26 de novembro de 2020

O Miquinha está bem?

Valdeci "Miquinha" Carvalho de França
(in memorian)

Voltando das férias encontro meus amigos, do Clube 10, disputando um campeonato inaugurando o campo de areia do SESC.  

Jogamos já no dia que cheguei e, talvez pela “fome de bola” e pela boa vitória, achei tudo uma maravilha e fiquei querendo mais. No dia seguinte, semifinal contra o time do Jardim Bandeirantes. 

Elvira e Marina, minha esposa e filha mais nova, respectivamente, foram assistir ao jogo.

Logo no começo do jogo, subo para dividir uma bola e bato a cabeça com o zagueirão adversário, um tal de Miquinha. 

Fico no chão por alguns segundos, assustando a todos. Continua o jogo e eu, ao invés de jogar, encho o zagueirão de perguntas impertinentes, e ele, perdendo o jogo para os “pózinho" da cidade, só fazia me olhar feio. Getulinho (Ferrari), então, manda me tirarem do jogo. 

Sentado ao lado do Pedrinho (Staniszewski), faço-lhe sempre as mesmas perguntas. Enchi tanto o saco dele que ele deu um ultimato para a turma: 

- Ou vocês me colocam para jogar ou tiram o Luizinho daqui

Puseram-no para jogar e passei então a perturbar todos que vinham para o banco. Alguns ficavam mais para o lado do banco adversário para não ter que responder sempre as mesmas questões. Ganhamos o jogo e, no dia seguinte, o campeonato!

Não participei da decisão, pois havia sofrido uma concussão que me deixou com amnésia temporária. Depois de passar pelo hospital, fui para casa com a orientação de que a Elvira não me deixasse dormir mais do que vinte minutos seguidos. Todas as vezes que me acordava, lá vinham as mesmas perguntas: Quanto tá o jogo? Marquei gol? Bati a cabeça? Cadê a Marina? O Miquinha está bem?

Amanhecendo o dia é que voltei ao normal – sei! – e tomei conhecimento de que tinha passado por um acidente sério. 

Com a ajuda da Elvira, dos amigos do Clube 10 e do próprio Miquinha (Valdeci Carvalho de França, infelizmente já falecido), meu amigo desde então, é possível contar o ocorrido, já que a pancada deletou tudo daquela noite.

Publicado originalmente no semanário mourãoense Entre Rios, em novembro de 2005

Nenhum comentário: