa / Agência O Globo
O escritor paraibano Ariano Suassuna morreu às 17h28 desta quarta-feira, aos 87 anos, vítima de uma parada cardíaca provocada pela hipertensão intracraniana. Ele estava internado no Real Hospital Português, em Recife, Pernambuco, desde segunda-feira, depois de sofrer um acidente vascular cerebral hemorrágico. O autor passou por uma cirurgia de emergência, acabou entrando em coma e não resistiu. Integrante da Academia Brasileira de Letras, Suassuna teve seis filhos e 15 netos. Defensor da cultura popular brasileira, era um dos maiores dramaturgos do país, além de autor de romances e poemas.

O velório começou pouco antes das 23h desta quarta-feira no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo do estado de Pernambuco. Ariano Suassuna será enterrado às 16h de quinta-feira no Cemitério Morada da Paz, no município de Paulista, região metropolitana de Recife.

No dia 21 de agosto do ano passado, ele foi atendido no mesmo hospital por causa de um infarto, “com comprometimento cardíaco de pequenas proporções”. Uma semana depois, passou mal e voltou a ser internado, sendo submetido a uma arteriografia para corrigir um aneurisma que vinha lhe provocando fortes dores de cabeça.

Nascido em 16 de junho de 1927 em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, capital da Paraíba, Ariano Vilar Suassuna era filho de João Suassuna, então governador de seu estado natal. Com o fim do mandato, um ano depois, toda a família se mudou para o interior.

O velho contador de histórias do sertão tinha apenas 3 anos quando um fato trágico marcou sua infância. No desenrolar da Revolução de 1930, um pistoleiro de aluguel assassinou seu pai com um tiro pelas costas, numa rua do Rio de Janeiro.

O assassinato foi motivado por boatos que apontavam o patriarca da família Suassuna como mandante da morte de João Pessoa, seu sucessor no governo, fato que serviu de estopim para a revolução. Um ambiente assim, com dívidas de sangue e rivalidade entre famílias, cobrava dos órfãos a vingança. Mas, um dia antes de ser assassinado, João Suassuna deixou uma carta aos nove filhos pedindo que eles não se tornassem assassinos por sua causa.

UMA BIBLIOTECA DE HERANÇA
Matheus Nachtergaele e Selton Mello na versão de "Auto da Compadecida" para o cinema dirigida por Guel Arraes no ano 2000 - Divulgação/Nelson di Rago
Ariano Suassuna obedeceu. Em vez disso, dizia estar perto de perdoar os criminosos que mataram seu pai. A mãe e viúva também ajudou, ao dizer que o pistoleiro responsável pelo crime já havia morrido (era mentira). Com a tragédia, a família mudou-se para a pequena cidade de Taperoá, no interior da Paraíba. E Ariano herdou a biblioteca do pai, onde encontrou livros importantes para sua formação. Um dos mais importantes, sem dúvida, foi “Os sertões”, de Euclides da Cunha. A obra lhe apresentou um dos personagens que mais marcaram sua vida: Antônio Conselheiro, profeta e líder de Canudos.

Em 1942, Suassuna foi para Recife concluir o ensino básico. Anos depois, na faculdade de Direito, ajudou a fundar o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947, encenou sua primeira peça: “Uma mulher vestida de sol”. Nove anos depois, levaria aos palcos seu texto mais conhecido, “Auto da Compadecida”, que ganharia adaptações na TV e no cinema.

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Por causa do teatro, deixou o Direito de lado seis anos após ter se formado. O romance surgiu mais tarde em sua vida. Em 1971, Ariano Suassuna lançou seu “Romance d’a pedra do reino e o príncipe do sangue vai-e-volta”, com nome comprido como seus cordéis tão adorados e pensado para ser uma trilogia. Com o livro, o escritor avança em relação à literatura regionalista dos anos 1930, representada por João Guimarães Rosa e José Lins do Rego. Mais tarde, Ariano Suassuna diria que “A pedra do reino” era, de certa forma, uma tentativa de trazer seu pai de volta à vida.

Havia quem acusasse o escritor de lutar contra moinhos de vento: o escritor se apresentava como um defensor da cultura popular brasileira, contra a invasão da indústria cultural norte-americana. Falava mal de Madonna e Michael Jackson. Não à toa, quando foi secretário de Cultura do governo Miguel Arraes, nos anos 1990, tornou-se um ferrenho opositor do maracatu eletrônico e do manguebeat. Ele se recusava, por exemplo, a chamar Chico Science, o vocalista da Nação Zumbi, pelo nome artístico. Dizia “Chico Ciência”.

A defesa da cultura nacional, que muitas vezes lhe rendeu o rótulo de xenófobo, já vinha no sangue e no nome da família. Na onda nacionalista depois da Independência, em 1822, vários brasileiros adotaram nomes indígenas. Seu bisavô Raimundo Sales Cavalcanti de Albuquerque escolheu Suassuna, de origem tupi, e nome de um riacho da região onde a família vivia. Nos anos 1970, fazendo jus ao nacionalismo da linhagem, Ariano fundou o Movimento Armorial, que defendia a criação de uma cultura erudita com bases na cultura popular — e toda a sua obra orbita em torno desse ideal. 

Em 1989, o sertanejo foi eleito para a cadeira de número 32 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono era Araújo Porto-Alegre. Sexto ocupante da cadeira, Suassuna nunca foi um imortal de frequentar os eventos da instituição. Era uma espécie de filho pródigo da ABL.

