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9 de outubro de 2012

O sal da língua - Eugénio de Andrade

Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém – mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar,
para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.

(José Fontinhas, ou Eugénio de Andrade (Póvoa da Atalaia, Beira Baixa, Portugal 19 de janeiro de 1923 - Porto, Portugal, 13 de junho de 2005) - Além de poeta, foi funcionário público trabalhando como inspetor administrativo do Ministério da Saúde de Portugal. Dedicou-se também a escrever ensaios e assinou muitos prefácios de antologias poéticas. Também escreveu livros infantis e foi tradutor de poetas como Federico Garcia Lorca) (via: Blog do Noblat)