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4 de fevereiro de 2015

Só de Sacanagem, por Elisa Lucinda

Quando li pela primeira vez o texto abaixo era ainda meados dos anos 2000, já com o PT no poder e as coisas estavam muito ruins no que diz respeito aos casos de corrupção no Brasil. Pois não é que piorou passados vinte anos? 

Tenho um amigo que diz sempre: "O que o PSDB não privatizou, o PT quebrou!". 

Mas continuo concordando com a escritora e poetisa capixaba Elisa Lucinda: vou acreditar sempre e cada vez mais honesto serei. 

Leiam o texto para entender e refletir...

Só de Sacanagem

Meu coração está aos pulos! 

Quantas vezes minha esperança será posta à prova? 

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. 

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? 

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. 

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. 

Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar. 

Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau." 

Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!


Elisa Lucinda (Vitória, Espírito Santo; 2 de fevereiro de 1958) é uma poeta, escritora, jornalista e atriz brasileira.

Elisa Lucinda

3 de fevereiro de 2015

Adesivos de carro que dizem muito sobre a alma do brasileiro

1. Este adesivo que criou um novo verbo.

2. Este adesivo de família perfeitamente ambientado.
Tomara que ele não dirija bêbado mesmo, senão perde a graça.
3. Este adesivo que vai te fazer esquecer tudo o que já disseram sobre politicamente correto.
vi também com o escudo do 'curintia' !!!

4. Esta pessoa que está circulando dando c e r t a s pistas por aí.

5. Esta frase que até que começou com uma reflexão, mas deu preguiça de continuar.

6. Este adesivo que pode ter saído de uma indireta postada no Facebook.

7. ESTE DESABAFO.

8. Este adesivo passivo-agressivo que gera uma confusão na sua cabeça.

9. Esta saudação que quase deu certo.

10. Esta confissão.

11. Esta homenagem que, se não tivesse trocado a letra I pelo E, teria funcionado.

12. Esta piada que atualizou as definições de “tiozera”.

13. E este acróstico:

14. Esta benção.

15. Esta oração seguida desse cântico contagiante.

16. Este adesivo com a propaganda desta igreja que reconhece a beleza de Cristo:

A Igreja Evangélica Jesus é Lindo e Cheiroso fica em Guarulhos.

[ Buzz Feed

19 de janeiro de 2015

Raul Seixas - "Como Vovó Já Dizia (Óculos Escuros)"

Raul Santos Seixas (Salvador, 28/06/1945 — São Paulo, 21/08/1989) foi um cantor e compositor brasileiro, frequentemente considerado um dos pioneiros do rock brasileiro. Muitas vezes identificado como o "Pai do Rock Brasileiro" e "Maluco Beleza".

Na manhã do dia 21 de agosto, Raul Seixas foi encontrado morto sobre a cama , por volta das oito horas da manhã em seu apartamento em São Paulo, vítima de uma parada cardíaca: seu alcoolismo, agravado pelo fato de ser diabético, e por não ter tomado insulina na noite anterior, causaram-lhe uma pancreatite aguda fulminante.

Como Vovó já Dizia é um compacto* lançado por Raul Seixas, composta por ele e Paulo Coelho, em 1974. A canção fez parte da trilha sonora da novela O Rebu, tendo sido lançada em álbum de mesmo nome. Foi lançada em 1973 e foi a primeira canção dele a incomodar a censura, tendo dois versos considerados subversivos sendo substituídos: "quem não tem papel dá recado pelo muro" e "quem não tem presente se conforma com o futuro" foram trocados por "quem não tem filé come pão com osso duro" e "quem não tem visão bate a cara contra o muro".

compacto de Raul Seixas, com a música Não Pare na Pista 
* Compacto era um disco de vinil, normalmente lançado com apenas duas músicas, uma no lado A e outra no B.

