6 de maio de 2021

O pé-de-chumbo do Vanderley Tagliari

(da esq. para a direita): Itamar, Seu Itachir (in memorian), Vanderley (in memorian), Luizinho (in memorian), Sônia e Carlão na cancha do Clube 10 de Outubro

O saudoso Vanderley Tagliari, popular Carijó, para quem viu jogar futsal, era o rei dos gols de bico e, dizem, quase sempre de sem-pulo. Ele era animado como poucos. Lembro que uma vez montou um time para representar o seu Açougue Estrela em um campeonato na Cancha Tagliari, que contava só com jogadores que entravam firmes demais em todas as jogadas, entre eles o Arlindão Piacentini, Pedro Ivo, Flavinho, Jordão, Zagotinho... 

Açougue Estrela (na Cancha Tagliari)
Arlindo Piacentini, Flavinho Marques, Carlos Vinicius Zagoto, Jordão Ferreira da Silva Sobrinho e Pedro Ivo Szapak e João Maria Ferreira (in memorian)

Abaixo, publico, mais uma vez, uma história que ele deixou claro que era um verdadeiro pé-de-chumbo, mas não dentro das quadras, mas ao volante de um dos automóveis Dodge Dart que a família Tagliari orgulhosamente possuía nos anos 1970 e 80. 

Vanderley faleceu muito novo, aos 59 anos, no início dos anos 2000.

Vanderley "`Pé-de-Chumbo" Carijó

Vanderley e Carlão Tagliari

Meados dos anos setenta. A Associação Tagliari participava de torneios de futsal em todo o Paraná, sempre como atração principal, pelo bom futebol, conquistas e, principalmente, pela disciplina de seus atletas, exigência maior da família Tagliari a todos que participavam da equipe.

Pela primeira vez, eu, com dezesseis anos, jogaria pela equipe adulta, participando de um torneio em Jandaia do Sul. Nosso jogo estava programado para as 19 horas. Para evitar contratempo na estrada saímos de Campo Mourão às 16 horas, já que o trânsito daqui até Maringá e, principalmente, de Maringá até Jandaia era muito perigoso e complicado, sempre em pista simples, passando por ali todo o trafego que ligava o Norte do Estado à capital e ao porto de Paranaguá.  

Lanchamos na estrada e chegamos a Jandaia do Sul com meia hora de antecedência ao horário do nosso jogo. Mas, para desespero do Itamar, que era o treinador e também jogador, esquecemos o uniforme na casa dele. 

Depois de pedir uma ligação para Campo Mourão – era preciso solicitar, via telefonista, as ligações interurbanas e, às vezes, elas demoravam ou até mesmo não se concretizavam-, ele, Itamar, conseguiu falar em casa e pediu para o Vanderley levar o uniforme e também o Romeuzinho, hoje proprietário da Casablanca Vídeo, que não pode ir conosco por causa de seu horário de trabalho como bancário. Itamar frisou bem para o Carijó que não precisa muita pressa porque nosso jogo tinha sido mudado para o terceiro jogo da noite e, portanto, teria tempo suficiente para ele chegar até lá. 

Vanderley cumpriu em parte o trato com o Itamar. Uniforme chegou completo e dentro do horário, ou melhor dizendo, antes do horário. Chegou antes de terminar o primeiro jogo. Quem chegou sem condições nenhuma de jogar foi o Romeuzinho, que repetia sem parar: nunca mais viajo com o Vanderley... 

Dodge Dart RT (foto ilustrativa)

Fazer o trajeto de Campo Mourão a Jandaia em 45 minutos, nos dias de hoje, mesmo com as pistas duplas e seguras, é praticamente impossível, naquela época então! 

Naquela noite, jogamos, vencemos e ainda contamos com o apoio do entusiasmado Vanderley e de toda a torcida jandaiense.

Publicado originalmente no semanário mourãoense Entre Rios, em 2005.

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