A crônica abaixo, do amigo Osvaldo Broza, foi publicada na Tribuna do Interior e me fez lembrar de um jogo que fizemos no começo dos anos 70, em Peabiru, e que terminou 5 a 4. Placar normal se fosse futsal, futebol, mas para basquete é de dar vergonha até nas nossas próximas gerações. Suspeito, ainda hoje, que o aro da quadra da PUC era menor do que a bola. Placar incrível? então leia a crônica abaixo e veja o quanto evoluímos em relação às equipes dos anos sessenta.
Contam os mais vividos que nos anos cinquenta e sessenta havia uma rivalidade muito grande entre as cidades de Campo Mourão e Peabiru, principalmente no futebol. Tipo Brasil e Argentina, nos dias de hoje.
– Jogo de bola entre Campo Mourão e Peabiru que não tinha briga não era jogo, diz o saudosista Bruno Pusch.
- Nos bailes, então, tanto lá como aqui, a coisa pegava fogo – era briga na certa, complementa Élson Paggi.
Eu fui a um baile em Peabiru no final da década de sessenta, com show da vedete Virgínia Lane. Não teve briga, mas interferi para que o meu amigo Iran Albuquerque não brigasse e eu também apanhasse.
A exemplo do futebol (Brasil Campeão do Mundo em 1958), o basquete brasileiro também estava em alta no final dos anos cinquenta com a conquista do campeonato mundial masculino de 1959. Realizado no Chile, o Brasil jogou a final contra os poderosos Estados Unidos e ganhou de 81 a 67.
Empolgados com a conquista brasileira, alguns jovens de Campo Mourão começaram a praticar basquete e já formaram uma seleção para representar a cidade. E Peabiru, lógico, também montou a sua. E já marcaram um confronto.
O jogo aconteceu em Peabiru, em 1960, na sede da Acerp, com grande público e grande expectativa, porque, além da rivalidade, existia uma certa curiosidade sobre esse esporte, praticamente inexistente na região.
Não se sabe o tempo de jogo, se a bola (de couro) era muito grande ou se a cesta (feita sob encomenda por um ferreiro da cidade) era muito justa, mas o placar foi, quem sabe, o único do mundo que se tem notícia até o presente momento: zero a zero. Isso mesmo, zero a zero.
E resolveram fazer o tira-teima, duas semanas depois, em Campo Mourão, no Ginásio do Professor Ephigênio José Carneiro, no Lar Paraná.
Aí, apoiado pela torcida, Campo Mourão “goleou” Peabiru pelo placar de quatro cestas a duas.
Mas esse não foi o maior placar até então, envolvendo a equipe mourãoense. Antes dos jogos contra Peabiru, Campo Mourão já havia ganhado de Terra Boa por seis cestas a quatro.
Se hoje os brasileiros reverenciam seus campeões mundiais de 1959, como Carmo de Souza – o popular Rosa Branca -, Amaury Passos e Wlamir Marques, entre outros, Campo Mourão – hoje participando de campeonatos nacionais - também reverencia seus atletas de 1960, que de forma extra-oficial formaram a primeira seleção de basquete masculino da cidade, como Valdomiro Matos (idealizador e capitão da equipe), Pedro Rogoski Neto, João Claudino (o Touro), Celso Poli e Newton Fernandes, entre outros. Bruno Pusch não fazia parte, mas foi quem me contou a história.
O Brasil voltou a ser campeão mundial em 1963, aqui no Brasil, vencendo a Iugoslávia na final pelo placar de 90 a 71.
E Campo Mourão e Peabiru voltaram a se enfrentar ainda por diversas vezes no decorrer dos anos, mas nunca mais repetiram a façanha do primeiro encontro.
Osvaldo Broza é autor dos livros: Caminhos de Casa e Campo Mourão em Crônica e é membro da Academia Mourãoense de Letras.