14 de janeiro de 2015

Os 10 filmes mais vistos no Brasil em 2014

Segundo levantamento da consultoria Filme B, estes foram os filmes campeões de bilheteria no Brasil em 2014. Apenas um deles, Jogos Vorazes, ainda não foi lançado em vídeo. Os demais já estão disponíveis na Casablanca Videolocadora em DVD e Blu Ray: 

1) A Culpa é das Estrelas: 6,2 milhões de espectadores

2) Malévola: 5,8 milhões

3) Rio 2: 5,2 milhões

4) X-Men – Dias de Um Futuro Esquecido: 4,9 milhões

5) Noé: 4,8 milhões

6) Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1: 4,7 milhões

7) Capitão América – O Soldado Invernal: 4,65 milhões

8) Como Treinar o Seu Dragão 2: 4,63 milhões

9) Transformers – A Era da Extinção: 4,5 milhões

10) Planeta dos Macacos: O Confronto: 4 milhões

[ Lista 10 ]


6 de janeiro de 2015

Deputada Mara Gabrili: “Faz muitos anos que eu queria olhar nos olhos do senhor e fazer essas perguntas”


Acho que o Baú é para coisas amenas e não publico assuntos que podem virar polêmica, principalmente se o tema for político. Mas, desde que o vi pela primeira vez, no começo de 2014, esse vídeo me incomoda muito. Fico sempre pensando como me comportaria ao ouvir acusações de corrupção, de lavagem de dinheiro e até mesmo de complô para assassinato... Pois um ex-ministro da presidente Dilma, braço direito de Lula, o paranaense Gilberto Carvalho, foi acusado de tudo isso pela deputada Mara Gabrili durante sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, em abril do ano passado.

Por mais de seis minutos, a parlamentar do PSDB paulista acuou o secretário-geral da Presidência com a evocação de perturbadoras agravantes que envolvem o assassinato do prefeito Celso Daniel. Assistam, vale a pena conhecer um pouco da versão de uma senhora que afirma que o pai morreu vencido pelo crime organizado pelo ministro e a turma do José Dirceu.

Além da impunidade aos acusados, o que mais me incomoda é o fato do paranaense e sua turma integrarem o primeiro escalão do governo federal. Sei que a justiça é lenta, que nossas leis são falhas e, por isso, chegue tarde, mas como entender que um governante mantenha relação com gente com tamanhas acusações?

26 de dezembro de 2014

Gonzaguinha - "Comportamento Geral"


Gonzaguinha fez um show aqui em Campo Mourão, na Arcam, a associação de funcionários da Coamo, e o otário aqui não foi assistir. Dias depois ele morreu em um acidente de carro próximo de Pato Branco, mais precisamente no município de Renascença.

Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, mais conhecido como Gonzaguinha, (Rio de Janeiro, 22 de setembro de 1945 — Renascença (PR), 29 de abril de 1991) foi um cantor e compositor brasileiro.

Comportamento Geral, faixa de seu primeiro álbum, lançado em 1972, foi censurada pela ditadura militar. 

11 de dezembro de 2014

5 juízes brasileiros que deram ordens de prisões polêmicas


O caso do juiz que mandou prender funcionários de uma companhia aérea após perder um voo é mais um episódio polêmico envolvendo magistrados. O magistrado não conseguiu embarcar no último sábado, num voo que ia de Imperatriz (MA) com destino a Ribeirão Preto (SP).

Recentemente, o juiz João Carlos de Souza Corrêa levantou o debate sobre o abuso de poder praticado por juízes.

Corrêa foi pego numa blitz da Lei Seca e ganhou ação contra a agente de trânsito, que disse que ele era “juiz, mas não Deus”.

Veja a seguir cinco casos polêmicos envolvendo juízes:

Perdeu o voo

Um juiz deu ordem de prisão a três funcionários da TAM depois de não ter conseguido embarcar num voo em Impertriz (MA) com destino a Ribeirão preto (SP). O caso aconteceu no último sábado. As informações foram divulgadas pelo G1.

De acordo com o portal, os empregados da companhia aérea disseram em depoimento que o magistrado teria ordenado a prisão ao ser impedido de entrar em um avião, minutos depois do encerramento dos procedimentos de embarque. O nome do juiz não foi divulgado.

Em um vídeo gravado por testemunhas é possível ouvir um homem (que supostamente seria o juiz) dizer: "quietinho, presinho. Você está preso em flagrante. Agora aguarde a Polícia Civil que vai levar você para a delegacia. Quietinho, não sai daqui. Vai aprender a respeitar consumidor".

Foi pego na blitz da Lei Seca

Parado em 2011 numa blitz da Lei Seca no Rio, o juiz João Carlos de Souza Corrêa estava sem carteira de motorista e sem os documentos do carro.

A agente de trânsito Luciana Silva Tamburini ordenou então que o carro fosse rebocado. Quando Corrêa se identificou como magistrado, Tamburini afirmou que ele era “juiz, mas não Deus”.

