2 de março de 2016

O memorando. Crônica de Osvaldo Broza

Osvaldo Broza
Como muitos sabem, trabalhei alguns anos na prefeitura de Campo Mourão. Comecei em 1965, como office-boy, com o prefeito Milton Luiz Pereira, e continuei com Rosalino Salvadori, Augustinho Vecchi (duas vezes), Horácio Amaral e Renato Fernandes Silva. 

Dr. Milton Luiz Pereira (in memorian)
De vez em quando encontro pessoas que lembram de mim na prefeitura e, juntos, recordamos algumas passagens. Já contei alguma coisa em crônicas anteriores, mas sempre surgem novas lembranças, novos casos que dão novas histórias. Dias desses estive batendo um papo com o agricultor Jeová Fagundes dos Santos, que era funcionário de carreira do Banco do Brasil quando comecei na prefeitura e depois tivemos relacionamento comercial quando ele era diretor da APRECAMPO e eu sócio de uma agência de publicidade. E lembramos de um fato ocorrido entre os anos de 1966/67, antes de Milton Luiz Pereira ter renunciado ao cargo para assumir como Juiz Federal em Curitiba. 

Renato Fernandes Silva
Eu trabalhava no gabinete do prefeito (secretaria) e datilografava todo o expediente, desde portarias, decretos, anteprojetos, ofícios, editais, etc, e certo dia datilografei uma inusitada correspondência – o Seu Jeová sustenta que era um memorando -, já redigida pelo prefeito, destinada justamente ao Banco do Brasil, cujo gerente era o Sr. Antonio de Pádua de Oliveira Cunha. 
Horácio Amaral (in memorian)

A Biblioteca Municipal funcionava no mesmo prédio da prefeitura e um de seus mais assíduos frequentadores era um funcionário daquele banco. Eu lembro do nome dele, da sua fisionomia, da sua altura, mas não lembro – porque não vi - do tamanho do “negócio” que um dia ele mostrou à Bibliotecária. Ela não gostou do que viu – do ato em si, claro - e contou ao secretário (Sebastião Ferreira Lima), o secretário contou ao prefeito e o prefeito contou ao gerente do banco através daquele memorando. 

O Sr. Jeová, na época subgerente da agência, diz que o memorando foi encaminhado à diretoria do banco para as providências cabíveis, já que se tratava de um funcionário (escriturário) concursado. Ele diz que não lembra de tudo o que estava escrito na correspondência, mas o que não lhe sai da memória é o termo que o Dr. Milton usou para contar o que o funcionário tinha mostrado à Bibliotecária: o seu membro viril. 

Meu tio Sebastião Ferreira Lima, à direita
de paletó branco, na posse do doutor
Milton Luiz Pereira  
- E o que aconteceu com o funcionário?, perguntei.

- Foi transferido para uma outra agência, mas não lembro onde.

- Mas não era motivo para uma punição mais severa?

- Não foi considerado tão grande pela direção do banco! 

- Não era grande, então?

- Epa! Isso eu não sei, porque não vi (risos)!

- Então, os Membros da direção do Banco do Brasil não foram viris para punir o funcionário de membro viril?!!!

- Quem está falando é você! 

A exemplo da maioria dos mourãoenses, seu Jeová tem uma admiração muito grande pelo ex-prefeito Milton Luis Pereira. - Ele foi um grande exemplo de gestor público, admirável em todos os aspectos, justifica. 

- Ele foi o mais viril dos prefeitos? 

- Ele foi o mais zeloso e, para dar sentido à sua pergunta, ele foi o mais vigoroso na administração da nossa cidade.

* Milton Luis Pereira faleceu no dia 16 de fevereiro de 2012, em Curitiba, onde residia.
*** Sebastião Ferreira Lima era meu tio. ele faleceu no início dos anos 1990, em Foz do Iguaçu
**** Minha tia Maria Luiza Fabri foi bibliotecária por muitos anos, mas afirma, segundo o Broza, que não foi ela que presenciou a 'arma do crime'.
***** Osvaldo Broza é pioneiro mourãoense e integrante da Academia Mourãoense de Letras.
****** As ilustrações são por minha conta.

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