Ontem foi pro céu a Pretinha nossa companheira de muitos anos. Bem velhinha, ela vinha sofrendo com dores e nesta segunda-feira foi preciso dar um alívio para a querida cachorrinha.
Ela é uma das personagens da história abaixo, que foi aqui publicada em agosto do ano passado, que retrata muito bem como ela era incrível.
Uma matéria publicada no Bonde, me fez recordar de um episódio parecido que ocorreu com duas cadelas que a Elvira Schen, esposa minha, adotou, abrigou e se viu obrigada a levar para o sítio da dona Amélinha Hruschka.
Elvira e a Lúcia Felipes mantinham um ateliê de artes em uma das salas comerciais do edifício Flamboyant e ali abrigaram a Tininha e a Pretinha, duas vira-latas inseparáveis, que faziam da praça da Fórum sua moradia, local de lazer e caça (Pretinha era uma exímia caçadora de pássaros).
No auge de suas respectivas saúdes, as duas eram inquietas, viviam nas ruas, mas à noite (e nos horários de refeições, claro) sempre compareciam ao ateliê para as devidas atenções da minha esposa e da esposa do advogado Jair Felipes. Durante a noite, trancadas na sala, latiam para tudo e todos que passavam pela Avenida José Custódio de Oliveira e isso, claro, perturbava os moradores do edifício durante seus descansos.
No sítio, elas e outras dezenas de animais, alguns enviados pela Elvira, outros locais, muitos deles recolhidos pelo Celso e pela linda Camila Hruschka, viviam todos soltos e eram cuidadas por um senhor de nome Irineu.
Muitos animais juntos, sem as devidas estruturas para um organizado abrigo animal (a luta eterna da Elvira), é bonito de se ver, mas difícil de manter e tratar. Volta e meia a Elvira voltava de lá triste pela morte de algum bicho que ela recolhera. Numa dessas vezes, transtornada, ela me contou que a Tininha tinha morrido e a Pretinha, fiel escudeira da falecida, tinha desaparecido do sítio após o fato, conforme informara o Seu Irineu.
Quase oito meses depois, quando a perda começava a ser superada, Elvira e a Lúcia são surpreendidas pela entrada da Pretinha no ateliê. Mas a danada não ficava com as duas artistas e da calçada ficava o tempo todo olhando em direção ao Fórum de Justiça. As duas sócias saíram para ver o que tanto prendia a atenção da desaparecida e enxergaram a Tininha, já sentindo o peso da idade, meia cegueta, caminhando em direção das duas. Não é preciso dizer da emoção no local.
Pretinha curtindo sua aposentadoria aqui em casa - ago/2018 |
Depois a Elvira me explicou que quando foi informada da ''morte'' mal olhou para um tambor onde estava mais de um cachorro morto naquele dia e pensou mesmo ter visto ali a queridinha dela.
A conclusão que tivemos foi que as duas fugiram do sítio, com a Pretinha guiando e caçando para a velha amiga, que já andava com dificuldades e com a visão começando a debilitar.
Elvira com a Tininha na campanha eleitoral de 2012 |
Claro que as duas foram recolhidas para nossa casa e lá se juntaram a outros cães de estimação.
Tininha foi o primeiro animal que a Elvira tirou das ruas e reacendeu nela essa paixão maluca (boa) pela causa animal. Ela, a Tininha, foi a mascote de um grupo de motoqueiros que sempre se reunia no posto de combustível em frente da Pirâmide Veículos (lembro de vê-la usando o mesmo lenço vermelho que os membros dos Coiotes do Asfalto usavam). Elvira a trouxe para dentro do atelier após saber que a cadelinha resgatara seus filhotes depois do local onde esses estavam, numa parte debaixo do Fórum, ficar alagado com as fortes chuvas que atingiram a cidade. Um vigilante contou que ela mergulhou várias vezes para buscar um por um de suas crias e só descansou quando os filhotes estavam em local seguro e seco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário