“O móvel preferido do diabo é o banco comprido”
Original: Des Teufels liebstes Möbelstück ist die lange Bank
País: Alemanha
É uma crítica ao ócio ou à preguiça – no idioma original, o tal banco é aquele em praças e jardins, bom para se deitar. A frase provavelmente é derivada da expressão alemã “colocar (algo ou alguém) no banco comprido”, que significa cancelar, adiar, perder o interesse
“Muitos pequenos riachos fazem um grande rio”
Original: Mange bække små gør en stor å
País: Dinamarca
Dependendo da circunstância, pode equivaler a três frases folclóricas brasileiras: “A união faz a força”, “Devagar se vai ao longe” ou “É a gota d’água” (aquele momento em que várias pequenas atitudes se acumulam e a última gera um grande conflito)
“Aquele que nunca se queimou ao sol não sabe o valor da sombra”
Original: Güneste yanmayan gölgenin kiymetini bilmez
País: Turquia
Num país cuja temperatura média máxima em certas regiões pode chegar a 39 oC, essa metáfora particularmente “ensolarada” lembra que a gente só costuma dar valor a alguma coisa quando a perde (ou quando passa necessidade)
“Quem não sabe de onde veio nunca vai encontrar o seu destino”
Original: Ang hindi lumingon sa pinanggalingan, hindi makakarating sa paroroonan
País: Filipinas
Poderia estar numa letra de Chitãozinho e Xororó, mas é apenas um salawikain, tradicional tipo de ditado filipino com forte carga moral e filosófica. Aprenda: sem conhecer suas raízes, você não saberá determinar sua missão de vida
“O professor abre a porta; você entra sozinho”
País: China
Está indo mal na escola? Para os chineses, não adianta culpar os outros: é responsabilidade do aluno se aprofundar nos ensinamentos. No idioma original, a frase alude ao budismo: o mestre pode até introduzir os preceitos da religião, mas cabe ao discípulo a prática diária
“Muito trabalho e pouca diversão tornam Jack um menino aborrecido”
Original: All work and no play makes Jack a dull boy
Países: EUA e Reino Unido
Não, a frase datilografada por Jack Nicholson em O Iluminado não foi uma invenção do roteiro do filme. Ela remonta à obra do sábio Ptah-Hotep, no Egito antigo, e foi catalogada na Inglaterra no século 17. O recado é direto: quem só trabalha sem relaxar aborrece a si mesmo e aos outros
“Tanto vai a gata ao toucinho que deixa a patinha”
Original: Tanto va la gatta al lardo, che ci lascia lo zampino
País: Itália
Em outras palavras: quem faz algo errado, cedo ou tarde será descoberto. O verbo “lasciare” também pode significar “deixar para trás” ou “perder”. Portanto, a felina pode ter ficado perneta – aproximando o provérbio de “A curiosidade matou o gato”
“Na boca do lobo!”
Origina: lIn bocca al lupo!
País: Itália
É um desejo de boa sorte. A origem é nebulosa: pode estar ligado a Rômulo e Remo, os “fundadores mitológicos” da Itália, que teriam sido amamentados por uma loba; ou ao costume de exibir a pele de lobos como sinal de bom agouro, em aldeias rurais.Outra expressão italiana de sorte é “No ânus da baleia!” (mas usando um certo palavrão…). Ela remete ao conto bíblico de Jonas e a baleia
“Quem se torna uma ovelha acaba devorado pelo lobo”
País: Grécia
É uma trágica mistura das nossas expressões “Maria vai com as outras” e “Lobo em pele de cordeiro”. Para os gregos, quem se deixa guiar cegamente por um líder errado (ou de intenções ruins) inevitavelmente é manipulado e se dá mal
“Enquanto falamos do lobo, o lobo aparece na porta”
Original: Mi o vuku, a vuk na vrata
País: Croácia
Cuidado ao fofocar sobre alguém, pois a vítima pode surgir de repente. (No Brasil, usamos uma metáfora mais católica: “Falando no diabo, ele aparece”.) O provérbio também pode ser usado quando uma situação imaginada acaba se realizando
“Mesmo que o babuíno use um anel de ouro, ele ainda é uma coisa feia”
Original: Al dra `n bobbejaan `n goue ring, bly hy nog `n lelike ding
País: África do Sul
