Mostrando postagens com marcador BBC Brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador BBC Brasil. Mostrar todas as postagens

24 de fevereiro de 2015

Chernobyl: De zona proibida a paraíso da vida selvagem


Palco do maior desastre nuclear na história, Chernobyl, na Ucrânia, se tornou um inesperado refúgio para a vida selvagem.

Recentemente, o cientista Sergei Gashchak captou imagens da zona de exclusão situada entre a Ucrânia e a Belarus, que foi fechada para habitantes após o desastre. Gashchak clicou animais que ressurgiram na região, como linces, lobos, alces e águias.

Mais de 300 mil moradores foram evacuados pouco após a explosão de um reator em Chernobyl, em 1986.

À época do desastre, poucos animais viviam no local. Mas após a saída de humanos da zona da catástrofe, mamíferos de grande porte voltaram e lá se estabeleceram. Via BBC Brasil

20 de fevereiro de 2015

Cinco truques para deixar seu computador mais veloz

Procedimentos simples como deletar programas mais pesados e adotar versões online podem ajudar a melhorar a performance do computador
"Mas acabamos de comprar o computador!", você reclama. Na verdade, você o comprou há seis anos, quando fez aquela viagem e decidiu aproveitar o valor do câmbio. Mas por que é que agora os programas demoram tanto para abrir?

Se você não é especialista em TI, mas não quer trocar de computador como troca de roupa, a BBC Brasil compilou alguns truques para ajudá-lo a manter seu Mac ou PC – são passos simples e que podem ser usados por todos, independentemente do quanto você sabe sobre computadores.

1. Faça uma desfragmentação no disco rígido
Talvez você nem saiba o que isso significa, mas pode se surpreender com a importância do procedimento na manutenção do computador.
A desfragmentação acelera a forma como seu computador lê e navega pelos documentos, "limpando" e reorganizando os dados armazenados nele.
Até os discos rígidos modernos ficam mais lentos com o passar do tempo, por causa da forma como os arquivos são guardados. À medida que arquivos são criados e deletados, eles são fragmentados e guardados em diferentes partes do disco, em vez de ficarem todos juntos. Isso faz com que o acesso aos arquivos fique menos eficiente.
Ao organizar os blocos de informação espalhados no disco rígido, você não apenas aumenta o espaço disponível na memória, mas agiliza o acesso aos dados.
A desfragmentação é especialmente necessária em PCs, que possuem um programa especial para fazê-la. Outra opção é o programa gratuito Smart Defrag 3 (para Windows 8.1).
Em Macs, a Apple afirma que a desfragmentação dificilmente precisará ser feita, porque o sistema otimiza a organização dos arquivos automaticamente. Mas se o seu Mac estiver lento, é possível usar o programa Utilitário de Disco (Disk Utility) para consertá-lo.
Se quiser tentar a desfragmentação mesmo assim, o programa iDefrag (para Apple OS X) também é gratuito.

2. Apague arquivos desnecessários
Hoje em dia é muito fácil encher um disco rígido de menos de 200 GB. E quanto mais cheio ele fica, mais difícil fica para completar qualquer ação.
Você provavelmente tem muitos arquivos antigos que nunca usa, ocupando espaço valioso em seu computador.
Você certamente tem arquivos antigos que não usa mais ocupando espaço valioso na sua máquina
Há muitos programas no mercado tanto para PCs quanto para Macs. Para usar no Windows, SpaceSniffer e WinDirStat, ambos gratuitos, ajudam a identificar os arquivos que ocupam mais espaço em seu disco rígido.
Se você usa o Mac, há um jeito ainda mais fácil de encontrar esses arquivos, usando o próprio Finder (programa padrão de gerenciamento de arquivos do OS X). Ele possibilita ver tudo o que está no Mac de maneira prática, incluindo aplicativos e programas, discos rígidos, arquivos, pastas e drives de DVD.
Você pode organizar seus arquivos e pastas por aí, buscar material em qualquer lugar em seu Mac ou deletar tudo o que não quer mais.

3. Evite executar programas automaticamente
Esta é uma das maneiras mais rápidas de deixar seu computador mais veloz – especialmente quando você liga a máquina.
Você pode ver quais programas estão sendo executados no computador em tempo real e fechá-los, se quiser.
Tanto o OS X, com o Monitor de Atividade, quanto o Windows, com o Gerenciador de Tarefas, permitem fazer isso.
Se você usa um Mac, procure em Preferências do Sistema, selecione "Usuários e Grupos" e clique nos processos que quer parar.
Se você tem um PC, você pode usar o software gratuito Autoruns, que controla todos os programas executados automaticamente.

4. Elimine vírus e 'malware'
Alguns insistem que é possível ficar sem um programa antivírus, afirmando que eles usam muita memória e poder de processamento, especialmente em PCs mais antigos.
Mas para quem não é especialista, é melhor se prevenir e instalar o programa.
É importante escolher o antivírus de acordo com as especificações do seu computador. Alguns dos programas que usam menos memória e processamento são o Microsoft Security Essentials, o Panda Cloud e o Avira. Para PCs, a lista é bem longa.
Apesar do mito popular de que Macs não são vulneráveis a vírus, suspeite se seu computador estiver mais lento do que o normal. Use uma ferramenta gratuita como o Avast ou o Sophos.

5. Use aplicativos web
Para que instalar o Office se você pode usar programas online gratuitos como Google Docs, o Adobe Buzzword ou com os conjunto de programas Zoho e Peepel?
Aplicativos web, abertos em um navegador, conseguem desempenhar quase todas as funções necessárias para criar ou compartilhar arquivos.
Eles também têm duas vantagens: são mais leves (por isso exigem menos poder de processamento para serem executados) e não enchem o disco rígido.
Se você tentar estes cinco passos e, mesmo assim, seu computador não executar as tarefas mais rápido, talvez seja a hora de chamar um técnico – ou de investir em uma nova máquina!

9 de fevereiro de 2015

Uso de tablets ou computador prejudica sono, diz estudo

Uso de tablets ou computador prejudica sono, diz estudo
Olhar para tela luminosa antes de dormir pode enviar sinais errados ao cérebro e atrapalhar sonolência

Um estudo realizado na Noruega sugere que a qualidade do sono de um adolescente está relacionada ao tempo gasto em frente a uma tela de um tablet ou smartphone.

Pesquisadores da Uni Research Health, em Bergen, na Noruega, analisaram quase 10 mil adolescentes entre 16 e 19 anos. E concluíram haver uma ligação entre o uso destes aparelhos por mais de duas horas após a escola com o sono adiado e o sono mais curto.

