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6 de julho de 2015

E a dor de cabeça vai embora com o suor

É o que aponta um estudo sobre o efeito dos exercícios aeróbicos regulares com quem tem enxaqueca. Eles diminuem – e muito – a quantidade de crises desse suplício


São vários os cenários que podem disparar um episódio de enxaqueca. Em algumas pessoas, basta uma noite de insônia para o cérebro pulsar dolorosamente e o estômago embrulhar. Outros começam a sentir os incômodos (e a sofrer com qualquer fontes de luz ou de som) ao beber um cálice de vinho. Ainda bem que os profissionais de saúde vêm encontrando formas de tornar as vítimas desse problema mais resistentes a esses e outros gatilhos. E elas não se restringem a fármacos e novas tecnologias, como indica uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Nela, 30 voluntários com enxaqueca crônica – que enfrentam o tormento pelo menos 15 dias por mês – passaram a caminhar por 40 minutos, três vezes na semana, além de receberem medicamentos. Já outros 30 pacientes ficaram apenas tomando remédios. Após três meses, a turma sedentária, só de aderir ao tratamento, cortou o número de dias com dor pela metade. Entretanto, o pessoal que deixou a preguiça de lado reduziu a quantidade de crises em mais de quatro vezes.

Analgésico natural
"O exercício torna o cérebro menos predisposto à dor", sintetiza Thais Rodrigues Villa, orientadora do estudo e neurologista do Ambulatório de Investigação e Tratamento de Dor de Cabeça da Unifesp. Segundo ela, suar a camisa ajudaria a equilibrar a produção de neurotransmissores como a endorfina na massa cinzenta dos enxaquecosos. E essa substância, além de promover a sensação de relaxamento, atua como um analgésico natural. Tem mais: as práticas esportivas fazem o organismo liberar óxido nítrico, uma molécula que evita variações no calibre das artérias. Mas o que isso tem a ver com enxaqueca? Ora, as chateações típicas do quadro também estão associadas a mudanças súbitas na pressão dos vasos que irrigam a cachola.

Menos ansiedade
"Os participantes ativos ainda relataram, ao término da pesquisa, uma melhora nos quadros de ansiedade e depressão", conta a fisioterapeuta Michelle Dias Santos Santiago, autora do trabalho. Aliás, isso também ajuda a explicar o potencial da caminhada contra a enxaqueca. Vamos de passo em passo. Se por um lado pontadas constantes deixam a vida mais sombria, por outra a tristeza profunda baixa a capacidade de resistirmos a incômodos. "É comum os deprimidos terem, como consequência, enxaqueca", crava o psiquiatra Marcos Gebara, diretor da Regional Sudeste da Associação Brasileita de Psiquiatria. Acontece que os exercícios diminuem o risco de a melancolia se instalar pra valer – logo, indiretamente nos protegem das cefaleias.

O elo com a obesidade
A investigação de Michelle trouxe outro achado que, embora óbvio a princípio, merece ser comentado: os sujeitos que largaram o sedentarismo emagreceram. E, acredite se quiser, há indícios de que a obesidade agrava os casos de enxaqueca. Um deles vem da Universidade de Perúgia, na Itália, onde o neurologista Alberto Verrotti revisou uma série de experimentos ao redor do mundo antes de chegar à conclusão de que a frequência e a intensidade das crises tendem a aumentar conforme o índice de massa corporal (IMC) cresce. Apesar de não se conhecer a razão desse elo – talvez a inflamação decorrente do excesso de banha desregule o cérebro a ponto de fazê-lo reclamar – , Verrotti escreve no artigo que "os médicos deveriam dar atenção à perda de peso [...] e estimular mudanças de estilo de vida diante da enxaqueca".

Da genética para o cotidiano
"O fato de o estudo da Unifesp ter sido feito no Brasil valoriza suas descobertas", avalia a neurologista Norma Fleming, do Hospital Universitário Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro. É que, como a enxaqueca tem causas genéticas, a transposição dos resultados para a nossa população se torna mais confiável – ou seja, a atividade física deve mesmo amansar a vida dos brasileiros com o problema. Porém, não dá pra se exercitarem de qualquer jeito. Michelle ressalta que é contraindicado se mexer com sol forte, durante as crises ou sem orientação. E esses pontos valem para outros tipos de cefaleia.

Mas, ok, também existe dor de cabeça que é estimulada pelo esforço físico. O que fazer nesse caso? Aí, é preciso buscar especialistas para corrigir movimentos e posturas, acertar na intensidade... "Uma ótima recomendação é não desistir de se exercitar", afirma Abouch Krymchantowski, neurologista e diretor do Centro de Tratamento da Dor de Cabeça do Rio de Janeiro. Embora não existam tantos estudos ligando a vida ativa a um menor risco de sofrer com outros tipos de cefaleia que não a enxaqueca, abandonar o sofá com certeza travará o gatilho para inúmeras encrencas – dolorosas ou não.
O que dispara as dores

Jejum prolongado
É um dos gatilhos da enxaqueca. Entre os motivos, ele pode ser resultado da queda na glicemia típica dessa privação

Falta de sono
Tempo demais acordado eleva a pressão sanguínea e o ritmo dos batimentos cardíacos, o que acarreta incômodos.

Barulho e luminosidade
Apesar de pouco frequentes como gatilho, a luz e os ruídos agravam as dores ao longo de uma crise.

Alimentos ricos em tiramina
Queijo, vinho e chocolates são cheios dela. Mas só algumas pessoas sentem a cuca latejar ao consumi-los.

Beber demais ou fumar
O álcool pode expandir demais o calibre dos vasos, ocasionando dor. Já o tabaco reduz a oxigenação cerebral.

