Por Osvaldo Broza - osvaldobroza@hotmail.com
Miguel Antunes de Oliveira, o Tio Miguel, como é mais conhecido, completou noventa anos dia 29/09 e recebeu merecida homenagem em concorrido jantar. O amplo salão da Churrascaria do Laurinho ficou pequeno com a presença de aproximadamente 150 pessoas, entre amigos, fãs e admiradores desse ilustre pioneiro mourãoense.
Tio Miguel, filho de Alcídia Gonçalves e Praxedes Antunes de Oliveira, nasceu na Cidade de Tangará, SC, em 1920, e veio pra Campo Mourão em 1959, para ser sócio da Ferragem Casali, junto com o seu concunhado Aldo Casali e Sérgio Luiz Panceri, onde ficou até se aposentar, em 1982. Casou-se em 1944, com Dona Iria, que faleceu em 1981. Tem um único filho, Adoniram, uma neta, Andréa, e três bisnetos, Maria Elisa, Murilo e Breno.
Tio Miguel é uma pessoa que todo mundo gosta, admira e respeita, em qualquer faixa de idade. Brincalhão, sempre bem humorado, saúda a todos com uma particularidade ímpar, procurando elevar o astral das pessoas e do ambiente. – Eu já estava bem, mas agora, na presença dessa piazada de primeira, me sinto melhor ainda -, costuma dizer quando chega numa roda de amigos. Em seu aniversário de noventa anos, não foi diferente. Quando fui cumprimentá-lo, e ao perguntar-lhe como estava, respondeu-me com o alto astral que lhe é peculiar: - Melhor agora, com a tua presença.
Bastante participativo, ele já foi diretor dos clubes 10 de Outubro e Mourãoense, membro do Lions Club desde 1972, fez teatro, compôs o Coral Canto e Cultura desde a sua fundação (abril de 1991) e foi presidente da Associação dos Pioneiros de Campo Mourão. Foi, também, por muito tempo, Juiz de Paz.
Tive a honra em entrevistá-lo, em 2004, para o extinto Jornal EntreRios, com o título e os dados acima. Transcrevo parte dessa entrevista, como mais uma homenagem deste seu fã incondicional, e para que todos saibam por que ele é tão respeitado e admirado.
- Qual o segredo da sua longevidade com tanto vigor e lucidez?
- Acho que é hereditário. Meu pai morreu ainda novo, de acidente, mas minha mãe viveu mais de 90 anos. Hoje somos em 6 irmãos – eu e 5 irmãs -, a mais nova tem 79 e a mais velha já passou dos 90. Tudo piazada.
- O Senhor fuma e bebe?
- Não fumo, mas bebo as minhas pinguinhas. E vinho em todas as refeições.
- Porque todo mundo gosta do Sr?
- Talvez pelo meu jeito de ser. E porque tive uma meninice muita boa, uma educação de primeira. Aprendi desde cedo a respeitar e a tratar bem as pessoas.
- O Senhor mora em Campo Mourão desde 1959. Nunca pensou em sair daqui?
- Não. Já tive propostas, mas nem pensei no assunto. Não saio daqui de jeito nenhum.
- Por quê?
- Pela qualidade de vida. A maneira de se viver em Campo Mourão não existe em lugar nenhum do mundo.
- A sua esposa faleceu em 1981 e o Senhor não se casou mais. E namorar...o Sr. namora?
- Claro que eu namoro. E até “ficar”, como dizem os mais jovens, eu fico de vez em quando (risos).
- O Sr. nunca pensou em ser político?
- Já me convidaram diversas vezes, mas nunca quis. Não tenho nada contra os políticos, mas nunca pretendi ser um deles.
- O Sr. é um homem de muita cultura. Como se explica isso se tem apenas o terceiro ano primário?
- Eu nunca deixei de ler e estudar. Gosto de conversar, de aprender, de ouvir histórias, de contar histórias.
- O Sr. tem alguma pra contar?
