7 de julho de 2020

Seu Schen, o japonês voador e os não seminaristas (quase cafajestes)

Há poucos dias publiquei novamente a postagem sobre ''arte'' do Marquinhos Pelisser durante viagem de volta dos Jogos Regionais de Goioerê. 

Lembrei dessa outra passagem, que conto abaixo, que na época me pareceu divertida, mas hoje acho cruel. Sacanagem das maiores que fizemos (não fui eu que tranquei a porta, mas poderia ter aberto) com um atleta do nosso atletismo.   Também já publicada aqui no blog com outro título.

Alcyr Costa Schen
1981
Nos anos 1970/80, agosto era o mês dos Jogos Regionais de Goioerê, que aconteciam durante as comemorações do aniversário daquela cidade.

Vivenciei, ali, momentos divertidos de conquistas e de derrotas, algumas inesperadas, outras anunciadas.

Os jogos contavam com a participação de quase todos os municípios da região e de alguns mais distantes, como Cascavel e Toledo.

Jogando handebol foi que participei pela primeira vez do evento. 

Meu saudoso sogro, Alcyr Costa Schen, era o Secretário de Esportes de Campo Mourão e chefe da nossa delegação. Recordo-me muito bem do discurso dele: "Não espero um grupo de seminaristas, mas não quero ver comportamento de cafajestes na nossa delegação", disse o Seu Schen. 

Frase foi dita logo ao chegarmos em Goioerê, exigindo que nos comportássemos como atletas e respeitássemos os horários estipulados para as refeições e principalmente os de dormir.

Na delegação de atletismo, que dormia no mesmo alojamento que nós, havia uma grande esperança de medalha nas provas de 100 e 200 metros rasos: o Ligeirinho, um “japonês” que fazia jus ao apelido, era muito rápido e não parava nunca. 

Nem mesmo dormindo ele ficava quieto, levantando várias vezes para ir ao banheiro. Numa dessas saídas, alguém trancou a porta por dentro e ele, preocupado em não fazer barulho, lembrando do apelo do Seu Schen, sussurrava para que alguém abrissem a porta.  Acabou dormindo encostado no batente da porta. 

Pela manhã “ninguém” entendia o seu fraco desempenho nas provas, ficando longe das primeiras colocações. 

Nos anos seguintes ele se recuperou e ganhou muitas medalhas para nossa cidade. Nunca mais dormiu com outra modalidade que não fosse a do atletismo. 

De meados dos anos 1970, Seu Schen me entregando um troféu de artilheiro de um campeonato realizado na Cancha Tagliari. 

Infelizmente não sei o nome e nem tenho fotos do Ligeirinho. Hoje tenho certeza que não respeitamos o pedido do Seu Schen nesse episódio. 

Publicado originalmente no semanário mourãoense Entre Rios, em setembro de 2005

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