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27 de novembro de 2015

No Japão, alunos limpam até banheiro da escola para aprender a valorizar patrimônio

Ajudar na limpeza ensina estudantes a terem responsabilidades e consciência social
Enquanto no Brasil escolas que "obrigam" alunos a ajudar na limpeza das salas são denunciadas por pais e levantam debate sobre abuso, no Japão, atividades como varrer e passar pano no chão, lavar o banheiro e servir a merenda fazem parte da rotina escolar dos estudantes do ensino fundamental ao médio.

"Na escola, o aluno não estuda apenas as matérias, mas aprende também a cuidar do que é público e a ser um cidadão mais consciente", explica o professor Toshinori Saito. "Ninguém reclama porque sempre foi assim."

Nas escolas japonesas também não existem refeitórios. Os estudantes comem na própria sala de aula e são eles mesmos que organizam tudo e servem os colegas.

Depois da merenda, é hora de limpar a escola. Os alunos são divididos em grupos, e cada um é responsável por lavar o que foi usado na refeição e pela limpeza da sala de aula, dos corredores, das escadas e dos banheiros num sistema de rodízio coordenado pelos professores.

Reunidos em grupos, alunos se revezam nas tarefas
"Também ajudei a cuidar da escola, assim como meus pais e avós, e nos sentimos felizes ao receber a tarefa, porque estamos ganhando uma responsabilidade", diz Saito.

Michie Afuso, presidente da ABC Japan, organização sem fins lucrativos que ajuda na integração de estrangeiros e japoneses, diz ainda que a obrigação faz com que as crianças entendam a importância de se limpar o que sujou.

Um reflexo disso pôde ser visto durante a Copa do Mundo no Brasil, quando a torcida japonesa chamou atenção por limpar as arquibancadas durante os jogos e também nas ruas das cidades japonesas, que são conhecidas mundialmente por sua limpeza quase sempre impecável.

"Isso mostra o nível de organização do povo japonês, que aprende desde pequeno a cuidar de um patrimônio público que será útil para as próximas gerações", opina.

Michie Afuso, da ONG ABC Japan, sugere intercâmbio educacional entre Brasil e Japão
Para que os estrangeiros e seus filhos entendam como funcionam as tradições na escola japonesa, muitas prefeituras contratam auxiliares bilíngues. A brasileira Emilia Mie Tamada, de 57 anos, trabalha na província de Nara há 15 e atua como voluntária há mais de 20.

"Neste período, não me lembro de nenhum pai que tenha questionado a participação do filho na limpeza da escola", conta ela.

Michie Afuso diz que, aos olhos de quem não é do país, o sistema educacional japonês pode parecer rígido, "mas educação é um assunto levado muito à sério pelos japoneses", defende.

Prática é aplicada nas escolas japonesas há várias gerações
Recentemente no Brasil, um vídeo no qual uma estudante agride a diretora da escola por ela ter lhe confiscado o telefone celular se tornou viral na internet e abriu uma série de discussões sobre violência na escola.

Outros casos de agressão contra professores foram destaques de jornais pelo Brasil nos últimos meses, como da diretora que foi alvo de socos e golpes de caneta em Sergipe e da professora do Rio Grande do Sul que foi espancada por uma aluna e seus familiares durante uma festa junina.

No Japão, este tipo de abuso dentro da escola é raro. "Desde os tempos antigos, escola e professores são respeitados. Os alunos aprendem a cultivar o sentimento de amor e agradecimento à escola", diz Emilia.

Educadores explicam que, desta forma, estudantes aprendem a 'limpar o que sujaram'
No ano passado, durante as eleições, a BBC Brasil publicou uma série de reportagens sobre a violência de alunos contra professores no Brasil. As matérias revelaram casos de professores que chegaram a tentar suicídio após agressões consecutivas e apontaram algumas das soluções encontradas por colégios públicos para conter a violência – da militarização à disseminação de uma cultura de paz entre escolas e comunidade.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que ouviu mais de 100 mil professores e diretores de escola em 34 países, o Brasil ocupa o topo de um ranking de violência em escolas – 12,5% dos professores ouvidos disseram ser vítimas de agressões verbais ou intimidação pelo menos uma vez por semana.