Na pesquisa, os adolescentes foram questionados sobre a rotina de sono em dias de semana e nos finais de semana. E também quanto tempo passavam em frente à tela dos tablets e smartphones fora da escola.

Em média, as meninas disseram que passavam cerca de cinco horas e meia por dia assistindo TV ou usando computadores, smartphones ou outros aparelhos eletrônicos. E os meninos passavam um tempo um pouco maior, cerca de seis horas e meia por dia, em média.

Quase todos os adolescentes noruegueses pesquisados afirmaram que usaram os aparelhos pouco antes de ir dormir. E muitos destes adolescentes relataram que dormiam menos de cinco horas por noite.

A pesquisa foi publicada na revista especializada BMJ.

Qualquer tela

Segundo os pesquisadores, qualquer tipo de tela usada durante o dia e pouco antes de dormir parece ter prejudicado o sono dos adolescentes que participaram do estudo.

E, quanto mais tempo eles passaram em frente a estas telas, maior a perturbação e menor a duração do sono.

Quando o tempo passado em frente às telas durante o dia totalizava quatro horas ou mais, os adolescentes tinham um risco 49% maior de precisar de mais do que uma hora para conseguir pegar no sono.

Estes adolescentes também tinham uma tendência a dormir menos do que cinco horas por noite.

De acordo com Mary Hysing e os outros pesquisadores da Uni Research Health, em Bergen, pode ser que, ao usar estes aparelhos eletrônicos para jogos ou outras atividades, os adolescentes tenham menos tempo para fazer outras coisas, incluindo dormir.

Mas, pode ser que o tempo passado em frente a estas telas esteja interferindo com a sonolência.

Olhar para a tela iluminada na hora de dormir pode enviar sinais errados para o cérebro, perturbando o relógio biológico e fazendo com que a pessoa fique mais alerta, sugerem os cientistas.

"Sabemos que um tempo suficiente de sono é essencial para a boa saúde física e mental. Desconectar (destes aparelhos) pode ser uma medida importante para garantir uma boa noite de sono", disse Hysing.

"Este estudo é importante pois fornece provas empíricas de que o uso de aparelhos eletrônicos antes de dormir realmente reduz a duração do sono", afirmou Russell Foster, especialista em sono e neurociência da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha.

E, para Foster, os adolescentes precisam ser alertados. [ BBC BRASIL ]

5 de fevereiro de 2015

Vídeo amador mostra reação horrorizada de motorista a queda de avião


Novas imagens divulgadas em redes sociais mostram a reação de motoristas que passavam pela ponte atingida por um avião da TransAsia antes de sua queda.

Pelo menos 19 pessoas morreram na queda da aeronave, que tinha 58 pessoas a bordo.

Diversas cenas foram postadas na internet mostrando que o avião bateu na ponte antes de cair no rio, logo após a decolagem no aeroporto de Taipei, capital de Taiwan.

O novo vídeo mostra uma mulher gritando, assustada, enquanto o avião cruza a ponte.

A fuselagem da aeronave se partiu e ele está parcialmente submersa no rio Keelung. Equipes de resgate tentam salvar sobreviventes.

O avião modelo ATR-72 havia acabado de decolar do aeroporto Taipei Songshan e estava indo para as ilhas de Kinmen, na costa sudeste da China, segundo a agência de notícias oficial de Taiwan.

Um jornal local divulgou uma gravação com o que seria a última conversa entre pilotos e controle de tráfego. A autenticidade ainda não foi confirmada, mas eles teriam dito "Socorro, socorro, há fogo no motor".

As "caixas-pretas" do avião já foram resgatadas.

Em julho, outro avião da TransAsia havia caído, devido ao mau tempo, deixando 48 mortos.


8 de janeiro de 2015

Como deveria ser a lição de casa na era da internet?

Alguns especialistas defendem menos tarefas repetitivas e mais estímulos à criatividade


Em vez de memorização e cópia de palavras, um jogo de raciocínio para ser completado pelos estudantes com a ajuda dos pais. Em vez de pesquisar e copiar informações sobre um tema de história, o aluno grava um vídeo com a interpretação dele dos conceitos estudados e publica-o no YouTube.

As ideias acima são parte de uma nova forma de encarar as lições de casa, e algumas começam a ser aplicadas no Brasil.

Num momento em que a tecnologia muda o acesso à informação e novas habilidades são exigidas dos estudantes, educadores e especialistas têm repensado os formatos e objetivos das tarefas extraclasse.

"Quando a informação era muito restrita à sala de aula, a lição de casa era voltada apenas a exercícios de fixação e de prática do conteúdo", diz Claudio Franco, diretor de novos negócios da Mindlab, empresa de tecnologias educacionais provedora de escolas públicas e privadas.

Hoje, ante a informação inesgotável da internet, "o dever de casa deve estar mais ligado ao aluno pesquisando e construindo conhecimento, para que a sala de aula seja um espaço de debate e síntese de conceitos".

A empresa aplica, como tarefas de casa, jogos de raciocínio (online ou de tabuleiro) que reforcem conceitos estudados em classe. Também estimula a produção de vídeos por parte dos alunos, em que eles sintetizem o que aprenderam na aula.

Em Natal (RN), por exemplo, escolas públicas têm adotado jogos – em sala de aula e em casa – como parte do aprendizado.

A Clickideia, provedora de conteúdo e metodologia pedagógica, também tem desenvolvido exercícios de casa que envolvam jogos virtuais e atividades lúdicas. A ideia é que as atividades tenham, ainda, a função de avaliar o aprendizado – forçando o aluno a refazer etapas que tenha errado e avisando ao professor o que foi acertado.

A escritora e jornalista Ana Kessler, mãe de Ana Beatriz, 9, aluna da rede privada em São Paulo, diz que, na prática, muitas das lições de sua filha ainda são parecidas com as de antigamente. "E o básico tem de ter mesmo, tabuada ainda é aprendida na memorização. Como as crianças de hoje são muito dispersas e fazem tudo ao mesmo tempo, tarefas que ajudem a fixar são importantes."

Ao mesmo tempo, Ana vê Bia mais entusiasmada com tarefas extraclasse diferentes, que também são passadas pela escola: "A classe dela já faz apresentações em PowerPoint, algo que eu só fui fazer quando mais velha. Ou monta uma maquete de pulmão usando garrafas PET. São projetos mais interativos, interessantes e ligados ao dia a dia dela."

Lição ou não?
Em diversos países, o dever de casa tem sido tema de debate nos últimos anos. Tarefas devem ser aplicadas todos os dias, sempre? Qual o volume adequado de lição?

