Responsável por tornar público o programa de monitoramento do governo norte-americano, ex-funcionário da NSA ganha status de criminoso e é obrigado a procurar asilo político
Edward Snowden concede entrevista em Hong Kong ao jornal The Guardian. Seu paradeiro atual é desconhecido (Foto: © Getty Images) |
Poderia ser um criminoso, terrorista, traficante de drogas ou político corrupto, mas não. O homem mais procurado do mundo é um ex-funcionário da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos. Barba e cabelos loiros, rosto sereno e bondoso, Edward Snowden saiu do anonimato direto para a lista dos “mais procurados” do governo. Ele é o responsável pelo vazamentos de arquivos que tornaram públicos a existência do PRISM, programa norte-americano de rastreamento com capacidade de acessar arquivos de áudio, vídeo, foto, e-mails, histórico de buscas e outros dados sigilosos de qualquer cliente das maiores empresas de internet do mundo.
Talvez esse jeito que lhe transparece tenha sido o motor para que ele se denunciasse um dos maiores programas confidenciais de inteligência americana. Aos 29 anos, Snowden acendeu a chama de um debate importantíssimo sobre o equilíbrio entre segurança nacional e privacidade no mundo moderno.
Antes de trabalhar pelos últimos quatro anos, da NSA, foi assistente técnico para a CIA (Agência Central de Inteligência) Em qualquer lugar do mundo, funcionários de agências de inteligência são obrigados a assinar uma série de contratos que garantem, juridicamente, o segredo dessas informações. Neste impasse entre o que era certo para o governo ou o que era melhor para a população, Snowden optou pelo segundo. Desde então, largou tudo e partiu para Hong Kong, onde teria o mínimo de segurança para liberar os documentos sem ser capturado quase que imediatamente pela polícia. Entre eles, uma apresentação de slides que servia para treinar novos oficiais a lidar com o software de rastreamento, dava todos os detalhes do alcance e dimensão do PRISM.
Depois da reportagem dada com exclusividade ao jornal britânico The Guardian, Snowden se mandou mais uma vez, primeiro com destino à Rússia, depois, ninguém sabe. O governo norte-americano chegou a fazer um pedido formal de extradição a qualquer país que saiba de seu paradeiro.
Certo é que ele está em busca de asilo político e o Equador já sinalizou interesse. O país já dá proteção ao australiano Julian Assange, idealizador da Wikileaks, organização sem fins lucrativos que publica documentos, fotos e informações vazadas de governos ou empresas sobre assuntos confidenciais, polêmicos e/ou de interesse público. Com tudo caminhando para que os dois grandes procurados da Casa Branca permaneçam sob custódia dos sulamericanos, o presidente equatoriano, Rafael Correa, já indicou que não aceitará pressões, abdicando, inclusive, de benefícios tarifários dados pelos EUA pela campanha antidrogas instaurada no país.
A história de Snowden e Assange tem, inclusive, algumas semelhanças, além do fato de representarem inimigos de estado para os EUA. Ambos querem ser trazidos a qualquer custo pelo governo norte-americano para que sejam “julgados como manda o rigor da lei”, despertaram o ódio de políticos e autoridades poderosas do país e lutam a favor dos direitos de liberdade de expressão, informação e contra os abusos de grandes figurões do cenário global. A diferença é que Snowden se aproxima mais da figura de Bradley Manning, fonte das denúncias sobre o governo ao Wikileaks. O papel de Assange, de disseminar a informação, ficou com o jornalista Glenn Greenwald, do Guardian, a quem Snowden revelou o segredo.
O soldado informante do Wikileaks está preso desde 2010. Ele aguarda julgamento, com risco de ser condenado à prisão perpétua. Para a justiça americana, o caso de Snowden é ainda mais grave. As informações liberadas por ele estão no mais alto grau de confidencialidade, o chamado “Top Secret”, enquanto a pesada pena de Manning pode vir por um “crime” bem mais leve.
Na última década, depois dos atentados de 11 de setembro, o sistema judiciário dos EUA ganhou o costume de passar leis com enfoque em segurança pública, que rivalizam com a proteção de dados pessoais na internet. O que se vê, é um esforço político para que se flexibilize e possibilite esse monitoramento geral e irrestrito, algo que fere o direito à privacidade previsto nos Direitos Humanos.
Snowden já declarou em entrevista que nem cogita a possibilidade de, um dia, voltar para casa, apesar de considerar que não fez nada errado. Os desdobramentos dessa história ainda estão longe do fim, restando, a Snowden, apenas se esconder e procurar proteção. “Eu quero que o foco esteja nos documentos e nos debates que isso deve desencadear entre os cidadãos sobre o tipo de mundo que queremos viver. Minha única motivação é informar o público sobre o que é feito com nome dele e o que é feito contra eles”, disse ele ao Guardian. (via: Revista Galileu)
Talvez esse jeito que lhe transparece tenha sido o motor para que ele se denunciasse um dos maiores programas confidenciais de inteligência americana. Aos 29 anos, Snowden acendeu a chama de um debate importantíssimo sobre o equilíbrio entre segurança nacional e privacidade no mundo moderno.
Antes de trabalhar pelos últimos quatro anos, da NSA, foi assistente técnico para a CIA (Agência Central de Inteligência) Em qualquer lugar do mundo, funcionários de agências de inteligência são obrigados a assinar uma série de contratos que garantem, juridicamente, o segredo dessas informações. Neste impasse entre o que era certo para o governo ou o que era melhor para a população, Snowden optou pelo segundo. Desde então, largou tudo e partiu para Hong Kong, onde teria o mínimo de segurança para liberar os documentos sem ser capturado quase que imediatamente pela polícia. Entre eles, uma apresentação de slides que servia para treinar novos oficiais a lidar com o software de rastreamento, dava todos os detalhes do alcance e dimensão do PRISM.
Depois da reportagem dada com exclusividade ao jornal britânico The Guardian, Snowden se mandou mais uma vez, primeiro com destino à Rússia, depois, ninguém sabe. O governo norte-americano chegou a fazer um pedido formal de extradição a qualquer país que saiba de seu paradeiro.
Certo é que ele está em busca de asilo político e o Equador já sinalizou interesse. O país já dá proteção ao australiano Julian Assange, idealizador da Wikileaks, organização sem fins lucrativos que publica documentos, fotos e informações vazadas de governos ou empresas sobre assuntos confidenciais, polêmicos e/ou de interesse público. Com tudo caminhando para que os dois grandes procurados da Casa Branca permaneçam sob custódia dos sulamericanos, o presidente equatoriano, Rafael Correa, já indicou que não aceitará pressões, abdicando, inclusive, de benefícios tarifários dados pelos EUA pela campanha antidrogas instaurada no país.
A história de Snowden e Assange tem, inclusive, algumas semelhanças, além do fato de representarem inimigos de estado para os EUA. Ambos querem ser trazidos a qualquer custo pelo governo norte-americano para que sejam “julgados como manda o rigor da lei”, despertaram o ódio de políticos e autoridades poderosas do país e lutam a favor dos direitos de liberdade de expressão, informação e contra os abusos de grandes figurões do cenário global. A diferença é que Snowden se aproxima mais da figura de Bradley Manning, fonte das denúncias sobre o governo ao Wikileaks. O papel de Assange, de disseminar a informação, ficou com o jornalista Glenn Greenwald, do Guardian, a quem Snowden revelou o segredo.
O soldado informante do Wikileaks está preso desde 2010. Ele aguarda julgamento, com risco de ser condenado à prisão perpétua. Para a justiça americana, o caso de Snowden é ainda mais grave. As informações liberadas por ele estão no mais alto grau de confidencialidade, o chamado “Top Secret”, enquanto a pesada pena de Manning pode vir por um “crime” bem mais leve.
Na última década, depois dos atentados de 11 de setembro, o sistema judiciário dos EUA ganhou o costume de passar leis com enfoque em segurança pública, que rivalizam com a proteção de dados pessoais na internet. O que se vê, é um esforço político para que se flexibilize e possibilite esse monitoramento geral e irrestrito, algo que fere o direito à privacidade previsto nos Direitos Humanos.
Snowden já declarou em entrevista que nem cogita a possibilidade de, um dia, voltar para casa, apesar de considerar que não fez nada errado. Os desdobramentos dessa história ainda estão longe do fim, restando, a Snowden, apenas se esconder e procurar proteção. “Eu quero que o foco esteja nos documentos e nos debates que isso deve desencadear entre os cidadãos sobre o tipo de mundo que queremos viver. Minha única motivação é informar o público sobre o que é feito com nome dele e o que é feito contra eles”, disse ele ao Guardian. (via: Revista Galileu)
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