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Dalva Boss |
“Tive um Hotel Brasil na Praça Tiradentes, Curitiba, onde ouvi falar de um Campo do Mourão. Com pouco que tinha vim sozinha. Nunca gostei de ser mandada. Comprei um alicerce começado e construi o grande Hotel Brasil aqui em meio ao puro faroeste. A poeira era tanta que a gente só via o branco dos dentes e dos olhos dos viajantes. Tudo que tenho ganhei com muita luta em Campo Mourão, onde vivo em paz com minha família e amigas, mas triste com os dirigentes da cidade”.
Dalva Boss (Bôs), nasceu dia 3 de julho de 1914, no município de Palmas (PR). Filha de Carolina Alves dos Anjos e do sapateiro que virou fazendeiro, gaúcho de Caxias, Vitório Boss. Teve seis irmãos: Lourival, Fermíno, Antonio, Aurora, Alzira e Maria Vitória. “Só eu, com 87 anos e a Aurora com 88, estamos vivas... ainda”, (risos). “Estudei e terminei o curso primário em Palmas, e só”, conta.
Princesa - “Minha infância foi uma beleza. Morei até os 16 anos na fazenda dos meus avós Maria Alves e Fermíno Roberto dos Anjos, igual uma princesa. Tinha de tudo e não fazia nada. Vovó não deixava. Minha aia era a negra Natália. Tinha muito zelo e cuidava de mim. Pra você ter uma idéia dormíamos no mesmo quarto e ela só apagava a vela depois que eu fechava os olhos. Os rapazes me levavam às festas e aos bailes, com muitas recomendações de vovó. Tinha hora certinha pra estar em casa. Fui bem educada, com muito rigor e mimada”, observa. “Minha avó insistiu com mamãe que queria uma neta para criar. Era pra ser a Aurora que era maiorzinha. Mas como ela ajudava minha mãe, fui eu a premiada. Quando vovó faleceu, chorei muito e voltei pra casa”, recorda.
Batatinhas - Dona Dalva conta alguns lances engraçados do tempo de juventude em Palmas. “Mamãe cuidava da casa e da roça. A Aurora ajudava a cuidar das crianças. Para não perder tempo e produzir bastante o que comer, minha mãe plantava batatinhas até de noite, quando tinha luar. Enquanto ela estava enxergando, plantava.... de tudo”, conta. O seu pai de sapateiro, “com muita economia e trabalho”, comprou uma fazenda de pasto. “Quando ele faleceu tinha duzentos bois na invernada, prontos pra venda”, além de uma porção de vacas e do gado tucura (comum). “Minha mãe pegava uma ou duas vacas de uberes grandes e toda manhã ia pra frente do hotel. Os hospedes vinham pra rua e tomavam leite quentinho na caneca, que ela tirava e servia na hora. Já pensou que delícia?!”, recorda com saudades.
Morte do pai - “Quem matou meu pai foi um touro bravo. Eu tinha oito anos. Ele tocava uma boiada e os bois começaram a brigar. Papai investiu o cavalo em cima deles pra apartar. Um deles se virou contra o cavalo e deu uma chifrada (cabeçada) com toda força... derrubou o animal... papai voou longe... e se arrebentou dentro de um caminho na beira da estrada, em cima de uns paus. Ficou ali estatelado, gemendo de dor. Os boiadeiros conseguiram acalmar o gado e tocaram. Depois vieram acudir papai, junto com mamãe e um médico. Não deu mais tempo. A coluna de papai quebrou e o médico até disse: foi melhor assim, porque ele não ia andar mais e só sofrer. A família sentiu, choramos muito, mas nos conformamos. Nossa salvação foi o gado de engorda que ele deixou e que mamãe vendeu muito bem. Ela era muito esperta e sabida pra negócios”, conta com tristeza o passamento do pai e orgulhosa da mãe.