Na China, a pressão excessiva sobre os estudantes levou o Ministério de Educação a ordenar a redução, no ano passado, da quantidade de atividades extraclasse impostas.

Países como a China debatem limites da lição de casa
Na Finlândia, dona de um dos mais bem-sucedidos sistemas de ensino do mundo, lições de casa só são aplicadas “quando forem significativas e interessantes aos estudantes”, disse à BBC Brasil por e-mail Pasi Sahlberg, especialista em educação no país. “Simplesmente repetir várias vezes tarefas rotineiras não é interessante.”

Nos EUA, especialistas consultados pela BBC Brasil tampouco recomendam que lições de casa sejam impostas simplesmente “porque sim” e sugerem que educadores reflitam a respeito das tarefas sugeridas.

“O objetivo é dar aos estudantes métodos que façam sentido para eles, que funcionem conforme seus estilos de aprendizado”, escreve Cathy Vatterott, professora de educação da Universidade de Missouri-St. Louis e autora do livro Rethinking Homework (repensando a lição de casa, em tradução livre).

Vatterott defende também que a lição de casa tenha propósito e permita que o aluno desenvolva um projeto autoral.

"Projetos como cortar e colar ou desenhar muitas vezes são ineficientes (para a assimilação de conteúdo), mesmo que os professores os tenham indicado com a melhor das intenções", opina.

"Há formas mais eficazes de demonstrar o aprendizado: em vez de construir um modelo do Sistema Solar, estudantes podem representar os extremos de temperatura dos planetas, os períodos de rotação da Terra, a importância da inércia e gravidade ou criar um vídeo para mostrar seus conhecimentos de cada passo."

Ana Kessler, mãe da Ana Beatriz, não se incomoda tanto com o fato de sua filha ter bastante lição para fazer - apesar de muitas atribuições, como comprar e imprimir materiais diversos - recaírem sobre os pais. "Para muitas crianças de cidades grandes, não estar fazendo lição de casa muitas vezes significa estar diante da TV. E aprender a fazer muitas tarefas faz parte da vida."

Já Alfie Kohn, outro pesquisador do assunto nos EUA – e duro crítico da lição de casa em geral –, sugere, em artigo, uma participação mais ativa dos alunos na hora de decidir que tarefas devem ou não ser aplicadas.

"Use a lição como uma oportunidade de envolver os estudantes", diz ele em artigo. "Uma discussão a respeito pode ser válida por si só. Se as opiniões forem distintas, a decisão sobre o que fazer – votar? Conversar até se chegar num consenso? Buscar um meio-termo? – desenvolverá habilidades sociais e crescimento intelectual."

Participação dos pais
No Brasil, onde deficiências de educação em geral ainda são graves, pesquisadores, como o Instituto Ayrton Senna, veem a lição como um aliado importante para a fixação do conteúdo aprendido em aula e como um elo entre a escola e a família dos alunos.

Mindlab propõe jogos para serem resolvidos em casa, alguns com ajuda da família
"A lição serve para continuar o desenvolvimento do jovem, trabalhar conceitos e criar um vínculo com as famílias", diz Sandra Garcia, diretora pedagógica da Mindlab.

Ao jogar com o filho um jogo pedagógico, "os pais verão como os filhos pensam, resolvem desafios, lidam com a perda", opina Garcia – para quem esse momento qualifica o tempo passado entre pais e filhos.

Ricardo Falzetta, gerente de conteúdo do movimento Todos Pela Educação, elogia exercícios que envolvam os pais, mas ressalta que a participação destes na lição de casa dos filhos deve ser cuidadosa e limitada.

"A função principal da lição é diagnosticar a autonomia dos alunos em relação ao conteúdo", diz. "A família tem que estar perto, perguntar se o filho fez a lição ou teve dúvidas, oferecer um ambiente com iluminação e silêncio, ajudar desde que não de forma recorrente, mas não dar a solução da tarefa." [BBC Brasil]

5 de janeiro de 2015

'Beijo de mosca em flor' vence concurso de fotos da Sociedade Ecológica Britânica

Imagens de libélulas, cobras, gaivotas em locais históricos e até de uma zebra morta foram selecionadas.

Mais de 200 imagens foram recebidas, um novo recorde para a competição, mostrando paisagens da África, Ásia, Américas e Europa. 

A British Ecological Society escolheu as fotos vencedoras de seu prêmio anual. A imagem vencedora foi feita em um quintal na Suécia, por Alejandro Ruete, um pós-graduando da Universidade Sueca de Ciências da Agricultura. Ruete chamou esta foto de 'Beijo no Quintal'. (Foto: Alejandro Ruete)


Esta foto, chamada 'Caminhando pela Linha', foi feita por Gillian Lu e mostra agricultores navegando em plantações de arroz na província de Yunnan, na China. Foi a vencedora do prêmio na categoria Estudante. (Foto: Gillian Liu)

O juízes também deram muito destaque para esta foto feita por Roxane Andersen em um pântano da Sibéria, mostrando uma libélula presa em uma planta carnívora. (Foto: Roxane Andersen)

O segundo classificado geral foi Benjamin Blonder, da Universidade do Arizona, nos EUA, com esta foto da vegetação isolada no ambiente extremo do Vale da Morte, na Califórnia. (Foto: Benjamin Blonder)

A imagem de uma cobra se elevando da água de uma lagoa na Romênia, para respirar, foi feita por Silviu Petrovan. Ele venceu na categoria Organismos Completos e Populações. (Foto: Silviu Petrovan)

Esta foto, que usou o recurso de uma exposição longa, foi feita por PEter Steward e mostra mariposas atraídas por uma lâmpada no Parque Nacional Tsavo West, Quênia. Foi a vencedora na categoria Ecologia e Sociedade. (Foto: Peter Steward)

Flagrados durante o acasalamento, um ato que dura apenas alguns segundos, estas libélulas fotografadas por Karine Monceau, venceram na categoria Ecossistemas e Comunidades. (Foto: Karine Monceau)

Para ver todas as fotos, visite o site da BBC Brasil

11 de dezembro de 2014

Gata emburrada vira 'galinha dos ovos de ouro' nos EUA

O sucesso da "Gata emburrada" rendeu acordos comerciais como o lançamento de uma linha especial de ração felina
Fotos de gatos em diversas poses são uma ocorrência comum nas mídias sociais, mas "Grumpy Cat" não é apenas mais um felino. A gata de expressão "emburrada" não apenas fez mais fama, como se tornou uma espécie de galinha de ovos de ouro.

Estrela de comerciais de TV e até de uma linha especial de comida nos Estados Unidos, o animal já rendeu milhões de dólares para sua dona, Tabatha Bundesen, que em apenas dois anos viu sua vida se transformar.

