Depois de vasculhar os arquivos do meu blog pessoal durante o auge do meu consumo de álcool (segundo ano da faculdade), percebi uma coisa: eu pedia muitas desculpas.
Nada era minha culpa. Mas, mais importante, nada era culpa do meu bom amigo Álcool.
Hoje eu vejo isso claramente quando leio antigas postagens em que escrevi sobre estar deprimida, ter amizades tensas, estar frustrada com os estudos. Nunca me ocorreu que o álcool poderia ser a origem de todos os problemas que brotavam na minha vida -- isto é, até ficar sóbria.
Em retrospectiva, houve sinais em que eu deveria ter prestado atenção.
1. A maioria dos seus eventos sociais se concentra em torno da bebida. E se não há bebida você se sente decepcionada ou não quer mais participar. A única maneira que você sente que está se divertindo é com álcool em seu sistema.
2. Nada é culpa do álcool, jamais (quando na realidade a maioria das coisas é). Esta citação do Grande Livro da AA resume bem: "Alguma coisa ruim não acontecia todas as vezes que eu bebia, mas sempre que acontecia alguma coisa ruim eu tinha bebido". Pense nisso. A probabilidade é que seja verdade.
3. Você não se importa com as consequências e se convence de que tal acontecimento foi uma ocorrência isolada. Você apenas não previu aquilo, e na próxima vez estará preparada.
4. Mais de uma vez, você tomou uma decisão sem pensar muito bem sobre o sexo oposto (ou o mesmo sexo, se você segue essa linha). A probabilidade é de que se você bebe a ponto de seu julgamento ficar nebuloso com frequência, você deve largar a garrafa.
5. Suas ressacas se tornam mais graves. Em minhas primeiras semanas de tratamento, aprendi que as ressacas eram na verdade crises de abstinência. Isso me atingiu com força, apesar de eu me recusar a demonstrar. O fato de que acordava em algumas manhãs me sentindo como se tivesse morrido e voltado à vida não era o preço que eu pagava por uma noite de diversão, como eu queria dizer a mim mesma. Era o modo de meu corpo me dizer que eu não podia continuar fazendo aquilo. Sentir-se como se fosse vomitar a cada cinco minutos, sentir que você está se arrastando para fora da pele, ou suando não é normal.
6. A ilegalidade de beber e/ou estar em um bar antes da idade permitida não a assusta mais. Eu cheguei a esse ponto muito rapidamente, porque parecia que todo mundo com quem eu bebia também era menor. Eu tendia a esquecer que aquilo tinha consequências, assim como colocava em risco o bar por servir uma menor de idade.
7. Você racionaliza constantemente seu hábito. Como alguém me disse há algum tempo, as racionalizações são realmente apenas mentiras para fazer você se sentir melhor sobre seus atos. Muitas vezes eu me convenci de que algo não era minha culpa porque, por exemplo, eu tinha tomado uma bebida energética junto com bebida forte, e nunca mais cometeria esse erro. Muitas vezes eu repetia meus erros, mas racionalizava.
8. Uma já é demais; mais uma nunca é suficiente. Provavelmente o sinal mais revelador de um alcoólico é a incapacidade de parar de beber depois que começamos. "Mais um, mais um, mais um" está sempre passando por nossa mente.
9. Você percebe que precisa de cada vez mais álcool para sentir os efeitos na magnitude que deseja. Na primeira vez que me embriaguei, eu tomei duas cervejas. Duas cervejas = baixa tolerância. Perto do final da minha fase alcoólica, eu podia tomar sete a oito bebidas em duas a três horas e continuar no mesmo nível. Essa é uma tolerância extremamente alta.
10. Sua aparência física está mudando, e não para melhor. Algumas pessoas podem beber e não observar os efeitos fisicamente, mas se você bebe pesado é provável que seu corpo esteja reagindo negativamente. No meu caso, ganhei de 6 a 8 quilos e tinha uma cor de pele realmente doentia (sem falar nos danos internos).
11. Depois de uma noitada, você se vê fazendo controle de danos com muita frequência. Seja encontrar seus objetos pessoais ou pedir desculpas para alguém que você pode ter ofendido, realmente é uma merda. Sempre. E você realmente não percebe a imensidade desse peso até que ele é removido e você pode acordar de manhã perfeitamente capaz de se lembrar de tudo o que fez.
* Beth Leipholtz
Jornalista, blogueira, jogadora de rúgbi e estudante universitária que se mantém sóbria