11 de julho de 2012

Destino: Morretes/PR

Passeio de trem para Morretes, no Paraná, revela história e belas paisagens no trajeto
O trecho de descida no passeio para Morretes é cercado pela vegetação natural, que passa bem pertinho das janelas
Viagens de trem habitam nossa memória como um passeio que permite curtir belas paisagens enquanto se percorre cidades tranquilamente, naquele balanço gostoso, tudo casado no ritmo que Heitor Villa-Lobos traduziu muito bem em 'Bachianas Brasileiras'. É neste clima de nostalgia, porém revelador, que a viagem de trem de Curitiba a Morretes começa.
Às 8h da manhã, a concentração da Rodoferroviária de Curitiba já é grande. Terceira idade, adolescentes, famílias inteiras e muitos estrangeiros aguardam ansiosos a liberação para o embarque. O trem que percorre os cerca de 74 km do trajeto entre as duas cidades paranaenses é composto por aproximadamente 18 vagões divididos em três classes: econômica, turística e executiva, e administrada pela Serra Verde Express. Além do trem, há o passeio com a Litorina, um vagão único de altíssimo padrão que também faz todo o percurso.
A viagem começa tranquila, atravessando diversas cidades que cercam Curitiba. Por todo o percurso é possível ver muitas araucárias, árvore símbolo da região. A aventura começa na travessia do Túnel Roça Nova, o mais elevado da linha, a 955 metros acima do nível do mar, e com 457 metros de extensão. A escuridão é tanta que é impossível enxergar sequer a pessoa que está sentada ao seu lado.
A natureza é um dos grandes atrativos do passeio. O Brasil tem hoje apenas 7% de Mata Atlântica, sendo que 4% está nesta região. E toda essa exuberância impressiona, não é a toa que este é o segundo roteiro turístico mais visitado do Paraná, depois das Cataratas de Foz do Iguaçu. As paisagens são todas dignas de cartão postal. Entre os pontos altos estão a Represa de Cangaíba, as ruínas das antigas estações, os canyons, a cachoeira Véu da Noiva, o Pico do Marumbi e a ponte São João toda construída em aço, que nos dá a sensação de estar sobrevoando por um grande abismo.
A viagem leva aproximadamente três horas e meia. O trem faz a descida em velocidade reduzida, permitindo que os turistas consigam registrar tudo com detalhes. É possível fazer o caminho de volta com o trem, mas há também a opção de subir com as vans que de hora em hora levam os turistas de volta a Curitiba.
A história da ferrovia
A Ferrovia Curitiba-Morretes-Paranguá guarda muitas histórias começando por sua construção. O projeto inicial ligaria o litoral Paranaense ao Paraguai, mas não deu certo. Em 1880 começou a construção que durou cinco anos. A obra foi um tanto quanto ousada, pois além de ser muito moderna se comparar com a falta de tecnologia da época, foi uma das primeiras a ser realizada sem mão de obra escrava.
A estrada de ferro foi inaugurada em 1885, em Paranaguá, por D. Pedro II, com mais de 40 pontes e diversos túneis. Na década de 60, o túnel de número 13 teve que ser interditado, pois não suportava mais o fluxo de trens e cargas que ficou muito intenso com o tempo. O túnel foi reconstruído e é o único em linha reta de todo o trajeto.
Hoje as atividades da ferrovia se dividem entre o turismo e o transporte de cereais e minerais, uma vez que desemboca no importante Porto de Paranaguá.
Construção histórica de Morretes, no Paraná
Morretes
A viagem pela Ferrovia Curitiba-Morretes-Paranaguá é, de fato, uma viagem no tempo. Depois de cruzar toda a serra do mar, a chegada em Morretes também surpreende, não só pela belíssima arquitetura colonial, mas também pelo calor. A cidade foi fundada em 1721 e a impressão que fica é a de que a cidade parou no tempo. Casarões bem conservados, ruas de pedra, muitas árvores e uma estrutura para receber turistas surpreendente.
E mesmo com toda a paisagem e cultura local, Morretes é reconhecida pela gastronomia - para ser mais exato, por um prato em especial: o Barreado. Aos finais de semana, muitas famílias de Curitiba vão à cidade apenas para saborear a iguaria. O prato, de origem açoriana, começou a ser preparado no século 17 e desde esta época preserva todo um ritual. O Barreado é uma espécie de ensopado de carne, mas diferente dos convencionais, pois fica no cozimento por aproximadamente vinte horas. O prato é acompanhado por arroz, farinha de mandioca e banana.
Vista da Ponte São João, no caminho do trem que segue de Curitiba a Morretes, no Paraná
Morretes ainda guarda outras curiosidades. Rica na plantação de gengibre, lá você pode saborear um delicioso e tradicional sorvete de gengibre, além de provar a famosa cachaça de banana. A cidade também é um atrativo para quem gosta de passeios mais radicais, começando pelo rafting no Rio Marumbi, que divide a cidade. É possível também praticar montanhismo, trilhas com cachoeira e passeios de bike.
Se for a Morretes de trem, não esqueça de levar uma mochila com uma troca de roupa leve, pois a mudança de clima entre Curitiba e Morretes pode ser um pouco brusca. Água, protetor solar e repelente são fundamentais. E junto com a disposição, a câmera fotográfica é obrigatória neste passeio. (via:UOL Viagem)

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