Economizar e negociar. Duas coisas nunca soube fazer. No site O Pequeno Investidor, do Fábio Portela, encontrei essas dicas e posto-as com muita vontade de começar a fazê-lo. Nunca é tarde!.
Uma das principais dificuldades enfrentadas por quem nunca investiu diz respeito à disciplina necessária para economizar uma parte dos ganhos mensais. Afinal, se sobra mês no fim do seu salário, é um luxo pensar em investir. Mas esse é um passo importante – talvez o passo MAIS IMPORTANTE – para a construção de um futuro financeiro próspero. Mas o que você pode fazer para economizar uma parte de seus ganhos e finalmente começar a investir?
1) Tome uma decisão: economizar todo santo mês uma quantia pré-definida
Qualquer coisa que você vai fazer na sua vida parte de uma decisão. Se você abriu uma empresa, é porque decidiu fazer isso antes e planejou seus passos. Se você arrumou um emprego, tomou essa decisão antes e planejou como faria para consegui-lo: se qualificou, procurou as melhores empresas da área em que pretendia trabalhar, etc.
Pois é: se você não decidiu economizar, não vai conseguir juntar dinheiro com a consistência necessária para formar um bom patrimônio no longo prazo. Se conseguir economizar um dinheiro razoável por dois ou três meses, logo vai arrumar uma desculpa para torrá-lo: uma viagem desnecessária, um sapato ou um vestido caro, um novo carro… e o futuro financeiro vai ficando em segundo plano.
Não estou dizendo pra você deixar de fazer essas coisas. Viajar é bom, assim como comprar roupas ou um carro. Mas tudo isso tem que ser feito de maneira compatível com a economia de parte de sua renda. Ao decidir economizar, você tem que se comprometer com essa decisão e não deixar que os sonhos de curto prazo atrapalhem seu objetivo.
Para tomar essa decisão, contudo, é importante entender a razão de você investir. Cada um tem um motivo diferente para acumular patrimônio: algumas pessoas querem deixar uma vida financeira tranquila pros filhos, outras não querem depender de um patrão para manter seu padrão de vida e economizam para garantir uma renda que assegure esse objetivo. Outras ainda só querem economizar para comprar um bom apartamento daqui a alguns anos. Cada um tem seu motivo: descubra o seu.
2) Pague a si mesmo antes de pagar os outros
Essa é a grande lição do livro “O homem mais rico da Babilônia“. Assim que seu salário entrar na conta, separe um percentual para economizar. A primeira conta que você vai pagar daqui pra frente é a sua. Se você decidiu guardar 10% de sua renda mensal, vai pegar esses 10% e aplicar no mesmo dia em que ele entrar. Ou, no mínimo, separar em uma conta destinada para os investimentos. Eu faço isso com a Conta Investimento que está ligada a minha conta corrente. Assim que meu salário entra, separo o percentual que defini e transfiro para a Conta Investimento. Normalmente, no mesmo dia eu invisto em ações ou em títulos do tesouro direto, que são meus investimentos favorecidos.
Quanto economizar? O quanto você definir. Mas defina um percentual razoável, compatível com despesas mensais razoáveis. Se o percentual definido é 10%, invista 10%. E se sobrar no fim do mês mais um dinheiro, não pense em gastá-lo: guarde na mesma conta. Se sobrou 3% de sua renda, naquele mês você terá investido 30% a mais do que o decidido inicialmente. Fantástico, não? Pense bem: você pode viver com 90% de sua renda atual? Se você analisar bem e conseguir cortar supérfluos, e tiver uma renda suficiente para pagar seus gastos básicos, vai ver que sim…
Gosto de pensar sobre essa questão nos seguintes termos: o valor que você ganhou num determinado ano é determinado pela quantidade de dinheiro que você conseguiu reter em investimentos naquele ano. Imagine duas pessoas: Maria e Joana. Maria é médica, bem sucedida, ganha R$ 500.000,00 por ano (R$ 41.667,00 mensais) fazendo cirurgias plásticas. Joana, por sua vez, é uma funcionária pública que ganha R$60.000 por ano (5.000 por mês). Maria, até por ser médica bem sucedida, vive em um meio social que demada muito dinheiro para ser sustentado. Por isso, precisa comprar bons carros, roupas de marca, e não consegue economizar nada. Duvida? Pois saiba que tem gente que ganha mais do que ela e está endividado! Joana, por sua vez, vive uma vida adequada a seu padrão de renda, mas economiza todo mês 20% de sua renda, R$ 1.000,00. No fim de um ano, Joana tem R$ 12.000,00 economizados e Maria, nada. Em 10 anos, com um rendimento de 8% ao ano e mantido esse ritmo de economia, Joana teria economizado R$ 173.000,00 e Maria, nada. Em 20 anos, teria mais de meio milhão de reais (que valeriam menos do que hoje por causa da inflação).
