Na primeira vez que disputei um campeonato adulto de futebol de salão, pela Associação Tagliari, tive a felicidade de ser campeão paranaense. Conquistamos, de forma invicta, a Taça de Paraná (atual Chave Ouro), jogando contra as seis principais equipes do estado, em Paranavaí, em 1979.
Eu era o mais novo da turma e, por isso mesmo, era protegido por todos. Jogar ao lado do Carlão Tagliari, Ione Sartor, Ivando “Rancho” Capato, Beline e Gilmar Fuzeto fazia com que as difíceis vitórias daquele campeonato não parecessem tão difíceis assim. E isso inflava ainda mais o meu ego, que não era pequeno!
Gilmar Fuzeto (com o sobrinho Carlinhos Tagliari), Luizinho Ferreira Lima e Carlão Tagliari (com o sobrinho Flavinho Tagliari Bisol) - 1979 |
Já era difícil me aturar pelo simples fato de jogar pelo Tagliari, imaginem campeão paranaense! Amigos me diziam que eu jogava bem, confirmando o que eu também pensava! (se eu não fosse tão humilde, seria perfeito!).
Logo após nossa conquista, um torneio foi realizado em Araruna, aberto à participação de municípios da Comcam. Para quem tinha vencido as fortes equipes de Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Paranavaí, Curitiba e Guarapuava, seria fácil ganhar das pequenas cidades vizinhas, assim pensei, e seria boa oportunidade para mostrar toda a minha qualidade.
Na verdade, o evento era para mostrar ainda mais o Tagliari para região. Seria realizado de forma eliminatório para que um número maior de equipes jogassem conosco.
Ione Paulo Sartor |
Na quadra descoberta do único Clube de Araruna, enfrentaríamos, na estréia, o time de Quinta do Sol. Quando entro no vestiário, mais metido que ganso novo, observo que alguns adversários usam tênis inapropriados para o futsal e, absurdo e engraçado, amarram o cadarço na canela.
Lógico que não gozei deles, mas no nosso vestiário não parava de ironizá-los.
A torcida, que se espremia em volta da quadra, era toda para o adversário, que de cara abriram o placar. Com muito esforço, empatamos. Eles desempataram, nós empatamos. E foi assim até o final do jogo. Eles passavam na frente – sempre com gol daqueles que amarravam o cadarço na canela – e nós sofríamos para empatar. No final, vitória deles, por um gol de diferença, para delírio da maioria.
Nunca mais julguei ninguém pela maneira de se trajar.
No final daquele ano, 1980, nos sagramos bicampeões paranaenses invictos.
(Publicado originalmente no semanário Entre Rios, em 2005)
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