"Assim como o Brasil tem um programa de intercâmbio com a polícia japonesa, poderíamos ter um na área educacional", propõe Michie, da ABC Japan, ao se referir ao sistema de policiamento comunitário do Japão que foi implantado em algumas cidades do Brasil.

A brasileira lembra que a celebração dos 120 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Japão seria uma ótima oportunidade para incrementar o intercâmbio na área social e não apenas na comercial.

"Dessa forma, os professores poderiam levar algumas ideias do sistema de ensino japonês para melhorar as escolas no Brasil", sugere Michie.

Os próprios alunos servem a merenda escolar aos colegas 

30 de setembro de 2014

Mafalda e seus fãs pelo mundo todo comemoram seus 50 anos

Mafalda ganhou em 2005 sua própria praça em Buenos Aires. No local, há uma estátua da personagem.
Na foto, a criatura aparece acompanhada do seu criador, o cartunista Quino.
Nos anos de 1960, uma garotinha de classe média de Buenos Aires, indignada com as notícias de violência e guerras, gritou: “Parem o mundo, que eu quero descer”. Essa e muitas outras frases de Mafalda - principal personagem de quadrinhos do cartunista argentino Quino – deram a volta ao mundo, foram traduzidas em 20 línguas e continuam atuais. É por isso que, nesta segunda-feira (29), velhos e novos fãs da menina inconformista, que vivia questionando políticos, economistas e adultos em geral, vão comemorar seu cinquentenário.

A personagem de Quino ganhou fama internacional e foi chamada de
"heroína enraivecida" pelo escritor Umberto Eco
Ao longo de todo o ano, Mafalda e seu criador, Quino, foram homenageados na Espanha, na França e em países da América Latina. Mas a festa de aniversário oficial ocorre amanhã (29) em San Telmo – bairro de Buenos Aires, onde a menina rebelde teria nascido no dia 29 de setembro de 1964. Nessa data, ela apareceu pela primeira vez, em uma tira em quadrinhos da revista argentina Primeira Plana.

Mafalda já tem uma estátua em San Telmo mas, aos 50 anos, não estará mais sozinha: vai festejar o aniversário com dois amiguinhos, a fofoqueira Susanita (que só pensa em casar com um bom partido e ter filhos) e o materialista Manolito (cujo sonho é ter uma enorme rede de supermercados), que também vão ganhar estátuas nesta segunda-feira (29/09).

Baixinha, de cabelos curtos adornados por um enorme laço, Mafalda nasceu com seis anos e – apesar de ter sobrevivido menos de uma década (Quino decidiu parar de desenhá-la em 1973, três anos antes do último golpe militar argentino) – ganhou fama internacional. O escritor e sociólogo italiano Umberto Eco, autor de O Nome da Rosa, chegou a batizá-la de “heroína enraivecida”.

Filipe, Manolito, Susanita, Mafalda, Libertad, Mamã, Papá, Gui e Miguelito
Mafalda comentava os acontecimentos da época: eram tempos de Guerra Fria e ditaduras na América Latina. Mas suas frases, criticando a injustiça social, a destruição do meio ambiente e a falta de sensibilidade dos governantes, parecem ter sido ditas ontem. É o caso da tirinha em que pergunta o que há de errado com a “família humana” e que “todos querem ser o pai”.

