“Árvore” é uma palavra muito genérica: há muito mais dessas plantas do que as pessoas imaginam ou conhecem. Confira algumas coisas interessantes sobre as árvores:
10. Onbashira
Alguma vez você já quis sentar-se em um enorme tronco de árvore e deslizar por uma montanha? Que pergunta ridícula; é claro que sim. Durante o festival Onbashira, que ocorre a cada seis anos no Japão, você pode fazer exatamente isso, desde os últimos 1.200 anos. Os troncos são usados como pilares nos cantos de santuários locais, mas o costume dita que eles precisam ser substituídos cada vez que chega o ano do zodíaco chinês do macaco ou do tigre (sim, apesar de serem japoneses). Os troncos são escolhidos a partir de pinheiros, que são derrubados e arrastados a mão ao seu destino. Quando a inclinação certa é alcançada, os homens sobem a bordo e testam sua bravura. O processo é tão perigoso quanto parece, com pessoas regularmente se ferindo e morrendo. Apesar disso, o festival é incrivelmente popular, atraindo mais de meio milhão de participantes. A descida da colina é apenas uma parte das festividades, que leva vários meses.
9. Drogas
A aspirina foi originalmente desenvolvida a partir de casca de salgueiro, e não é a única droga relacionada a plantas. Tal como acontece com todas as plantas, as árvores são uma rica fonte de vários compostos biológicos, por isso faz sentido que possuam produtos químicos que podem ser úteis para nós. Algumas drogas quimioterápicas são feitas a partir de teixos. Outro medicamento produzido a partir de árvores é êxtase. No Camboja, uma árvore conhecida como “mreah prew phnom” tornou-se criticamente em perigo de extinção devido ao comércio ilegal de drogas. Quatro árvores produzem um barril de safrol, um ingrediente que é sintetizado em comprimidos em laboratórios. O processo é perigoso: extrair o óleo das raízes das árvores pode causar explosão. Além disso, o impacto ambiental é devastador.
8. Aquecimento global
Um dos temas ambientais fundamentais a se levar em conta na discussão sobre extração ilegal de madeira é o impacto sobre o planeta em geral. A sabedoria convencional é que o corte de árvores acelera o aquecimento global. Faz sentido, já que as árvores pegam o carbono da atmosfera, e o devolvem a ela quando são destruídas. Mas, como é frequentemente o caso, a realidade é mais complicada. Cientistas da Universidade da Califórnia em Davis (EUA) realizaram um estudo que descobriu que se as florestas fossem eliminadas ao norte do globo (45 graus de latitude, como ao norte de Montana nos EUA ou Bordeaux na França), o efeito na verdade esfriaria o planeta. Isto é devido ao fato de que as florestas absorvem o calor do sol durante o dia e o mantém durante a noite, enquanto as áreas claras com neve refletem de volta a energia do sol para o espaço. No entanto, os cientistas salientam que as florestas têm outros benefícios, por isso não há necessidade de cortá-las ainda.
7. Fungo mortal
Um fungo tem deixado muitas árvores doentes rapidamente por todo o Reino Unido. Alguns especialistas acham que Londres poderia ficar ainda mais cinza se o surto atingir a cidade. Os cientistas têm usado a tecnologia móvel e as redes sociais para ajudar no combate à doença. Em 2012, eles lançaram o AshTag, um aplicativo que permite que as pessoas fotografem e relatem a localização de árvores doentes. O jogo Fraxinus, no Facebook, usa dados genéticos das árvores para criar quebra-cabeças, e resolvê-los pode acelerar a descoberta do que precisamos saber para produzir árvores com uma resistência à doença – como muitas pessoas “analisam os dados” em forma de jogo, isso poderia cortar décadas do tempo que uma análise científica levaria. Que tal você jogar também?
6. A árvore mais perigosa do mundo
Há um registro oficial no Livre dos Recordes Guinness para a “árvore mais perigosa do mundo”: a mancenilheira (Hippomane mancinella), encontrada no Caribe e no Golfo do México. A casca desse árvore está coberta com uma seiva que causa bolhas na pele e pode cegar uma pessoa, se entrar em contato com seus olhos. Mesmo passar sob essa árvore na chuva pode causar bolhas, porque a seiva pode escorrer para a pele. O fruto da árvore, conhecida como “maçã de praia” ou “maçã da morte”, é um pouco doce, mas muito doloroso de comer. Ulceração da boca e do esôfago ocorrerá a partir de apenas uma pequena mordida, e seu consumo pode ser letal. Fumaça da queima da madeira dessa árvore pode causar cegueira, e sua seiva tem sido historicamente usada para fazer flechas para a caça. Hoje, é uma espécie em extinção na Flórida (EUA).