Estresse intenso 
Nesse cenário, o pescoço e as costas ficam contraídos. E isso vai refletir lá na cabeça, o que provoca cefaleias. [ M de Mulher ]

3 de fevereiro de 2015

Sete causas do zumbido no ouvido

Depressão e doenças neurológicas estão entre os fatores que desencadeiam a sensação auditiva desagradável

Zumbido no ouvido: alguns tratamentos podem diminuir ou eliminar o problema (ThinkStock/VEJA)
O zumbido no ouvido é um barulho incômodo que uma pessoa escuta sem a existência de uma fonte sonora. De acordo com a Associação Americana de Zumbido (ATA, na sigla em inglês), 20% das pessoas convivem com o problema. Entre os idosos acima dos 70 anos, a incidência é de 25%.

Há zumbido agudos e graves, semelhantes a barulhos como apito, chiado, cachoeira, panela de pressão, motor e grilo. O incômodo é comum depois que um indivíduo frequenta ambientes ruidosos, como festas e shows, que podem destruir as células do ouvido. Caso o ruído permaneça no dia seguinte ao evento, é preciso procurar um médico. "O zumbido costuma ser consequência da perda de audição. Ele é uma tentativa do sistema responsável pela audição em compensar a falta do estímulo que deveria estar presente", explica Rinaldo Lopes de Melo, otorrinolaringologista do Hospital Norte D’Or, no Rio de Janeiro.  

Causas — Além da perda de audição, doenças neurológicas, acúmulo de cera no ouvido, depressão e dieta inadequada estão entre as causas do problema. No caso dos fatores fisiológicos, a sensação é desencadeada por falhas na vascularização do ouvido. Com a passagem sanguínea insuficiente, as células têm menos oferta de oxigênio e não conseguem se nutrir adequadamente, o que prejudica o metabolismo da região. Já a depressão altera os neurotransmissores responsáveis pela audição. 

Outra causa é o uso excessivo de medicamentos como ácido acetilsalicílico, anti-inflamatórios e antibióticos. "Essas drogas podem prejudicar a irrigação sanguínea na orelha interna ao promover a vasoconstrição ou modificar a oferta de nutrientes para as células da região ao alterar o metabolismo de carboidratos e lipídeos", explica Estelita Betti, otorrinolaringologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.  

Tratamento – De acordo com Lopes de Melo, não existe um único tratamento eficaz para todos os tipos de zumbido. "Algumas medidas diminuem e eliminam o problema. O sucesso do tratamento depende das causas do zumbido e da resposta individual", diz Lopes de Melo.

As terapias mais utilizadas são à base de medicamentos — vasodilatadores, anticonvulsivantes, ansiolíticos ou antidepressivos —, uso de aparelhos de amplificação sonora, estimulação magnética transcraniana e a chamada Tinnitus Retrainig Therapy (TRT), que consiste em habituar o paciente a conviver com o som a ponto de não notá-lo. Em casos de depressão, recomenda-se acompanhamento psicológico. 

Principais causas do zumbido

Depressão
A depressão causa zumbido por alterar os níveis dos neurotransmissores responsáveis pela audição. “Estudos mostram que até 60% dos pacientes com zumbido crônico têm depressão e 45% apresentam ansiedade. Por isso, uma abordagem psicológica e psiquiátrica muitas vezes é fundamental no tratamento do zumbido”, diz Rinaldo Lopes de Melo, otorrinolaringologista do Hospital Norte D’Or, no Rio de Janeiro. O efeito pode ser o inverso, quando o zumbido desencadeia sintomas depressivos. Nesse caso, o tratamento precoce contra o problema auditivo ajuda a prevenir a depressão.

Doenças cardiovasculares
As doenças cardiovasculares, como hipertensão e arteriosclerose, prejudicam a irrigação dos vasos sanguíneos do ouvido, conforme explica Rubens Vuono de Brito Neto, otorrinolaringologista do Hospital Sírio-Libanês. Consequentemente, não chegam nutrientes suficientes às células da região, que compensam a falta de estímulo auditivo com o zumbido.

Perda de audição
A perda de audição sinaliza que as células do ouvido se lesionaram. “Isso pode acontecer, por exemplo, depois de uma exposição a barulhos intensos”, explica Estelita Betti, otorrinolaringologista do Hospital Albert Einstein. Nesse caso, o sistema responsável pela audição tenta compensar a falta de estímulo auditivo com o zumbido. Pessoas que apresentarem zumbido constante devem procurar um médico para receberem o tratamento adequado.

Diabetes
Um alto nível de insulina também pode causar a perda de audição, por prejudicar os estímulos elétricos das vias neurais, responsáveis por enviar a informação do ouvido para o cérebro. Ter o diabetes controlado é ponto chave para o zumbido não ocorrer nesse caso.

Dores no pescoço
Dores na região do pescoço provocadas por tensão ou ansiedade, por exemplo, fazem com que o corpo libere substâncias estimulantes para atenuar o problema. Essa ação, no entanto, também estimula as vias auditivas e provoca o zumbido. Fisioterapia e massagem são formas de atenuar essas dores e diminuir o risco de zumbido.

Café
Por ser uma substância estimulante, a cafeína, presente no café e em chás, pode aumentar a intensidade da atividade das células auditivas, lesionando-as e desencadeando o zumbido.

Cera acumulada no ouvido
O acúmulo excessivo de cera nos ouvidos dificulta o trabalho das células auditivas. "Nesses casos, a remoção da cera e o tratamento da infecção na maioria dos casos acabam com o problema", explica Rinaldo Lopes de Melo. [ VEJA ]