Gorduras animais não são as únicas a aumentarem os riscos de problemas cardiovasculares, mas devem ser consumidas com parcimônia
Muito usada antigamente e depois abandonada por quem tinha medo do colesterol ruim, a banha de porco volta para as cozinhas brasileiras. Foto: Bigstock |
Por muito tempo as gorduras animais, como a banha de porco, foram excluídas da cozinha pelo medo de que aumentassem o risco de eventos cardiovasculares, como o infarto. Hoje, o consenso sobre elas mudou e, em alguns casos, chegam a ser ainda mais saudáveis que os óleos vegetais.
Quando se compara a manteiga à margarina, por exemplo, médicos e especialistas em saúde reforçam que a gordura animal é, de fato, a mais indicada.
“Quando se fala em gordura animal, à princípio, que não foi modificada, quando comparada aos óleos vegetais, é o mesmo que falar: manteiga ou margarina? Essa informação é consenso, e a manteiga é muito melhor, porque a margarina é um óleo vegetal modificado para que dure mais tempo”, explica Marcella Garcez Duarte, médica nutróloga, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).
Isso não significa, porém, que a banha de porco ou a gordura animal tenha que substituir toda e qualquer gordura usada no preparo dos alimentos. A regra de ouro dos nutrólogos e nutricionistas é, sempre, manter o equilíbrio.
“Não tem problema em usar a gordura animal, mas se for todos os dias, em grandes quantidades, ou se for usar em toda preparação que fizer, vai fazer mal. Vai impactar no aumento do colesterol, trazer alteração no perfil lipídico. É preciso uma dieta equilibrada e, junto com a gordura, tem que incluir um pouco mais de fibra na alimentação para ajudar na eliminação”, reforça Carina Plocharski, nutricionista da Paraná Clínicas.
“Tidas como as grandes vilãs dos problemas cardiovasculares, estudos demonstraram que os carboidratos, especificamente os açúcares, são mais prejudiciais para a saúde das pessoas que as gorduras de origem animal” – Marcella Garcez Duarte, médica nutróloga.
Está com o colesterol alto? Repense a banha de porco
Embora liberada pelos médicos, há pessoas que se beneficiam mais em manter as gorduras (sejam de origem animal ou vegetal) em um nível mínimo, consumido apenas sob orientação de especialistas. Tratam-se, principalmente, de quem sofre com as dislipidemias (ou excesso de gordura no sangue) e doenças cardíacas.
A gordura é um nutriente bastante calórico, de acordo com Marcella Duarte, nutróloga, capaz de aumentar o colesterol considerado ruim para o organismo. A cada grama de gordura há nove calorias, em média, seja a gordura de origem animal ou vegetal. Em comparação a outros alimentos, é o macronutriente com mais carga calórica por grama – proteínas têm quatro calorias a grama, e o álcool possui sete calorias por grama.
“O melhor ainda é mesclar as gorduras, não substituir uma pela outra. Em um alimento, preparar com o óleo vegetal. Em outro, com a gordura animal. Quando for fazer vegetais, colocar a manteiga, por exemplo. Esse seria o mais prudente.”
Não frite! Mas, se fritar, use o porco
Seja com óleo vegetal ou gordura animal, o ideal é evitar a fritura, que coloca o alimento em temperaturas altas. Mas, se esse tipo de preparo for indispensável, então escolha a banha de porco ou outra gordura de origem animal.
“O óleo vegetal, na fritura, oxida bastante, liberando radicais livres. E a gordura, não. Por ser uma fonte totalmente de origem animal, traz ainda nutrientes, como vitamina C, B, um pouco de fósforo e ferro. Já o óleo, não, pois é um extrato vegetal”, explica Alessandra Stefani, nutricionista responsável pelo setor de Nutrição do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba.
Para tornar o preparo mais saudável, prefira sempre uma gordura animal de origem natural – nada industrializado. Ou, se preferir, faça a própria banha em casa. “A pessoa pode comprar a parte mais gorda do porco, deixar em alta temperatura. Depois separa a carne e armazena a gordura. Ou, se preferir, comprar em um estabelecimento que ofereça peças artesanais”, sugere a nutricionista.
Azeite de oliva e óleo de coco
Tanto o azeite de oliva quanto o óleo de coco acabam categorizados muito mais no grupo das gorduras animais do que dos óleos vegetais, embora nenhum tenha origem animal.
Isso porque, segundo a nutricionista Alessandra Stefani, os benefícios dessas duas gorduras se assemelham mais aos da gordura animal e não oferecem a oxidação comum nos óleos vegetais. E nem são indicados serem usados em frituras por imersão – apenas para o cozimento dos alimentos.
[ Gazeta do Povo ]
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