16 de outubro de 2017

Saiba como deixar escorpiões bem longe da sua casa


Em 2017, já foram registrados no Paraná, de acordo com os dados da Secretaria de Estado da Saúde, 924 acidentes com escorpiões. Em todo o ano de 2016, foram 1.738 casos. Ao todo, incluindo os demais animais peçonhentos (escorpiões/aranhas/cobras), foram 14 mil atendimentos em 2016. Os números são altos. Neste ano, duas crianças morreram em decorrência de picadas de escorpiões amarelos. Um dos casos foi registrado em Jussara. O menino de apenas 4 anos foi picado em casa. Ele foi socorrido e encaminhado a um hospital de Maringá, mas morreu pouco depois. A segunda morte em decorrência de picada de escorpião, foi registrada no dia 15 de setembro. A criança de 5 anos, moradora de Cianorte, foi picada no tapete da sala da casa que morava.

O escorpião marrom é o principal responsável por acidentes em São Paulo e no Paraná. A maioria dos escorpiões, podem viver de 2 a 6 anos, tanto em lugares desertos quanto nas matas. Nos centros urbanos, vivem, principalmente, debaixo de pedras, tijolos, telhas e nas fendas das árvores. Gostam de entulhos de obras e lixo em quintais e terrenos baldios e onde se propagam insetos, como em caixas de gordura e fossas sépticas que são ambientes propícios onde encontram alimento, principalmente baratas, mas também outros insetos como grilos, besouros e moscas. Cada mãe tem aproximadamente dois partos/ano com média de 25 filhotes cada, podendo chegar a 160 filhotes durante a vida.

São animais noturnos que se escondem durante o dia, procurando substratos mais escuros para se esconderem e confundirem com o ambiente tais como sob cascos de árvores, pedras e entulhos, dentro dos domicílios se escondem principalmente nos sapatos e em roupas que ficam pelo chão. Por isso, 70% dos acidentes ocorrem nas pontas dos dedos dos pés e das mãos.

O atributo mais notório do escorpião é seu ferrão venenoso. O veneno dos escorpiões é neurotóxico. Sua ação é muito rápida e forte. A dor é intensa se irradiando por todo o corpo da vítima. Agindo especialmente sobre o sistema nervoso, podendo causar a morte por insuficiência cardiopulmonar. O soro antiescorpiônico é o único remédio eficaz contra as ferroadas dos escorpiões. Todas as espécies de escorpião são venenosas, mas o escorpião marrom é um dos mais venenosos. Os riscos são maiores para idosos e crianças pequenas.


Porque a infestação de escorpiões preocupa?
No Brasil houve um aumento de quase 600% no número de acidentes e mortes causados por esses animais nos últimos 15 anos. Esse aumento é o resultado da expansão urbana sobre áreas antes ocupadas por matas, o acúmulo de lixo e entulho, a diminuição dos predadores naturais e a grande capacidade desses animais se adaptarem ao ambiente. Segundo dados do Ministério da Saúde, os escorpiões provocaram a maior parte dos acidentes com animais peçonhentos no país, em 2015 foram 74.598 casos registrados, e causaram 119 mortes. Recentemente dois casos, a morte de uma menina de 5 anos em Cianorte e de um menino de 4 anos em Maringá comoveram a sociedade paranaense.


Veja tópicos do  “Manual de Controle de Escorpiões” do Ministério da Saúde 
Antes de mais nada, o poder público precisa fazer sua parte, identificar as áreas infestadas, fazer inspeções em residências, obras e terrenos baldios, notificar proprietários e promover campanhas públicas junto à população para esclarecimento e combate.

Diz o artigo 3º da Portaria 1.172/ 2004 do Ministério da Saúde que “compete ao município o registro, a captura, a apreensão e a eliminação de animais que representem risco à saúde do homem, cabendo ao estado a supervisão, acompanhamento e orientação dessas ações”.


Por outro lado, a comunidade como um todo tem um papel fundamental na prevenção aos acidentes e controle dos escorpiões. Assim como no combate ao mosquito Aedes, transmissor do vírus da dengue, é um dever de todos.

As medidas de controle e manejo populacional de escorpiões baseiam-se na retirada e coleta dos escorpiões e a modificação das condições do ambiente a fim de torná-lo desfavorável à ocorrência, permanência e proliferação destes animais.


Na área externa aos domicílios
• Manter limpos quintais e jardins, não acumular folhas secas e lixo domiciliar;
• Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes apropriados e fechados, e entregá-los para o serviço de coleta. Não jogar lixo em terrenos baldios;
• Limpar terrenos baldios situados a cerca de dois metros das redondezas dos imóveis;
• Eliminar baratas, aranhas, grilos e outros pequenos animais invertebrados;
• Evitar a formação de ambientes favoráveis ao abrigo de escorpiões, como obras de construção civil e terraplenagens que possam deixar entulho, superfícies sem revestimento, umidade, etc;
• Remover periodicamente materiais de construção e lenha armazenados, evitando o acúmulo exagerado;
• Preservar os inimigos naturais dos escorpiões, especialmente aves de hábitos noturnos como as corujas, pequenos macacos, quatis, lagartos, sapos, gansos e serpentes não venenosas (galinhas não são eficazes agentes controladores de escorpiões);
• Evitar queimadas em terrenos baldios, pois desalojam os escorpiões;
• Remover folhagens, arbustos e trepadeiras junto às paredes externas e muros;
• Manter fossas sépticas bem vedadas, para evitar a passagem de baratas e escorpiões;
• Rebocar paredes externas e muros para que não apresentem vãos ou frestas.
Na área interna
• Rebocar paredes para que não apresentem vãos ou frestas;
• Vedar soleiras de portas com rolos de areia ou rodos de borracha;
• Reparar rodapés soltos e colocar telas nas janelas;
• Telar as aberturas dos ralos, pias ou tanques;
• Telar aberturas de ventilação de porões e manter assoalhos calafetados;
• Manter todos os pontos de energia e telefone devidamente vedados.
Observação: em áreas rurais, a preparação do solo para plantio pode promover o desalojamento de escorpiões de seu habitat natural (barranco, cupinzeiros, troncos de árvores abandonadas por longos períodos).

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