Na semana passada, brinquei aqui no Baú que ia pedir ao Carlinhos Ribas a devolução da camisa com a qual disputei a final da Taça Paraná de Futsal de 1980 pela Associação Tagliari. Eu o presentei logo após conquistarmos o bicampeonato estadual em Guarapuava.
Pois não é que o danado quer me devolver o presente! e ainda postou no Facebook a foto da camisa com a qual marquei um gol na decisão. Estou tentado a receber o presente de volta. O que acham?
Para relembrar, republico abaixo a matéria postada originalmente no semanário mourãoense Entre Rios em março de 2006.
Associação Tagliari: 1980 Bicampeã da Taça Paraná de Futsal (Chave Ouro)
A vitória da ADAP no último sábado sobre o Atlético Paranaense me fez recordar e achar algumas semelhanças com a conquista do bicampeonato paranaense que a Associação Tagliari conquistou em 1980.
Espero com essa resenha mostrar que uma equipe unida e bem orientada pode vencer equipes mais fortes e melhores estruturadas financeiramente.
Chegamos a Guarapuava com a missão de manter o título de campeão, conquistado no ano anterior em Paranavaí. Alojamo-nos numa sala do próprio ginásio de esportes onde aconteceria a competição. Uma semana inteira de competição, uma semana toda de chuva e no alojamento não havia um só canto que não gotejasse.
Valmar de Maringá, Guarapuava, AABB e Transbussadori, ambas de Londrina, e Círculo Militar de Curitiba foram nossos adversários. Éramos as seis melhores equipes paranaenses sem dúvida alguma, com destaque para o Círculo Militar que contava com um jogador da Seleção Brasileira (Didu) e com uma estrutura de causar inveja até nos dias de hoje. Contrastando com nosso precário alojamento, eles se hospedaram no melhor hotel guarapuavano.
Época de muito amadorismo, nossa equipe contava apenas com o patrocínio da própria família Tagliari e, por isso, economizávamos em tudo que podíamos. E ainda contávamos com inconvenientes (na verdade, compromissos com seus empregos) que impediam que alguns de nossos atletas participassem desde o início da competição. Apenas nos dois últimos jogos contamos com a equipe completa (Hélio Ubialli, então funcionário do Banco do Brasil e apaixonado pela modalidade, conseguiu a liberação dos jogadores em seus empregos e ainda os levou até Guarapuava).
Um a um os adversários foram sendo derrotados!
Quatro a dois sobre a Valmar (com três gols de sem-pulo do Ione, como só ele sabia fazer!) foi o resultado da nossa estréia.
Tagliari e AABB de Londrina, que praticamente decidiu quem enfrentaria o Círculo Militar no jogo final, foi inesquecível. Perdíamos por três a um quando o Severo Zavadaniak, um dos que o Ubialli tinha liberado, entrou e, com quatro golaços, virou o jogo para cinco a três. Onde anda o Severo?
No jogo final contra o Círculo Militar, vitória simples de qualquer uma das equipes daria o título para a vencedora. Empatando, a AABB de Londrina seria a campeã. (Um acordo de bastidores entre londrinenses e curitibanos, com a conivência da Federação, firmou-se que em caso de empate, uma melhor de três pontos seria disputado entre eles para definir o campeão estadual).
Não demos essa chance a eles! Vencemos por dois a zero (um meu, outro do Carlão Tagliari) e conquistamos o bicampeonato e o direito de disputar a Taça Brasil de Clubes Campeões, no ano seguinte em Cuiabá, onde fizemos ótima campanha e ficamos entre os seis melhores clubes do Brasil. Isso tudo com uma estrutura amadora, patrocínio familiar, muito amor à camisa e contando apenas com atletas locais.
Silvio Cintra, David Cardoso, João Miguel Baitala (in memorian), “Beline” Fuzeto, Carlão Tagliari, Luizinho Ferreira Lima, Severo Zavadaniak, Raudilei Pereira, Ione Sartor e Itamar Tagliari participaram daquela conquista. E o Hélio Ubiali e todas as nossas famílias, é claro!
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