- Tenho: eu trabalhava na firma Fuganti e Cia, em Tangará, na década de 40. Num determinado dia recebi um bilhete de um cliente, que não lembro mais o nome, mais ou menos assim: “Seu Migel, me mande 1o2 saco de cal”. Imediatamente mandei-lhe o que entendi que me pedia: 102 sacos de cal. Umas duas horas depois o próprio cliente voltou com a mercadoria dizendo que tinha pedido 1 ou 2 sacos de sal.
- Tem alguma daqui?
- Na Ferragem Casali eu fazia todas as contas no lápis, usando apenas a cabeça, e à noite eu levava pra casa o movimento do dia pra conferir e fechar o caixa. Vendo todo aquele trabalho, o Sérgio Pancieri comprou uma máquina calculadora – aquela de manivela. Eu passei a usar a máquina, por insistência do Sérgio, mas conferia tudo no sistema antigo. Como passei a ter dois trabalhos, abandonei a máquina e voltei a usar somente o lápis e a cabeça.
- Quem o vê por aí, sempre simpático e sorridente, principalmente no trato com as pessoas, logo pensa que o Sr. não teve e/ou não tem problemas. É isso mesmo?
- Sempre tive problemas, mas procuro não me deixar abater. Nunca fico preso a nenhum deles e procuro resolvê-los sem traumas.
- Qual a sua filosofia de vida?
- Me relacionar bem com as pessoas. Quanto mais, melhor.
- Por quê?
- O relacionamento com as pessoas é o que evolui o ser humano.
- O Sr. é amigo de todo mundo, mas quantos amigos o Sr. tem?
- Amigos..., amigos de verdade mesmo, entre os que já se foram, são uns 8 ou 10. Mas devo ter mais. Talvez ainda não tive oportunidade de conhecê-los.
- Diga alguma coisa pra encerrar esta entrevista.
- A vida é um doce, é só saber levar.
Miguel Antunes de Oliveira, o Tio Miguel, como é mais conhecido, completou noventa anos dia 29/09 e recebeu merecida homenagem em concorrido jantar. O amplo salão da Churrascaria do Laurinho ficou pequeno com a presença de aproximadamente 150 pessoas, entre amigos, fãs e admiradores desse ilustre pioneiro mourãoense.
Tio Miguel, filho de Alcídia Gonçalves e Praxedes Antunes de Oliveira, nasceu na Cidade de Tangará, SC, em 1920, e veio pra Campo Mourão em 1959, para ser sócio da Ferragem Casali, junto com o seu concunhado Aldo Casali e Sérgio Luiz Panceri, onde ficou até se aposentar, em 1982. Casou-se em 1944, com Dona Iria, que faleceu em 1981. Tem um único filho, Adoniram, uma neta, Andréa, e três bisnetos, Maria Elisa, Murilo e Breno.
Tio Miguel é uma pessoa que todo mundo gosta, admira e respeita, em qualquer faixa de idade. Brincalhão, sempre bem humorado, saúda a todos com uma particularidade ímpar, procurando elevar o astral das pessoas e do ambiente. – Eu já estava bem, mas agora, na presença dessa piazada de primeira, me sinto melhor ainda -, costuma dizer quando chega numa roda de amigos. Em seu aniversário de noventa anos, não foi diferente. Quando fui cumprimentá-lo, e ao perguntar-lhe como estava, respondeu-me com o alto astral que lhe é peculiar: - Melhor agora, com a tua presença.
Bastante participativo, ele já foi diretor dos clubes 10 de Outubro e Mourãoense, membro do Lions Club desde 1972, fez teatro, compôs o Coral Canto e Cultura desde a sua fundação (abril de 1991) e foi presidente da Associação dos Pioneiros de Campo Mourão. Foi, também, por muito tempo, Juiz de Paz.
Tive a honra em entrevistá-lo, em 2004, para o extinto Jornal EntreRios, com o título e os dados acima. Transcrevo parte dessa entrevista, como mais uma homenagem deste seu fã incondicional, e para que todos saibam por que ele é tão respeitado e admirado.
