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22 de maio de 2014

Ney Piacentini lança livro sobre Eugênio Kusnet

"Luizinho, vamos ali me dar uma força, quero contar pro meu pai que vou largar da engenharia (ou seria , arquitetura?) para fazer psicologia", me pediu o Ney Piacentini. Fui e vi o seu Avelino avalizar a escolha do meu amigo de escola, de esportes e bagunças (ainda vou contar aqui de uma 'viagem' de carona até Umuarama apenas para darmos um olá para uma namorada dele. Isso com apenas treze anos e numa época que era preciso ir primeiro até Maringá para chegarmos na vizinha cidade).   

Nos nossos tempos de futebol de salão
(da esq. para a direita: David Cardoso, Luizinho Ferreira Lima, Tauillo Tezelli, Marcelo Silveira e Ney Piacentini
Caramuru Futsal - Cancha Tagliari - Campo Mourão - 1975
Alguns meses depois, lá vem filho da Lurdes e pede para acompanha-lo para anunciar nova mudança na vida: ia largar a faculdade em Florianópolis e tentar a vida como ator em São Paulo. Claro que o abandonei, me acovardei... Também, pudera, numa família de engenheiros civis, com uma construtora dando seus primeiros passos, o meu amigão de infância dava uma guinada na sua caminhada que eu não entendia direito, mas o pai, bondoso e compreensivo como ele só, abençoou a escolha do mano da vereadora Nelita. 

Trinta e cinco anos depois, já com uma bela carreira nos tablados brasileiros e um dos principais líderes da categoria - há anos ele é o presidente da Cooperativa Paulista de Teatro - Ney se prepara para lançar um livro sobre o ator e professor de atuação Eugênio Kusnet. 

Publico, abaixo, matéria da Folha da Cultura que fala do lançamento do livro, do Ney e de Kusnet, que confesso que só agora estou conhecendo e por causa do maluco do meu amigo que largou tudo para ser feliz fazendo aquilo que sempre sonhou.  

NEY PIACENTINI LANÇA LIVRO SOBRE EUGÊNIO KUSNET


Ao completar 35 anos de trabalhos como ator, Ney Piacentini lança o livro EUGÊNIO KUSNET: DO ATOR AO PROFESSOR, pela Hucitec Editora, no dia 09 de Junho, às 20h, no Teatro de Arena Eugênio Kusnet, em São Paulo. 

Na noite de lançamento Antunes Filho, Carminha Gôngora e o autor falarão sobre o legado de Kusnet. O livro, que tem apresentação de Antunes Filho, orelha de Paulo Betti e prefácio de João das Neves, é fruto de um mestrado na Escola de Comunicação e Artes da USP, finalizado em 2012. Eugênio Kusnet, segundo José Celso Martinez Corrêa, é um dos mais importantes atores e professores de atuação que o Brasil já teve. 

O russo, que chegou em nosso país em 1926 participou ativamente como ator entre as décadas de 1950 e 1970, dos períodos do Teatro Brasileiro de Comédia, do Teatro de Arena e do Teatro Oficina, tornando-se pedagogo teatral, além de ter escrito três livros: Iniciação á arte dramática (1968), O método das ações inconscientes (1971) e o mais conhecido: Ator e Método (1975). Entre seus trabalhos mais marcantes como intérprete teatral estão os personagens Otávio de Eles não usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarniére (montagem estreada em 1958) e Bessemnov de Os pequenos burgueses, de Máximo Gorki (que estreou no Teatro Oficina em 1963), pelo qual recebeu os principais prêmios de melhor ator da época. O texto de Piacentini traz depoimentos inéditos de Maria Della Costa, Fernanda Montenegro, Valmor Chagas, Flávio Migliaccio, Renato Borghi, Carminha Gôngora (assistente de Kusnet na elaboração de Ator e Método), assim como de Antunes Filho e José Celso Martinez Corrêa, além de outros importantes atores e diretores da cena nacional. Em sua dissertação, orientada por Maria Thais Lima Santos - Profa. Dra. da ECA/USP e diretora da Cia Balagan, Ney defende a hipótese de que foi no Brasil que Kusnet adquiriu seus conhecimentos sobre Stanislavski e não quando jovem na Rússia, como versam alguns observadores de sua trajetória. Contudo é sobre a experiência no Teatro Oficina, em que Kusnet atuou e criou um curso sobre atuação, que se encontra o núcleo da pesquisa do ator da Companhia do Latão. 