NOVA OBRA VINHA SENDO ESCRITA HÁ MAIS DE 20 ANOS

Para além de sua obra, o escritor paraibano ficou famoso também por dar aulas em que dissecava a cultura brasileira, as suas origens ibéricas, a tradição dos violeiros, dos cantadores, das rabecas, dos cordéis. Eram aulas-espetáculo. E a última foi na sexta-feira passada, no 24º Festival de Inverno de Garanhuns, a 230 quilômetros de Recife. O Teatro Luiz Souto Dourado ficou lotado, como sempre acontecia nesses eventos. Um dos motivos de tanto sucesso era o bom humor do escritor, uma de suas marcas. Não que tenha sido sempre assim. Suassuna atribuía o aparecimento do humor em sua vida ao encontro com Zélia, sua mulher há mais de 50 anos. Para Suassuna, ela havia “desatado alguma coisa” dentro dele. “O riso a cavalo e o galope do sonho são as duas armas de que disponho para enfrentar a dura tarefa de viver”, escreveu em “A pedra do reino”.

Ariano Suassuna e sua mulher, Zélia, em março de 2000 - Agência O Globo/Josenildo Tenório/6-3-2000
Ariano Suassuna trabalhava em um novo livro, "O jumento sedutor", havia mais de 20 anos, e planejava o lançamento para este ano. A demora não era para menos. Seu processo de criação era lento: escrevia e reescrevia, várias vezes, à mão. Depois, copiava para a máquina de escrever e, só então, corrigia. Era aí que o escritor passava tudo a limpo, novamente à mão. Às vezes, descartava todo o material e voltava ao começo do processo. Como ilustrava os próprios livros e ainda parava para dar suas famosas aulas-espetáculo pelo país, demorava mais ainda. Sem título, o romance seria a continuação de “A pedra do reino”.

Além do amor pela literatura, havia espaço para o futebol: seu time do coração era o Sport Club do Recife, que até o homenageou em seu uniforme em 2013 com uma frase que ele costumava repetir: "Felicidade é ser Sport". Suassuna tinha fama de pé quente.

Entre as muitas homenagens que recebeu, uma das que mais o marcaram foi o desfile da escola de samba Império Serrano, que levou para a avenida o enredo "Aclamação e coroação do imperador da pedra do reino Ariano Suassuna", em 2002. "Um escritor que ama o seu país não pode querer homenagem maior que esta", disse.

Em 2007, ele assumiu a secretaria de Cultura de Pernambuco a convite do governador Eduardo Campos, e chegou a ocupar outros cargos até deixar o governo recentemente, em abril de 2014.

O ano de 2007 também foi marcado pela celebração dos 80 anos do escritor em todo o Brasil. As homenagens o levaram a viajar de Norte a Sul do país. Uma epopeia para um homem que, além de apreciar o sossego, detestava avião. Mesmo assim, o apaixonado e muitas vezes polêmico defensor da cultura popular brasileira seguia adiante. Mas brincava: se soubesse que chegar aos 80 anos daria tanto trabalho, teria ficado nos 79. [ O Globo ]

10 de julho de 2014

Luiz de Matos - 1924 * 2014

Faleceu ontem em Campo Mourão, dia 9, o pioneiro Luiz de Matos, pai do Toninho e do Bernardo. Com 89 anos, ele sofreu complicações respiratórias após se submeter a uma cirurgia para a implantação de uma prótese no fêmur esquerdo. O sepultamento acontece logo mais, às 17h, no Cemitério São Judas Tadeu. 

Lembro dele, desde sempre, cuidando da distribuição do principal jornal que chegava em nossa cidade nos anos 1970, a Folha de Londrina, e participando das principais cerimônias da igreja católica. 

Abaixo, reproduzo matéria de 2012 da Tribuna do Interior, de autoria de Clodoaldo Bonete, que conta um pouco da história desse simpático imigrante português que ajudou, e muito, na construção de nossa cidade. 

De Portugal para uma nova "descoberta" do Brasil


Luiz Matos e a esposa Maria Luzia 
completaram ontem 62 anos de casados
Se a história do Brasil nos conta que o país foi descoberto meio que por acaso por Pedro Álvares Cabral, em 1500, a chegada do português Luiz de Matos, em Campo Mourão também não foi muito diferente. Hoje, com 87 anos de idade, ele recorda exatamente o dia em que saiu de Portugal, com destino a Maringá (onde tinha parentes), numa viagem que duraria onze dias de navio. Nem imaginava a existência de Campo Mourão, que assim como a “Cidade Canção”, estava no quinto ano de existência. “Saí de Portugal no dia 18 de abril de 1952, em um navio lotado de gente. Desci em Santos e cheguei a Maringá bem no dia que a cidade completava cinco anos (10 de maio). Vim trabalhar de empregado em um armazém, com um cunhado, e um ano depois vim para Campo Mourão. Nunca tinha ouvido falar na cidade”, diz Matos.

Em Campo Mourão, Matos foi mandado para cuidar de um outro armazém. Segundo ele, o cunhado com quem trabalhava em Maringá era muito conhecido do gerente do estabelecimento e, ao decidir expandir o negócio para Campo Mourão, decidiram que era ele quem deveria comandar o novo empreendimento.

O ano era 1953, quando pisou em solo mourãoense pela primeira vez. Ele acredita ser o primeiro português a chegar por aqui. “Vim com a esposa e o meu filho Bernardo, que chegou de Portugal com dois anos de idade. O nome do armazém era Casa Portuguesa, que ficava instalada onde hoje atende a Farmácia Catedral. Também já passamos a atender com a Padaria Predileta, que oferecia o melhor pão da cidade. Com o tempo comprei o estoque e aluguei o ponto”, conta ele, que não se esquece de lembrar da companhia constante da esposa, Maria Luzia de Matos, 86 anos. “Hoje ela encontra-se doente, mas já me ajudou muito.” Ontem o casal completou 62 anos de casados e em Campo Mourão tiveram mais um filho: o jornalista Antonio Luiz de Matos.

