Ontem, quinta-feira, encontrei com meu querido João Silvio Persegona lá no Clube dos Trinta. Ali, na estrada velha Campo Mourão - Farol, é caminho para ele ir para o sítio da família Persegona. Às vezes percebo ele passando pela estrada e ontem ele parou para matar a saudade e tomar uma cerveja com os amigos. Relembrei dessa nossa passagem, que quase termina mal, e aproveito para repostá-la.
João Potranca era o apelido do João Silvio Persegona, porque sempre teve uma saúde de ferro e uma energia contagiante.
João Silvio Persegona |
Durante anos defendemos a seleção mourãoense de handebol. Nossos primeiros treinamentos foram feitos na quadra de asfalto bruto do Colégio Estadual. Nosso treinador, Idevalci “Idê” Maia, sabia explorar o máximo de cada um de seus atletas e com o Potranca ele sempre foi um pouco além do que me parecia normal: exigia sempre que ele, João Silvio, em todo os treinos, executasse por várias vezes uma entrada pela ala direita, que nós chamávamos de queda porque terminava sempre com o João caído após arremessar a gol. Quanto mais o Idê exigia, mais o João correspondia. A ponto de nunca ter visto ninguém executar aquele movimento com tamanha perfeição.
Em 1977, durante a fase final do Campeonato Paranaense juvenil, em Campo Mourão, fazíamos um jogo muito equilibrado contra Maringá, quando o João levou uma joelhada na barriga e caiu sem condições de voltar para o jogo – achei que ele fazia cena e gritei várias vezes para ele levantar. Para o jogo ele não voltou, mas saiu do ginásio andando e se dizendo pronto para o jogo da manhã seguinte que decidiria a competição. Nosso goleiro, João Barbosa, foi dormir na casa dele, já que os familiares do João Silvio estavam no sítio da família.
Ele passou a noite inteira com muita dor e, sem poder levantar, chamava pelo Barbosa, que não acordava de jeito algum. Pela manhã, Helena, a irmã do Silvio, foi acordá-los e o encontrou agonizando e o Barbosa dormindo como nunca. Levado ao hospital, foi operado e extirparam-lhe o baço, que havia rompido com a pancada do adversário. Correu sério risco de morte!
Sorte é que sempre teve uma saúde de ferro, por que se dependesse do sono do João Barbosa ou do meu entendimento sobre o que é encenação ou não ele estaria perdido.
Levanta João! Vamos pro pau, vamos ganhar desses caras...!!!
(Publicada originalmente no semanário "Entre Rios")
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