O sociólogo, advogado e professor mourãoense José Eugênio Maciel, também conhecido como Gudé, pelos amigos e parentes, claro!, recentemente comemorou 25 anos de sua coluna domingueira no jornal Tribuna do Interior. Confesso que perdi muito poucas de suas publicações no diário mourãoense. Além de divertido, seus textos ensinam e educam. Abaixo, parte de sua coluna do último 15 de setembro, da qual gostei muito.
“Você diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove. Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha. Você diz que ama o vento,
mas você fecha as janelas quando o vento sopra. É por isso que eu tenho medo.
Você também diz que me ama”
Willian Shakespeare
Eu jamais perdi um guarda-chuva. Nunca! É verdade que em tempo algum eu tive um. Repito, em tempo algum. E o que tem a ver? Tem relação, guarda com a palavra tempo assim como se vincula com a palavra guarda-chuva.
Ao fazer compra em um mercado tinha um tipo de guarda-chuva que estava com um preço acessível. Claro, escrevo acessível levando em conta a minha condição financeira, que, modesta, daria para comprar um. Mas deixei para outra ocasião, não estava convencido o suficiente para comprá-lo, afinal, nunca tive um guarda-chuva
Depois, à época que o frio era intenso, eis que novamente estou no mesmo mercado. Sem me lembrar inicialmente do guarda-chuva, segui fazendo compras. Aí acabei ingressando na seção onde me deparei com ele, ali, à minha disposição. O preço do guarda-chuva continuava em oferta. A minha atitude desta vez foi diferente da anterior, não vacilei, peguei um deles e pus no carinho.
Pronto: o primeiro guarda-chuva a gente não esquece. Não esquece por ter comprado pela primeira vez. Não esquece no sentido do tempo presente, de esquecer o guarda-chuva num lugar, sem se lembrar aonde.
Creio ser incomum que não seja o guarda-chuva um objeto para ser escolhido como presente. Quem pensaria em tal possibilidade? Se for uma escolha, ela se caracterizaria como falta de imaginação. Por outro lado é sempre um presente útil. O caro leitor pode pensar, tão útil que você nunca teve um guarda-chuva. Sim, não tinha, relaxo meu, mas existe uma grande diferença entre não ter e reconhecer a necessidade.
Parecendo criança que ganha presente, o fato é que eu agora tenho o meu guarda-chuva. Fiquei e estou ansioso para estreá-lo.
…. Os dias friorentos e ventosos foram passando.... O sol, que é belo no inverno, passou a brilhar agora com as temperaturas elevadas.
…. E nada de chover! Naqueles dias vislumbrei mais atentamente, a cor, nuvens, as estrelas.... nada de chuva!
Me animei com as pancadas de chuva no último domingo, dia em que eu estava trabalhando. E tem um detalhe – não me perguntem porque – eu resolvi carregar o guarda-chuva no carro. E quando terminei o meu plantão, a chuva já tinha cessado. Completamente. O meu guarda-chuva já tem um mês que o comprei. E nada de usá-lo. Não o tirei da embalagem, só pretendo quando efetivamente for usá-lo. Estou muitíssimo ansioso pela primeira vez.
O guarda-chuva já foi marca de um grande banco brasileiro, que faliu, era o Banco Nacional. O dono dele foi governador de Minas Gerais. Magalhães Pinto, falecido. No lado esquerdo do nome do banco tinha a logomarca estilizada de um guarda-chuva aberto visto de cima.
Em tempo: o plural de guarda-chuva é: guarda-chuvas. Com a reforma ortográfica continua com hífen.