No começo do ano acompanhei a Sarah, minha filha mais velha, matriculando minha netinha Fernanda no Kumon. Gostei muito do que o atendente
falou sobre como funciona o método da escola: "Não queremos que ajudem ela. Nossa escola busca saber aquilo que os alunos não sabem ainda para poder ajudá-los". Interessante! Como nunca pensei nisso antes?
Agora, encontrei essa matéria da BBC que discute exatamente essa 'filosofia' defendida por um professor do Reino Unido. Vejamos.
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Borracha cria 'cultura de vergonha do erro' para cientista cognitivo que sugere proibí-la na escolas |
A velha e boa borracha seria um "instrumento do diabo"? É o que afirma o cientista cognitivo Guy Claxton, professor visitante do Kings College London, no Reino Unido.
Em entrevista ao jornal Daily Telegraph, Claxton disse que a borracha cria uma "cultura de vergonha do erro" e sugeriu bani-la das escolas britânicas.
"É uma forma de mentir para o mundo, dizendo: 'Não errei. Acertei de primeira'."
Para ele, é melhor que alunos assumam seus erros na escola, porque é assim que ocorre no mundo real.
Ele está certo? Borrachas deveriam ser proibidas nas escolas?
"Acredito que isso seria severo demais", afirma John Coe, porta-voz da Associação Nacional para Educação Primária do Reino Unido.
"No entanto, em certas ocasiões, a borracha não deveria ser usada. Se estou ensinando matemática, quero que os alunos mostrem seus cálculos. Não gostaria de ver meus pupilos tão preocupados com a resposta correta que não deixem indícios de como chegaram à resposta."
Aprendizado
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Enxergar os próprios erros é uma parte importante do aprendizado, diz especialista |
De fato, ver os erros cometidos por estudantes é uma parte importante do aprendizado.
"Observar os enganos cometidos por eles é uma parte essencial do trabalho de um bom professor", acrescenta Coe. "É preciso ver as tentativas feitas para chegar à resposta para orientar melhor o aluno."
Em sua proposta, Claxton defende que, ao negar ter cometido erros, os estudantes não estão sendo preparados para o mundo, onde enganos são cometidos - e é preciso conviver com as consequências disso.
"Para crianças pequenas, ser capaz de ver seu próprio erro é um passo importante", afirma Anthony William, especialista em psicologia infantil da Universidade de Sheffield. "Mesmo quando somos adultos temos dificuldades em enxergar nossos erros."
Mas, se as borrachas forem banidas, como Claxton sugere, ao que isso levaria?
"Cada vez mais aulas acontecem com equipamentos tecnológicos", afirma Williams.
"Você tiraria a tecla delete do computador? Você conseguiria fazer seu trabalho sem ela? No mundo, estamos sempre cometendo pequenos erros, os revisando e os alterando."