Nasa leva para o espaço curativo de ‘pele de tilápia’ brasileiro

Foto: Saulo Roberto/Sistema Verdes Mares

A NASA vai levar para o espaço amostras do curativo com pele de tilápia, desenvolvidas pela Universidade Federal do Ceará, UFC.

A iniciativa da Agência Espacial Norte-americana vai permitir que o material biológico da pele do peixe, utilizado principalmente na reconstrução da pele humana em casos de queimadura, passe por testes em órbita.

A ação faz parte do projeto Cubes in Space ou Cubos no Espaço e pretende analisar como a pele de tilápia se comporta em condições diferentes de pressão atmosférica, radiação e gravidade.

Após a exposição na estratosfera, será realizado um comparativo da reação do material, informou Odorico de Moraes, coordenador do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos e das pesquisas com pele de tilápia, ao lado do médico Edmar Maciel, do Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ),

“Eles vão levar a pele de tilápia para colocar na estratosfera e, após essa exposição, vamos comparar para verificar se houve alguma alteração na estrutura, (…) se as propriedades da pele se mantêm ou são alteradas”, explica.

Próteses

A expectativa dos pesquisadores é de que os testes feitos no espaço sideral possam fornecer importantes informações para futuras aplicações da pele de tilápia como, por exemplo, em próteses internas no corpo humano e sobre como o material reage às variações do ambiente externo.

Além do curativo com pele de tilápia, o projeto Cubes in Space já enviou ao espaço cerca de 700 experimentos de estudantes de mais de 60 países, desde 2013.

Segundo a universidade, os materiais testados viajam em pequenas caixas de quatro centímetros cúbicos.

De acordo com a UFC, a ideia de enviar o material da pesquisa cearense ao espaço partiu de astrônomos do Rio de Janeiro que fazem parte do projeto da NASA.

Queimados

A repercussão positiva dos resultados obtidos com as pesquisas já foram citadas em séries de TV norte-americanas como “The Good Doctor” e “Grey’s Anatomy”.

A pele da tilápia foi utilizada inicialmente no tratamento de queimados.

A técnica para a recuperação de queimados desenvolvida pela Universidade Federal do Ceará (UFC) chegou a ser exportada e usada para curar queimaduras de ursos na Califórnia.

Houve êxito na aplicação em cirurgias ginecológicas, técnica idealizada pelo médico Leonardo Bezerra, professor da UFC.

Reconstrução Vaginal

No caso mais recente, o material foi usado em um procedimento inédito para reconstrução vaginal de uma mulher transexual, realizado na Unicamp, em Campinas (SP).

As cirurgias de reconstrução vaginal com a membrana do peixe já foram realizadas no Ceará em mulheres com síndrome de Rokitansky, agenesia vaginal ou câncer pélvico.

No Estado, os procedimentos são realizados em parceria com a Maternidade-Escola Assis Chateubriand (MEAC).

Em 2017, pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) inauguraram o primeiro banco de pele de tilápia para uso em tratamentos médicos.

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