Vida dura em Portugal
A vinda para o Brasil foi um meio encontrado por Matos em buscar uma vida melhor para sua esposa e o pequeno filho Bernardo. Em Portugal, ele conta que nasceu em uma pequena aldeia, formada por aproximadamente 20 casas, no estado de Beira Baixa, município de Maxial. Filho de Fermino e Nazaré, via os pais trabalharem duro na roça para manter o sustento da família.

“Eu tinha mais um irmão e uma irmã e a vida era muito dura, porque era um pedacinho pequeno de terra, onde a gente dividia em horta e a moradia. Na época cheguei a ser pastor de cabras e ovelhas e trabalhava muito na enxada também. Fui servir o Exército, aos 18 anos e quando voltei passei a me dedicar a carpintaria (pedreiro). Ajudei a construir uma grande barragem, como a da Usina de Itaipu e quando terminou o serviço quiseram me mandar para outro lugar, muito longe. Não aceitei e decidi me mudar para o Brasil. Ganhava bem, mas o serviço havia acabado na região”, recorda.

Luiz, com a familia (abaixados), e outros parentes 
Após a curta passagem por Maringá, Campo Mourão se tornou definitivamente o porto seguro da família Matos. Já mais tranquilo financeiramente com a Casa Portuguesa e a padaria, ele passou a investir em terrenos e imóveis. “Comprei o terreno onde ainda moro até hoje (escada do apartamento desce direto na Banca do Jonas), no centro da cidade. Também comprei a esquina onde hoje fica a Jorrovi e a esquina ao lado do Loyd Hotel. Depois troquei aquela esquina por um outro imóvel com uma casa (onde atualmente fica o edifício Vitória Régia). Posteriormente, entreguei o terreno para a construção do prédio e em troca, fiquei com dois apartamentos. Hoje posso dizer que estou muito feliz porque não pago aluguel para ninguém e os dois apartamentos dei para meus dois filhos”, orgulha-se. Além desses investimentos, ele diz ter adquirido pelo menos mais três terrenos na cidade.

De Portugal, hoje não resta nem mesmo saudades. O novo ‘português mourãoense’ nunca mais voltou para sua terra natal. “Foi uma viagem muita boa de navio, mas nunca mais voltei. Hoje nem teria motivo. Não conheço mais nada no país, por isso nem tenho saudades.” Já sobre Campo Mourão, Matos tem muito o que contar, afinal acompanhou o crescimento da cidade. “Quando cheguei no Brasil, tanto Campo Mourão quanto Maringá eram puro mato. Até para ir daqui a Maringá era difícil, pois não tinha estrada. Precisava usar balsa para atravessar o rio. Quantas vezes fiquei mais de seis horas esperando a balsa chegar”, recorda.

A falta de estrutura na cidade também traz recordações nada agradáveis. “Campo Mourão era muito atrasada, tudo era difícil pela falta de estrutura. Muitas vezes a gente não encontrava nem um pé de alface para comprar, pois não havia quitanda. Hoje a cidade tem de tudo. O que se encontra em São Paulo, tem também por aqui. A cidade se desenvolveu muito”, compara. Logo após fixar suas raízes em Campo Mourão, Luiz providenciou a vinda tanto de seus pais, quanto de seus sogros para a cidade, não deixando nenhum descendente em Portugal.

Religioso, virou voluntário na igreja
Altar na sacada de apartamento, durante procissão
A saga de Luiz de Matos ainda teve outros capítulos interessantes em Campo Mourão. Muito religioso, desde que chegou na cidade, começou a participar ativamente das missas na antiga igreja de madeira, transformada mais tarde na Catedral São José. Dessa forma tornou-se amigo dos padres e quando menos percebeu já era o responsável pela abertura da igreja, diariamente no horário das missas. Muito responsável, ele lembra que chegava às 6 horas para abrir e preparar o templo para a missa das 7 horas. “No final da tarde eu voltava de novo para abrir a igreja para a missa das 7 da noite. Nunca recebi salário, fazia porque gostava mesmo”, diz ele.

O envolvimento cada vez mais responsável com a igreja, rapidamente levou Luiz a assumir uma nova missão religiosa: passou a fazer um programa de rádio. “Era o programa Oração Matinal, às 6 da manhã e com duração de 15 minutos. Mesmo assim continuava abrindo a igreja. Só parei quando minha mulher começou a ficar doente e eu já não podia acompanhar muito a igreja. Aí o Paulo (que permanece até hoje na Catedral) assumiu. Ainda tenho alguns programas gravados. Até hoje encontro pessoas que dizem lembrar do meu programa”, revela. Até os dias de hoje, Luiz não perde os programas religiosos na rádio. “Ligo todo dia no programa do padre Reginaldo (Manzotti). Gosto muito e acompanho na Bíblia as leituras, mesmo não conseguindo enxergar mais direito”, afirma.

Banca de jornais
Sempre batalhador, Luiz gostava de desafios. E foi assim que ele montou uma banca de jornais e se tornou representante do jornal Folha de São Paulo, por 16 anos. Nem imaginava que por meio desse trabalho ia despertar o interesse do filho mais novo, Antonio, para o jornalismo. “Ele ia na banca e gostava de ler revistas e os jornais. Um dia me perguntou se o jornal publicaria uma matéria sua. Disse que poderia mandar, pois se não fosse aprovado o máximo que fariam era jogar no lixo. Desde então ele foi mandando e o jornal passou a publicar, inclusive algumas na íntegra”, admirou-se.