Pela ótica de Piacentini, foi durante a montagem de Os pequenos burgueses que esse discípulo de Stanislavski estabeleceu suas bases artísticas e técnicas sobre a arte de atuar, adaptando à nossa realidade os preceitos criados pelo Teatro de Arte de Moscou. Livro e peças do Latão marcam 35 anos de ofício: Depois de lançar seu livro, Ney Piacentini entra em cartaz com três obras da Companhia do Latão, a partir de 19 de junho, no TUSP: O círculo de giz caucasiano (de 19/06 a 06/07), O patrão cordial (de 03 a 27/07) e Ópera dos vivos (de 31/07 a 10/08). 

Ney Piacentini iniciou sua carreira em 1979 na Universidade Federal de Santa Catarina e em Florianópolis fundou o Grupo A de Teatro, com o qual ganhou o Prêmio Bastidores (de 1982) de Melhor Espetáculo e Melhor Ator Infanto-Juvenil, pela criação coletiva Vira e Mexe, também encenada em São Paulo em 1986. Foi ator e apresentador do Programa Revistinha da TV Cultura (Prêmio APCA de Melhor Programa Infanto-Juvenil de 1989 e 1990); participou de diversos filmes de curta e longa-metragens como Trabalhar cansa, de Marco Dutra e Juliana Rojas e O quanto vale é por quilo de Sérgio Bianchi, contudo se estabeleceu no teatro. Dos mais de 50 espetáculos em que atuou, estão Crepúsculo de uma tarde de outono (1991) de Friedrich Dürrenmattt, O legítimo inspetor perdigueiro (1992) de Tom Stoppard, O catálogo de Jean-Claude Carrière, Budro (1994) de Bosco Brasil e Um céu de estrelas (1996) de Fernando Bonassi. Em 1997, a convite de Sérgio de Carvalho, ingressa na recém fundada Companhia do Latão, em que fez todas as peças do grupo, das quais se destacam: Ensaio sobre o latão (indicado para o Prêmio Mambembe de 1997 de Melhor Ator Coadjuvante), O nome do sujeito (indicado para o Prêmio Mambembe de 1998 de Melhor Ator), O círculo de giz caucasiano ( Prêmio Villanueva de 2007 de Melhor Espetáculo Estrangeiro em Cuba) e O patrão cordial (Prémio Questão de Crítica de 2013 de Melhor Dramaturgia e Melhor Elenco). Em 2104, Piacentini ganhou o Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro – Categoria Especial – pela sua contribuição ao teatro paulista.

Trecho do livro: “Ao sugerir aos atores e alunos que, antes das improvisações, pensassem em uma carta imaginária, do ponto de vista de seus personagens, para algum outro personagem, não necessariamente integrante de uma cena ou da dramaturgia dada, Kusnet observou quão potente poderia ser este exercício para as improvisações. Tendo uma carta para escrever, a adesão à concentração era mais visível, pois sem maiores discussões os alunos se dirigiam quase que espontaneamente a pequenos espaços espalhados pelo teatro, de suas próprias escolhas, e se colocavam a realizar a tarefa. Ele percebeu que, em silêncio, os atores, concentrados na proposta imaginária, aos poucos passavam de pensamentos para pequenos gestos, voltavam à escrita, depois emitiam alguns sons e palavras, demonstrando satisfação ou contrariedade. Ou seja, através do recurso “Carta”, os atores se concentravam diretamente em um objetivo, se imiscuindo em alguma faceta do mundo do personagem, ambientando-se em uma parte de seu universo, de acordo com as ideias surgidas no exercício.”

Serviço: Lançamento do livro EUGÊNIO KUSNET: DO ATOR AO PROFESSOR, de Ney Piacentini Hucitec Editora 172 páginas 
Preço de capa R$38,00 
Local: Teatro de Arena Eugênio Kusnet Rua Teodoro Baima, 94 - Centro – São Paulo/SP. 
Horário: das 20 às 23h
Tel – 11 3256-9463