Em setembro de 2012, a então garçonete de um restaurante da cidade de Morristown, no estado americano do Arizona, publicou uma foto da gata, originalmente batizada de Tardar Sauce, no site de compartilhamento de conteúdo Reddit. Nascida com uma deformidade congênita que afetou o crescimento dos ossos da face, a gata parece ter um semblante constantemente contrariado.

Um dos livros explorando a imagem do felino
chegou às listas de mais vendidos do "New York Times"
Em questão de dias, a imagem se tornou "viral" nas mídias sociais e não demorou muito para que a "Gata Emburrada" se tornasse uma sensação comercial que ganhou espaço surpreendente na mídia tradicional - o felino foi mencionado em reportagem na capa do Wall Street Journal em maio do ano passado e participou de programas de TV como Vila Sésamo e o MTV Awards.
"Pude largar meu emprego numa questão de dias e desde então meu telefone não parou de tocar", disse a agora ex-garçonete ao jornal britânico Daily Telegraph.

Emburrada mas feliz

A gata "lançou" dois livros e um deles esteve nas listas de mais vendidos do jornal New York Times.

Uma deformidade congênita provoca o semblante aparentemente contrariado do felino, que se transformou numa sensação mundial
Ela também despertou interesse comercial, emprestando seu nome para uma linha de comida felina - na embalagem dos produtos, frases como "O sabor poderia ser pior" e "Tanto faz" acompanham imagens de Tardar Sauce.

Há também animais de pelúcia e mesmo um filme de natal. Tudo disponível na página na internet criada por Bundensen. Especula-se que a "Gata Emburrada" possa ter movimentado cerca de US$ 100 milhões - um montante que a deixaria à frente de estrelas de cinema como Nicole Kidman e mesmo o mais recente laureado com o Oscar de melhor ator, Matthew McConaughey.

Dona da gata, Bundesen nega a estimativa de que animal tenha movimentado US$ 100 milhões. Ela, porém, vive da fama do felino
Sua dona, porém, desconversa e diz que "nem de longe" o felino, cuja página no Facebook tem mais de seis milhões de "curtidas", vale tanto.

"É surpreendente que Grumpy Cat possa dar tanta alegria para tanta gente. Ela é apenas uma gata", afirmou Bundesen durante uma recente aparição pública do felino numa livraria da cidade americana de Phoenix.

Mas o fato de Tardar Sauce ter um empresário - ainda que ele tenha se recusado a comentar a especulação sobre a fortuna da cliente - sugere que o bicho ganha mais do que muitos humanos. [BBC Brasil]

13 de novembro de 2014

Agência espacial capta 'canto' de cometa; ouça



O "canto" do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, divulgado pela Agência Espacial Europeia na internet, virou um mistério para cientistas e internautas.

Na quarta-feira, em um feito inédito, um robô do tamanho de uma máquina de lavar roupas, a sonda Philea, conseguiu pousar no cometa. A análise da composição da superfície do corpo celeste pode oferecer novas pistas sobre a formação do Sistema Solar e da vida na Terra.

A música - como os próprios pesquisadores se referiram a ela - foi captada pela nave espacial Rosetta e é inaudível para o ouvido humano. Para que pudesse ser ouvida, seu volume teve que ser aumentado cerca de 10 mil vezes.

"Isso é emocionante porque é completamente novo para nós. Não esperávamos isso e ainda estamos tentando entender a física do que está acontecendo", disse Karl-Heinz Glaßmeier, chefe de departamento de Física Espacial na Technische Universität Braunschweig, da Alemanha, ao blog RESA Rosetta.

Segundo o blog, o barulho provavelmente é produzido pela atividade do cometa, que libera partículas neutras para o espaço, onde elas colidem com as partículas de alta energia. No entanto, "o mecanismo físico exato por trás das oscilações permanece um mistério", diz o blog.

Já a explicação dos internautas foi mais criativa. No SoundCloud, rede de compartilhamento de áudio onde o som foi postado, muitos levantaram a hipótese de que o barulho fosse de um ET.

"Talvez seja o som de um alienígena gritando 'me ajudem, estou preso dentro de um cometa'", comentou Alan Hayward.

"Isso é maravilhoso. Seria arrogante pensar que estamos sozinhos no universo. Não estou dizendo que são aliens, mas estou realmente ansioso para descobrir o que está fazendo esse som...", escreveu Ronnie Wonders.

"Tem ETs fazendo pipoca naquele planeta", comentou Dan Maxe.

O áudio foi ouvido quase 950 mil vezes no SoundCloud e compartilhado 13 mil vezes no Facebook

Áudio cortesia de ESA / Rosetta / RPC / RPC-Mag

8 de outubro de 2014

Feirante que já doou R$ 850 mil diz viver com R$ 7 por dia

Chen Shu-chu é uma feirante de 63 anos e que, silenciosamente, já doou mais de R$ 850 mil para sua cidade, Taitung, em Taiwan.

Não importa o quanto ela ganhe. Ela diz precisar de apenas R$ 7 por dia para viver. O resto, conta, é todo doado.

Pobreza sempre esteve na vida dela. A mãe morreu durante complicações em um parto, o que obrigou-a a abandonar a escola para ajudar a família.

O irmão dela também morreu, alguns anos depois, porque a família não tinha dinheiro para remédios.

As tragédias serviram de inspiração. Muitas crianças cresceram com ajuda das doações em dinheiro e em alimentos que ela faz.

Apesar de problemas nas costas e nos joelhos, Chen Shu-chu diz não ter planos de se aposentar.

"Espero poder fazer isso para sempre", diz ela, que trabalha 18 horas por dia, seis dias por semana.

"Todos podem fazer isso (doações), não só eu", sugere. "Afinal, você não levará seu dinheiro quando deixar esse mundo".

18 de setembro de 2014

Foto de índio brasileiro vence concurso global


Expor a rica diversidade dos povos indígenas: esse foi o objetivo do primeiro concurso global de fotografia lançado pela ONG Survival International, que luta em defesa dos direitos dos povos indígenas.

E a foto eleita vencedora foi tirada em terras brasileiras. O fotógrafo italiano Giordano Cipriani captou toda a cor e a expressão de um índio da tribo Asurini, do Tocantins, e faturou o prêmio, deixando para trás concorrentes de várias partes do mundo.

A Survival International aproveitou o concurso para lançar o calendário para 2015 We, The People (Nós, As Pessoas, em tradução livre).

