Sempre tive vontade em ter uma menininha. E de trancinha, eu sonhava. No meu primeiro casamento tive o Alessandro, e, no segundo, mais três homens: Renan, Thiago e Ciro. Nenhuma menininha.
Com a fábrica fechada – a Malu fez laqueadura – a esperança era uma netinha. O Alessandro, o primeiro a se casar, teve dois filhos homens (a redundância é de propósito), mas parou por aí.
Até a Babi, nossa cachorrinha, que compramos há uns quatro anos, vinda de Presidente Prudente, manteve a tradição: na primeira e única cria que teve nasceram três “hominhos” (credo, Broza!), isto é, três machinhos. Não quisemos ficar com nenhum deles e não deixamos que ela cruzasse novamente.
O Renan, ainda solteiro, até que nos deu uma alegria momentânea. Ele fez com que eu e a Malu fôssemos avós de uma linda menininha por três dias. Ela nasceu em Curitiba e lá fomos nós – a Malu, eu e o pai Renan - conhecê-la. Levamos presentes, fumamos charuto (uma tradição que ainda continua em algumas famílias), enfim, fizemos a maior festa, felizes da vida. – É lindinha, dizia a vovó coruja Malu. – É a cara do Renan, dizia a outra vovó.
A solicitação de um exame de DNA, entretanto, acabou com a nossa alegria. E com a nossa suspeita: era testemunho falso.
Voltamos pra casa com fedor de charuto e sem netinha coisa nenhuma.
É claro que “o sonho não acabou”. Acredito que ainda teremos muitos netos e, quem sabe, no meio deles, uma netinha – ou netinhas. E se não vier, a esperança é uma bisnetinha. Né, Leonardo e Lucas?
Enquanto isso não acontece, vamos curtindo a Babi. Apesar de gostar, não sou muito chegado a ter cachorros em casa - principalmente grandes e brabos – que ficam o tempo todo amarrados ou trancados em pequenos espaços, mas a Babi foi amor à primeira vista. Ela é muito companheira, amorosa, recebe o nosso carinho e nos dá carinho o tempo todo. Fica triste – sem se alimentar, inclusive - quando alguém da família viaja e faz a maior festa quando ele volta. Quando viajo também sinto falta e saudade dela.
- Parece até gente de verdade, diz o Thiago. Aliás, que bom seria se toda gente de verdade tivesse a “Sabedoria dos Cães”, como sugere Willian Netto Cândido em seu livro “Novas Estórias ao Entardecer”: Nunca deixe passar a oportunidade de sair para um passeio; experimente a sensação do ar fresco e do vento em sua face, por puro prazer; quando alguém que você ama se aproximar, corra para saudá-lo; quando houver necessidade, pratique a obediência; deixe os outros saberem, quando invadirem o seu território; sempre que puder, tire uma soneca e se espreguice antes de se levantar; corra, pule e brinque, diariamente;
coma com gosto e entusiasmo, mas, pare, quando estiver satisfeito;
nunca pretenda ser algo que você não é; se o que você deseja está enterrado, cave até encontrar; quando alguém estiver passando por um mau dia, fique em silêncio, sente-se próximo e, gentilmente, tente agradá-lo; quando chamar a atenção, deixe alguém tocá-lo; evite morder, quando apenas um rosnado resolve; nos dias mornos, deite-se de costas sobre a grama; nos dias quentes, beba muita água e descanse embaixo de uma árvore frondosa; quando você estiver feliz, dance e balance todo o seu corpo; não importa quantas vezes for censurado, não assuma a culpa, se não a tiver, e não fique amuado. Corra, imediatamente, de volta para seus amigos; alegre-se com o simples prazer de uma caminhada; seja sempre leal.
É, a Babi tem quase tudo disso aí. E conheço muita gente que não tem quase nada disso aí.
Quando eu escrevia esta crônica ela estava “em pezinho” na janela, latindo e uivando para o namorado e pai dos seus filhos, Guga, e para o seu filho, Chiquinho, que moram em frente. Quase toda semana mãe e filho se encontram. É uma beijação (lambeção) que não tem tamanho. - Coisa linda, diz a Sandra, dona do Guga e do Chiquinho.