O juiz deu voz de prisão à agente e entrou com processo contra ela por danos morais. Tamburini foi condenada a pagar R$ 5 mil em indenização. O magistrado também ganhou ação contra o jornal “O Globo”.

Devia para o banco

Outro caso ocorreu no Rio Grande do Sul, em julho de 2005. O juiz Jairo Cardoso Soares, na época magistrado em Lavras do Sul (RS), acusou de estelionato e mandou prender o então gerente do Banco do Brasil, Seno Luiz Klock.

O juiz foi até a agência acompanhado de quatro policiais militares, dois oficiais de Justiça, um delegado e um policial civil.

O motivo da prisão teria sido um desentendimento em relação à situação bancária do juiz. O magistrado teria informado ao banco sobre o depósito de um valor suficiente para pagar suas dívidas com a instituição. No entanto, estariam faltando R$ 700.

O gerente chegou a ser detido e depois entrou com ação contra o magistrado. O juiz foi condenado a pagar indenização de R$ 80 mil por danos morais (valor sem correção).

Mandou prender advogado

Em 2009, o do juiz Carlos Eduardo Neves Mathias deu voz de prisão ao advogado Hélcio de Oliveira França. O caso ocorreu na cidade de Inajá (PE).

O desentendimento aconteceu depois que o advogado tentou acessar os autos de um inquérito policial.

De acordo com a OAB de Pernambuco, o caso foi encaminhado ao Tribunal de Justiça do estado como abuso de autoridade. O juiz foi condenado a pagar multa equivalente a 25 salários mínimos.

A OAB fez ainda uma manifestação contra o magistrado em frente ao fórum onde ele atuava. No entanto, Neves Mathias saiu de férias um dia antes do protesto.

Mandou prender médicos

Outro caso ocorreu em Teresina, no Piauí, em outubro deste ano. O juiz Deoclécio Sousa decretou a prisão de dois médicos por eles não terem conseguido internar pacientes na UTI de um hospital da cidade.

O Conselho Regional de Medicina do Piauí resolveu denunciar o magistrado, afirmando que os médicos ameaçados de prisão sofreram constrangimento, foram coagidos, intimidados e humilhados.

A Corregedoria do Tribunal de Justiça investiga se houve abuso de poder pelo juiz. [Exame]

24 de novembro de 2014

Sargento flagra racha de automóveis


Vídeo enviado pelo sargento Rogério Quichaba, da PM paranaense, mostra como são realizados os rachas de automóveis após os recentes aumentos nos preços do combustíveis. Braziiiiiiillll !!!

20 de novembro de 2014

Os melhores poemas de Manoel de Barros


A Revista Bula, com a ajuda de seus leitores e colaboradores — escritores, jornalistas, professores — apontou os poemas mais significativos de Manoel de Barros, um dos mais aclamados poetas contemporâneos brasileiros. Nascido em Cuiabá em 1916, Manoel de Barros estreou em 1937 com o livro “Poemas Concebidos sem Pecado”. Sua obra mais conhecida é o “Livro sobre Nada”, publicado em 1996.

Cronologicamente vinculado à Geração de 45, mas formalmente ao Modernismo brasileiro, Manoel de Barros criou um universo próprio — subvertendo a sintaxe e criando construções que não respeitam as normas da língua padrão —, marcado, sobretudo, por neologismos e sinestesias, sendo, inclusive, comparado a Guimarães Rosa.

Em 1986, o poeta Carlos Drummond de Andrade declarou que Manoel de Barros era o maior poeta brasileiro vivo. Antonio Houaiss, um dos mais importantes filólogos e críticos brasileiros escreveu: “A poesia de Manoel de Barros é de uma enorme racionalidade. Suas visões, oníricas num primeiro instante, logo se revelam muito reais, sem fugir a um substrato ético muito profundo. Tenho por sua obra a mais alta admiração e muito amor”. Os poemas publicados nesta seleção fazem parte do livro “Manoel de Barros — Poesia Completa Bandeira”, editora Leya. Por motivo de direitos autorais, apenas trechos dos poemas foram publicados.