Animado, o filho já prestou dois vestibulares, em Londrina e no Rio de Janeiro. Foi aprovado nos dois e escolheu o Rio para fazer a faculdade, na PUC. “Depois de formado ele voltou e trabalhou muito tempo na Folha de Londrina. O outro filho, o Bernardo é professor”, orgulha-se o pai, que também aproveitava para vender assinaturas da Folha de São Paulo: “Cheguei a conseguir 185 assinaturas”, afirma. 

5 de maio de 2014

Um ano sem meu amigão Rubens Gonçalves de Paula, o Rubinho

Há um ano que lamento a morte de meu amigão Rubens Gonçalves de Paula, o Rubinho ou Patolino para nós lá do Clube dos Trinta. Sem saber como render novas homenagens e sentido demais a falta do meu craque e parceiro, posto novamente o texto que publiquei aqui no Baú logo no dia seguinte ao fatídico 5 de maio de 2013. 



Correto demais, Rubinho vivia me falando das coisas erradas que o incomodavam, principalmente aquelas que modificavam ou podem mudar, para pior, o dia a dia dos mourãoenses. Mesmo sendo ele paulista de Bauru, o arquiteto da prefeitura de Campo Mourão se sentia como um 'pé vermelho'. Mas ele se indignava sem perder a linha e o respeito pelas leis. 

Os conterrâneos Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro,
e o arquiteto Rubens Gonçalves de Paula
Atruísta. Volta e meia eu ficava sabendo de alguma orientação urbanística ou arquitetônica que ele tinha dado para alguém ou alguma entidade, pelo puro prazer de colaborar.

Desligado. No Clube dos Trinta ele era motivo de diversão pela forma desligada como se dedicava ao esporte, fosse no futebol ou no Truco. No baralho ele era o campeão em esconder a carta mais alta para, no final, perder para a mais baixa. No campo de futebol suíço, às vezes, os flagravamos batendo papo num canto do campo enquanto o jogo corria solto. Eu brincava que ia empresariá-lo, que o Real Madrid tinha interesse em contratá-lo, mas que era preciso ele crescer (na altura e não na habilidade!) um pouco mais para ir para a Europa. Versi Sequinel dizia que eu não conseguia colocá-lo num grande Clube por que havia exagerado em seu currículo, pois mentia que ele tinha apenas 18 anos e os títulos ali listados precisavam desse tanto de anos para tê-los conquistados. Patolino, como ele era chamado lá no Clube, se divertia com essas fantasias e sempre colaborava para que elas se tornassem mais cômicas ainda.

Ontem a diversão acabou para ele e diminuiu muito para todos nós. Eu chegava ao Clube, por volta das 10h, ainda animado com as imagens da festa de casamento da filha do Marcelo Silveira, pronto para rever os amigos, jogar um futebol e um truco em seis, quando vi amigos apavorados, saindo com o arquiteto para levá-lo para o hospital, após ele passar mal durante o primeiro jogo do dia. Socorrido pelo Siate e encaminhado ao Hospital Santa Casa, ele faleceu aos 50 anos, deixando esposa e uma filha. 

Perdemos nós, perdeu Campo Mourão, o Real Madrid, a prefeitura... Perderam todos que poderiam desfrutar de sua inteligente e alegre companhia. Descanse em paz meu amigão!!!

22 de abril de 2014

Luciano do Valle narrando Brasil 3, Espanha 0 na Copa das Confederações


No último sábado, dia 19, faleceu o narrador Luciano do Valle e o Brasil perde um grande incentivador do esporte nacional. Sempre o admirei por que não se acomodou transmitindo o futebol, o esporte preferido dos brasileiros, e fez questão de mostrar os talentosos brasileiros nos mais variados esportes. Se o voleibol tem toda essa exposição atual, deve muito ao Luciano, que até jogo entre Brasil e Rússia (União Soviética, na época) no Maracanã, num dia de muita chuva, ele promoveu e narrou.

Muito tempo atrás 'encontrei' com ele almoçando no Restaurante Madalosso, em Curitiba. Da minha mesa dava para ver a atenção que ele dispensava a todos que o reconheciam. Aliás, nessa época, ele estava muito, muito gordo. 

Descanse em paz!!!

CARREIRA

Em 1963, com apenas 16 anos, Luciano do Valle começou sua carreira como locutor da Rádio Brasil, de Campinas (SP). Quatro anos depois, foi para São Paulo e passou a trabalhar na Rádio Gazeta e ela foi o trampolim para a TV, em 1971.

Luciano passou 11 anos na Globo e narrou não só futebol como boa parte das conquistas de Emerson Fittipaldi na F-1 –mais tarde o acompanharia na Fórmula Indy, com a Bandeirantes.

Ele esteve na cobertura dos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, acompanhou do Rio a Copa da Alemanha, em 1974, e, em seguida, com a saída de Geraldo José, tornou-se o principal locutor da Globo, numa época pré-Galvão Bueno.

Após sair da Globo em 1982, teve passagem pela Record antes de chegar à Bandeirantes, sendo também o responsável pela criação do "Show do Esporte", programa que durava até 11 horas no autointitulado "canal do esporte".

Luciano não teve sua importância apenas na narração. Ele também era um investidor. Ele foi um incentivador da Fórmula Indy, esteve nos bastidores do crescimento de Maguila como ícone do boxe e organizou o jogo de vôlei entre Brasil e União Soviética no Maracanã, em 1983.

Em 2013, completou 50 anos de carreira. Sua última narração ocorreu no último domingo: a final do Campeonato Paulista entre Santos e Ituano. Ele estaria na equipe da Bandeirantes que cobriria a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. (via: Folha de São Paulo)

Procurei um vídeo para relembrá das emocionantes narrações do Luciano e encontrei esse que mostra a recente conquista brasileira na Copa das Confederações. 

