22 de setembro de 2020

Cine Mourão, anos 1960

Não frequentei e nem lembro do Cine Mourão. Sou dos mourãoenses que frequentaram mais o Cine Plaza e curtiu um pouco do Cine Império e suas cadeiras de madeira. 

Mas o Osvaldo Broza lembra bem e destaca, na crônica abaixo, que ali assistiu seu primeiro filme. 

Sei que ele estava localizado na Irmãos Pereira, quase esquina com a Harrison José Borges. 

O Cine Plaza, um empreendimento da família Ferrari, é a atual sede da igreja Deus é Amor, na Rua Brasil, ao lado da Prefeitura. 

Com capacidade para 1500 pessoas, o Plaza também foi palco de formaturas e de shows durante muitos anos.

O Cine Império funcionava na Manoel Mendes Camargo, onde atualmente é a Tapowik



Rainha da saudade, sonhos e fantasias...   (08/12/2004)

Por Osvaldo Broza 

Num dia qualquer, numa gostosa tarde de verão, quando os amigos se reúnem para o tradicional Happy Hour, uma moça bonita passa triunfante, sob os olhares atônitos e silenciosos de todos. Alguém quebra o silêncio, como que representando um sentimento comum, dizendo baixinho para que ela não ouvisse e, também, não parecesse um gracejo barato: 

- É uma rainha, disse. 

E eu acrescentei: -Do Oeste.

Apenas no pensamento, para que ninguém pudesse quebrar o encanto de uma repentina saudade e de recordações marcantes da minha vida. 

– Rainha do Oeste, pensei. A coincidência do lugar me fez lembrar com saudade da Churrascaria Rainha D’Oeste. E muitas outras coisas de uma Campo Mourão mais antiga que a gente não esquece. 

Do Cine Império e do meu radinho escondido debaixo da blusa para ouvir o meu Santos jogar; do Cine Mourão e do primeiro filme a que assisti: Os Brutos Também Amam; da troca de gibis no Cine Plaza; do Bar do Batata, onde tomei as minhas primeiras “caipirinhas”, junto com o Alvir Pinheiro, Ademar Salvadori e tantos outros amigos; do Restaurante Plaza, onde comi pizza pela primeira vez; do Boliche ao lado do Hotel Paraná, onde amanheci algumas vezes jogando com o Jairo Padilha; da Casa Branca, onde eu comprava aviamentos para as minhas irmãs; da Quitanda Torres, onde eu pegava dinheiro emprestado (escondido) pra viajar para a Erveira (escondido), distrito de Campina da Lagoa, de onde eu tinha recentemente saído e da qual eu sentia uma saudade danada; das Casas Buri, onde fui um dos melhores pacoteiros de todos os tempos; do Salão Plaza, onde pela primeira vez cortei o cabelo com o Nelsinho, cuja fidelidade continua até hoje, há mais de 35 anos; do time do Akadêmikos, de futebol de salão, onde se revelaram grandes craques da “bola pesada”, entre eles os irmãos Beto e Tozé Pequito, Wilson Conrado, Getulinho e, claro, eu; do time do Canarinho, de futebol de campo, onde fui titular absoluto durante o tempo em que fui o seu presidente; do Hotel Mundos; das linhas aéreas; do Paulinho Garçon; do Narciso Simão; do Adinor Cordeiro; do médico e escritor Aracildo Marques; do Diretor do Colégio Estadual de Campo Mourão, Professor Egydio Martelo; dos dentistas e desportistas Luiz Carlos Klank, Álvaro Gomes e Édison Salgado; do Guarda-Livros Eloy Maciel; do presidente do clube 10 de Outubro, Aramis Meyer Costa, quando se apresentaram por aqui muitos artistas famosos, incluindo o rei Roberto Carlos; do presidente da Umes, André Veiga da Silva; do locutor sertanejo Zé Mané; da Piscina do Bispo; do Jornal Folha de Campo Mourão do meu amigo Pedro da Veiga; dos distritos de Luiziana e Farol e dos 120 mil habitantes...

E quanto à moça bonita, tomara que ela continue passando por lá de vez em quando, para que cada um, entre sonhos e fantasias, possa sentir a sua própria saudade.

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