O livro sobre nada

É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.
Tudo que não invento é falso.
Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
Tem mais presença em mim o que me falta.
Melhor jeito que achei pra me conhecer foi fazendo o contrário.
Sou muito preparado de conflitos.
Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.
O meu amanhecer vai ser de noite.
Melhor que nomear é aludir. Verso não precisa dar noção.
O que sustenta a encantação de um verso (além do ritmo) é o ilogismo.
Meu avesso é mais visível do que um poste.
Sábio é o que adivinha.
Para ter mais certezas tenho que me saber de imperfeições.
A inércia é meu ato principal.
Não saio de dentro de mim nem pra pescar.
Sabedoria pode ser que seja estar uma árvore.
Estilo é um modelo anormal de expressão: é estigma.
Peixe não tem honras nem horizontes.
Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas quando não desejo contar nada, faço poesia.
Eu queria ser lido pelas pedras.
As palavras me escondem sem cuidado.
Aonde eu não estou as palavras me acham.
Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.
Uma palavra abriu o roupão pra mim. Ela deseja que eu a seja.
A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.
Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
Esta tarefa de cessar é que puxa minhas frases para antes de mim.
Ateu é uma pessoa capaz de provar cientificamente que não é nada. Só se compara aos santos. Os santos querem ser os vermes de Deus.
Melhor para chegar a nada é descobrir a verdade.
O artista é erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.
Por pudor sou impuro.
O branco me corrompe.
Não gosto de palavra acostumada.
A minha diferença é sempre menos.
Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria.
Não preciso do fim para chegar.
Do lugar onde estou já fui embora.


O apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

Retrato do artista quando coisa

A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas.

O fazedor de amanhecer

Sou leso em tratagens com máquina.
Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis.
Em toda a minha vida só engenhei
3 máquinas
Como sejam:
Uma pequena manivela para pegar no sono.
Um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas
E um platinado de mandioca para o
fordeco de meu irmão.
Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias
automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.
Fui aclamado de idiota pela maioria
das autoridades na entrega do prêmio.
Pelo que fiquei um tanto soberbo.
E a glória entronizou-se para sempre
em minha existência.


Tratado geral das grandezas do ínfimo

A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.

Prefácio

Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) —
sem nome.
Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.
Insetos errados de cor caíam no mar.
A voz se estendeu na direção da boca.
Caranguejos apertavam mangues.
Vendo que havia na terra
Dependimentos demais
E tarefas muitas —
Os homens começaram a roer unhas.
Ficou certo pois não
Que as moscas iriam iluminar
O silêncio das coisas anônimas.
Porém, vendo o Homem
Que as moscas não davam conta de iluminar o
Silêncio das coisas anônimas —
Passaram essa tarefa para os poetas.

Os deslimites da palavra

Ando muito completo de vazios.
Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu
destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas

Aprendimentos

O filósofo Kierkegaard me ensinou que cultura
é o caminho que o homem percorre para se conhecer.
Sócrates fez o seu caminho de cultura e ao fim
falou que só sabia que não sabia de nada.

Não tinha as certezas científicas. Mas que aprendera coisas
di-menor com a natureza. Aprendeu que as folhas
das árvores servem para nos ensinar a cair sem
alardes. Disse que fosse ele caracol vegetado
sobre pedras, ele iria gostar. Iria certamente
aprender o idioma que as rãs falam com as águas
e ia conversar com as rãs.

E gostasse mais de ensinar que a exuberância maior está nos insetos
do que nas paisagens. Seu rosto tinha um lado de
ave. Por isso ele podia conhecer todos os pássaros
do mundo pelo coração de seus cantos. Estudara
nos livros demais. Porém aprendia melhor no ver,
no ouvir, no pegar, no provar e no cheirar.

Chegou por vezes de alcançar o sotaque das origens.
Se admirava de como um grilo sozinho, um só pequeno
grilo, podia desmontar os silêncios de uma noite!
Eu vivi antigamente com Sócrates, Platão, Aristóteles —
esse pessoal.

Eles falavam nas aulas: Quem se aproxima das origens se renova.
Píndaro falava pra mim que usava todos os fósseis linguísticos que
achava para renovar sua poesia. Os mestres pregavam
que o fascínio poético vem das raízes da fala.

Sócrates falava que as expressões mais eróticas
são donzelas. E que a Beleza se explica melhor
por não haver razão nenhuma nela. O que mais eu sei
sobre Sócrates é que ele viveu uma ascese de mosca.

O menino que carregava água na peneira

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e
sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo
que catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces
de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio, do que do cheio.
Falava que vazios são maiores e até infinitos.

Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito,
porque gostava de carregar água na peneira.

Com o tempo descobriu que
escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser noviça,
monge ou mendigo ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor.