Aos 81 anos, o próprio Quino manifesta sua surpresa com a personagem que ganhou vida própria. Em entrevista em abril passado, na inauguração da Feira do Livro em Buenos Aires, ele disse: “Fico surpresa quando vejo como temas que abordei há 50 anos permanecem atuais. Ate parece que desenhei a tira hoje. Deve ser porque o mundo continua cometendo os mesmos erros”. Com Agência Brasil

18 de setembro de 2013

O singular guarda-chuva e o plural da palavra. Por José Eugênio Maciel

O sociólogo, advogado e professor mourãoense José Eugênio Maciel, também conhecido como Gudé, pelos amigos e parentes, claro!, recentemente comemorou 25 anos de sua coluna domingueira no jornal Tribuna do Interior. Confesso que perdi muito poucas de suas publicações no diário mourãoense. Além de divertido, seus textos ensinam e educam. Abaixo, parte de sua coluna do último 15 de setembro, da qual gostei muito. 


“Você diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove. Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha. Você diz que ama o vento,

mas você fecha as janelas quando o vento sopra. É por isso que eu tenho medo.

Você também diz que me ama”

Willian Shakespeare

             Eu jamais perdi um guarda-chuva. Nunca! É verdade que em tempo algum eu tive um. Repito, em tempo algum. E o que tem a ver? Tem relação, guarda com a palavra tempo assim como se vincula com a palavra guarda-chuva.    

            Ao fazer compra em um mercado tinha um tipo de guarda-chuva que estava com um preço acessível. Claro, escrevo acessível levando em conta a minha condição financeira, que, modesta, daria para comprar um. Mas deixei para outra ocasião, não estava convencido o suficiente para comprá-lo, afinal, nunca tive um guarda-chuva

            Depois, à época que o frio era intenso, eis que novamente estou no mesmo mercado. Sem me lembrar inicialmente do guarda-chuva, segui fazendo compras. Aí acabei ingressando na seção onde me deparei com ele, ali, à minha disposição. O preço do guarda-chuva continuava em oferta. A minha atitude desta vez foi diferente da anterior, não vacilei, peguei um deles e pus no carinho.

            Pronto: o primeiro guarda-chuva a gente não esquece. Não esquece por ter comprado pela primeira vez. Não esquece no sentido do tempo presente, de esquecer o guarda-chuva num lugar, sem se lembrar aonde.

            Creio ser incomum que não seja o guarda-chuva um objeto para ser escolhido como presente. Quem pensaria em tal possibilidade? Se for uma escolha, ela se caracterizaria como falta de imaginação. Por outro lado é sempre um presente útil. O caro leitor pode pensar, tão útil que você nunca teve um guarda-chuva. Sim, não tinha, relaxo meu, mas existe uma grande diferença entre não ter e reconhecer a necessidade.

            Parecendo criança que ganha presente, o fato é que eu agora tenho o meu guarda-chuva.  Fiquei e estou ansioso para estreá-lo.

            …. Os dias friorentos e ventosos foram passando.... O sol, que é belo no inverno, passou a brilhar agora com as temperaturas elevadas.

            …. E nada de chover! Naqueles dias vislumbrei mais atentamente, a cor, nuvens, as estrelas.... nada de chuva!

            Me animei com as pancadas de chuva no último domingo, dia em que eu estava trabalhando.  E tem um detalhe – não me perguntem porque – eu resolvi carregar o guarda-chuva no carro. E quando terminei o meu plantão, a chuva já tinha cessado. Completamente. O meu guarda-chuva já tem um mês que o comprei. E nada de usá-lo. Não o tirei da embalagem, só pretendo quando efetivamente for usá-lo. Estou muitíssimo ansioso pela primeira vez.

            O guarda-chuva já foi marca de um grande banco brasileiro, que faliu, era o Banco Nacional. O dono dele foi governador de Minas Gerais. Magalhães Pinto, falecido. No lado esquerdo do nome do banco tinha a logomarca estilizada de um guarda-chuva aberto visto de cima.

            Em tempo: o plural de guarda-chuva é: guarda-chuvas. Com a reforma ortográfica continua com hífen.