Em encontro recente, o professor Vicente Piazza me contou que a então noiva Claudete, lá no final dos anos 1960, pediu para ele que não queria morar em local com terra vermelha e ele escondeu que Campo Mourão, local que escolheu para lecionar e onde foi o primeiro professor de educação física formado em faculdade que por aqui atuou, era a capital mundial dos pés-vermelhos. Casados e bem sucedidos desde então, o casal reside atualmente em Cascavel, mas vive por aqui matando a saudade da filha, netos e, claro, dessa amada e rica terra.
Ao ouvir o professor contando essa passagem lembrei de uma com meus pais, ocorrida muito antes disso, em 1958, logo que por aqui se instalaram.
Sallime João Abraão de Lima (Dona Salma) |
Dona Salma e a mana Satuti (in memorian) |
Recém casados, Dona Sallime, que todos chamam de Salma, e o seu Irineu, também conhecido como Caxinha, se mudaram para Campo Mourão, onde meu pai já vinha com certa frequência, transportando madeira para todo o Brasil, e que apostou como um local de futuro para sua vida profissional e para formar uma família.
Como vieram juntos com toda a família de meu pai, na primeira viagem a negócios dele, para Campina da Lagoa, onde ele carregaria uma nova carga de madeira, minha mãe não perdeu a oportunidade de acompanhá-lo e conhecer um pouco mais dessa parte do Paraná, com suas terras vermelhas ainda sendo desbravadas, ela que vinha da rica região de Presidente Prudente.
Seu Irineu, Dona Salma e Eu - 1962 |
No então distrito de Goioerê, enquanto o caminhão era carregado, meu pai e minha mãe procuraram um restaurante para a refeição do meio-dia e o melhor local era o de um hotel. Lá, ela precisou usar o banheiro e o dono do restaurante apontou um casinha de madeira que ficava nos fundos. Uma construção de madeira, erguida uns dois ou três metros de altura para corrigir a irregularidade do terreno.
Assustada com a precaridade do lugar, mas com a necessidade fisiológica apertando, ela superou seus medos e sentou na precária privada. Mas o medo voltou aos escutar barulhos abaixo dela. Para seu espanto, percebeu porcos circulando por ali e deles, claro, é que partiam os grunhidos.
Refeita, voltou ao restaurante, mas logo se levantou e partiu dali arrastando meu pai sem deixá-lo experimentar o principal prato do restaurante: carne suína.
Dona Salma, Seu Irineu e os cinco filhos |
Neste 14 de fevereiro minha mãe comemora seus 87 anos e, claro, desejo muitos e muitos anos de vida, sempre com muita saúde paz e amor dos filhos (5), netos (9) e bisnetos (4).
Nenhum comentário:
Postar um comentário