A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os vazios
com as suas peraltagens,
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!

Uma didática da invenção

I

Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:
a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca
b) O modo como as violetas preparam o dia para morrer
c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos
d) Se o homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem salvação
e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega mais ternura que um rio que flui entre 2 lagartos
f) Como pegar na voz de um peixe
g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
etc.
etc.
etc.
Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios.

II

Desinventar objetos. O pente, por exemplo.
Dar ao pente funções de não pentear. Até que
ele fique à disposição de ser uma begônia. Ou
uma gravanha.
Usar algumas palavras que ainda não tenham
idioma.

III

Repetir repetir — até ficar diferente.
Repetir é um dom do estilo.

IV

No Tratado das Grandezas do Ínfimo estava
escrito:

Poesia é quando a tarde está competente para dálias.
É quando
Ao lado de um pardal o dia dorme antes.
Quando o homem faz sua primeira lagartixa.
É quando um trevo assume a noite
E um sapo engole as auroras.

V

Formigas carregadeiras entram em casa de bunda.

VI

As coisas que não têm nome são mais pronunciadas
por crianças.

VII

No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a cor dos
passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz
de fazer nascimentos —
O verbo tem que pegar delírio.

VIII

Um girassol se apropriou de Deus: foi em
Van Gogh.

IX

Para entrar em estado de árvore é preciso
partir de um torpor animal de lagarto às
3 horas da tarde, no mês de agosto.
Em 2 anos a inércia e o mato vão crescer
em nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até
o mato sair na voz .
Hoje eu desenho o cheiro das árvores.

X

Não tem altura o silêncio das pedras.

Manoel de Barros faleceu no último dia 13, aos 97 anos.


18 de novembro de 2014

Dez lugares imperdíveis que costumam ser ignorados por turistas no Brasil

Com belas paisagens no litoral e no campo, o país tem sempre um lugar que se adapta às suas expectativas; confira

Com mais de 7 mil quilômetros de costa, o Brasil hospeda dezenas de destinos que agradam diferentes gostos. De resorts e hotéis luxuosos a pequenas pousadas e albergues charmosos, nosso País possui belas paisagens de praia e de montanha, e um lugar que se adapta perfeitamente às suas expectativas. Conheça alguns destinos para quem busca uma viagem barata mas ainda assim inesquecível! 

Praia do Forte, Bahia 
O litoral baiano é um dos destinos mais procurados pelos brasileiros para passar as férias de verão. Na Praia do Forte, a cerca de 50 quilômetros de Salvador, é possível descansar em pequenas pousadas e conhecer grande variedade de restaurantes de cozinha típica. Com 12 km de praias de areia branquíssima, águas límpidas e cristalinas, piscinas naturais e enormes coqueiros à beira mar, Praia do Forte é considerada a "Polinésia brasileira". Sua fauna é tão variada, que no meio do ano é possível até mesmo avistar baleias-jubarte, que se deslocam da Antártida para se reproduzirem no Arquipélago de Abrolhos, próximo dali. A região também é ideal para a prática de esportes aquáticos como mergulho, canoagem e surfe. 

Fortaleza, Ceará 
A capital cearense é destino certo pra quem gosta das praias do Nordeste e busca um lugar que misture descanso e agitação na medida certa. Com cerca de dois milhões de habitantes, a cidade reúne belas praias, como a do Futuro (foto), e uma vida noturna agitada, com bares e restaurantes à beira-mar. Além disso, é na vizinha Aquiraz que fica o maior parque aquático do Brasil, o Beach Park. Fortaleza também conta com belos prédios históricos, como o Theatro José de Alencar, a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção e a Academia Cearense de Letras, a primeira do Brasil. 

Ilhabela, São Paulo 
Considerada uma das praias mais bonitas do litoral paulista, Ilhabela é acessível apenas por balsa, da cidade de São Sebastião. São 30 praias e 300 cachoeiras, que atraem famílias, casais, grupos de amigos, mergulhadores e praticantes de esportes náuticos – não à toa a cidade é conhecida como "a capital da vela". Mesmo com as casas de veraneio dos paulistanos, a cultura dos pescadores da região se mantém. Um belo passeio na ilha é conhecer o Bonete, uma pequena comunidade de pescadores à qual só se chega por barco. 