Curitiba – “Com esse dinheiro mamãe comprou quinhentos alqueires de terra em Palmas, da família do engenheiro Francisco Beltrão, que morava em Curitiba. Pouco tempo depois, eu já estava casada, arrendamos o Hotel Brasil na esquina da Travessa Marumby com a Praça Tiradentes, bem no centro. Trabalhamos ali 16 anos com aluguel de quartos. O prédio era do advogado Rivadávia Macedo. Quem comprou o Hotel Brasil primeiro, em Curitiba, foi meu cunhado Clementino, mas a namorada dele não quis e até ameaçou desmanchar o noivado. Daí o Constantino e eu fizemos o negócio com a dona Bertha, uma judia que fez a oferta”, detalha.
Casamento – Com 22 anos, Dalva Boss, casou com Constantino de Mello Ribas (Constante), dia 29 de julho de 1936. Ele, filho de Matilde e Antonio Ribas, “fortes fazendeiros, muito ricos em Palmas, donos da Fazenda da Cruz onde morei casada. Tinham terrenos virgens que nunca ninguém havia entrado”, recorda. “Tivemos duas filhas. A Matilde e a Ester, maravilhosas, que me deram quatro netos lindos: Guilherme (marketing), Wilson (advogado), Marcelo (engenheiro) e a Carolina que formou-se o ano passado, em Matemática no Cies”, diz a mãe e avó toda vaidosa.
1950 – Na década de 50 começaram a surgir hotéis de apartamentos. “O nosso era só quartos e pedimos uma reforma no prédio para entrarmos na moda ou teríamos prejuízos”. As reformas foram iniciadas em parte do prédio. Nesse meio tempo vim conhecer o lugar (Campo Mourão). Tinha um administrador da Usina Mourão - que estava começando a ser construída, que se hospedava no nosso hotel em Curitiba. Me falava mito bem de um tal Campo do Mourão, que estava começando, não tinha hotel de primeira. Garantia que era muito bom pra ganhar dinheiro”, relembra do motivo da radical mudança.
Campo Mourão – “Peguei um teco-teco da BOA (Brasil Organização Aérea) e vim sozinha, com pouco dinheiro. Do meu lado estava a mulher do Nelsinho (Nelson Guimarães Monteiro) da Sul América Seguros. Ela sabia tanto quanto eu sobre o Campo do Mourão. Meninoooo!!!.. - Isso aqui era um fim de mundo. Na hora que o avião desceu, subiu aquele poeirão que não se via um palmo na frente do nariz... a poeira marrom escorria pelos vidros das janelinhas. - Onde eu vim me meter??!!... eu pensei. Desembarquei. Peguei minha malinha e a primeira pessoa que conheci, ali no campo de aviação, foi o doutor (médico) Manoel Andrade”. Isso foi em meados de 1951. “Eu estava no auge dos 37 anos”, diz.
Impacto - Dona Dalva especulou a cidade. - “Quê cidade moço??....(rindo muito). - Isso aqui não era nada. Poeira. Sujeira. Casas esparramadas. Tudo de madeira, a maioria sem pintar, sem forro, sem arremates e cobertas de taboinhas. A praça era uma quadra de capoeiras com um morro de saúvas e um bosque lindo. Água só de poço. Eletricidade não tinha. As pessoas que vinham de viagem a gente só enxergava o branco dos dentes e dos olhos... (risos). Não tinha um palmo de calçada. Ou você patinava na lama ou enterrava os pés na poeira alta e quente. Não existia banheiro, era tudo privada de madeira, com buracos de acento... (rindo). “Fui educada e me vestia como uma dama. Morava em Curitiba, tudo limpinho. Aí tive que me ajustar ao meio, né?!... até a comida era diferente!!!.. as pessoas no jeito de vestir e ser... tuudooo muito engraçado e difícil. Mas, eu sempre fui uma mulher forte, lutadora e, encarei com fé e coragem!!”, descreve dona Dalva.