As fotografias apresentam, entre outros, registros da tribo Tarahumara, no México, conhecida por ter corredores de longa distância, e o ritual de saltar bois da tribo de Hamer, na Etiópia. [BBC Brasil]













1 de setembro de 2014

Uso exagerado das 'telinhas' pode insensibilizar crianças

Estudo questiona uso excessivo de tablets e celulares por crianças
Um estudo da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, indica que o uso exagerado de equipamentos digitais pode atrapalhar a capacidade de crianças em reconhecer emoções de outras pessoas.

Pesquisadores do departamento de psicologia observaram 105 alunos de 11 e 12 anos, divididos em dois grupos, e perceberam que depois de cinco dias sem acesso às telas de celulares, tablets ou televisores, eles passaram a identificar emoções muito melhor.

No estudo publicado na revista especializada Computers in Human Behaviour os psicólogos afirmam que o efeito da mídia digital pode ser muito mais danoso que se imagina.

"Muitos olham para os benefícios da mídia digital na educação, mas não há muitos que estudam o custo disso", afirmou uma das autoras da pesquisa, Patricia Greenfield.

"Sensibilidade reduzida diante de sinais emocionais, ou uma certa perda da capacidade de entender as emoções dos outros, é um deles", disse.

Ela diz ainda que a troca da interação interpessoal pela interação via telas parece estar reduzindo o "traquejo social".

Os alunos da rede pública californiana foram separados em dois grupos: 51 passaram cinco dias no Instituto Pali, um acampamento para ciência e natureza cerca de 110km a leste de Los Angeles, enquanto os outros 54 continuaram em sua escola em Los Angeles (eles também passaram cinco dias no acampamento depois do estudo).

O acampamento não permite o uso de equipamentos eletrônicos, o que muitos alunos acharam difícil nos primeiros dias. No entanto, a maioria se adaptou à situação rapidamente.

No início do estudo, ambos os grupos tiveram avaliada a capacidade de reconhecer emoções em outras pessoas através de fotos e vídeos.

Depois de cinco dias no Instituto Pali, os 51 alunos apresentaram uma melhora significativa nesta capacidade.

Já os que continuaram imersos nas "telinhas" não tiveram grande melhora.

"Não se pode aprender a ler sinais não-verbais a partir de uma tela da mesma forma que se aprende na comunicação cara a cara. Sem essa prática, perde-se importantes habilidades sociais", disse outra autora do estudo, Yalda Uhls.

O conselheiro do governo britânico para questões de infância, Reg Bailey, também recentemente criticou o uso excessivo de equipamentos eletrônicos.

Para ele, os pais estão deixando as "telas assumirem o controle" e recomendou que as famílias passassem mais tempo conversando.

Bailey afirmou que as famílias deveriam considerar "refeições sem-telinhas" para estimular o contato pessoal. [BBC Brasil

11 de agosto de 2014

10 perguntas para entender o conflito entre israelenses e palestinos


Israel anunciou a retomada dos ataques aéreos a Gaza, após militantes palestinos terem disparados foguetes contra o território israelense após o final de um período de 72 horas de cessar-fogo, encerrado na manhã desta sexta-feira.
O Exército israelense classificou os ataques como "inaceitáveis, intoleráveis e míopes". O grupo militante palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, havia rejeitado a extensão do cessar-fogo, alegando que Israel não atendeu suas demandas.
O atual conflito na Faixa de Gaza já dura um mês, sem perspectivas de um acordo de longo prazo que coloque fim à violência que já matou mais de 1.900 pessoas, a maioria civis.
As cicatrizes do confronto são visíveis, principalmente na Faixa de Gaza. De acordo com a ONU, cerca de 373 mil crianças irão necessitar de apoio psicossocial. Aproximadamente 485 mil pessoas foram deslocadas para abrigos de emergência ou casas de outras famílias palestinas.
Além disso, 1,5 milhão de pessoas que não vivem em abrigos estão sem acesso a água potável.
Mas para compreender o conflito israelense-palestino é preciso olhar além dos números.

A BBC responde a dez perguntas básicas para entender por que esse antigo conflito entre israelenses e palestinos é tão complexo e polarizado.

1. Como o conflito começou?
O movimento sionista, que procurava criar um Estado para os judeus, ganhou força no início do século 20, incentivado pelo antissemitismo sofrido por judeus na Europa.
A região da Palestina, entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, considerada sagrada para muçulmanos, judeus e católicos, pertencia ao Império Otomano naquele tempo e era ocupada, principalmente, por muçulmanos e outras comunidades árabes. Mas uma forte imigração judaica, alimentada por aspirações sionistas, começou a gerar resistência entre as comunidades locais.
Após a desintegração do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial, o Reino Unido recebeu um mandato da Liga das Nações para administrar o território da Palestina.
Mas, antes e durante a guerra, os britânicos fizeram várias promessas para os árabes e os judeus que não se cumpririam, entre outras razões, porque eles já tinham dividido o Oriente Médio com a França. Isso provocou um clima de tensão entre árabes e nacionalistas sionistas que acabou em confrontos entre grupos paramilitares judeus e árabes.
Após a Segunda Guerra Mundial e depois do Holocausto, aumentou a pressão pelo estabelecimento de um Estado judeu. O plano original previa a partilha do território controlado pelos britânicos entre judeus e palestinos.
Após a fundação de Israel, em 14 de maio de 1948, a tensão deixou de ser local para se tornar questão regional. No dia seguinte, Egito, Jordânia, Síria e Iraque invadiram o território. Foi a primeira guerra árabe-israelense, também conhecida pelos judeus como a guerra de independência ou de libertação. Depois da guerra, o território originalmente planejado pela Organização das Nações Unidas para um Estado árabe foi reduzido pela metade.
Para os palestinos, começava ali a nakba, palavra em árabe para "destruição" ou "catástrofe": 750 mil palestinos fugiram para países vizinhos ou foram expulsos pelas tropas israelenses.
Mas 1948 não seria o último ano de confronto entre os dois povos. Em 1956, Israel enfrentou o Egito em uma crise motivada pelo Canal de Suez, mas o conflito foi definido fora do campo de batalha, com a confirmação pela ONU da soberania do Egito sobre o canal, após forte pressão internacional sobre Israel, França e Grã-Bretanha.
Em 1967, veio a batalha que mudaria definitivamente o cenário na região - a Guerra dos Seis Dias. Foi uma vitória esmagadora para Israel contra uma coalizão árabe. Após o conflito, Israel ocupou a Faixa de Gaza e a Península do Sinai, do Egito; a Cisjordânia (incluindo Jerusalém Oriental) da Jordânia; e as Colinas de Golã, da Síria. Meio milhão de palestinos fugiram.
Israel e seus vizinhos voltaram a se enfrentar em 1973. A Guerra do Yom Kippur colocou Egito e Síria contra Israel numa tentativa dos árabes de recuperar os territórios ocupados em 1967.
Em 1979, o Egito se tornou o primeiro país árabe a chegar à paz com Israel, que desocupou a Península do Sinai. A Jordânia chegaria a um acordo de paz em 1994.

