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19 de agosto de 2011

Antonio Colli: o adeus a um gentleman

Inteligente, atento e sensível, o jornalista Dilmércio Daleffe escreveu a matéria abaixo em homenagem a um grande pioneiro mourãoense: Seu Toninho, da Cantina di Colli.  A cantina era di Colli, mas podia muito bem ser Cantina da Gentileza. Como afirma o Dilmércio: "somos todos apaixonados pelo Senhor". Saudades!

Antonio Colli

Campo Mourão acordou mais triste hoje. A cidade perdeu Antônio Colli, um dos homens mais gentis que já passou por aqui. Morreu ainda novo, aos 64 anos de idade, vítima de um câncer. Uma doença maldita que insiste em apressar o caminho natural dos humanos. Um mal ainda difícil de combater e que não poupa esforços em nos levar. Desta vez, levou nosso amigo, “seo” Antônio ou “seo” Colli para os clientes, ou simplesmente, “Toninho”, como era chamado pela família.
Antônio vinha travando uma luta desleal com a doença já, há alguns anos. Mas ele sempre foi forte. Mesmo durante o tratamento, continuava firme frente ao restaurante. Por algumas vezes, era visível seu abatimento. Mesmo assim, lá vinha ele atender seus clientes, todos fiéis ao requintado sabor de sua comida. Para ter a certeza do bom atendimento, metia a mão na massa e atendia ele próprio uma a uma das pessoas. Era sua marca registrada. Não permitia erros. Seus garçons não tinham o direito de errar. Ele estava lá, atendendo e mantendo a ordem, sempre.
Dono de uma elegância e gentileza ímpar, se assemelhava a um Lord inglês. Falava baixinho, perguntava se não estava faltando nada. Queria melhorar um atendimento já marcado pela sua excelência. Saiba “seo” Antônio, que jamais faltou algo, ao contrário, às vezes tínhamos que pedir ao garçom para não mais voltar. A delicadeza com que cuidava de seus clientes era tanta que não esquecia nem mesmo os nomes. Sua preocupação era rica até nos detalhes. Amigos de fora da cidade retornavam sempre. Afinal, quem não gosta de ser atendido pelo dono e ainda, ser chamado pelo nome?
Além da correria do restaurante, sempre lotado, tinha tempo para perguntar sobre a família de seus clientes. Queria saber do trabalho, de um amigo que não via há algum tempo. “Seo” Antônio era definitivamente o cara. Um gentleman, um sofisticado maítre disfarçado de proprietário. Possivelmente, o seu sucesso se resumia àquela eterna mania do perfeccionismo. Almejava melhorar todos os dias. Mas ele também contava com o apoio da família. A esposa mandava na cozinha e os filhos, sempre ao seu lado no atendimento. Eis a fórmula do sucesso, que certamente continuará.
Saiba “seo” Antônio que seus amigos não terão dias ensolarados nas próximas semanas. É que existe uma coisa chamada saudade, difícil de explicar e que dói no peito. Não se sabe porque esta mesma dor faz com que os homens, os que gostam de ti, lacrimejem. Certa vez minha filha tentou explicar o que significava saudade. Disse ela que “saudade era tudo aquilo que fica daquilo que ficou”. Nem mesmo um adulto conseguiria explicar tão bem o que se resume tal sentimento. Só sei que sua jornada na terra foi concluída. Deixaste lições de vida, de gentilezas, de amizade e de uma profunda admiração. Graças a Deus também deixaste uma família, seus herdeiros. Eles continuarão todo um trabalho que manteve com o máximo de zelo. Obrigado por tudo, pelos banquetes, pela cerveja estupidamente gelada, pelos bons vinhos, pelo atendimento. Obrigado por permitir que nos aproximássemos e também nos apaixonássemos pelo senhor. Obrigado meu amigo! (itribuna - 18/08/2011)