27 de fevereiro de 2014

Paco de Lucía - "Entre dos aguas"



Ataque cardíaco mata músico Paco de Lucía

O violonista espanhol Paco de Lucía, uma das referências do flamenco em nível mundial, morreu na madrugada desta quarta-feira (26) no México, aos 66 anos, em decorrência de um ataque cardíaco.

O artista, que segundo amigos passava férias com a família no México, é considerado um dos grandes violonistas do mundo e um renovador do flamenco, embora também tenha feito incursões por outros gêneros musicais.

"Faleceu nesta manhã de um ataque cardíaco, e vamos decretar dois ou três dias de luto", disse à Reuters um porta-voz da Prefeitura de Algeciras, na província de Cádiz, onde o músico nasceu.

O músico passou pelo Brasil por três vezes - a mais recente, em novembro de 2013. Paco de Lucía fez shows emocionantes em Porto Alegre, São Paulo e no Rio de Janeiro.

Paco de Lucía, cujo nome real era Francisco Sánchez Gómez, é autor de uma ampla discografia em que se destaca "Fuente y Caudal", de 1973, "Entre Dos Aguas" (1981) - nome também de uma das suas músicas mais conhecidas - e "Almoraima".

"(Estamos) muito entristecidos pelo falecimento do grande mestre Paco de Lucía. O flamenco perde uma referência, um mago, um inovador", disse a Sociedade Geral de Autores da Espanha em sua conta do Twitter.

Ao longo da sua trajetória, o músico recebeu numerosos reconhecimentos, como o Prêmio Nacional de Violão de Arte Flamenca, o Príncipe do Astúrias das Artes (2004) e a Medalha de Ouro ao Mérito nas Belas Artes (1992).

Foi nomeado doutor "honoris causa" pela Universidade de Cádiz e pelo Berklee College of Music.

Paco de Lucía começou a trabalhar ainda adolescente em uma companhia de dança, fazendo acompanhamento com seu violão. Depois de conhecer Camarón de la Isla, seu artista mais admirado, começou a colaborar com ele e a participar de turnês.

No começo dos anos 1970, já havia forjado um estilo pessoal e inovador, que fez dele uma figura mundial da música flamenca e do violão em geral.

"Foi embora o melhor violão dos séculos 20 e 21. Paco foi o grande músico por antonomásia, toda a sua vida lutou pelo flamenco", disse o cantor de flamenco José Mercé em declarações à rádio Cadena SER.

Nas décadas de 1970 e 1980, tocou com o pianista de jazz Chick Corea e com o violonista de fusion Al Di Meola, entre outros.

"Ao vê-lo, entendi que não sei tocar violão", disse Mark Knoffer, guitarrista do Dire Straits, a respeito dele. [último segundo]

10 de fevereiro de 2014

Irene Sales Pinto - 1930 * 2014


Levante a mão quem nunca foi na Livraria Roma e deu de cara com a dona Irene, mãe do Zé Carlos e da Istela, cuidando do caixa e fazendo palavras cruzadas... Pois é! infelizmente dona Irene Sales Pinto faleceu nesse final de semana, aos 83 anos, e deixa todos nós muito tristes e já saudosos das boas conversas 'ao pé do caixa'. Descanse em paz! 

Luto na Sbórnia! Morre Nico Nicolaiewsky, do Tangos e Tragédias


Nico Nicolaiewsky e Hique Gomez em Tangos e Tragédias

Morreu nesta sexta-feira (07) aos 56 anos o músico e comediante Nico Nicolaiewsky, da dupla Tangos & Tragédias. Nico estava internado no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, por conta de uma leucemia, e faleceu durante a madrugada.

Ao lado de Hique Gomez, Nico atuava desde 1984 no espetáculo Tangos & Tragédias, que recentemente deu origem à animação Até Que A Sbórnia Nos Separe. O filme, que já foi exibido em festivais, está sendo convertido ao 3D e deve ser lançado nos cinemas ainda em 2014.

4 de fevereiro de 2014

Carlos Humberto "Betão" Ferraz - 1960 * 2014

Maria Helena Pontes Soares, Carlos Humberto "Betão" Ferraz (para sempre na memória!), Maria Helena de Lana e Luizinho Ferreira Lima - Campo Mourão/PR - 1976
Carlos Humberto Ferraz, o Betão, velho e bom amigo desde os primeiros anos de Colégio Estadual, lá em 1971, nesse sábado à noite, dia 1º, foi ao banheiro e morreu subitamente, provavelmente por um infarto.

Não por ser meu amigo, mas ele era gente boa demais e curtiu a vida como poucos, mesmo assim acho que ele 'se foi' cedo demais. Fotos mostram ele em 1976 e recentemente. Descanse em paz!.




3 de dezembro de 2013

Tio Miguel - Um Piá de Primeira. Por Osvaldo Broza

Tio Miguel e a esposa, dona Íria
Neste domingo, dia 1º, aos 93 anos, faleceu Miguel Antunes de Oliveira, o Tio Miguel, pioneiro mourãoense que aqui chegou em 1958. Publico abaixo, crônica que o Osvaldo Broza escreveu para homenageá-lo no seu 90º aniversário. 

TIO MIGUEL – UM PIÁ DE PRIMEIRA 

Com o filho Adoniran
Miguel Antunes de Oliveira, o Tio Miguel, como é mais conhecido, completou noventa anos esta semana (29/09) e recebeu merecida homenagem em concorrido jantar. O amplo salão da Churrascaria do Laurinho ficou pequeno com a presença de aproximadamente 150 pessoas, entre amigos, fãs e admiradores desse ilustre pioneiro mourãoense. 

