25 de maio de 2011

Vinícius de Moraes e Toquinho - "Na Tonga da Mironga do Cabuletê"


Para o pessoal da antiga, que conhece a música, e para o pessoal mais novo conhecer um pouco de história... (enviado pelo Jayminho Bernardelli)


1970. Vinícius e Toquinho voltam da Itália onde tinham acabado de inaugurar a parceria com o disco “A Arca de Noé”, fruto de um velho livro que o poetinha fizera para seu filho Pedro, quando este ainda era menino.
Encontram o Brasil em pleno “milagre econômico” da ditadura militar. A censura em alta, a Bossa em baixa.
Opositores ao regime pagando com a liberdade e a vida o preço de seus ideais.
O poeta é visto como comunista pela cegueira militar, e ultrapassado pela intelectualidade militante que, pejorativa e injustamente, classifica sua música de "easy music". No teatro Castro Alves, em Salvador, é apresentada ao Brasil a nova parceria.
Vinícius está casado com a atriz baiana Gesse Gessy, uma das maiores paixões de sua vida, que o aproximaria do candomblé, apresentando-o à Mãe Menininha do Gantois.
Sentindo a angústia do companheiro, Gesse o diverte, ensinando-lhe xingamentos em Nagô, entre eles “tonga da mironga do cabuletê”, que significa “o pêlo do cu da mãe”.
O mote anal e seu sentimento em relação aos homens de verde-oliva inspiram o poeta.
Com Toquinho, Vinícius compõe a canção para apresentá-la num show no Teatro Castro Alves. Era a oportunidade de xingar os militares sem que eles compreendessem a ofensa. E o poeta ainda se divertia com tudo isso: “Te garanto que na Escola Superior de Guerra não tem um milico que saiba falar nagô”. (Fonte: Vinícius de Moraes: o Poeta da Paixão; uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 1994)

Tonga da Mironga do Cabuletê:

Eu caio de bossa, eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa, xingando em nagô
Você que ouve e não fala
Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala,
Você vai ter que aprender
A tonga da mironga do cabuletê!
A tonga da mironga do cabuletê!
A tonga da mironga do cabuletê!

Você que lê e não sabe,
Você que reza e não crê,
Você que entra e não cabe,
Você vai ter que viver...

Na tonga da mironga do cabuletê!
Na tonga da mironga do cabuletê!
Na tonga da mironga do cabuletê!

Você que fuma e não traga,
E que não paga pra ver,
Vou lhe rogar uma praga,
Eu vou é mandar você...

Pra tonga da mironga do cabuletê!
Pra tonga da mironga do cabuletê!
Pra tonga da mironga do cabuletê!


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