Quem ganhou mais dinheiro? Eu apostaria minhas fichas em Joana…
3) Não deixe o seu estilo de vida acompanhar integralmente o seu aumento de renda!
Digamos que você ganha R$ 6.000,00 e de repente (por causa de uma promoção, um novo emprego ou por ter passado em um concurso público) passa a ganhar R$ 12.000,00 mensais. O que você vai fazer? A maioria das pessoas com certeza vai passar a aumentar seu padrão de vida de modo a acompanhar esse aumento de renda. Se o aumento vier lentamente, mas ainda sendo muito superior à inflação, isso vai acontecer de forma mais natural: mais dinheiro, mais gastos.
Isso, contudo, é um erro. Se você antes vivia com R$ 6.000,00, por que agora precisa de um padrão de vida de R$ 12.000,00? Por que não se contentar, por exemplo, com um padrão de vida de R$ 9.000,00? É um padrão de gastos 50% superior ao anterior – ou seja, você vai viver muito melhor do que antes -, mas te permite economizar R$ 3.000,00 a mais (quase 50% do que você ganhava antes)! Não estou dizendo que você não deve aproveitar o aumento de renda, mas para não deixar que o aumento natural dos gastos acompanhe integralmente o aumento de renda obtido.
Aumentar o padrão de vida proporcionalmente ao acréscimo de renda obtido é um dos motivos pelos quais as pessoas não conseguem sair da corrida dos ratos. Se elas economizassem mais ao receber um aumento salarial, em poucos anos estariam financeiramente independentes. Mas, como não fazem isso, continuam eternamente dependente de seus patrões e de futuros aumentos salariais…
4) Monitore seus gastos!
Muitas pessoas não conseguem economizar por pura falta de disciplina. Gastos não planejados – a moedinha pro vigia, os lanches no fim de semana, um sapato comprado no shopping – podem fazer muita diferença no orçamento, se não forem monitorados.
A regra, portanto, é: saiba pra onde vai cada centavo seu. Eu tenho um programa pro meu telefone celular que permite que eu faça isso. A cada compra efetuada, registro os valores no programa, que pode ser sincronizado com um outro programa que está instalado no meu computador. Mas não se preocupe se você não tem esse tipo de recurso à sua disposição: basta ter um caderninho de anotações e caneta e um caderno em casa para passar a limpo (ou uma planilha em Excel).
Também é importante estabelecer um orçamento mensal para planejar o destino de cada centavo. Não estou propondo que você deixe de fazer as coisas que gosta, mas que você coloque no papel um planejamento de quanto pretende gastar com aquela atividade. O orçamento, quando confrontado com o gasto efetivo, permite observar os “furos” de seus gastos: coisas com as quais você nem sabia que gastava tanto dinheiro assim e que podem ser eliminadas sem grandes prejuízos.
5) Arrume um trabalho de tempo parcial
Você seguiu todos os passos e ainda acha que está economizando pouco? Uma maneira interessante de resolver essa situação é encontrar um trabalho alternativo, que tome pouco tempo na semana e seja compatível com suas outras atividades. O produto dessa atividade deverá ser destinado exclusivamente para suas economias.
No meu caso, por exemplo, faço algo que adoro mas que não me possibilitaria manter a renda que eu tenho no serviço público: dar aulas no ensino superior. Minha renda no serviço público possibilita o pagamento de minhas contas (e ainda economizo entre 30% e 40% de meus vencimentos líquidos), e o produto das aulas que leciono é totalmente direcionado para meus investimentos. Essa estratégia possibilita um acréscimo importante em minhas economias. Ao final de um ano, o dinheiro acumulado com as aulas corresponde a mais de 30% de todo o montante economizado. Em 4 anos, o valor economizado com a atividade extra equivale a 1 ano de economias no meu trabalho principal.
Se você não leciona, não se preocupe: com certeza existe algo que você sabe fazer e que pode gerar uma renda extra interessante: trabalhar com marketing multinível pode ser uma alternativa a ser pensada, se você tem o perfil de um bom vendedor (ou está disposto a aprender a se tornar um), por exemplo. Se você souber construir um blog lucrativo, também pode gerar uma renda interessante (não, leitor, eu ainda não tirei um único centavo daqui!). Enfim, ponha a cabeça pra trabalhar que com certeza os resultados virão.
Mas tenha disciplina! O dinheiro da atividade extra deve ser alocado exclusivamente para seus investimentos. É comum as pessoas incorporarem o valor recebido por essa atividade em seu orçamento e, ao invés de o economizarem, elevarem seus gastos. Para evitar que isso aconteça, eu invisto o dinheiro recebido automaticamente. Ele não afeta meu orçamento de maneira alguma!
Fábio Portela é mestre em direito pela UnB e autodidata no mundo dos investimentos financeiros.