Tio Miguel, filho de Alcídia Gonçalves e Praxedes Antunes de Oliveira, nasceu na Cidade de Tangará, SC, em 1920, e veio pra Campo Mourão em 1959, para ser sócio da Ferragem Casali, junto com o seu concunhado Aldo Casali e Sérgio Luiz Pancieri, onde ficou até se aposentar, em 1982. Casou-se em 1944, com Dona Iria, que faleceu em 1981. Tem um único filho, Adoniram; uma neta, Andréa; e três bisnetos, Maria Elisa, Murilo e Breno. 

Com o cantor Nelson Gonçalves, no tradicional
Baile da Boêmia no Clube Mourãoense
Tio Miguel é uma pessoa que todo mundo gosta, admira e respeita, em qualquer faixa de idade. Brincalhão, sempre bem humorado, saúda a todos com uma particularidade ímpar, procurando elevar o astral das pessoas e do ambiente. – Eu já estava bem, mas agora, na presença dessa piazada de primeira, me sinto melhor ainda -, costuma dizer quando chega numa roda de amigos. Em seu aniversário de noventa anos, não foi diferente. Quando fui cumprimentá-lo, e ao perguntar-lhe como estava, respondeu-me com o alto astral que lhe é peculiar: - Melhor agora, com a tua presença. 

Bastante participativo, ele já foi diretor dos clubes 10 de Outubro e Mourãoense, membro do Lions Club desde 1972, fez teatro, compôs o Coral Canto e Cultura desde a sua fundação (abril de 1991) e foi presidente da Associação dos Pioneiros de Campo Mourão. Foi, também, por muito tempo, Juiz de Paz. 

Tive a honra em entrevistá-lo, em 2004, para o extinto Jornal Entre Rios, com o título e os dados acima. Transcrevo parte dessa entrevista, como mais uma homenagem deste seu fã incondicional, e para que todos saibam por que ele é tão respeitado e admirado. 

Tio Miguel e Professor Ephigênio
- Qual o segredo da sua longevidade com tanto vigor e lucidez?

- Acho que é hereditário. Meu pai morreu ainda novo, de acidente, mas minha mãe viveu mais de 90 anos. Hoje somos em 6 irmãos – eu e 5 irmãs -, a mais nova tem 79 e a mais velha já passou dos 90. Tudo piazada.

-O Senhor fuma e bebe?

- Não fumo, mas bebo as minhas pinguinhas. E vinho em todas as refeições. 

-Porque todo mundo gosta do Sr?

- Talvez pelo meu jeito de ser. E porque tive uma meninice muita boa, uma educação de primeira. Aprendi desde cedo a respeitar e a tratar bem as pessoas. 

-O Senhor mora em Campo Mourão desde 1959. Nunca pensou em sair daqui?

- Não. Já tive propostas, mas nem pensei no assunto. Não saio daqui de jeito nenhum. 

-Por quê?

No Lions, com o Professor Ephigênio,
Mario Ramos e Massaia Kono
- Pela qualidade de vida. A maneira de se viver em Campo Mourão não existe em lugar nenhum do mundo.

-A sua esposa faleceu em 1981 e o Senhor não se casou mais. E namorar...o Sr. namora?

- Claro que eu namoro. E até “ficar”, como dizem os mais jovens, eu fico de vez em quando (risos).

-O Sr. nunca pensou em ser político?

- Já me convidaram diversas vezes, mas nunca quis. Não tenho nada contra os políticos, mas nunca pretendi ser um deles. 

-O Sr. é um homem de muita cultura. Como se explica isso se tem apenas o terceiro ano primário?

- Eu nunca deixei de ler e estudar. Gosto de conversar, de aprender, de ouvir histórias, de contar histórias.

- O Sr. tem alguma pra contar?

- Tenho: eu trabalhava na firma Fuganti e Cia, em Tangará, na década de 40. Num determinado dia recebi um bilhete de um cliente, que não lembro mais o nome, mais ou menos assim: “Seu Miguel, me mande 1o2 saco de cal”. Imediatamente mandei-lhe o que entendi que me pedia: 102 sacos de cal. Umas duas horas depois o próprio cliente voltou com a mercadoria dizendo que tinha pedido 1 ou 2 sacos de sal.

- Tem alguma daqui?

- Na Ferragem Casali eu fazia todas as contas no lápis, usando apenas a cabeça, e à noite eu levava pra casa o movimento do dia pra conferir e fechar o caixa. Vendo todo aquele trabalho, o Sérgio Pancieri comprou uma máquina calculadora – aquela de manivela. Eu passei a usar a máquina, por insistência do Sérgio, mas conferia tudo no sistema antigo. Como passei a ter dois trabalhos, abandonei a máquina e voltei a usar somente o lápis e a cabeça. 

- Quem o vê por aí, sempre simpático e sorridente, principalmente no trato com as pessoas, logo pensa que o Sr. não teve e/ou não tem problemas. É isso mesmo?

- Sempre tive problemas, mas procuro não me deixar abater. Nunca fico preso a nenhum deles e procuro resolvê-los sem traumas.

- Qual a sua filosofia de vida?

- Me relacionar bem com as pessoas. Quanto mais, melhor.

- Por quê?

- O relacionamento com as pessoas é o que evolui o ser humano.

-O Sr. é amigo de todo mundo, mas quantos amigos o Sr. tem?

- Amigos..., amigos de verdade mesmo, entre os que já se foram, são uns 8 ou 10. Mas devo ter mais. Talvez ainda não tive oportunidade de conhecê-los.

- Diga alguma coisa pra encerrar esta entrevista.

- A vida é um doce, é só saber levar.

(as fotos são do Ilivaldo Duarte)

26 de agosto de 2013

Morre doutor Rubens Sartori, o “Doutor da Bola”

Da Coluna do Ely:

Rubens Luiz Sartori - 1953 - 2013
O promotor aposentado, advogado, professor e comentarista político e esportivo, Rubens Luiz Sartori, 59 anos, morreu pouco depois das 19h de domingo (25). Ele se recuperava em casa de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). 