Hotel Brasil – Na esquina da Avenida Irmãos Pereira com a Rua Araruna, o catarinense Estevão Scheneider, “marido da Helena e pai do Laurinho (Lauro Schneider) construía um hotel”, com carpinteiros que trouxe de Santa Catarina. “As madeiras comprei em Pitanga e telhas de Irati (Santa Terezinha). Quando deu aquela chuva de pedra (granizo) em 1971, comprei as telhas, de novo, por sorte, na mesma cerâmica”, recorda dona Dalva. “O Schneider quis vender. A construção estava no alicerce. Nem tinha paredes, nada. Era a metade do projeto do prédio de dois pavimentos que eu ampliei depois. Comprei o terreno e o início da obra por oitenta mil cruzeiros e mais tarde adquiri a data ao lado por dez mil cruzeiros”, contabiliza.
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'Brasil Hotel' o 5 estrelas* da época em Campo Mourão |
1953 – Neste ano foi inaugurado o moderno Hotel Brasil de Campo Mourão. “Toquei a obra sozinha. O Constante (Constâncio), ficou em Curitiba. Fiz uma construção de primeira. Tudo arrematadinho, forrado, bem bonito”. Do hotel de Curitiba vieram, de caminhão, cerca de 20 camas de solteiro e quatro de casal, com guarda-roupas, colchões, lençóis, fronhas, travesseiros e cobertores. O Hotel Brasil terminou sua história cinquentenária com oferta de 40 quartos, quatro apartamentos chiques, amplo restaurante, fogão de ferro fundido, a lenha, de quatro metros quadrados, com “serpentina” que fornecia água quente para lavar a louça e banho nos apartamentos que ficavam na parte baixa do hotel. “Esse fogão mandei vir de Porto Alegre (RS). Tinha um cortador de lenha só pra alimentar ele (fogão). Nunca trabalhei com menos de dez empregados (as). A Zulmira ficou oito anos comigo e ainda está viva, por aí. Como havia muitas mulheres que trabalhavam comigo, comprei a data (terreno) ao lado para as crianças brincarem. Comiam tudo no hotel. O doutor Joaquim (Joaquim Euzébio de Figueiredo) sempre brincava: “Dona Dalva... como vai a creche Brasil??... (risos).
Hospedes famosos - Dentre os nomes famosos do cenário nacional que foram hospedes do Hotel Brasil, dona Dalva cita os dos presidentes da República: Juscelino Kubistchek de Oliveira e Jânio Quadros. Do governador do Paraná, Moyses Lupion, “esse homem praticamente, morava no meu hotel”, enfatiza. O presidente da Assembléia Legislativa, Aníbal Khury, o senador Abilon de Souza Naves “que era meu compadre e faleceu acidentado, em campanha para governador. Uma vez ele parou a comitiva só pra me cumprimentar em frente do hotel”, diz com carinho. Dos que vieram para ficar, dona Dalva recorda os nomes “do piloto Paulo Poli (duas vezes deputado estadual por Campo Mourão), Joaquim Euzébio de Figueiredo (Juiz de Direito), os irmãos Saul e Mário Caldas (pecuaristas), os Promotores de Justiça: Lary Razolini, Euvaldo Cordeiro Correia e Paulo Magalhães dos Reis. “O Lary morou sete anos no meu hotel, além do advogado Paulo Vinício Fortes, do médico Isnard Cordeiro”, registra dona Dalva. As tripulações e passageiros da Real Aerovias Brasil também se hospedavam no Hotel Brasil. “Eles faziam a escala de São Paulo por Maringá, Campo Mourão e Foz do Iguaçu e pousavam aqui”, recorda. Álvaro Gomes (dentista) e sua esposa Lourdes, se hospedaram no Hotel Brasil. “Uma vez eu fui de férias pra Santos e a Lurdinha ficou cuidando e até inovou uns pratos diferentes no restaurante. Lotava de gente. Foi um sucesso”, elogia dona Dalva.
