Cândido Godói é uma cidade do Rio Grande do Sul conhecida como a “capital brasileira dos gêmeos univitelinos”. Já foram registrados pouco mais de 100 pares de gêmeos idênticos na população de apenas 7.000 habitantes, uma proporção considerada notável.
Enquanto a incidência geral de gêmeos é de geralmente 1% da população, Cândido Godói possui uma incidência de 10%: a cada 10 nascimentos, 1 será de gêmeos.
Essa alta incidência, bem como o fato de que a população é de descendência alemã, ou seja, dentro do padrão de beleza ariano defendido pelos nazistas, levaram algumas pessoas, como o historiador argentino Jorge Camarasa, a associar a alta taxa de nascimentos gêmeos com supostas experiências conduzidas pelo médico alemão Joseph Mengele, que teria passado por Cândido Godói em 1963.
No livro de Camarasa, “Mengele, o Anjo da Morte na América do Sul”, ele diz que o médico é o responsável pelo fenômeno no pequeno município gaúcho já que, na maioria dos casos, as crianças nascem loiras e de olhos azuis, modelo considerado ideal pelo falecido Adolf Hitler.
No entanto, os cientistas têm outra opinião. Nem o médico nazista nem nenhuma outra bizarrice histórica ou mística tem participação importante no que acontece em Cândido Godói, mas sim um gene presente nas mulheres da região.
Cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e do Hospital de Clínicas, ligados ao Instituto Nacional de Genética Populacional (INaGeMP), descobriram que um gene que está na população há muito tempo é um fator que aumenta muito a probabilidade de gêmeos.
A presença significativa da forma C de um gene da família p53 nas mães de gêmeos no município, que teria sido trazido pelos primeiros imigrantes alemães à região, oferece uma maior “proteção” à gravidez, o que favorece a gestação de gêmeos. Em uma pequena localidade como Linha São Pedro, com poucos moradores, o impacto disso pode ser grande.
E existem outros lugares no mundo como Cândido Godói. Por exemplo, Igbo-Ora, da Nigéria, comunidade situada a 80 quilômetros ao norte de Lagos, é conhecida como “capital mundial dos gêmeos”. Um grande número de nascimentos gêmeos também foi observado na cidade de Kodinji, na Índia. Da mesma forma que no Rio Grande do Sul, estudos em Igbo-Ora sugerem que uma questão genética pode estar envolvida. No entanto, há também a possibilidade dos nascimentos múltiplos estarem relacionados com os hábitos alimentares das mulheres na região: uma substância química encontrada nas cascas de um tubérculo muito consumido (inhame) poderia ser a responsável pelo fenômeno lá. [via: IG]