2. Por que Israel foi fundado no Oriente Médio?
A religião judaica diz que a área em que Israel foi fundado é a terra prometida por Deus ao primeiro patriarca, Abraão, e seus descendentes.
A região foi invadida pelos antigos assírios, babilônios, persas, macedônios e romanos. Roma foi o império que nomeou a região como Palestina e, sete décadas depois de Cristo, expulsou os judeus de suas terras depois de lutar contra os movimentos nacionalistas que buscavam independência.
Com o surgimento do Islã, no século 7 d.C., a Palestina foi ocupada pelos árabes e depois conquistada pelas cruzadas europeias. Em 1516, estabeleceu-se o domínio turco, que durou até a Primeira Guerra Mundial, quando o mandato britânico foi imposto.
A Comissão Especial das Nações Unidas para a Palestina disse em seu relatório à Assembleia Geral em 3 de setembro de 1947 que as razões para estabelecer um Estado judeu no Oriente Médio eram baseados em "argumentos com base em fontes bíblicas e históricas", na Declaração de Balfour de 1917 - em que o governo britânico se pôs favorável a um "lar nacional" para os judeus na Palestina - e no mandato britânico na Palestina.
Reconheceu-se a ligação histórica do povo judeu com a Palestina e as bases para a constituição de um Estado judeu na região.
Após o Holocausto nazista contra milhões de judeus na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, cresceu a pressão internacional para o reconhecimento de um Estado judeu.
Sem conseguir resolver a polarização entre o nacionalismo árabe e o sionismo, o governo britânico levou a questão à ONU.
Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral aprovou um plano de partilha da Palestina, que recomendou a criação de um Estado árabe independente e um Estado judeu e um regime especial para Jerusalém.
O plano foi aceito pelos israelenses mas não pelos árabes, que o viam como uma perda de seu território. Por isso, nunca foi implementado.
Um dia antes do fim do mandato britânico da Palestina, em 14 de maio de 1948, a Agência Judaica para Israel, representante dos judeus durante o mandato, declarou a independência do Estado de Israel.
No dia seguinte, Israel solicitou a adesão à ONU, condição que alcançou um ano depois. Hoje, 83% dos membros da ONU reconhecem Israel (160 de 192).

3. Por que há dois territórios palestinos?
Relatório da Comissão Especial das Nações Unidas para a Palestina à Assembleia Geral, em 1947, recomendou que o Estado árabe incluiria a área oeste da região da Galileia, a região montanhosa de Samaria e Judeia com a exclusão da cidade de Jerusalém e a planície costeira de Isdud até a fronteira com o Egito.
Mas a divisão do território foi definida pela linha de armistício de 1949, estabelecida após a primeira guerra árabe-israelense.
Os dois territórios palestinos são a Cisjordânia (incluindo Jerusalém Oriental) e a Faixa de Gaza. A distância entre eles é de cerca de 45 km de distância. A área é de 5.970 km2 e 365 km2, respectivamente.
Originalmente ocupada por Israel, que ainda mantém o controle de sua fronteira, Gaza foi ocupada pelo Exército israelense na guerra de 1967 e foi desocupada apenas em 2005. O país, no entanto, mantém um bloqueio por ar, mar e terra que restringe a circulação de mercadorias, serviços e pessoas.
Gaza é atualmente controlada pelo Hamas, o principal grupo islâmico palestino que nunca reconheceu os acordos assinados entre Israel e outras facções palestinas.
A Cisjordânia é governada pela Autoridade Nacional Palestina, governo palestino reconhecido internacionalmente, cujo principal grupo, o Fatah, é laico.

4. Israelenses e palestinos nunca se aproximaram da paz?
Após a criação do Estado de Israel e o deslocamento de milhares de pessoas que perderam suas casas, o movimento nacionalista palestino começou a se reagrupar na Cisjordânia e em Gaza, controlados pela Jordânia e Egito, respectivamente, e nos campos de refugiados criados em outros países árabes.
Pouco antes da guerra de 1967, organizações palestinas como o Fatah, liderado por Yasser Arafat, formaram a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e lançaram operações contra Israel, primeiro a partir da Jordânia e, depois, do Líbano. Os ataques também incluíram alvos israelenses em solo europeu.
Em 1987, teve-se início o primeiro levante palestino contra a ocupação israelense. A violência se arrastou por anos e deixou centenas de mortos. Um dos efeitos da intifada foi a assinatura, entre a OLP e Israel em 1993, dos acordos de paz de Oslo, nos quais a organização palestina renunciou à "violência e ao terrorismo" e reconheceu o "direito" de Israel "de existir em paz e segurança", um reconhecimento que o Hamas nunca aceitou.
Após os acordos assinados em Oslo, foi criada a Autoridade Nacional Palestina, que representa os palestinos nos fóruns internacionais. O presidente é eleito por voto direto. Ele, por sua vez, escolhe um primeiro-ministro e os membros de seu gabinete. Suas autoridades civis e de segurança controlam áreas urbanas (zona A, segundo Oslo). Somente representantes civis - e não militares - governam áreas rurais (área B).
Jerusalém Oriental, considerada a capital histórica de palestinos, não está incluída neste acordo e é uma das questões mais polêmicas entre as partes.
Mas, em 2000, a violência voltou a se intensificar na região, e teve início a segunda intifada palestina. Desde então, israelenses e palestinos vivem num estado de tensão e conflito permanentes.

5. Quais são os principais pontos de conflito?
A demora na criação de um Estado palestino independente, a construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia e a barreira construída por Israel - condenada pelo Tribunal Internacional de Haia - complicam o andamento de um processo paz.
Mas estes não são os únicos obstáculos, como ficou claro no fracasso das últimas negociações de paz sérias, em Camp David, nos Estados Unidos, em 2000, quando o então presidente Bill Clinton não conseguiu chegar a um acordo entre Arafat e o primeiro-ministro de Israel, Ehud Barak.
As diferenças que parecem irreconciliáveis são:
Jerusalém: Israel reivindica soberania sobre a cidade inteira (sagrada para judeus, muçulmanos e cristãos) e afirma que a cidade é sua capital “eterna e indivisivel”, após ocupar Jerusalém Oriental em 1967. A reivindicação não é reconhecida internacionalmente. Os palestinos querem Jerusalém Oriental como sua capital.
Fronteiras: os palestinos exigem que seu futuro Estado seja delimitado pelas fronteiras anteriores a 4 de junho de 1967, antes do início da Guerra dos Seis Dias, o que incluiria Jerusalém Oriental, o que Israel rejeita.
Assentamentos: ilegais sob a lei internacional, construídos pelo governo israelense nos territórios ocupados após a guerra de 1967. Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental há mais de meio milhão de colonos judeus.
Refugiados palestinos: os palestinos dizem que os refugiados (10,6 milhões, de acordo com a OLP, dos quais cerca de metade são registrados na ONU) têm o direito de voltar ao que é hoje Israel. Mas, para Israel, permitir o retorno destruiria sua identidade como um Estado judeu.

