Gaivotas Fiéis teve origem há dois anos e deve entrar em ação rapidamente nos estádios
O Corinthians ficou conhecido nos últimos anos por ser um time de vanguarda no futebol brasileiro em relação a projetos de marketing. Entre as ações, trouxe Ronaldo Fenômeno para o elenco, investiu na produção de camisetas personalizadas e na internacionalização de sua marca — até mesmo contratando um jogador chinês para promover o nome do clube no País.
O pioneirismo, desta vez, vem da torcida. O R7 conversou com o ex-dublador do programa Qual é a Música? Felipeh Campos, torcedor fanático do clube, frequentador de estádio e homossexual assumido, que está criando uma torcida organizada do Timão para gays.
A ideia de construir a Gaivotas Fiéis, segundo Campos a primeira torcida homossexual do mundo, nasceu há dois anos e foi fruto de reuniões para assistir às partidas do time frequentadas por pessoas que compartilham da mesma opção sexual que ele.
— Há dois anos eu sou frequentador de estádio, entendo mais de futebol do que homem. Os próprios gays me pediram. Quando tem jogo do Corinthians, a gente se reúne em casa para ver, e em um desses encontros a ideia surgiu.
Para viabilizar o projeto, ele conversou com o departamento de marketing do Corinthians e com a maior torcida organizada do clube, a Gaviões da Fiel. Com o primeiro foi agendada um reunião para o próximo sábado(19). Em relação à uniformizada, Campos entrou em contato para evitar confusão e, embora o nome seja uma homenagem à Gaviões, a nova torcida não tem ligação alguma com ela.
Ao todo, já são 15 mil pedidos de adesão ao novo grupo, que tem parceria com a associação GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transexuais, Travestis e Transgêneros), com cerca de 8 milhões de inscritos. A renda que essas pessoas vão gerar será revertida em projetos sociais, nos quais adolescentes — corintianos ou não —receberão abrigo e alfabetização.
Na arquibancada, a intenção é fazer o mesmo que as organizadas já apresentam, com direito a bateria e drag queen animando os torcedores.
Campos, hoje jornalista, conta que já esteve muitas vezes em grupo no Pacaembu e nunca sofreu retaliações, mas que, assim que o projeto foi divulgado na mídia, as ofensas e ameaças começaram.
— Começaram as ameaças. Mas eu não tenho medo, se tiver retaliação, vai para a polícia, para o Ministério Público. Gay é da paz. Em balada gay, não tem morte, ninguém arruma confusão.
As ameaças surgem porque o tema não é novidade para os corintianos em 2013. Em agosto deste ano, em episódio envolvendo o atacante Emerson Sheik, que postou foto em que dá um selinho em um amigo, a torcida alvinegra exigiu que o jogador se desculpasse, o que acabou acontecendo depois.
Sobre a polêmica, Campos tem opinião forte. Para ele, o futebol é um lugar propício para a homossexualidade, pois nele os homens convivem muito tempo uns com os outros.
— Eu sempre acreditei que o futebol é homossexual, a maior representação. Vinte e dois homens atrás da bola, outros tantos se abraçando na arquibancada! (via: R7)