- Qual o segredo da sua longevidade com tanto vigor e lucidez?
- Acho que é hereditário. Meu pai morreu ainda novo, de acidente, mas minha mãe viveu mais de 90 anos. Hoje somos em 6 irmãos – eu e 5 irmãs -, a mais nova tem 79 e a mais velha já passou dos 90. Tudo piazada.
- O Senhor fuma e bebe?
- Não fumo, mas bebo as minhas pinguinhas. E vinho em todas as refeições.
- Porque todo mundo gosta do Sr?
- Talvez pelo meu jeito de ser. E porque tive uma meninice muita boa, uma educação de primeira. Aprendi desde cedo a respeitar e a tratar bem as pessoas.
- O Senhor mora em Campo Mourão desde 1959. Nunca pensou em sair daqui?
- Não. Já tive propostas, mas nem pensei no assunto. Não saio daqui de jeito nenhum.
- Por quê?
- Pela qualidade de vida. A maneira de se viver em Campo Mourão não existe em lugar nenhum do mundo.
- A sua esposa faleceu em 1981 e o Senhor não se casou mais. E namorar...o Sr. namora?
- Claro que eu namoro. E até “ficar”, como dizem os mais jovens, eu fico de vez em quando (risos).
- O Sr. nunca pensou em ser político?
- Já me convidaram diversas vezes, mas nunca quis. Não tenho nada contra os políticos, mas nunca pretendi ser um deles.
- O Sr. é um homem de muita cultura. Como se explica isso se tem apenas o terceiro ano primário?
- Eu nunca deixei de ler e estudar. Gosto de conversar, de aprender, de ouvir histórias, de contar histórias.
- O Sr. tem alguma pra contar?
- Tenho: eu trabalhava na firma Fuganti e Cia, em Tangará, na década de 40. Num determinado dia recebi um bilhete de um cliente, que não lembro mais o nome, mais ou menos assim: “Seu Migel, me mande 1o2 saco de cal”. Imediatamente mandei-lhe o que entendi que me pedia: 102 sacos de cal. Umas duas horas depois o próprio cliente voltou com a mercadoria dizendo que tinha pedido 1 ou 2 sacos de sal.
- Tem alguma daqui?
- Na Ferragem Casali eu fazia todas as contas no lápis, usando apenas a cabeça, e à noite eu levava pra casa o movimento do dia pra conferir e fechar o caixa. Vendo todo aquele trabalho, o Sérgio Pancieri comprou uma máquina calculadora – aquela de manivela. Eu passei a usar a máquina, por insistência do Sérgio, mas conferia tudo no sistema antigo. Como passei a ter dois trabalhos, abandonei a máquina e voltei a usar somente o lápis e a cabeça.
- Quem o vê por aí, sempre simpático e sorridente, principalmente no trato com as pessoas, logo pensa que o Sr. não teve e/ou não tem problemas. É isso mesmo?
- Sempre tive problemas, mas procuro não me deixar abater. Nunca fico preso a nenhum deles e procuro resolvê-los sem traumas.
- Qual a sua filosofia de vida?
- Me relacionar bem com as pessoas. Quanto mais, melhor.
- Por quê?
- O relacionamento com as pessoas é o que evolui o ser humano.
- O Sr. é amigo de todo mundo, mas quantos amigos o Sr. tem?
- Amigos..., amigos de verdade mesmo, entre os que já se foram, são uns 8 ou 10. Mas devo ter mais. Talvez ainda não tive oportunidade de conhecê-los.
- Diga alguma coisa pra encerrar esta entrevista.
- A vida é um doce, é só saber levar.
Tio Miguel com o filho Adoniram |
Fonte: Blog do Ilivaldo
Um comentário:
ótima entrevista do Broza. que bom saber que o Tio Miguel está bem. Tomara aproveite ainda mais e por muito tempo. Lembro do Adoniram correndo de Kart nas ruas de CMourão.
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