Sua devoção aos pobres e aos desvalidos é uma das coisas mais lindas e inspiradoras destes nossos tempos.
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Um exército de um homem só |
Uma das tantas coisas boas de Francisco, nestes seus primeiros meses de papado, foi ter falado amigavelmente de ateus.
Não que fosse necessário isso para que eu, um descrente total, o admirasse intensamente.
O que me encantou rapidamente em Francisco foi a energia, o entusiasmo, a coragem com que ele se entregou, desde o primeiro dia, à luta contra a desigualdade social.
Sua devoção aos pobres e aos desvalidos é uma das coisas mais lindas e inspiradoras destes nossos tempos.
A inclusão de ateus na retórica papal rompe um paradigma milenar. O que ele está dizendo é que quem acredita em Deus não é melhor que quem não acredita.
Esta a beleza sublime da mensagem.
Ao estudar as religiões, o filósofo inglês Bertrand Russell notou que o judaísmo inovou na ideia de “povo eleito” e de que o Deus dos judeus era melhor que os outros. A partir daí, sucessivas religiões começaram a guerrear para provar que seu Deus é que era o melhor de todos.
Francisco elimina esta fonte eterna de discórdia e ódio.
O mundo, tal como está hoje, caminha para o colapso. Um planeta tão desigual é, simplesmente, insustentável.
A ganância predadora cobra um preço terrível do meio ambiente – outro assunto incorporado, oportunamente, à agenda papal.
Guerras eclodem o tempo todo.
A conta de tantos desatinos é paga por crentes e ateus, indistintamente. Daí a sabedoria colossal de Francisco ao dizer que crentes e ateus devem se unir pela paz. E contra a ganância. E por um mundo menos desigual.
Você pensa em Francisco e que sentimentos o assaltam? Cito alguns. Amor, generosidade, solidariedade, tolerância, compreensão, simplicidade, modéstia. Que magnífico exemplo para todos nós, crentes e ateus.
Certos homens, raros, são um exército em si mesmos.
Eles mudam tantas coisas tão rapidamente que você se pergunta como o mundo pôde existir sem eles.
Francisco, talvez o maior de todos os papas desde sempre, é um deles.