Conhecida como cavalo-do-cão, vespa caçadora e outros nomes nada fofinhos, a Pepsis formosa pode fazer você berrar de dor - e até desmaiar
Acredite ou não, existe uma escala de dor das picadas de insetos. Criada por um entomologista chamado Justin Schmidt, a Escala Schmidt classifica as ferroadas de 1 a 4: a mais “de boa” é a de uma formiga conhecida em inglês como fire ant – ou formiga de fogo. Se receber uma picada de um bicho com um nome desses já não parece ser muito legal, imagine chegar ao nível 4 de agonia?
Quem ocupa esse lugar no pódio das Picadas Mais Infernais da Terra é uma vespa apelidada carinhosamente de vespa caçadora (Pepsis formosa pationii). Só esse nome já dá arrepios, mas aqui no Brasil ela também é conhecida por mata cavalo, vespa-de-cobra, vespão, come-cobra e até cavalo-do-cão – nomes nada convidativos. O inseto, que pode alcançar até 5 cm de comprimento, tem patas com “ganchos” que se prendem à vítima para que o ferrão, de quase 1 cm, possa ser devidamente fincado na pele do coitado que estiver sendo atacado.
A dor da picada dura só três minutos, mas é tão intensa que faz seres humanos ficarem encolhidos e sem reação. A sensação, descrita por Schmidt como “totalmente inaceitável”, é como a de um choque elétrico localizado. A coisa é tão forte que os próprios entomologistas aconselham quem for ferroado a deitar e gritar por ajuda, porque “poucas pessoas conseguem manter qualquer coordenação física depois de levar uma ferroada dessas. O mais provável é que a vítima saia correndo e acabe se machucando”.
Essas conclusões foram realmente publicadas em um artigo científico, escrito pelo próprio Schmidt. Com certeza, o estudo é o mais hilário (ou trágico, dependendo do seu ponto de vista) que a ciência já viu: o entomologista descreve como um colega, ao estudar 10 dessas vespas, foi picado por uma delas – e teve a brilhante ideia de se deixar picar mais, só para ver o que acontecia.
Adivinha só. Depois de algumas ferroadas, o cara sentiu tanta dor que ficou em posição fetal, sem conseguir se mexer – e acabou desmaiando. Mais tarde, o cientista disse que a agonia era “imediata e excruciante” e que a sensação “simplesmente desliga a capacidade da pessoa de fazer qualquer coisa, a não ser gritar. A mente só não funciona nessa situação”.
Para piorar tudo, a vespa é encontrada nas florestas do mundo inteiro, inclusive aqui no Brasil – só na América do Sul, são 250 espécies diferentes. E mais: ela não tem predadores naturais, já que o ferrão funciona como uma defesa tão boa que qualquer bicho seria, no mínimo, idiota se tentasse atacar o tal cavalo-do-cão. Pois é.
Mas não fique com (tanto) medo. A vespa demoníaca não costuma atacar seres humanos: você teria que realmente tentar ser picado para sentir a dor de nível 4. E “tentar” significa, tipo, apertar a vespa, enfiar a mão em seu ninho ou pisar nela – ela não liga muito para você, humano, a não ser que você seja uma ameaça. A presa favorita dela, na verdade, é a tarântula, que serve como um recipiente para suas larvas.
A luta da vespa contra a tarântula poderia ser um campeonato Pokemón: a caçadora fica tentando virar a aranha de pernas para o ar para alcançar sua barriga – o ponto mais vulnerável da vítima. As duas brigam por vários minutos, mas quase sempre a vespa vence: em um estudo que observou 400 disputas, só em uma delas a tarântula conseguiu sobreviver. Isso porque basta uma picadinha da vespa para que a aranha fique completamente sem ação – e não ofereça resistência nenhuma para a invasão das larvas, que vivem dentro da tarântula por semanas até que estejam prontas para sair.
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