23 de março de 2016

Como será possível ver os dois cometas que passarão 'raspando' a Terra nesta semana

Os cometas são agregados de rocha, gelo e poeira, componentes unidos pela força da gravidade
A Terra está sendo visitada não apenas por um, mas dois cometas.

Um acontecimento único - como se a visita dupla não fosse bastante, um deles está "raspando" nosso planeta.
Será preciso um telescópio com ao menos 150 mm
de abertura para observar os cometas gêmeos
Fazia 246 anos que um cometa não passava tão perto.

Os objetos são o P/2016 BA14 Pan Starrs e o 252P/Linear, que começaram nesta semana sua passagem pelo hemisfério Sul e desaparecerão pelo hemisfério Norte em duas semanas.
No entanto, é nesta semana que os cometas estarão mais perto da Terra.

Embora ambos estejam a uma distância relativamente curta - o Linear, a 5,2 milhões de km, e o Pan Starrs, a 3,5 milhões de km -, quem quiser apreciá-los precisará de um telescópio profissional, pois são objetos pequenos.

Segundo o Instituto de Astrofísica das Canárias, o observatório mais importante da Europa, o telescópio tem que ter ao menos entre 15cm e 20cm de abertura.

Como o percurso é de sul a norte, quem está no hemisfério Sul deve apontar o aparelho para o norte, e vice-versa.

Gêmeos


Talvez o fato mais interessante sobre esses cometas é que são gêmeos.

Segundo especialistas da Universidade de Maryland, nos EUA, eles apresentam órbitas quase idênticas e com período semelhante: 5,25 e 5,32 anos, respectivamente.

"Os dois podem estar relacionados porque suas órbitas são surpreendentemente parecidas", afirmou, em nota, o chefe do departamento de objetos próximos à Terra da Nasa, Paul Chodas.

"Sabemos que cometas são objetos relativamente frágeis. Talvez durante uma passagem anterior pelo Sistema Solar, ou durante um sobrevoo por Jupiter, o pedaço que conhecemos hoje como Pan Starrs tenha se desprendido do Linear", completou.

A passagem dos cometas, disse o cientista, não representa perigo para a Terra.

Agora ou em 150 anos

Trata-se também de uma excelente oportunidade para avançar no estudo científico dos cometas.

Para isso, o telescópio espacial Hubble está seguindo a dupla de perto.

Cometas são remanescentes da formação do Sistema Solar

Os cometas são agregados de rocha, gelo e poeira, mantidos juntos pela ação da gravidade, e cujo núcleo varia de 10km a 40km de diâmetro.

O estudo desses objetos é importante para a astronomia porque são como fósseis da formação do Sistema Solar, que carregam informações sobre a gênese dos sistemas planetários.

Especialistas terão essa janela de duas semanas para coletar o maior volume possível de dados - a estimativa é que um cometa só volte a passar tão perto do planeta em 150 anos.

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