25 de março de 2009

Crônica

O telefone
Osvaldo Broza

Quase no final de 2008, numa sexta-feira, último dia do mês, fui a uma loja representante de uma operadora de telefone celular para colocar crédito no meu aparelho. Três dias depois – na segunda-feira - voltei à mesma loja pra saber o motivo porque os créditos promocionais que eu acreditava ter direito ainda não haviam sido liberados. A atendente tentou me explicar que existiam dois planos, o que vira o mês e o que não vira o mês.
– O Sr. sabe se o seu plano vira ou não vira? – me perguntou. – Sei lá – respondi. - Quando aderi ao plano não me explicaram que havia esse negócio de vira-vira, completei.
- Só sei que eu não viro! – tive vontade de falar pra ela. Mas não quis ser indelicado. Ela, a moça, não merecia. Depois de muita conversa fui embora, sabendo que o meu plano não virava. Quer dizer: os meus créditos promocionais viraram coisa nenhuma e se esgotaram logo após a recarga, sem ao menos tê-los utilizados.
Dias desses, já meio esquecido do vira-vira, viajei para o interior de São Paulo, mais precisamente para Presidente Prudente, não sem antes colocar quinze reais de crédito no mesmo telefone, pensando apenas em receber ligações, já que, quando viajo uso sempre o orelhão, infinitamente mais barato que o celular, cujas tarifas em nosso país são as mais caras do mundo.
Com três ligações que recebi, entretanto, a operadora literalmente operou o meu bolso e os quinzão viraram coisa nenhuma. Acabaram-se os créditos sem, ao menos, ter sido completada a conversa da última ligação. Os créditos promocionais, nesse caso, também não valem nada.
Bem feito pra mim. Sempre fui fiel a essa operadora, até pelo fato do seu nome lembrar um famoso creme para cabelo que usei muito na minha juventude: Trim . Mesmo porque, se acrescentarmos um ou mais erres lembra mesmo o toque de um telefone: Trrrrrim.
É claro que, com a portabilidade, com um simples Oi posso mudar de operadora e nem perco o número do telefone. Mas não vivo de ilusões, sei que na (?) Brasil é tudo a mesma coisa: mesmo a gente não virando, acaba sempre levando.

Osvaldo Broza é autor dos livros: Caminhos de Casa e Campo Mourão em Crônica e é membro da Academia Mourãoense de Letras
osvaldobroza@hotmail.com

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