Abóboras voadoras - ‘Tinha uns pilotos da FAB (Força Aérea Brasileira) que me traziam abóboras de Goioerê. Eles me avisavam assim: davam um rasante em cima do hotel. Ai eu ia no aeroporto buscar as abóboras”...(risos). “As sobremesas eu mesma fazia, e as que o pessoal mais gostava eram a de pudim de ovo e o docinho de abóbora, que sei fazer até hoje, no capricho”, orgulha-se.
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Constantino com as filhas em Curitiba |
Companheiro – “O Constantino não quis saber de Campo Mourão. Deu pra beber e ficar preguiçoso. Uma mulher sozinha, num hotel, pegava mal. Eu sempre fui arrojada e ele não acompanhava meu pique. Conheci o viajante paulista, Alberto de Barros, que passou a me ajudar muito. Ele também tinha jeep de praça (taxista) e ganhava o dele nas vendas e no transporte de hospedes para o aeroporto”. Naquele tempo quase não se viaja de ônibus. Era mais de avião. Campo Mourão teve cinco agências aéreas. “Convivi com o Alberto durante vinte e nove anos. Trabalhávamos duro. As vezes íamos aos bailes, festas e nos acontecimentos da cidade, muito pouco por causa do serviço. Fomos sócios-fundadores do Clube 10 de Outubro e compramos dois títulos para ajudar a construir o prédio e a piscina nova”. Alberto de Barros faleceu dia 18 de março de 1984. “Nunca mais casei”, enfatiza.
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Dalva Boss e Alberto |
Treco - “A turma resolveu formar um bloco carnavalesco e nós entramos a convite da Iara do doutor Isnard, uma mulher muito bonita. Quando chegamos no Clube 10, aquela algazarra. Todo mundo junto, de mãos dadas, pulava, cantava, eu na ponta. Passei perto do Osvaldo Wronski e ele me deu um copo de cerveja. A sede tava brava. Tomei tuuuudo, numa golada só. De repente comecei a tontear. Me senti mal e perdi a direção. Pensei que ia me dar um treco. Falei pro Alberto que tava mal... saí do clube “mortinha”. No outro dia acordei no hotel, pelada, meio zonzinha ainda. - Aíííí... eu soube que o Osvaldo... sabe?... colocou bolinha (boleta) na cerveja!! Aquele filho da mãe quase me matou. Acabou com a minha alegria. Mas sempre fomos bons amigos”, (rindo muito).
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No Clube 10 de Outubro |
Cano – “Uma noite o Constante (marido) estava por aqui e gostava de fazer média. Convidou o doutor Joaquim (Juiz de Direito) para um jantar. Preparamos a janta. Ele acabou amarrando um fogo e se apagou. Eu e minha cunhada tivemos que levar ele carregado, dormindo, e deixar trancado no quarto. Na hora marcada o Juiz chegou e... cadê o Constâncio?! Passei o maior carão e inventei uma desculpa esfarrapada. Disse que ele tinha saído. O doutor Joaquim ainda comentou: ééé.. achei aquele homem muito esquisito... me convida e some !! (risos).
Bang-bang – “Naquele tempo muita gente foi matada em Campo Mourão”. A maioria por causa de brigas pela terra. “Todo dia morria uns quatro ou cinco. Era faroeste puro. Me lembro de uma morte feia”. Octávio Rocha, de Guarapuava, veio reclamar uma posse de terra. Se hospedou no Hotel Brasil. “Um dia ele saiu cedo e levou chumbo... picaram na bala ... mataram ele na rua... caiu no pó, ensangüentado, bem ali na frente. Os bandidos sumiram. Era tudo muito rápido”, recorda. “Uma noite de Carnaval eu me lembro que um bando de soldados atacou a casa da Anita Albuquerque e a do Tito Albuquerque. A família estava dentro, dormindo. Derrubaram as cercas e fuzilaram a casa. Por sorte não morreu ninguém porque o Juiz de Direito substituto, o doutor Sinval Reis (hospede do Hotel Central), o escrivão Ville Bathke e o Oficial de Justiça Avelino Bueno, se enfiaram no meio. O Juiz deu uns gritos e voz de prisão pro comandante e prendeu eles dentro do Fórum velho, logo ali, depois do posto de gasolina (Pingo d'Agua) na frente do nosso hotel.. No outro dia colocou a tropa dentro de uns jeeps e mandou eles presos pro quartel do Exército de Guarapuava. Foi feio o negócio”, recorda da violência da época.
