5 de abril de 2019

Alunas ensinam porteiro da escola e ele passa na faculdade

Ozeilto e as alunas - Foto: Foto: Dayana Souza/AT
O porteiro de uma escola em Vitória, no Espírito Santo, passou na faculdade e vai cursar Enfermagem, graças aos alunos e professores do colégio onde trabalha, que o ajudaram a estudar.

Depois de 20 anos fora das salas de aula, Ozeilto Barbosa de Oliveira, de 43 anos, fez o pré-vestibular, o Enem e foi aprovado no final do ano passado.

Ele conseguiu bolsa de 100% por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni). Na lista, de espera do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), ele e foi chamado para iniciar o curso no segundo semestre deste ano.

“Eu fiquei muito feliz, vou realizar meu sonho e dar uma vida mais digna para minha família”.

O porteiro também havia sido aprovado em uma faculdade particular de Vila Velha, mas como não conseguiria pagar a mensalidade, não chegou a efetuar a matrícula.

História
Natural da Bahia, ele parou de estudar aos 16 anos quando foi pai pela primeira vez. Atualmente, com três filhos e dois netos, mora no Espírito Santo desde o ano 2000, onde chegou em busca de emprego.

“Logo que cheguei aqui, catei até latinha e não tenho vergonha de falar. Tenho orgulho da minha história, eu sou um sonhador”.

Ozeilto trabalha na portaria do Centro Educacional Charles Darwin, em Jardim da Penha, desde 2011, onde recebeu o convite para retornar à sala de aula e ganhou apoio para estudar.

“Uma secretária da escola chegou para mim e falou: “Ozeilto, que tal você voltar a estudar?” Eu falei logo que não, mas ela insistiu e me apresentou o EJA” (Educação de Jovens e Adultos), explicou.

Ele tinha só o quarto ano do ensino fundamental, mas no ano passado concluiu o ensino médio e fez pré-vestibular do Darwin à noite, com bolsa integral.

“A convivência com os alunos e o ambiente escolar despertaram em mim a vontade de estudar”. Durante o intervalo e na saída das aulas, ele chamava os alunos para tirar dúvidas sobre os exercícios.

As alunas Bárbara Rocha, 20 anos, Débora Lopes, 19, e Ramona Uliana, de 21, acompanharam de perto o esforço do Ozeilto, chamado carinhosamente de “Ozê”.

Inspiração e simpatia
As alunas e amigas que ajudaram Ozeilto Barbosa a estudar dizem que ele “é uma inspiração para nós, sempre estava com um sorriso no rosto”, contou Ramona Uliana.

“Eu lembro de ter o ajudado em Matemática”, contou Débora Lopes. A jovem disse que o porteiro era muito interessado. “A gente via ele todo dia com a apostila na mão lendo ou fazendo exercícios”.

Elas acham que a área da saúde combina com “Ozê”.

“Ele é afetivo, olha para cada um de forma individual e cumprimenta os alunos pelo nome. A gente reclama por pouco, somos privilegiadas por estudar na juventude. Ele só conseguiu agora”, revelou Bárbara Rocha. Com informações da TribunaOnLine

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