Momentos de sua vida política
Uma das paixões de Rubens Sartori, foi a política. Desde jovem se destacava nos Grêmios Estudantis. Em 1974, com apenas 20 anos, ele já aparecia nos palanques do “velho MDB” ao lado de políticos importantes do partido. Foi um dos fundadores do MDB em Campo Mourão.

Na eleição de 1976, Sartori saiu como vice de Luiz Gonzaga de Oliveira. Aquele pleito foi vencido por Augustinho Vecchi. 

à direita, ao lado do radialista Anísio Morais
Outras paixões de Sartori era pescar e participar dos programas de rádio fazendo comentários políticos e de futebol. No esporte acabou ganhando o apelido de “Doutor da Bola”. Não dispensava uma prosa com chimarrão e cultuava as tradições gaúchas.

No centro da foto, Sartori comentava futsal pela Rádio Rural AM, ao lado de Luizinho F. Lima, Gerson Maciel, Carlos Roberto Soares e Luiz Claudio Vieira de Moura

Rubens Luiz Sartori foi diretor da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão. A instituição suspendeu as atividades administrativas e acadêmicas nesta segunda-feira (26) e decretou luto por 3 dias.

Natural de Santa Catarina, Sartori morava em Campo Mourão desde os 4 anos. Advogado, formado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), foi professor na Unespar/Fecilcam em 1977 quando a instituição era chamada de Facilcam. 

Esteve à frente da direção entre 2001 e 2005. Antes disso, respondeu como vice-diretor entre 1997 e 2001.

Em sua trajetória acumula a participação na fundação da União Mourãoense de Estudantes Secundários (UMES), e da Academia Mourãoense de Letras entidade na qual foi o primeiro presidente.

7 de agosto de 2013

Roberto Pereira Teixeira - 1953 * 2013

Roberto Pereira Teixeira (in memorian)
Faleceu no último sábado, dia 3, em Ivaiporã, Roberto Pereira Teixeira, o Betão, ex-marido da professora Eugênia Mauro e, claro, pai da Mônica e do Rubinho.

No Clube 10 de Outubro - anos 1980 - Betão (in memorian), Getulinho Ferrari e Marquinhos Pelisser
Betão, colega de peladas de futebol no Clube 10 de Outubro, lutava há anos com problemas cardíacos. Clique nas imagens para ampliar.

24 de julho de 2013

O craque Djalma Santos e os mourãoenses no RB (1970)

Faleceu nesta terça-feira (23/07), em Uberaba (MG), o ex-jogador Djalma Santos, bicampeão do mundo com a seleção brasileira de futebol. De acordo com o boletim médico divulgado pelo Hospital Hélio Angotti, o lateral morreu em decorrência de uma pneumonia grave e instabilidade hemodinâmica culminando com parada cardiorrespiratória e óbito às 19h30.

(da esq. para a direita): Irineu Ferreira Lima, Artur Andrade, Djalma Santos (in memorian), Getúlio Ferrari (in memorian) e Bellini
No aniversário de Campo Mourão, em 1970, a Associação Esportiva e Recreativa Mourãoense (AERM) jogou contra o Clube Atlético Paranaense (CAP) no estádio Roberto Brzezinski (RB). Naquele ano, o Furacão montou uma verdadeira seleção com os craques Sicupira, Zé Roberto e os campeões mundiais com a Seleção Brasileira, em 1958 e 1962, Djalma Santos e Beline. 

O lateral direito não jogou aquele dia, mas todos os outros craques do rubro negro atuaram. Djalma Santos e Beline, já em fim de carreira, colaboraram para a conquista do título estadual daquele ano.

A foto é do álbum do meu pai, Irineu Ferreira Lima. Clique nela para ampliar!

Djalma de todos os Santos
 
Por Carneiro Neto. Gazeta do Povo (23/07/2013)

No rico e vasto painel humano do futebol um dos personagens mais admirados, celebrados e respeitados em todos os tempos é o brasileiro Djalma Santos.
Amado como ser, exaltado como atleta, idolatrado como craque e eternizado como grande campeão pelas equipes e seleção que defendeu ao longo de sua extensa e virtuosa carreira ele entrou para a história como Djalma de todos os Santos.

Dentre tantos feitos extraordinários, aquele que mais o destacou foi, a meu ver, a sua eleição como o melhor lateral direito da Copa do Mundo de 1958. Extraordinário porque o titular da posição vinha sendo Nilton De Sordi que se lesionou na partida semifinal em que o Brasil goleou a França e credenciou-se para a finalíssima com os donos da casa em Estocolmo.
 
Djalma Santos -1929 * 2013
Escalado para jogar a decisão do titulo mundial frente a Suécia, Djalma Santos revelou toda a sua enorme categoria técnica, experiência e, sobretudo, inigualável talento individual ao ser eleito pela crítica internacional o melhor jogador da posição em todo o torneio.

Ou seja: em apenas 90 minutos, ele realizou o que milhares de jogadores jamais conseguiram na carreira inteira.

Bicampeão mundial pela seleção brasileira e com diversos títulos defendendo a Portuguesa, o Palmeiras e o Atlético Paranaense, o Lord, como era chamado pelos cronistas e companheiros da época, distinguindo-se pela elegância dentro e fora de campo, e pela nobreza pessoal, foi o maior de todos os alas direitos do país. Com menção honrosa a Carlos Alberto Torres, Leandro e Cafu que deixaram marcas indeléveis atuando pelos clubes e pela seleção brasileira.