É claro, também, que a Babi não substitui a nossa tão sonhada menininha, mas, atualmente, é a princesinha da casa. Dias desses a chamei de rainha e, a Malu, com razão, quis brigar comigo.
Com a fábrica fechada – a Malu fez laqueadura – a esperança era uma netinha. O Alessandro, o primeiro a se casar, teve dois filhos homens (a redundância é de propósito), mas parou por aí.
Até a Babi, nossa cachorrinha, que compramos há uns quatro anos, vinda de Presidente Prudente, manteve a tradição: na primeira e única cria que teve nasceram três “hominhos” (credo, Broza!), isto é, três machinhos. Não quisemos ficar com nenhum deles e não deixamos que ela cruzasse novamente.
O Renan, ainda solteiro, até que nos deu uma alegria momentânea. Ele fez com que eu e a Malu fôssemos avós de uma linda menininha por três dias. Ela nasceu em Curitiba e lá fomos nós – a Malu, eu e o pai Renan - conhecê-la. Levamos presentes, fumamos charuto (uma tradição que ainda continua em algumas famílias), enfim, fizemos a maior festa, felizes da vida. – É lindinha, dizia a vovó coruja Malu. – É a cara do Renan, dizia a outra vovó.
A solicitação de um exame de DNA, entretanto, acabou com a nossa alegria. E com a nossa suspeita: era testemunho falso.
Voltamos pra casa com fedor de charuto e sem netinha coisa nenhuma.
É claro que “o sonho não acabou”. Acredito que ainda teremos muitos netos e, quem sabe, no meio deles, uma netinha – ou netinhas. E se não vier, a esperança é uma bisnetinha. Né, Leonardo e Lucas?
Enquanto isso não acontece, vamos curtindo a Babi. Apesar de gostar, não sou muito chegado a ter cachorros em casa - principalmente grandes e brabos – que ficam o tempo todo amarrados ou trancados em pequenos espaços, mas a Babi foi amor à primeira vista. Ela é muito companheira, amorosa, recebe o nosso carinho e nos dá carinho o tempo todo. Fica triste – sem se alimentar, inclusive - quando alguém da família viaja e faz a maior festa quando ele volta. Quando viajo também sinto falta e saudade dela.
- Parece até gente de verdade, diz o Thiago. Aliás, que bom seria se toda gente de verdade tivesse a “Sabedoria dos Cães”, como sugere Willian Netto Cândido em seu livro “Novas Estórias ao Entardecer”: Nunca deixe passar a oportunidade de sair para um passeio; experimente a sensação do ar fresco e do vento em sua face, por puro prazer; quando alguém que você ama se aproximar, corra para saudá-lo; quando houver necessidade, pratique a obediência; deixe os outros saberem, quando invadirem o seu território; sempre que puder, tire uma soneca e se espreguice antes de se levantar; corra, pule e brinque, diariamente;
coma com gosto e entusiasmo, mas, pare, quando estiver satisfeito;
nunca pretenda ser algo que você não é; se o que você deseja está enterrado, cave até encontrar; quando alguém estiver passando por um mau dia, fique em silêncio, sente-se próximo e, gentilmente, tente agradá-lo; quando chamar a atenção, deixe alguém tocá-lo; evite morder, quando apenas um rosnado resolve; nos dias mornos, deite-se de costas sobre a grama; nos dias quentes, beba muita água e descanse embaixo de uma árvore frondosa; quando você estiver feliz, dance e balance todo o seu corpo; não importa quantas vezes for censurado, não assuma a culpa, se não a tiver, e não fique amuado. Corra, imediatamente, de volta para seus amigos; alegre-se com o simples prazer de uma caminhada; seja sempre leal.
É, a Babi tem quase tudo disso aí. E conheço muita gente que não tem quase nada disso aí.
Quando eu escrevia esta crônica ela estava “em pezinho” na janela, latindo e uivando para o namorado e pai dos seus filhos, Guga, e para o seu filho, Chiquinho, que moram em frente. Quase toda semana mãe e filho se encontram. É uma beijação (lambeção) que não tem tamanho. - Coisa linda, diz a Sandra, dona do Guga e do Chiquinho.
É claro, também, que a Babi não substitui a nossa tão sonhada menininha, mas, atualmente, é a princesinha da casa. Dias desses a chamei de rainha e, a Malu, com razão, quis brigar comigo.
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