21 de novembro de 2012

Ione Sartor e a minha melhor partida de futsal

A foto abaixo mostra o Ione Paulo Sartor, o melhor pivô de toda história do futsal mourãoense. Ao lado dele tive a honra de conquistar duas Taças Paraná, a atual Chave Ouro do Futsal Paranaense, sempre defendendo as cores da Associação Tagliari.

Aqueles que jogam o futsal ou qualquer outro esporte deve ter uma partida inesquecível, daquelas que você pensa "essa foi a melhor partida da minha vida". Pois a melhor da minha vida ocorreu ao lado do Ione -- e acho que foi também a melhor que vi o 'gordinho' jogando, e olha que vi cada apresentação dele que daria para ficar o dia inteiro escrevendo!-- quando enfrentamos e empatamos com o então campeão brasileiro Monte Sinai do Rio de Janeiro, durante uma Taça Brasil realizada em Cuiabá, láááááá em 1981.

No texto mais abaixo, publicado no extinto semanário "Entre Rios" em agosto de 2005, conto um pouco de nossa participação em quadras cuiabanas e alguns detalhes de nosso jogo contra os cariocas, que só não ganhamos por que o Ione saiu contundido. Tinha comigo que essa fora minha melhor partida. Um dia o Valmor Barato, sem saber dessa minha opinião, me elogiou pela apresentação diante dos campeões brasileiros e daí tive certeza que fora mesmo uma bela atuação.

Ione Paulo Sartor


Amigos – sempre, os amigos- gostaram da resenha da semana passada, sobre a Taça Brasil de Clubes Campeões de Futsal, em 1981, em Cuiabá. Além do fato de ficarmos entre os seis primeiros colocados, guardo ótimas lembranças do evento e, especialmente, dos amigos que representaram muito bem nossa cidade.

Alegria maior foi perceber, logo no jogo de abertura do campeonato, que a nossa torcida era igual ou maior do que a do time da casa. Muitos mourãoenses moravam naquela região e não perderam a oportunidade de torcer pelo nosso time. Lembro-me bem dos amigos Valmor Barato e Ricardo Grabowski, que hoje já moram novamente em Campo Mourão, e da família Beccari que acompanharam todos os nossos jogos.

Junto conosco foi quase toda a família Tagliari: Dona Íris, Sônia Tagliari, a doce Maria José (falecida esposa do Itamar) e seus filhos, Lislaine, Itamarzinho e Carlinhos. 

Seu Erny Simm também foi. Ele era nosso torcedor mais fervoroso, mesmo não enxergando nada do que ocorria na quadra (estava praticamente cego).

O querido Seu Erny acompanhava nossos jogos sempre ao lado de seu acordeão, que era tocado com entusiasmo, nas vitórias ou nas derrotas. Quem assistisse ao jogo ao lado dele narrava o que acontecia na quadra e ele vibrava como se tudo enxergasse.

Além da quase tragédia na pescaria do Ione e do Carlão, narrada na resenha da edição passada, uma outra quase aconteceu com todas as delegações: no final do dia fomos alertados pela portaria do hotel para descermos pelas escadarias, porque um apartamento estava pegando fogo e era preciso evacuar todo o prédio. Com a energia elétrica desligada, apavorados, mas sem atropelos, descemos os dez andares e em frente ao hotel acompanhamos os trabalhos dos bombeiros, que competentemente apagaram um pequeno princípio de incêndio, numa cesta de lixo, no banheiro do apartamento da delegação de Amazonas. No mesmo momento em que percebemos que o Carlão Tagliari não estava conosco, ele surgiu na portaria, entre os bombeiros, carregando todo o nosso uniforme, até na boca ele carregava um cabide. Na volta ao hotel encontramos algumas camisas caídas nas escadas.  

Na primeira fase jogamos contra Tachinhas-MS (4 a 1), Corinthians-SP(2 a 2), Internacional-RS (1 a 3) e, por último, o Colegial de Florianópolis (5 a 2), que no final do nosso jogo, não permitia que cobrássemos um pênalti, agrediram o árbitro e pegaram uma das maiores penas que uma equipe de futsal já recebeu. 

Na sede campestre do hotel, à beira do Rio Cuiabá, fazíamos nossas refeições, onde enfrentávamos longa fila para comer uma comidinha apenas razoável. O Monte Sinai-RJ, campeão brasileiro do ano anterior, só chegou a Cuiabá para a segunda fase (estávamos lá há mais de dez dias). 

Os cariocas, malandramente, na primeira refeição deles convenceram ($$$) os garçons para servi-los em suas mesas. Nós na fila dando risadas dos espertos e eles rindo da nossa ingenuidade. O primeiro garçom passa direto e coloca uma enorme bandeja de arroz na mesa dos cariocas. Espanto geral! Antes do primeiro jogador do Rio de Janeiro se servir, a bandeja foi completamente coberta com açúcar por um atleta paraibano e as mesas deles foram cercadas por todos que estavam na fila, inclusive eu, mas especialmente os nordestinos, que ordenaram que eles entrassem no fim da fila e se servissem como todos. 

Naquela noite, eles estrearam empatando conosco. Acabaram bicampeões invictos e conquistaram a todos com seu futsal e simpatia, que parece ter surgido graças aos nordestinos.

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