27 de maio de 2014

Os benefícios da equoterapia

Movimentos do cavalo auxiliam no resgate do equilíbrio e da coordenação motora, afetados por doenças como o Mal de Parkinson e outras síndromes

Há meses sob o tratamento conduzido pela instrutora Dora Alho,
Nicolas, de 3 anos, já consegue sentar e controlar o tronco
O uso do cavalo como método terapêutico, sobretudo para os que buscam o desenvolvimento de pessoas com algum tipo de deficiência, está se mostrando eficaz também para pessoas diagnosticadas com doença de Parkinson. A doença degenerativa, provocada por uma disfunção dos neurônios, prejudica progressivamente os movimentos e a coordenação.

O representante comercial Joel de Arruda, 61, que há oito anos descobriu ter a doença de Parkinson, não imaginava que o gosto pelo hipismo um dia o levaria à terapia complementar contra a doença. Após ser diagnosticado e perder o emprego, Joel pensou também em abandonar o hipismo, até ser informado que a equoterapia poderia ajudá-lo.

A terapia ocorre por meio da equitação, o ato de cavalgar. Segundo a instrutora Dóris Alho, educadora física especializada em equoterapia, a principal característica do tratamento é o movimento tridimensional do cavalo, ou seja, o animal se move para cima, para baixo, para as laterais, para frente e para trás. Movimentos globais, como esses, nenhum outro aparelho consegue simular. Os principais benefícios são o desenvolvimento do equilíbrio, da coordenação, melhor controle do tronco, desenvolvimento de noção de espaço e do senso tátil.

A fisioterapeuta Marília Ramalho Assunção, que ministra aulas de equoterapia, lembra que são atendidos pacientes de todas as idades e a maioria dos que procuram a terapia tem comprometimento neurológico e motor, mas alguns entram no programa apenas para buscar socialização. Ela diz que a equoterapia teve um salto na procura nos últimos dez anos.

A instrutora Dóris Alho explica que a terapia é apenas complementar ao tratamento, que deve reunir ainda o trabalho da fonoaudiologia, da fisioterapia e da terapia ocupacional. “Alguém pode dizer que sentiu melhora muito grande com a equoterapia, mas não foi só isso. Melhorou porque tem um conjunto de terapias. Não dá para medir, mas ajuda muito, especialmente no equilíbrio”, diz.

Essa melhora no equilíbrio foi percebida pelo representante comercial Joel de Arruda. “Ajuda cem por cento”, comemora. Ele conta que, além da condição física, sente-se melhor no campo emocional e, principalmente, em relação os tremores causados pela doença de Parkinson. As pernas dele também respondem melhor aos movimentos. “Às vezes queria movimentar as pernas, correr, mas não consigo. A montaria força a trabalhar todos os músculos da perna.”

O instrutor Paulo Roberto Vicente ressalta a importância dos exercícios que passa a Joel Arruda, especialmente no alongamento. Para ele, ajudar quem necessita com esse trabalho é gratificante.

Indicações
Tratamento também pode ajudar vítimas de AVC e outras doenças

A equoterapia é indicada para casos em que há comprometimento neuromotor de origem encefálica ou medular. Pode ser aplicada em pacientes com autismo, paralisia cerebral, infartados, pessoas com problemas circulatórios, psíquicos, vítimas de AVC ou que tenham deformidade de membros, deficiências auditiva, visual ou na fala. É indicada também para crianças hiperativas ou que têm desvio de atenção, pelo fato de a atividade exigir grande concentração.

Síndromes
O tratamento de síndromes também pode ser complementado com a terapia. É o caso de Nicolas Felipe Pereira, 3 anos, que sofre de síndrome de Angelman, doença caracterizada pelo atraso no desenvolvimento intelectual e dificuldades na fala.

A dona de casa Eliane da Silva Refundini, 38, mãe de Nicolas, conta que o filho foi diagnosticado aos 2 anos de idade. Ele não andava nem falava. A mãe conta que, no início, o tratamento indicado pelo fisioterapeuta lhe causou desconfiança, mas em dois meses começou a perceber mudanças positivas no comportamento da criança. Hoje, segundo ela, o menino já se senta sozinho, controla o tronco, e, com apoio, consegue até ficar em pé. “Acredito que ele ainda vai andar sozinho”, comemora (RS).

Método
Segundo a instrutora de equoterapia Dóris Alho, o método surgiu logo após a Segunda Guerra Mundial. Os soldados voltavam para casa com muitos problemas psicológicos e como havia um grande número de cavalos no exército, muitos deles eram colocados para cavalgar. A partir daí começou-se a observar progressos psicológicos e, algumas vezes, motores. Depois, estudos foram comprovando os benefícios da equoterapia. As informações são do jornal Gazeta do Povo

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