Foz do Iguaçu, Paraná 
A cidade paranaense de Foz do Iguaçu fica na chamada Tríplice Fronteira, entre Brasil, Argentina e Paraguai. Por isso, além das belas paisagens e das famosas Cataratas do Iguaçu, no Parque Nacional de mesmo nome, a cidade também é um pujante centro de compras. Dali, é possível cruzar a fronteira para comprar malhas, artigos de couro e chá mate no lado argentino, além de produtos variados no Paraguai. A cidade também conta com a Usina Hidrelétrica de Itaipu, ainda considerada a maior do mundo, e o Duty Free Shop Iguazu, um centro de compras na fronteira. 

Cambará do Sul, Rio Grande do Sul 
A cidade gaúcha de Cambará do Sul se tornou conhecida depois de servir de locação para diversos filmes e séries, como a global "A Casa das Sete Mulheres", em 2004. Os principais pontos turísticos de interesse durante o dia são a Igreja Matriz de São José, a principal da cidade, ou o Centro Cultural Dr. Santo Bornéo. Além disso, os cânions são a atração mais famosa da região. No Parque Nacional Aparados da Serra fica o cânion do Itaimbezinho, o mais popular entre os turistas. O município também oferece cachoeiras e trilhas. 

Caldas Novas, Goiás
A cidade de Caldas Novas é conhecida dos turistas por ser a maior estância hidrotermal do mundo e um destino famoso para famílias, casais e grupos em busca dos poderes terapêuticos de suas águas mornas. As piscinas naturais de água quente, entre 30 e 57ºC, atraem turistas de todo o Brasil. Quem quiser fugir um pouco das águas termais pode fazer passeios no Parque Estadual da Serra de Caldas ou no Lago de Corumbá. Já o Parque Aquático da Lagoa de Pirapitinga conta com o Poço do Ovo, dentro do parque, em cuja nascente é possível cozinhar um ovo". 

Manaus, Amazonas 
A capital do Amazonas é um destino comum entre brasileiros e estrangeiros, interessados em conhecer o riquíssimo ecossistema local. Na cidade, conheça o Theatro Amazonas, inaugurado em 1896 e considerado patrimônio histórico estadual. Construído no auge da pujança trazida pela riqueza da borracha, extraída dos seringais amazônicos, o Theatro é um exemplo da arquitetura art nouveau da época. A Praia da Ponta Negra, às margens do Rio Negro, é uma praia fluvial cuja orla recebe turistas e grandes eventos. A cidade vizinha de Presidente Figueiredo também conta com lindíssimas quedas d'água. 

Serra do Cipó, Minas Gerais 
A Serra do Cipó está localizada a 90 quilômetros da capital mineira, próxima à cidade de Lagoa Santa, e oferece, além das belíssimas paisagens, cânions, rios e trilhas – um prato cheio para quem gosta de aventura. Quem curte acampar (e há forma mais barata de viajar do que essa?) vai encontrar uma ótima variedade de campings, preços e infraestruturas. As pequenas pousadas também são diversas, com destaque para os pequenos restaurantes de comida mineira tradicional. A região é conhecida pelo esoterismo, assim como a também mineira São Thomé das Letras. 

Vitória e Vila Velha, Espírito Santo 
Um destino frequentemente negligenciado pelos turistas e mochileiros é o estado do Espírito Santo, cuja capital Vitória é uma das três capitais-ilhas do Brasil (as outras duas são Florianópolis, em Santa Catarina, e a maranhense São Luís). Vila Velha, cidade vizinha separada da capital por apenas uma ponte, é um bonito destino histórico. Ainda na região metropolitana de Vitória há uma das mais belas praias do Brasil, Guarapari. Com suas praias, clima quente e povo hospitaleiro, o Espírito Santo é um dos estados mais bonitos do Brasil, embora não seja tão conhecido pelos turistas. 

João Pessoa, Paraíba 
A capital paraibana é frequentemente deixada de lado nos roteiros pelo Nordeste. Injustiça pura, pois trata-se de uma das cidades mais bonitas da região, além de ser considerado o município mais arborizado do Brasil. O índice de árvores per capita é semelhante ao de Paris, na França. É uma das cidades com a maior qualidade de vida do Nordeste. Conhecida como "a porta do Sol", pois é um dos pontos mais orientais da América, é terceira capital mais antiga do Brasil e oferece pontos turísticos históricos, como casarões, igrejas e praças, além das belíssimas praias e da bem-organizada orla. (Fonte: Bonde)