6. A Palestina é um país?
A ONU reconheceu a Palestina como um "Estado observador não membro" no final de 2012, deixando de ser apenas uma "entidade” observadora.
A mudança permitiu aos palestinos participar de debates da Assembleia Geral e melhorar as chances de filiação a agências da ONU e outros organismos.
Mas o voto não criou um Estado palestino. Um ano antes, os palestinos tentaram, mas não conseguiram, apoio suficiente no Conselho de Segurança.
Quase 70% dos membros da Assembleia Geral da ONU (134 de 192) reconhecem a Palestina como um Estado.

7. Por que os EUA são o principal parceiro de Israel? Quem apoia os palestinos?
A existência de um importante e poderoso lobby pró-Israel nos Estados Unidos e o fato da opinião pública ser frequentemente favorável a Israel faz ser praticamente impossível a um presidente americano retirar apoio a Israel.
De acordo com uma pesquisa encomendada pela BBC no ano passado em 22 países, os EUA foram o único país ocidental com opinião favorável a Israel, e o único país na pesquisa com uma maioria de avaliações positivas (51%).
Além disso, ambos os países são aliados militares: Israel é um dos maiores receptores de ajuda americana, grande parte destinada a subsídios para a compra de armas.
Palestinos não têm apoio aberto de nenhuma potência.
Na região, o Egito deixou de apoiar o Hamas, após a deposição pelo Exército do presidente islamita Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana - historicamente associada ao Hamas. Hoje em dia o Catar é o principal país que apoia o Hamas.

8. Por que estão se enfrentando agora?
Após o colapso das negociações de paz patrocinadas pelos Estados Unidos e o anúncio, no início de junho, de um governo de união nacional entre as facções palestinas Fatah e Hamas, considerado inaceitável por Israel, iniciou-se uma nova onda de violência.
No dia 12 de junho, três jovens israelenses foram sequestrados na Cisjordânia e, dias depois, encontrados mortos. Israel culpou o Hamas e prendeu centenas de membros do grupo.
Israel reconheceu posteriormente que não poderia garantir se os responsáveis teriam sido o Hamas ou um grupo independente.
Após as prisões, o Hamas disparou foguetes contra território israelense. Israel lançou ataques aéreos em Gaza.
Em 2 de julho, um dia após o funeral dos jovens israelenses, um palestino de 16 anos foi sequestrado em Jerusalém Oriental e assassinado. Três israelenses foram acusados de queimá-lo vivo e, em Gaza, houve um aumento do disparo de foguetes contra Israel.
No dia 8 de julho, o Exército de Israel lançou uma operação contra militantes do Hamas na Faixa de Gaza.

9. Como israelenses e palestinos justificam a violência?
A decisão de iniciar uma incursão terrestre em Gaza tem, segundo Israel, um objetivo: desarmar os militantes palestinos e destruir os túneis construídos pelo Hamas e outros grupos a fim de se infiltrar em Israel para realizar ataques.
Israel quer o fim do lançamento de foguetes do Hamas contra território israelense. A maioria dos foguetes não tem nenhum impacto, já que o país conta com um sistema antimísseis avançado, o Domo de Ferro.
Israel diz ter o direito de defender-se e acusa o Hamas de usar escudos humanos e realizar ataques a partir de áreas civis em Gaza. O grupo palestino nega.
O Hamas diz que lança foguetes contra Israel em legítima defesa, em retaliação à morte de partidários do grupo por Israel e dentro de seu direito de resistir à ocupação e ao bloqueio.

10. O que falta para que haja uma oportunidade de paz duradoura?
Israelenses teriam de aceitar a criação de um Estado soberano para os palestinos, o fim do bloqueio à Faixa de Gaza e o término das restrições à circulação de pessoas e mercadorias nas tres áreas que formariam o Estado palestino: Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza.
Além disso, eles teriam que chegar a acordos razoáveis sobre fronteiras, assentamentos e o retorno de refugiados.
No entanto, desde 1948, ano da criação do Estado de Israel, muitas coisas mudaram, especialmente a configuração dos territórios disputados após as guerras entre árabes e israelenses.
Para Israel, estes são fatos consumados, mas os palestinos insistem que as fronteiras a serem negociadas devem ser aquelas existentes antes da guerra de 1967.
Além disso, enquanto no campo militar as coisas estão cada vez mais incontroláveis na Faixa de Gaza, há uma espécie de guerra silenciosa na Cisjordânia, com a construção de assentamentos israelenses, o que reduz, de fato, o território palestino nestas áreas.
Mas talvez a questão mais complicada pelo seu simbolismo seja Jerusalém, a capital tanto para palestinos e israelenses.
Tanto a Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia, quanto o grupo Hamas, em Gaza, reinvindicam a parte oriental como a capital de um futuro Estado palestino, apesar de Israel tê-la ocupado em 1967.
Um pacto definitivo nunca será possível sem resolver este ponto. 

11 de julho de 2014

Afinal, o que os argentinos acham da gente?

Marcia Carmo - De Buenos Aires para a BBC Brasil 

Rivalidade dos torcedores brasileiros com argentinos extrapola estádios, escreve Marcia Carmo

Aqui em Buenos Aires, antes da Copa do Mundo começar, cada vez que os argentinos percebiam que estavam conversando com uma brasileira, diziam: "Como você conseguiu deixar aquele país? Amo o Brasil".

Para muitos deles, agora está sendo uma surpresa saber que a rivalidade dos torcedores brasileiros com os argentinos parece extrapolar os estádios.

"Acho que vocês não gostam da gente", disse um bancário e jogador de rúgbi, de 35 anos, que trabalha no bairro de Palermo.

Uma comerciante, de 30 anos, dona de uma lan house, aqui ao lado de casa, no mesmo bairro, disse frase parecida no dia seguinte à vitória da Argentina sobre a Bélgica, no estádio Mané Garrincha, em Brasília: "Foi uma surpresa ver os brasileiros com camiseta da Suíça em São Paulo e de novo torcendo contra a gente em Brasília. Não sabia que os brasileiros não gostavam da gente".