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Encontro histórico de duas heroinas de Campo Mourão: Anita Gaspari Albuquerque e Dalva Boss |
Heroína – “Sempre lutei sozinha. Nunca fui mandada. Tudo que lutei para possuir é de Campo Mourão. Por comodidade comprei um apartamento em Curitiba e outro em Caoibá para desfrutar minha vida, linda e maravilhosa. Viajo muito. Até pra a Argentina já fui, de navio. Só que não invisto mais nada em Campo Mourão, porque isso aqui parou. É dar murro em ponta de faca. Não tem emprego. Campo Mourão cresceu por si. Os impostos são absurdos, tão caros que pouca gente paga. Dei minha vida e meu suor por Campo Mourão, mas nunca pedi e nem recebi nada em troca”, critica. .
Ativa - “Fui presidente da Creche Sagrada Família, adoro crianças, junto com minha amiga Regina Beltrão, uma baita mulher trabalhadeira”, reconhece. “Freqüento a igreja católica e sou da Congregação Coração de Jesus. Minhas filhas foram educadas em colégios de freiras, no Cajuru (Nossa Senhora de Lourdes) e em Castro (Colégio São José). Me orgulho delas porque eu as eduquei sem a ajuda do pai. Acabei me separando do Constante e até tirei o Ribas do meu sobrenome”, desabafa dona Dalva.
Testamento - “Já trabalhei direto das cinco da manhã às duas da madrugada por quase trinta anos no Hotel Brasil. Chega... quero paz. Moro aqui, tranqüila. Já fiz meu testamento em vida. Não devo nada. Tenho quatro mil reais na Caixa Econômica, que não existem. Esse dinheiro é pro meu funeral, pra família não bater cabeça no dia que eu morrer. Tenho meu automóvel que eu mesma dirijo e até dei de presente pra minha neta Carolina. Meu passatempo é jogar cachetinha (baralho), de rodadinhas de quinze fichinhas no máximo, com as amigas, na casa da Isa Legnani... e, olha... não me coloque Ribas aí, viu??!!.. concluiu Dalva Boss, sorridente e brincalhona.
Triste Fim do Hotel Brasil
– “Uma coisa me magoa muito. Me dói por dentro. No início de 1980 o prefeito Augustinho Vecchi mandou demolir o Hotel Brasil. Alegou que estava perto do posto de gasolina e corria o risco de pegar fogo porque era todo de madeira.
Em 1956 escapamos de ser torrados. Eu e o Tico (Sebastião de Paula Xavier), que tinha uma casa de comércio do outro lado da esquina, passamos apurados. O fogaréu estava entre nós. Um caminhão-tanque descarregava gasolina e pegou fogo. Acho que foi uma bituca de cigarro, falaram. Soltaram o carro ladeira abaixo, o motorista pulou e o caminhão ficou ali no meio. As labaredas enormes, lambiam as paredes. Acudimos na base dos baldes de água. Saia fumaça das tábuas mas não incendiou, graças a Deus!!.
Então veja a malvadeza que o Augustinho fez comigo. Já tinha passado tantos perigos e apuros... porque demolir o meu hotel?.. Porque não mandaram o posto se mudar... Porque eu?? Chorei muito... briguei... mas não adiantou. Puseram o Hotel Brasil abaixo sem dó e nem piedade”, lamenta quase chorando.
Era um monumento, uma parte da história viva de Campo Mourão. “Infelizmente está morto e sepultado, meu hotelzinho tão querido!! lamenta dona Dalva.
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Dona Dalva com a família |
Dona Dalva faleceu em 2005.