8 de junho de 2010

Osvaldo Broza: Eu + véio

Dias desses, passei em uma loja de revenda de automóveis e achei uma moça parecida com a atriz global Mel Lisboa, protagonista da minissérie: A Presença de Anita, que passou em 2001 na Rede Globo. Eu disse isso a ela e perguntei-lhe se mais alguém já havia lhe falado sobre tal semelhança. Ela disse que sim, principalmente na época em que passou a minissérie.
– Muita gente me chamava de Mel, confidenciou.
Ela disse gostar – e acho que até se envaidece - em ser parecida com a Mel, claro, porque, sem dúvida, trata-se de uma atriz muito bonita e talentosa.
Aí, eu lhe contei que uns tempos atrás - e até agora, de vez em quando - eu também era confundido com algumas pessoas de Campo Mourão. Sempre havia alguém me chamando de José Tomadon, Gilmar Fuzeto, Nelson Bizoto e até de Edevaldo Louzano, ex-presidente do Clube Recreativo Mourãoense. Conto essa história no livro “Caminhos de Casa”, editado em 2004.
E citei, principalmente, o José Tomadon, que sofreu o mesmo problema que eu (se é que se pode chamar isso de problema), pois também era muito confundido comigo. José Tomadon, para quem ainda não o conhece, chegou por aqui em 1966, foi presidente do Rotary Club Campo Mourão no ano rotário 89/90, foi franqueado da Purina por vinte anos, joga bola no Clube dos 30 há trinta anos, é formado em Ciências Contábeis, tem a minha idade e o azar de, na visão de alguns, parecer-se comigo.
Quando nos encontramos, lembramos de algumas passagens e damos muitas risadas. Ele lembra, por exemplo, quando foram lhe vender fotos minhas – pensando que eram dele (aconteceu o mesmo comigo). Ele jura que não comprou nenhuma. E eu lembro de um vendedor de bilhetes de loteria que só me chamava de Tomadon. Certo dia, já meio “fulo” da vida, anotei meu nome completo em um papel, entreguei a ele e disse-lhe que nunca mais me chamasse de Tomadon, condição, aliás, para que eu continuasse comprando seus bilhetes. Uns três dias depois, ele vinha em minha direção e, de repente, entrou numa data vazia. Passei reto, fazendo de conta que não o tinha visto, mas com o “rabo de olho” percebi que ele procurava alguma coisa no bolso, devia ser a anotação que eu lhe dera com o meu nome. Um minutinho depois, ele me alcançou e falou, cheio de razão:
- Bom dia, Seu Brozi, quer comprar um bilhete hoje?
Sem razão foi o que falei pra moça depois de contar essas e outras histórias com os meus parecidos:
- Que contraste, né, enquanto você se parece com uma atriz bonita e famosa, eu pareço com o José Tomadon!
Foi quando uma senhora, que ouvia a conversa, falou:
- Eu acho o José Tomadon um “véio” bonito.
Aí eu me assustei! - O Tomadon, um “véio” bonito! Minha nossa!
Por uns segundos fiquei perdido no tempo (principalmente) e no espaço. E na cruel dúvida se ela me chamara de alguma coisa por tabela – bonito eu sei que não era - encerrei assim a conversa:
- Bom, ser parecido com ele, então, não é de todo mal assim!
Mas, bem que ela poderia ter usado a frase que o Baretinha ouviu do Prof. Artur, do Integrado, e ao invés de “véio” tivesse falado: “jovem há mais tempo”!

Publicada na Tribuna do Interior em 03/06/2010
Osvaldo Broza é membro da Academia Mourãoense de Letras osvaldobroza@hotmail.com

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