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14 de agosto de 2012

Aninha, Larissa e dona Odethe Schen em Curitiba

Foto mostra minha sogra, Odethe Schen, ao lado da minha filha Larissa e da minha neta Ana Letícia.

Dona Odethe reside em Curitiba. Larissa e Aninha moram comigo e a Elvira aqui em Campo Mourão. Clique na imagem para ampliar.

Larissa Haidê Schen Lima, Anna Odethe Iurk Schen e Ana Letícia Lima Conrado - Curitiba/2011

27 de janeiro de 2012

Azeite, vinho e o resto da vida. Por Elsa Quandt

Pedro da Veiga publicou belo texto da querida Elsa Quandt e tomei a liberdade de replicá-lo.

Tá.

Você envelheceu. Nem notou, mas o tempo passou.

Preste atenção... reflita sobre como está se comportando diante das coisas corriqueiras, tem agido como os velhos de sua adolescência ou ainda guarda o humor, a irreverência e o espírito aventureiro de seus 25, 30 anos?

Não... você tem agido como um velho. Quando sentou na calçada - no chão, pela última vez pra bater um papo?

Quando perdeu a hora conversando de olhos fechados ao telefone com uma paixão - ainda que platônica?

Quando foi que andou sem pressa pela chuva, quando ouviu com paciência um amigo chato, quando foi que pediu um sorvete de morango e se deliciou com a sensação gelada na língua?

Ah... mas está sempre meio ansioso, compromissos demais - ou de menos... esperando por alguma coisa que não vem, uma batida de rock que vai te embalar madrugada adentro, uma mesa de bar com companheiros de verdade, borboletas farfalhando no estômago, um corpo quente e cheio de vontade que não volta mais...

Ah, você envelheceu pelo lado de dentro, foi isso.

Mas cara, por quê? O que te fez desistir daqueles planos de ser feliz? E tudo aquilo que você quis, sonhou, planejou... onde foi que enfiou? Não, não me diga que o tempo fez estragos, que as pessoas não tem mais ânimo, que sua cara metade já não está mais aqui. Não! Você está!!! E está desperdiçando seu tempo como se não estivesse vivo e não fosse fiel aos seus sonhos.

Olha só, vai ali e pega uma taça de vinho, coloca o som da sua alma pra tocar, curta a melhor música e vá pra cozinha.

Sim, pra cozinha.

Passe suas mãos pelas formas generosas de tudo o que pode produzir uma comida boa, pegue o melhor azeite, faça um prato pra você. Mesa arrumada, perfume pelo corpo, sorriso genuíno, se agrade. O azeite é a base para viver mais e melhor. Tudo fica mais interessante com azeite... pense...

Se quiser dividir, chame alguém, há alguém que te aqueça a alma e que você nem tem notado. Sempre há, caramba!!!

Mas você anda tão chato e carrancudo, exigente e impaciente, egoísta na sua mania de achar que a vida te sacaneou que nem vê. E aquele cara que passava as noites embalado pelo rock, pelas bandas, pelas ruas, bares, mesas, pernas, camas, bancos traseiros ou de frente pra praça? Quem não levava tudo a ferro e fogo, quem tinha todo o tempo do mundo pra resolver problemas, tinha memória curta pra ofensas, tolerava atrasos, corria riscos, corria a 140 por hora - onde foi parar? Quem curtia capas de discos, quem deitava de costas e acompanhava os acordes das guitarras mais insanas, quem fumava, cheirava, aspirava e sorvia a vida sabendo que ela em si era um risco?

Cara, tô de cara!

Você esqueceu!!! Não era pra ser assim agora! Olha para você e lembre-se do que queria, ainda dá tempo de recuperar, mas depende de você.

Busque ali naquele espelho o brilho dos seus olhos, olhe bem ali no fundo que tem um monte de mensagens que ainda nem leu... tem gente esperando aquele telefonema, tem gente querendo um dedo de prosa, tem gente doida por um abraço daqueles que são só seus. Os dias que se foram já foram, mas o que vem, ah... esses te interessam!

O resto da vida espera pela sua verdade. Não se deixe engolir pela ferrugem, pelo ranço, pelo medo da corrente de ar, pelo receio de se expor, pelo corpo mais pesado, um tanto lento, pela juventude que te cerca e teima em tecer comparações...

Você agora tem a chance de ser diferente, porque igual você sempre foi! Diferente dos "velhos" da sua juventude, sua louca, maravilhosa e inconseqüente juventude... mas que mora no passado. Agora você é maduro, tem a memória repleta de determinações para quando fosse "velho" e não precisasse trabalhar mais...

Bom, chegou!!! Relaxe, aproveite, seja genuinamente livre. Seja verdadeiramente apaixonado por você, seja a melhor companhia para você mesmo. Role pelo chão com seus filhos - e se deu tudo certo, com seus netos! Mas eles ainda virão, ainda que "emprestados". Viaje pra lugares insólitos, peça comidas estranhas, arrisque, se desafie! Declare seu amor, ainda que seja por um irmão, um filho.

Pare de fazer caras e bocas pra tudo o que for diferente do seu ideal. Isso é coisa de gente velha!!! Crie e solte risadas largas pra tudo o que te encanta. Deseje e viva coisas fulminantes como paixões e alegrias - e tire da cabeça a palavra que lhe veio com o "fulminante"... Vibre com as alegrias dos amigos, aceite o diferente com a mesma naturalidade que fazia há 25 anos. É... 25 anos já cabem na sua memória fácil, fácil...

Caramba... reúna os amigos, mesmo aqueles que se perderam nas diferenças, faça novos parceiros de viagens, vá ao encontro dos virtuais, dê um abraço verdadeiro, quente, terno, fraterno, cúmplice. Crie novos laços, cheios de emoção e desapegados de padrões, de paradigmas, de exigências - as mesmas que você não quer que lhe façam...

Só assim conseguirá ser o cara legal, ligado, antenado e disputado, mas acima de tudo, será feliz e leve, sereno e completo.

Vivo, pelo resto da vida.

Texto escrito em homenagem aos amigos contemporâneos, que como eu, tendem a deixar os dias que completam anos a modificar o estilo, a vontade e o padrão que nos fez únicos e tão parecidos, todos encantados e apaixonados pela vida. 

(Elsa Luiza Quandt mora atualmente em Curitiba. Amiga de infância da minha 'Elvira, ela acabou se tornando também grande amiga/comadre minha. 
Em comum, além de sermos todos filhos de Campo Mourão, temos a benção de termos três filhas. Pena que nos vejamos tão pouco. A internet compensa um pouco essa saudade)