O sorriso que surgia só por estar diante de um brasileiro agora parece ter sido substituído por um certo incômodo, com as histórias de brasileiros torcendo contra a Argentina, ainda mais agora depois de o Brasil ter sido eliminado da Copa.

Na realidade, a rivalidade não parece ser mútua – além dos estádios. Sim, é verdade que especialmente após a vitória sobre a Holanda eles recordam o 7 a 1 sofrido pelo Brasil contra a Alemanha.

Foi assim na festa que realizaram na concentração no Obelisco, no centro da cidade, até a madrugada desta quinta-feira, depois da vitória na Arena Corinthians.

Um dos torcedores argentinos de batina, como a do Papa Francisco, escreveu nas costas da roupa bege: 7 x 1. E mostrou, rindo, sete dedos quando percebeu que falava com uma brasileira. A gozação aumentou nas últimas horas. Mas, pelo menos aqui, sempre dentro do espírito do futebol.

Há muitos mal entendidos entre um e outro, brasileiros e argentinos, decorrente, talvez, da barreira dos idiomas, que acaba passando uma impressão falsa de provocação.

Professores de português e de espanhol costumam dizer que o português tem mais fonemas que o espanhol, e que, por isso, não é fácil de ser compreendido pelos argentinos. Ou seja, é mais fácil um brasileiro entender o que eles falam do que o contrário. De certa forma, eles mal ficam a par de nossas piadas.

Ao mesmo tempo, historiadores afirmam que, para os argentinos, o rival – em qualquer âmbito - é a Inglaterra. Não o Brasil. O motivo? A guerra em 1982 pelas Ilhas Malvinas, Falklands para os ingleses.

Já sobre o nosso país, no imaginário coletivo argentino, o Brasil é sinônimo de paraíso. O lugar dominado não só pelas belezas naturais, mas por pessoas de bem com a vida. Tudo o que muitos confessam desejar na vida. E que não têm como ter aqui. Seja pelo frio, pela maior dramaticidade com que encaram o cotidiano ou pela história de sobe e desce na política e na economia da Argentina.

'Quero nascer pernambucana'
"Na minha próxima vida quero nascer pernambucana", disse uma médica da clínica Swiss Medical, no bairro nobre de Palermo Chico. Por quê? "Quero ser como vocês. Não ter vergonha de usar biquíni mesmo quando estiver com barriguinha. Quero que meu marido e meus filhos não se sintam mal usando sunga".

Saída de Neymar foi lamentada por argentinos
Para eles, a sunga é sinônimo da "liberdade" do homem brasileiro. Mas por que pernambucana? "Para ter verão o ano todo e para sorrir tanto quanto os pernambucanos".

O meu professor de ioga não viajou para a Copa. Achou muito caro para o bolso dele. Mas antes e depois de o Mundial começar, disse e continua dizendo. "Eu acho que não sou daqui de Buenos Aires. É no Rio que me sinto em casa. Sou contagiado por aquele astral".

É fato que turistas brasileiros chegam aqui e parecem encantados. "Eles nos tratam muito bem", costumam dizer.

Mas também já vi aqui alguns brasileiros dizendo "grosso" após serem atendidos por algum comerciante local. Para os argentinos, "groso" é, porém, sinônimo de poderoso. Por questões culturais, os argentinos – especialmente os que têm mais de 60 anos - parecem mesmo ter alma de tango. Poucos sorrisos, poucas palavras e certo tom dramático ou seco – demais, para nós brasileiros.

Tal atitude, somada de fato a um certo ar de superioridade – quando a Argentina estava entre os mais ricos do mundo – os fez atuar como se estivessem no lugar errado e não sendo parte da América Latina.

Mas esse comportamento "arrogante" mudou depois da crise de 2001. E os que têm hoje em torno dos 30 anos, como o bancário, a comerciante e o professor de ioga, não entendem por que os chamam de arrogantes. "Sério? Arrogantes? Como assim?", perguntou a arquiteta Maria Eugenia, de 37 anos, que costuma viajar nas férias para o sul do Brasil.

'Somos bonitos e importantes'
Com o típico humor portenho, o ator Ricardo Darín, 57 anos, astro do cinema argentino, respondeu quando lhe perguntei sobre essa arrogância: "É que somos muito importantes". Pensei, hum, arrogante mesmo. Metido. Mas aí ele completou:

"Importantes, inteligentes e bonitos. No te parece? (Você não acha?"). E sorriu. Era uma "broma" ("brincadeira").

Mas demorei a entender. O humor deles ─ que para nós acaba passando a falsa imagem de arrogância ─ não é como o nosso, mais explícito. É mais irônico, mais "inglês" - o que, por si só, também é um ironia, dada a real rivalidade com os ingleses.

O próprio papa Francisco é conhecido, dos tempos em que ele era cardeal, pelas frases desconcertantes, ditas sem qualquer sinal de sorriso.

Já quando o assunto é futebol, os argentinos são bem menos refinados.

Argentinos ficaram surpreendidos ao saber que rivalidade com Brasil não era limitada ao futebol
Eles torcem com paixão e dedicação, são organizados e "explícitos". Para demonstrar paixão por Maradona, um grupo de torcedores criou, nos anos 1990, a Igreja Maradoniana, com altar e tudo – afinal ele fez aquele gol da "mão de Deus" contra a Inglaterra na Copa do México.

Para provocar os torcedores brasileiros, nesta Copa, um grupo de oito amigos criou o hit Brasil decime qué si siente, com o refrão: Maradona é melhor que Pelé.

Diga-se que o hit pegou muito antes de os brasileiros usarem camisetas de outras seleções que jogaram contra a Argentina na Copa.

Mas agora os criadores da canção, mesmo sem serem perguntados, explicam que foi uma "broma" típica de futebol. "Não imaginávamos que alguns brasileiros levassem a mal, que pensassem que era provocação além do estádio, além do futebol", disse um deles.

Fora dos gramados, os argentinos continuam fazendo festa em cada partida da Argentina. Eles parecem retratar o personagem do cartunista Rep, do jornal Página 12, que vive deprimido em Buenos Aires, mas cai na folia quando chega ao Brasil.

Seja como for, um comentarista de uma TV argentina resumiu assim a intensidade da rivalidade na reta final desta Copa:

"A coisa está ficando brava. Por via das dúvidas, é melhor reforçarem a segurança na final no Maracanã". E uma apresentadora disse, nesta quinta: "é difícil entender como brasileiros torcerão pela Alemanha. Mas não foi da Alemanha que levaram sete gols?".