5. Religião
O significado religioso de árvores no Ocidente hoje em dia tende a ser reservado para o Natal. Historicamente, no entanto, as árvores são símbolos populares de fertilidade e crescimento. Na Índia, a adoração de árvore na forma mais tradicional persiste até hoje. A figueira sagrada, ou Ficus religiosa, é uma das várias árvores reverenciadas no hinduísmo, proveniente de uma crença de que as elas têm algum nível de sensibilidade. Folhas e outras partes da planta desempenham um papel na oração e cerimônias religiosas em todo o país. A árvore Sri Maha Bodhil é a mais antiga cuja data de plantio sabemos. Foi plantada em 288 aC e pode ser encontrada em um templo no Sri Lanka. Ela representa a felicidade e tudo mais que torna uma vida boa e longa.
4. Milagre
A cidade de Rikuzentakata, na costa leste do Japão, foi quase completamente destruída durante o tsunami de 2011. A cidade era o lar de menos de 30.000 pessoas, e mais de 2.000 foram mortas, um décimo do total de vítimas do tsunami. Antes do desastre, o litoral da cidade também era o lar de 70 mil pinheiros. Depois da grande onda, apenas uma única árvore permaneceu viva. Com 250 anos de idade, ela foi naturalmente apelidada de “Milagre”. Apesar de ter sobrevivido à destruição inicial, a exposição à água salgada matou as suas raízes. Especialistas removeram a árvore e criaram raízes sintéticas, juntamente com um esqueleto de metal, para mantê-la em pé. A árvore serviu como um símbolo de esperança para a comunidade. O prefeito da cidade, viúvo depois do tsunami, disse: “O pinheiro Milagre nos deu a força e a esperança para continuar a viver”.
3. Roubo
Roubar árvores não é tarefa das mais fáceis: elas são muito grandes e, se não forem, não vale a pena roubá-las. É preciso ter recursos para roubar uma árvore, mas é um crime surpreendentemente comum por uma razão: a madeira dá muito dinheiro. Um relatório de 1996 mostrou que US$ 1 milhão (cerca de R$ 2 mi) em madeira foi roubado a cada mês só no estado de Washington (EUA). Mais recentemente, ladrões no Canadá roubaram uma árvore de cedro maciço com 800 anos de idade, em um assalto que precisou de equipamento pesado. Este não foi um incidente isolado, e é um grande problema para os parques nacionais norte-americanos. A ciência, no entanto, tem proporcionado uma ferramenta útil para a captura desses ladrões. Como organismos vivos, as árvores têm impressões digitais da mesma forma que as pessoas. Pesquisadores em Indiana (EUA) foram capazes de combinar o DNA de árvores a troncos em uma serraria. Infelizmente, proprietários de terrenos muitas vezes não percebem que suas árvores desapareceram muito tempo depois, por isso é comum que ladrões saiam impunidos.
2. Ativismo
Em 10 de dezembro de 1997, a ativista ambiental Julia Hill subiu em uma árvore pau-brasil na Califórnia (EUA) para protestar contra as práticas da madeireira Pacific Lumber Company. Ela ficou lá até 23 de dezembro de 1999, estabelecendo um recorde para o maior tempo que alguém que já ficou em uma árvore. Essa é uma forma popular de protesto entre ambientalistas do mundo todo, principalmente porque é difícil de prender e expulsar as pessoas quando elas estão vivendo muito acima do chão. O protesto é um incômodo tão eficaz que o estado americano de Oregon aprovou recentemente uma lei permitindo que empresas madeireiras processem os manifestantes, apesar de uma lei semelhante, que tornaria esse ato um crime punível com até cinco anos de prisão, não ter passado no Senado.
1. Lunáticas
Em 1971, o astronauta Stuart Roosa levou 500 sementes a bordo da nave Apollo 14, como parte de sua bagagem pessoal. Antes de ser astronauta, Roosa tinha sido um paraquedista que saltava em queima de florestas para combater incêndios. O Serviço Florestal dos EUA lhe deu as sementes por causa de sua carreira anterior. Elas orbitaram a lua 34 vezes a bordo da Apollo 14; Roosa nunca pisou na lua. Quando ele retornou à Terra, as sementes foram plantadas e, cinco anos mais tarde, mudas foram enviadas para todo o canto do país (e até mesmo no exterior) como parte das comemorações do bicentenário americano. Em seguida, todo mundo esqueceu delas. Em 1997, as árvores foram redescobertas por estudantes de uma escola fundamental em Indiana. Eles ligaram para a NASA, e ninguém tinha ideia do que a inscrição “Árvore da Lua” significava. O cientista Dave Williams resolveu investigar, e foi capaz de chegar a história de Roosa. Agora, ele já recolheu dados sobre mais de 50 delas. Existem provavelmente centenas em todo o mundo, então se você souber de alguma, pode enviá-lo um e-mail em dave.williams@nasa.gov. A triste notícia é que as árvores “siderais” foram comparadas com árvores de suas sementes irmãs que nunca deixaram a Terra, e a conclusão é de que elas são iguais.
(do Revoada/Natasha Romanzoti)