11 de setembro de 2019

Conheça as mulheres Yarang, que coletam sementes para reflorestar nascentes no Mato Grosso


Mesmo sendo um inseto minúsculo, a formiga é um exemplo da força do trabalho coletivo que, juntando o trabalho incessante de milhares de diminutos animais, torna-se capaz de carregar grandes pesos proporcionais e construir imensos e complexos labirintos como estruturas de um formigueiro. A junção de cada microscópico esforço em um coletivo faz jus à expressão “trabalho de formiga” – e é esse, portanto, o paradigma que batizou o grupo de mulheres Yarang. Inspiradas em uma formiga cortadeira de mesmo nome, essas mulheres do povo indígena Ikpeng vem trabalhando feito formiguinhas para, com pequenos gestos, causar um impacto positivo gigantesco no reflorestamento e na manutenção das nascentes dos rios Xingu e Araguaia, no Mato Grosso.

Assim como as formigas, as mulheres Yarang coletam sementes para possibilitar o reflorestamento – e conduzem seu trabalho sabendo do impacto grandioso que o trabalho constante e coletivo pode proporcionar. Trata-se de um movimento liderado por mulheres, para corrigir o estrago da ação do homem branco – que já produziu, em 10 anos, mais de 3,2 toneladas de sementes, e possibilitou a plantação de mais de 1 milhão de árvores.

Algumas das mulheres Yarang
“Os brancos, responsáveis pelo desmatamento, não tem mais onde coletar sementes. Então usam nossa semente para fazer a floresta de novo”, diz Koré Ikpeng, uma das mulheres Yarang.



Os Ikpeng são um povo de língua Karib, que vive dentro do território do Xingu com cerca de 500 pessoas. Dentro da cultura, as mulheres também ocupam lugares de liderança, andando “ao lado dos homens – nem à frente, nem atrás”, dizem. A dedicação à coleta de sementes para reflorestamento das mulheres Yarang é efetivamente um trabalho de formiguinha: Ao redor das cerca de 22.500 nascentes nas cabeceiras do Rio Xingu, mais de 150 mil hectares de mata já estão degradados.


Acima, as mulheres se preparando para a festa pelos 10 anos do projeto; abaixo, a festa em dança


“É preciso ensinar o valor das sementes, o valor das florestas”, diz Magaró Ikpeng. “É preciso garantir que meus netos e netas vão ter futuro”.


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