É um alerta sobre como as aparências enganam – uma versão muito mais curiosa e rústica do nosso “Nem tudo que reluz é ouro”. O africâner é a principal língua sul-africana, uma mistura de holandês com dialetos locais
“Na falta de tordos, come-se melros”
Original: Faute de grives on mange des merles
País: França
“Grives” e “merles” são espécies de aves de caça da mesma família, sem tradução imediata para o português (“tordo” e “melro” são aproximações). Mas o próprio ditado tem algo similar na nossa língua: “Quem não tem cão caça como gato”. Ou seja: contente-se com o que está disponível
“Tocar violino para o búfalo ouvir”
País: Tailândia
Em vez de evitar “Dar pérolas aos porcos” (ou atenção para quem não merece), os tailandeses escolhem bem qual bicho merece ouvir música. “Violino” é uma adaptação: o texto original cita o saw u, instrumento local feito de coco, também tocado com arco
“Alimente um cão por três dias e ele será grato por três anos. Alimente um gato por três anos e ele se esquecerá disso em três dias”
País: Japão
O provérbio discute um dos valores mais importantes na cultura japonesa: a gratidão (nesse idioma, um único ideograma representa o conceito de favor e de obrigação). Ele ensina que devemos ser sempre gratos e retribuir cortesias
“Defenda-me das galinhas, dos cães não tenho medo”
País: Romênia
Sabe aquele papo de “mantenha os amigos por perto e os inimigos mais perto ainda”? Seria algo nessa linha. Os cachorros representam os desafetos declarados e as galinhas são aquelas amizades falsas, cuja traição nem imaginamos
“De Espanha, nem bom vento, nem bom casamento”
País: Portugal
A frase tem explicação cultural (a eterna rixa entre as nações ibéricas) e também geográfica e histórica. Realmente, as correntes que chegam a Portugal vindas da Espanha são mais secas e rigorosas que as que vêm do Atlântico. E os casamentos entre nobres desses países raramente foram suaves – vide Carlota Joaquina e dom João VI
“A porta do carpinteiro está solta”
País: Egito
No Brasil, a casa do ferreiro tem um espeto de pau. Mas, quando os egípcios querem se referir a pessoas que não aplicam seus conhecimentos profissionais na vida pessoal, apelam a esse provérbio, oriundo de uma fábula regional
"A fome não é sua tia, ela não vai trazer-lhe uma torta”
País: Rússia
Pô, esses russos têm tias muito desnaturadas! Na verdade, eles querem alertar que, em momentos de dificuldade, você tem que ajudar a si mesmo. Eles também usam a versão encurtada “A fome não é sua tia” quando querem introduzir algum assunto sério na conversa
“Não existe tempo ruim, mas, sim, roupas ruins”
Original: Det finns inget dåligt väder, bara dåliga kläder
País: Suécia
Qualquer clima ou temperatura é aceitável, desde que se esteja com as roupas certas. Portanto, tudo na vida é questão de se adaptar. O ditado também existe em inglês e foi utilizado por Charles Dickens no romance Dombey e Filho
“Quando o diabo não tem o que fazer, mata moscas com o rabo”
Original: Cuando el diablo no tiene qué hacer, con el rabo mata moscas
País: Espanha
O refrane, como os espanhóis chamam os provérbios, é uma crítica ao ócio e às eventuais atividades inúteis que ele provoca. Na versão brasileira, o capeta também aparece: “Cabeça (ou mente) vazia, oficina do diabo”
“Não vá para Tula com seu samovar”
País: Rússia
Seria algo como nosso “Não levar bolo para a festa”, ou seja, não fazer algo despropositado ou inútil. A cidade de Tula, a 193 km de Moscou, é famosa por fazer os melhores samovares (uma espécie de chaleira tradicional) de toda a Rússia.Na Inglaterra, se diz “Não leve carvão para Newcastle”, grande polo carbonífero no norte do país
“Frequentemente, belas nozes têm um núcleo feio”
Original: Oft hafa fagrar hnetur fúinn kjarna
País: Islândia
Tadinho dos islandeses: aquele trabalhão para abrir uma noz… e descobrir um recheio podre. No Brasil, o alerta para a beleza externa aborda outra comida, mais ligada à tradição lusitana: “Por fora, bela viola. Por dentro, pão bolorento”
[ Mundo Estranho ]
Nenhum comentário:
Postar um comentário