O jornalista Clodoaldo Bonete, do jornal Tribuna do Interior, publicou uma matéria que me chamou muita atenção: a história de uma moradora de Mamborê, a 39,1 km de Campo Mourão, que estudou, deu aulas e se aposentou na Escola Rui Barbosa daquele município. A reportagem retrata as comemorações dos 50 anos da escola municipal mamboreense. Confira:
Durante os 50 anos de atividades em Mamborê, a Escola Rui Barbosa contribuiu para a formação de muitos profissionais. Quanta gente estudou, se casou e depois matriculou o filho na mesma escola. Há também aqueles que de alunos viraram professores e do banco escolar passaram para o quadro-negro. É o caso da professora aposentada Maria Marlene Korczovei, 57 anos. A dedicação pelos livros e o anseio em aprender sempre mais fez com que ela se empenhasse nos estudos e se tornasse uma professora compreensiva e atenciosa com as crianças. Aqueles que tinham dificuldades eram os que mais recebiam atenção de Marlene.
Nascida em Prudentópolis e de família ucraniana, Marlene chegou aos 3 anos em Mamborê e a partir de 1972 começou a estudar na escola, que um ano antes havia sido queimada em um incêndio. Na época se chamava Ginásio Estadual de Mamborê. “Nunca parei de estudar e por me destacar na língua ucraniana e também na portuguesa, em 1979 escolhi o curso de Letras, na Fecilcam. Na época havia apenas licenciatura curta e, em 1981, comecei a dar aula, até que em 1987, quando a faculdade iniciou com a licenciatura plena eu voltei para concluir Letras”, disse ela.
Por ser apaixonada pelos livros, Marlene conta que incentivou muitos alunos ao hábito da leitura. “Comecei a lecionar muito cedo, como ajudante, e quando fui para o magistério ganhei minha turma. Fazia propaganda do que lia e aquilo fez com que muitos alunos se tornassem bons leitores também”, orgulha-se.
Aprovada no que ela acredita ter sido o primeiro concurso do Estado para lecionar da 5ª à 8ª serie, Marlene não parava de acumular conhecimento, mesmo em uma época em que nem precisa muita coisa para assumir uma sala de aula. “Por falta de professor habilitado, aqueles que tinham bom conhecimento e prática com turmas de 1ª a 4ª séries eram convidados a assumir do 5º ao 8º também”, explica.
Em 1988, dois meses antes da Reforma da Previdência, ela conta que conseguiu a primeira aposentadoria, por tempo de serviço. Com a reforma, a lei mudou passando a contar tempo de serviço e de contribuição. “Continuei lecionando e no ano passado me aposentei ao completar 35 anos de trabalho. A Escola Rui Barbosa sempre representou muito para mim, porque tive professores ali que depois se tornaram meus colegas de trabalho, mas o que mais me surpreende e encanta nessa profissão é poder ajudar aqueles estudantes que encontram mais dificuldades a avançarem”, afirma.
Um dos exemplos que Marlene faz questão de lembrar foi de um aluno que chegou a sua sala de aula sem saber ler e, consequentemente, nem escrever. “Fiz um acompanhamento com ele, atendendo em hora atividade, contraturno e até de forma voluntária. Em três meses ele lia e escrevia, algo tão marcante que a própria pedagoga chorou, assim como a mãe dele que muito agradeceu. É esse tipo de trabalho que sempre me motivou, porque aquele aluno que aprende com mais facilidade é mais fácil, é só soltar o conteúdo. Entendo que esse é o nosso papel enquanto educadores, temos que tentar entender e ver o que podemos fazer a mais para que o aluno flua”, completa.
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