Djalma Santos foi um jogador completo, pois ao mesmo tempo em que proporcionava espetáculo e realizava jogadas de puro malabarismo com a cabeça e com os pés, destacava-se pela eficiência como marcador implacável e como apoiador de largos recursos técnicos.

Sem esquecer de sua característica peculiar nos arremessos manuais em que colocava a bola onde queria, mesmo em lançamentos de longa distancia na cobrança de laterais.

Também foi um atleta perfeito no aspecto físico, tanto que jogou profissionalmente até os 40 anos sagrando-se campeão paranaense vestindo a camisa rubro-negra número 2 do Furacão na conquista de 1970.

Tive o privilégio de vê-lo treinar e jogar ao mesmo tempo em que convivi com esse admirável personagem do esporte mundial, sempre alegre e feliz com a vida.


Dominguinhos, Mariana Aydar e Duani - "Sanfona Sentida"


O dia que a sanfona de Dominguinhos se calou
Júlia Biude/Do Diário OnLine

Na noite desta terça-feira, por volta das 18h, morreu Dominguinhos, aos 72 anos. O legítimo representante da música nordestina lutava há mais de seis anos contra um câncer de pulmão. Ao longo do tratamento, diversas complicações foram somadas ao seu quadro, como insuficiência ventricular, arritmia e diabetes.

A morte do cantor ocorreu em decorrência do agravamento de infecções e dos problemas cardíacos. Dominguinhos estava internado desde dezembro do ano passado por conta de uma pneumonia. O músico chegou a ter oito paradas cardíacas. No dia 13 de janeiro, foi para o hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Nesta tarde, Dominguinhos havia voltado para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A notícia foi passada à imprensa pela sua filha, Liv Morais.

Biografia - Dominguinhos nasceu em Garanhuns, no estado de Pernambuco, em 12 de fevereiro de 1941 e foi batizado como José Domingos de Morais. O músico começou sua carreira na infância, tocando no trio Os Três Pinguins.

Seu reconhecimento veio em um encontro com Luiz Gonzaga,  que achou que o menino tinha futuro. Ele lhe deu o seu endereço no Rio de Janeiro e pediu que o músico o procurasse, mas o novo encontro só aconteceu seis anos mais tarde, quando Dominguinhos mudou para a Cidade Maravilhosa com sua família.

Ele ganhou do Rei do Baião uma sanfona nova. Luiz Gonzaga chegou a declarar que o sanfoneiro era o herdeiro de seu reinado.

Seu primeiro LP foi gravado em 1967, a partir daí, o sucesso bateu em sua porta e Dominguinhos começou a ser convidado para gravações e turnês com grandes nomes da música popular, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia.

O cantor gravou mais de 30 discos e compôs diversos sucessos, como De Volta para o Aconchego, conhecido na voz de Elba Ramalho, e Tantas Palavras, em parceria com Chico Buarque.

Em 2009, pela primeira vez em 50 anos de carreira, Dominguinhos gravou um álbum ao vivo, no Teatro Nova Jerusalém, em Pernambuco. No disco são 25 músicas, armazenadas em 16 faixas. O diferencial do trabalho foi a presença da orquestra, com trompetes, trombone, violinos e tudo que um legítimo forrozeiro tem direito. Em 2002, o sanfoneiro ganhou o Grammy Latinho, com o CD Chegando de Mansinho.

6 de maio de 2013

LUTO: Rubens Gonçalves de Paula, o Patolino do Clube dos Trinta

Rubens Gonçalves de Paula - 1962 - 2013
Correto demais, Rubinho vivia me falando das coisas erradas que o incomodavam, principalmente aquelas que modificavam ou podem mudar, para pior, o dia a dia dos mourãoenses. Mesmo sendo ele paulista de Bauru, o arquiteto da prefeitura de Campo Mourão se sentia como um 'pé vermelho'. Mas ele se indignava sem perder a linha e o respeito pelas leis. 

Atruísta. Volta e meia eu ficava sabendo de alguma orientação urbanística ou arquitetônica que ele tinha dado para alguém ou alguma entidade, pelo puro prazer de colaborar.

Desligado. No Clube dos Trinta ele era motivo de diversão pela forma desligada como se dedicava ao esporte, fosse no futebol ou no Truco. No baralho ele era o campeão em esconder a carta mais alta para, no final, perder para a mais baixa. No campo de futebol suíço, às vezes, os flagravamos batendo papo num canto do campo enquanto o jogo corria solto. Eu brincava que ia empresariá-lo, que o Real Madrid tinha interesse em contratá-lo, mas que era preciso ele crescer (na altura e não na habilidade!) um pouco mais para ir para a Europa. Versi Sequinel dizia que eu não conseguia colocá-lo num grande Clube por que havia exagerado em seu currículo, pois mentia que ele tinha apenas 18 anos e os títulos ali listados precisavam desse tanto de anos para tê-los conquistados. Patolino, como ele era chamado lá Clube, se divertia com essas fantasias e colaborava cada vez mais para que elas se tornassem mais cômicas ainda.

Ontem a diversão acabou para ele e diminuiu muito para todos nós. Eu chegava ao Clube, por volta das 10h, ainda animado com as imagens da festa de casamento da filha do Marcelo Silveira, pronto para rever os amigos, jogar um futebol e um truco em seis, quando vi amigos apavorados, saindo com o arquiteto para levá-lo para o hospital, após ele passar mal durante o primeiro jogo do dia. Socorrido pelo Siate e encaminhado ao Hospital Santa Casa, ele faleceu aos 50 anos, deixando esposa e uma filha. 

Perdemos nós, perdeu Campo Mourão, o Real Madrid, a prefeitura... Perderam todos que poderiam desfrutar de sua inteligente e alegre companhia. Descanse em paz meu amigão!!!